Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Conclamando o Congresso Nacional para uma reação contra as irregularidades cometidas pelo Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Conclamando o Congresso Nacional para uma reação contra as irregularidades cometidas pelo Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores.
Publicação
Publicação no DSF de 21/09/2005 - Página 31410
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • CRITICA, AUSENCIA, ETICA, CONDUTA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), IRREGULARIDADE, UTILIZAÇÃO, FUNDO PARTIDARIO, FUNDOS PUBLICOS.
  • CRITICA, MARTA SUPLICY, EX PREFEITO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DESCUMPRIMENTO, LEGISLAÇÃO FISCAL.
  • CRITICA, CONDUTA, BANCADA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), SENADO, AUSENCIA, PRONUNCIAMENTO, REFERENCIA, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, DIFICULDADE, ESTADOS, MUNICIPIOS, MOTIVO, AUSENCIA, AUMENTO, REPASSE, RECURSOS FINANCEIROS, FUNDO DE DESENVOLVIMENTO, VALORIZAÇÃO, ENSINO FUNDAMENTAL.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o destino o coloca ao meu lado sempre. Tenho tido a sorte de V. Exª presidir a sessão em vários pronunciamentos meus. E V. Exª, com a elegância que lhe é própria, sempre tem demonstrado o seu apreço pelas minhas palavras, embora não pudesse apoiá-las. Desse modo, hoje estou aqui.

Além de tomar dinheiro emprestado ao Partido, o Presidente da República teve a dívida no valor de R$29,6 mil paga pelo Sr. Okamoto - que tem de vir à CPI para demonstrar o quanto ele é íntimo, em matéria de recursos, do Presidente da República.

E há ainda mais aqui: “Fundo Partidário bancou jatinhos para petistas e até viagem a Paris”. Fico feliz em não ver o nome de V. Exª aqui. O Fundo Partidário, disse o Ministro Velloso, jamais poderia ser usado para pagar passagens pessoais ou para cobrir despesas de correligionários de V. Exª.

Estamos vivendo uma era em que ninguém respeita coisa alguma e em que o PT acha que pode fazer todas as maracutaias neste País e que nada lhe acontece. O Presidente da República desconhece os princípios morais da Administração Pública. O Presidente da República pode até ter prestígio pessoal, mas não tem prestígio moral para dirigir a Nação. O prestígio moral é que vai derrubá-los, não pelo impeachment, mas pelo voto. Ninguém faz política excluindo a moralidade, mas o PT, todo ele, resolveu fazer uma política imoral e inacreditavelmente porca em relação aos gastos públicos.

Nada tenho de pessoal contra a Drª Marta Suplicy; até tenho respeito pela sua figura. Foi uma Prefeita que não cumpriu o que manda a Lei de Responsabilidade Fiscal e que obteve vários empréstimos irregulares nesta Casa, mas que, de qualquer maneira, trabalhou por São Paulo. Isso é inegável, porque o povo de São Paulo o proclama. Mas viajar para Paris, ainda mais com o seu atual esposo, Luis Favre, é demais.

Está aqui a reportagem. Leiam todos os senhores, porque é isso que causa desconfiança na classe política brasileira.

Se o Presidente da República não se acha no dever de explicar à Nação que é o responsável pelos mensalões, não se dá ao respeito de dizer ao País que é o responsável pelo empréstimo de R$29,6 mil, dívida contraída junto ao Banco do Brasil e paga pelo Sr. Okamoto, e não assume a responsabilidade pelos R$5 milhões que a Telemar deu para a empresa do seu filho, se nem isso ele conhece, meu Deus! O que será deste País com um Presidente da República que não governa e desconhece os mais comezinhos princípios morais?

Estamos aqui todos os dias a cobrar isso, e o silêncio é total na Bancada do Partido dos Trabalhadores. Eles já não vêm aqui, acanhados de ver tanta denúncia e de não ter resposta. O doleiro que está depondo na CPI mostra o quanto de dólar era trocado e o quanto de real era levado pelo Partido dos Trabalhadores. Ele está lá na CPI. É só ir vê-lo e ouvi-lo. Está lá o doleiro conhecido como Toninho da Barcelona contando grandes e importantes coisas que já tinha contado na Polícia Federal em relação ao Partido dos Trabalhadores.

Vamos continuar nesta situação? Não haverá uma reação do Congresso Nacional a respeito desse assunto?

Sei que alguns petistas e muitos dos seus aliados se revoltam contra esta situação. Por isso, Sr. Presidente, não quero ofender a sua Bancada, mas quero ofender aqueles que defendem essa ignomínia praticada pelo Presidente da República, com a assistência de alguns auxiliares que jamais poderiam estar em Ministérios da República.

Sr. Presidente, V. Exª, com seu olhar, chama a minha atenção para o tempo. Agradeço a V. Exª, mas ressalto que o que estou fazendo neste plenário é um serviço ao Brasil, e quem faz um serviço ao Brasil faz um serviço também ao Estado que V. Exª representa com tanta dignidade.

Todos nós estamos sendo prejudicados. Os Municípios não têm recursos. O aumento de 1% não foi concedido. O Fundef é um roubo, que está caracterizado inclusive por juízes do Supremo Tribunal Federal. Tudo isso ocorre. Os Municípios estão-se estiolando. Os Estados dificilmente podem navegar sobre esse mar de lama que o Governo Federal criou para todos.

Oh, Sr. Presidente, esta situação não pode continuar! O povo, aos poucos, está sentindo que não cabe mais um governo petista na Presidência da República. E ainda vem o Presidente do PT, o Sr. Tarso Genro, ameaçar-nos: quem fizer denúncia vai receber isso ou aquilo. Que ele faça as ameaças, que ninguém tem medo de leão sem dente!

Sr. Presidente, que o PT encontre o seu caminho é o que desejo. Que V. Exª seja um líder no seu Partido, para orientar a sua Bancada, e que ela não fuja do plenário, onde ocorrem debates parlamentares tão salutares à vida pública do País!

Daqui a pouco, vamos votar. Vejam só, Srªs e Srs. Senadores: não votem para darmos aviões à Bolívia e ao Paraguai! Nós já enchemos de dinheiro esses países, e este é um País pobre, que não pode sequer defender a sua pobreza.

Por isso, esse item primeiro da pauta não pode contar com o apoio da Oposição. Se isso vier a acontecer, eu respeitarei o voto do meu Partido, mas votarei contra, de acordo com a minha consciência de brasileiro que quer ver o País crescer e não se desmoralizar a cada momento.

Muito obrigado a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/09/2005 - Página 31410