O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Eu acho que ser sintético nessa hora não é fácil, mas quero apanhar as palavras do Senador Simon, que acaba de sair da tribuna e disse que afinal de contas os partidos se reuniram e aprovaram uma modificação na Lei Eleitoral que permite evitar o que tem acontecido agora, porque ele diz que as empresas de propaganda transformam, escondem os candidatos, isso é verdade, gastam-se fortunas com showmícios. Isso é um grande passo que o Congresso está dando. Ele espera que a Câmara aprove e depois menciona a necessidade... Diz ele que tem muita fé que o Congresso, ainda reunido, possa apresentar sugestões para o desenvolvimento do país. Então, quero ver se sintetizo, uma vez que o Presidente me colocou uma blindagem de tempo, de cinco minutos mais dois. Vou tentar, dei aula muitas vezes e procurei ser sintético com os alunos, sintético, mas claro nas minhas proposições para que não hajam dúvidas. Tenho feito isso durante toda a minha longa vida pública.

            Neste instante, penso assim: a OAB diz que o Presidente devia convocar o Conselho da República para que apresente sugestões ao Presidente e depois logo diz que o Presidente não atendeu, li nos jornais hoje. Acontece que sou membro desse Conselho, por decisão que muito me honra, por eleição aqui neste plenário, e, como Conselheiro, ex-Senador, ex-Governador, ex-Prefeito, ex-Deputado e agora Senador pela segunda vez, creio que nós, do Congresso, temos uma obrigação. Já não falo o conselheiro ir lá e propor aos seus companheiros que chegue até o Presidente com algumas sugestões. Podemos dar as sugestões a Sua Excelência daqui mesmo. São necessárias reformas? São. Quais delas? Várias. Agora mesmo a reforma política fez um pequeno arranjo, que vai ser utilíssimo nas próximas eleições. Mas o que eu acredito que o Brasil está precisando urgentemente, e o Presidente da República - creio - pode fazer isso, é aproveitar o momento do mundo. O mundo inteiro está consciente de duas coisas, que são terríveis para a humanidade, que depende da energia ou do petróleo para movimentar o desenvolvimento. Então, se o petróleo acabar - e vai mesmo acabar dentro de 20 anos, segundo previsões -, há um Protocolo, o de Kyoto*, que reclama que o petróleo queimado aquece a atmosfera e o planeta e, em aquecendo-o, há os que digam que virão ondas de 100 metros e arrasarão com tudo. O que devemos fazer? O Brasil tem a chave na mão. Diria, que nós, aqui deste Congresso, poderíamos nos reunir, fazer um grupo de trabalho, e levar uma proposta ao Presidente. Eu a faria logo agora: Presidente, o Brasil pode se transformar no mais importante País do mundo produtor de energia. Por quê? Porque temos solo, temos água, temos terra e temos gente desempregada. Está na hora de empregar essa gente toda, produzindo energia renovável. Não precisa furar buraco no chão.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Permita-me, senão me atrapalho. Dê-me aqueles minutos, basta apenas V. Exª apertar o botão.

Em vez de furar buraco, como faz a Petrobras para achar o combustível fóssil, plantemos, que é renovável: planto hoje, planto no ano seguinte, planto no outro ano, e dou emprego a todos os trabalhadores rurais, e o dinheiro, circulando, gera riqueza.

            Vamos mais adiante. Vamos para a Amazônia, que está sendo ameaçada de ser conquistada pelos que precisam de energia. Na Amazônia, temos a possibilidade de alguns milhões de hectares serem plantados com dendê. Sabem quantos litros de óleo dá um hectare de dendê? Oito mil litros.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Sr. Presidente, permita-me, porque esse negócio é importante.

            Só na Amazônia, podemos produzir o equivalente a 6 milhões de barris de combustível/dia. Só na Amazônia. Se fizermos um acordo com uma binacional, com a Venezuela, por exemplo, que também tem um pedaço amazônico, teremos, o que fizemos em Itaipu, energia gerando riqueza e emprego. E, no semi-árido nordestino, plantando mamona e feijão, teremos energia e emprego, e o Brasil pode se transformar. Garanto-lhes como os japoneses e os chineses colocarão dinheiro aqui no Brasil para que façamos álcool biodiesel e vendamos para eles, que estão necessitando.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Sr. Presidente, vejo que o nosso Governador, o Senador José Maranhão, gostaria de me apartear. Permita-me conceder-lhe o aparte, por favor.

O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) - É um prazer, Senador, apartear V. Exª, para dizer que V. Exª fala de cátedra sobre este assunto que aborda neste final de sessão do Senado da República, porque V. Exª tem o conhecimento acadêmico e tem a experiência prática. A demonstração de sua competência ficou comprovada quando exerceu o Governo do Estado do Piauí.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Muito obrigado.

O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) - E levou todas essas experiências a que está-se referindo à prática.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Exatamente.

O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) - E diria, a título de lembrança - sei que isso está nas preocupações de V. Exª também, porque V. Exª disse que o Nordeste tem solo, tem água; o Brasil tem solo, tem água -, que o Brasil tem sol, que é uma grande fonte de energia não poluente.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Esqueci-me do sol.

O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) - E, no Nordeste, temos a brisa constante do litoral nordestino, que pode ser a fonte geradora de energia eólica.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Com certeza.

O Sr. José Maranhão (PMDB - PB) - Portanto, V. Exª está de parabéns, e de parabéns também está o Senado da República por ter um homem público do gabarito e do porte de V. Exª.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Muito obrigado, Senador Maranhão. Fomos companheiros, e Governadores que fomos, e o Presidente, que também foi Governador, concorda conosco.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo que, durante a minha longa vida, a única coisa que peço a Deus é que não me deixe ser pessimista, e que me permita ser otimista até o fim da minha vida, e que eu possa, em determinados momentos, como agora, convocar os companheiros desta Casa para formarmos um mutirão em favor de uma proposta como essa que acabei de fazer e de outras que poderemos oferecer ao Presidente.

Presidente Lula, já que as coisas estão assim, assuma o comando e nos convoque, a todos, não precisa ser o Conselho não, convoque a todos nós, do Congresso, que levaremos propostas concretas como essa.

Criar a Beberas coloca o Presidente na escala dos que trabalharam pelo Brasil: Getúlio criou a Petrobras; o regime militar criou o Pro-álcool, que é uma potência, e Lula pode criar a Biobras, que será muito maior do que a Petrobras e gerará milhões de empregos para os brasileiros. É o que esperamos.

Muito obrigado, Sr. Presidente, pela tolerância.

O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Quero informar a V. Exª, Senador Alberto Silva, que jamais cortaria o seu tempo, porque está escrito nas Sagradas Escrituras que Deus dá longa vida àqueles seus escolhidos e permite que eles, durante todos os dias de sua vida, exercitem sua atividade profissional. E Ele tem dado essa benção a V. Exª, como um engenheiro político, que, confirmado ontem, quando tivemos uma audiência com a Ministra, a Senadora Marina Silva, defendendo a carcinicultura, não só do Piauí, mas de todo o Nordeste, quando V. Exª, com a sua inteligência privilegiada, conseguiu a sensibilidade da Ministra Marina Silva.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Muito obrigado, Sr. Presidente.