Discurso durante a 154ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Execução do Orçamento da União. Registro do artigo intitulado "Os cacos floridos do vaso quebrado", de autoria do ex-presidente do STF, Maurício Corrêa, publicado no jornal Correio Braziliense, edição do dia 28 de agosto último.

Autor
Leonel Pavan (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Leonel Arcangelo Pavan
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ORÇAMENTO. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Execução do Orçamento da União. Registro do artigo intitulado "Os cacos floridos do vaso quebrado", de autoria do ex-presidente do STF, Maurício Corrêa, publicado no jornal Correio Braziliense, edição do dia 28 de agosto último.
Publicação
Publicação no DSF de 09/09/2005 - Página 30487
Assunto
Outros > ORÇAMENTO. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • PROTESTO, INFERIORIDADE, EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA, DESRESPEITO, TRABALHO, CONGRESSO NACIONAL, ELABORAÇÃO, ORÇAMENTO, CRITICA, PARALISAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CORTE, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, ESPECIFICAÇÃO, ORIGEM, EMENDA, CONGRESSISTA, UTILIZAÇÃO, CRITERIOS, POLITICA PARTIDARIA, LIBERAÇÃO, REGISTRO, DADOS, COMPARAÇÃO, ESTADO DO ACRE (AC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC).
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FALTA, CONTROLE, CRISE, POLITICA NACIONAL.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a questão da execução do Orçamento representa um sério problema em nosso sistema político-econômico, que veio a se agravar no atual Governo.

Temos, em primeiro lugar, a inutilidade dos longos e exaustivos esforços de ambas as Casas do Congresso em compor o Orçamento da União, o qual se mostra, ao cabo, não muito mais que uma peça ficcional. O Governo refaz o Orçamento quando emite o decreto de programação financeira no início de cada ano, realocando recursos e cortando despesas sem consulta ao Legislativo.

Não bastasse esse procedimento autoritário do Executivo, deparamo-nos, então, com o problema específico da execução orçamentária. É aqui que o Governo do Presidente Luiz Inácio da Silva vem se esmerando em mostrar sua inépcia administrativa.

Além de todos os cortes orçamentários que o Governo tem imposto, com a exagerada obsessão de quem descobriu tardiamente os méritos do equilíbrio fiscal, a execução da dotação orçamentária de cada um dos ministérios mostra-se medíocre.

Muitos investimentos essenciais para impulsionar o desenvolvimento econômico e atender a graves carências sociais, Sr. Presidente, são irresponsavelmente postergados.

Entre as dotações que compõem o Orçamento federal, aquelas que vêm sendo mais sistematicamente desrespeitadas são as originárias de emendas parlamentares. O descaso do Poder Executivo em atendê-las chega a ser acintoso.

Essas emendas dos Deputados e Senadores, Sr. Presidente, refletem, contudo, o ponto de vista dos que estão em contato com a população, ouvindo o clamor dos eleitores por ações do Governo Federal. Em especial, as emendas das bancadas estaduais traduzem, de um modo filtrado pelo debate e pelo consenso, anseios e necessidades das mais significativas da população de cada uma das unidades da Federação.

Já afirmei que é irrisória a liberação das verbas relativas às ações contempladas pelas emendas parlamentares. Há, entretanto, um outro aspecto muito sério a ser considerado.

Esse aspecto, nobres Senadoras e Senadores, é justamente o da utilização de critérios políticos no processo de execução das emendas ao Orçamento. Não me refiro, certamente, a critérios políticos na acepção elevada do termo, que implicaria a sabedoria de conciliar interesses divergentes tanto como adequar os meios aos fins.

Devo referir-me, infelizmente, Sr. Presidente, à baixa política, que consiste em privilegiar os aliados e prejudicar os oponentes, sem considerar as necessidades e os legítimos anseios da população que deixam, assim, de ser atendidos.

O fato com que demonstro essa atitude discriminatória do Governo Federal é o de que, na execução do Orçamento da União para 2005, tenham sido liberados, até meados do mês de junho, 35 milhões e 100 mil reais relativos às emendas de bancada do Estado do Acre, enquanto o correspondente valor para as emendas da bancada de Santa Catarina não passou de 31 milhões e 100 mil reais.

Essa discrepância de 4 milhões de reais em favor das emendas de bancada do Acre seria perfeitamente natural, Senhor Presidente, não fosse a população de Santa Catarina nove vezes maior que a desse Estado amazônico.

O povo do Acre conta com toda a minha simpatia. Tem todo o direito de eleger um governador do Partido dos Trabalhadores e reivindicar o atendimento de suas necessidades e expectativas de desenvolvimento.

Não posso deixar, entretanto, como representante de meu Estado, de protestar contra esse desrespeito ao povo catarinense. É correto que se use o critério da afinidade política para priorizar a execução orçamentária em benefício desse ou daquele Estado?

É justo que importantes, se não imprescindíveis, programas de trabalho derivados das emendas da Bancada de Santa Catarina não tenham tido, até a metade do ano, um único real empenhado?

Entre esses programas, estão os que tratam da implantação e ampliação de sistemas de coleta e tratamento de esgotos; de manutenção de unidades de saúde; de projetos de infra-estrutura turística; de mecanização agrícola; de construção habitacional para famílias de baixa renda; de construção de centros públicos de atendimento à pessoa idosa.

Todos esses programas, e outros igualmente relevantes que eu deixo de citar, não tiveram, repito, um único real liberado pelo Governo na execução do Orçamento de 2005.

Sr. Presidente, o Executivo deve aprender a respeitar o Legislativo, no âmbito da competência deste Poder. Talvez a aprovação de um Orçamento impositivo seja uma medida drástica o bastante para garantir esse respeito.

Enquanto não se toma uma tal medida, devemos exigir um mínimo de coerência e de respeito às bancadas parlamentares, quando aprovam emendas que vão beneficiar as populações de seus Estados; e, sobretudo, exigir respeito a essas populações, não somente necessitadas de ações concretas do Governo, mas também ansiosas por ver um mínimo de decência no comportamento dos Governantes do País.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o segundo assunto que me traz à tribuna, neste momento, é para fazer o registro do artigo intitulado “Os cacos floridos do vaso quebrado”, de autoria do ex-presidente do STF, Maurício Corrêa, publicado no jornal Correio Braziliense em sua edição de 28 de agosto do corrente.

Sobre as conseqüências da atual crise política enfrentada pelo governo e pelo PT, o autor afirma que “resta-nos um presidente perdido no meio de um tiroteio, que ainda se sustenta pela conveniência e piedade das instituições. De cuia na mão, implora e mendiga a espórtula parlamentar. Como impor-se quem moralmente já se acha abatido?”

O autor conclui seu artigo com a seguinte sugestão: “abra o jogo, presidente. Uma os cacos. É seu o ônus da prova”.

Sr. Presidente, requeiro que o artigo acima citado seja considerado como parte integrante deste pronunciamento, para que passe a constar dos Anais do Senado Federal.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR LEONEL PAVAN EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Os cacos floridos do vaso quebrado.”

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/09/2005 - Página 30487