Discurso durante a 162ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários à matéria intitulada "Livros em Baixa", publicado no jornal Folha de S.Paulo.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários à matéria intitulada "Livros em Baixa", publicado no jornal Folha de S.Paulo.
Publicação
Publicação no DSF de 21/09/2005 - Página 31501
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REDUÇÃO, AQUISIÇÃO, LIVRO, POPULAÇÃO, BRASIL, APRESENTAÇÃO, DADOS.
  • PROTESTO, INSUFICIENCIA, BIBLIOTECA PUBLICA, BRASIL, CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA CULTURA (MINC), MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), FALTA, INCENTIVO, LEITURA.

           O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Flexa Ribeiro, Srªs e Srs. Senadores, brasileiros e brasileiras aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação, lamento pelo que vou informar ao Brasil, Senador vitalício Raimundo Carreiro da Silva, lá do Maranhão.

           Cresci sabendo que São Luís era a Atenas do Brasil. Lá está uma bela biblioteca, lá no Maranhão. “Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”, de Gonçalves Dias. Eu realmente lamento trazer ao Brasil essa manchete da Folha de S. Paulo.

           Senadora Ana Júlia Carepa, bem que eu disse, no passado, que o Lula deveria tê-la chamado para o núcleo duro, para que ele se transformasse em núcleo inteligente.

           É a manchete: “Livros em Baixa”. Carreiro, lá no Maranhão, em São Luís, a biblioteca, o símbolo. “Livros em Baixa”. Oh, Lula!

           O Padre Antonio Vieira, que também andou pelo Maranhão, dizia que palavra sem exemplo é como um tiro sem bala, que o exemplo arrasta. E o mau exemplo que o Presidente da República deu? Todos ouvimos que ele disse que não gostava de ler, que ler era chato.

           Atentai bem, livros em baixa.

           Senador Flexa Ribeiro, na nossa infância, os livros de Monteiro Lobato. Monteiro Lobato disse: “Um país se faz com homens e livros”. Livros em baixa, é uma vergonha.

           Cícero, grande senador romano, disse que uma casa sem livros seria como um corpo sem alma.

           No ano passado foram vendidos cerca de 289 milhões de livros, aproximadamente um milhão a menos que em 1991, sendo que quase a metade desses exemplares foi para o Poder Público. Sabe-se que o brasileiro adquire, em média, dois livros por ano, incluídos aí os didáticos. O francês adquire sete ou oito livros por ano.

           É evidente que a população carente se encontra privada não apenas de acesso a livrarias e a boas bibliotecas, como a qualquer outro veiculo de leitura. Equipar as bibliotecas existentes, construir outras, facilitar o acesso ao livro e investir na formação de professores e programas de incentivo são boas medidas para fomentar essa cultura.

           Atentai bem, Senador Flexa Ribeiro! De 1992 a 2003, a população com mais de 10 anos de idade aumentou em 29 milhões. A proporção de pessoas com mais de oito anos de estudo cresceu de 25% para 41%, ao mesmo tempo em que caiu a taxa de analfabetismo. Mesmo com isso, o número de livros diminuiu.

           De fato, o índice de leitura no Brasil é muito baixo, quando comparado com países desenvolvidos. De acordo com a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, de 2001, a média de livros per capita é de menos de dois livros, é de 1,5 livro. Na Inglaterra, é de 4,9 livros; nos Estados Unidos, 5,1 livros; na França, 7 livros. Em Buenos Aires, na Argentina, pelas madrugadas, as bibliotecas e livrarias estão abertas, e a população busca o saber.

           Bastaria essa medida. É claro, é lógico, Senadora Ana Júlia Carepa, que um país é tanto mais rico quanto mais educado e culto ele é.

           Sabe-se que hoje essas bibliotecas deveriam evoluir.

           Ainda, Senador Flexa Ribeiro, lamentamos dizer que há centenas de cidades brasileiras que não têm uma biblioteca pública. É uma lástima.

           Podemos lamentar quando o Ministro da Cultura, que sabemos ser um bom sambista, o Gilberto Gil, nos faz ter saudades de Celso Furtado, Ministro da Cultura, de Francisco Weffort e de outros.

           Gilberto Gil, diminua a sua dança e o seu samba! Busque e plante neste País a semente mais importante: a semente do saber!

           Evidentemente, a civilização comprova que temos de buscar, Senador Flexa Ribeiro, que o Governo passe a construir bibliotecas, não como as do passado, mas atualizadas - além das unidades formais dos livros, devem ter as unidades virtuais da modernidade, da informática, do computador.

           Oh, Lula, aprenda! Uma das glórias do Renascimento foi a descoberta da imprensa, da comunicação. É por intermédio do livro que podemos pinçar todo o saber, todos os conhecimentos do mundo e oferecê-los às nossas crianças.

           Essas são as palavras. Ainda há tempo! Há tempo, num País deste em que não se sabe nem o nome do Ministro da Educação. Era Paulo Renato; outro dia tiraram o Tarso Genro para colocar um fracassado, um derrotado das campanhas políticas de um Partido.

(Interrupção de som.)

           O SR. PRESIDENTE (Flexa Ribeiro. PSDB - PA) - Para concluir, nobre Senador Mão Santa.

           O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Queremos que o Governo acorde, desperte e plante, neste País, a semente da educação, da cultura e do saber. Aí sim, vai renascer a esperança, por meio do saber, afastando a ignorância do nosso convívio.

           Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/09/2005 - Página 31501