Discurso durante a 166ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Importância da diversificação nas atividades de exploração de minérios, especialmente o níquel, pela Companhia Vale do Rio Doce, sediada no Estado do Pará.

Autor
Luiz Otavio (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PA)
Nome completo: Luiz Otavio Oliveira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA MINERAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Importância da diversificação nas atividades de exploração de minérios, especialmente o níquel, pela Companhia Vale do Rio Doce, sediada no Estado do Pará.
Publicação
Publicação no DSF de 27/09/2005 - Página 33073
Assunto
Outros > POLITICA MINERAL. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • ELOGIO, VALORIZAÇÃO, BOLSA DE VALORES, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), MELHORIA, SETOR, SIDERURGIA, REAJUSTE, PREÇO, FERRO, COMERCIO EXTERIOR, PLANEJAMENTO, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), AUMENTO, INVESTIMENTO, DIVERSIFICAÇÃO, MINERAL, ESPECIFICAÇÃO, NIQUEL, COBRE, CARVÃO, DETALHAMENTO, NEGOCIAÇÃO, AQUISIÇÃO, JAZIDAS, PROPRIEDADE, EMPRESA DE MINERAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CANADA.
  • IMPORTANCIA, RELACIONAMENTO, COMPANHIA VALE DO RIO DOCE (CVRD), GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PARA (PA), RESPONSABILIDADE, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, ELOGIO, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, SANEAMENTO BASICO, GOVERNADOR.

            O SR. LUIZ OTÁVIO (PMDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao longo da última semana, a Bolsa de Valores de São Paulo experimentou sucessivos movimentos de alta, atingindo recordes históricos. Na quarta-feira, dia 21, a Bovespa ultrapassou a barreira dos 30 mil pontos - maior nível de todos os tempos. O volume de negócios foi extraordinário, o equivalente a 2 bilhões e meio de reais.

Tal desempenho pode ser explicado por um conjunto de fatores. Entre eles, destaca-se, com certeza, o bom momento do setor siderúrgico. Recentes relatórios de bancos de investimentos prevêem, por exemplo, um reajuste de mais de 10% para o minério de ferro nas próximas rodadas de negociação com siderúrgicas asiáticas, pois a demanda chinesa por esse minério continua a crescer.

De fato, Srªs e Srs. Senadores, o cenário externo parece bastante favorável às empresas mineradoras. E não é possível falar de exploração mineral em nosso País sem mencionar a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), sobretudo no presente instante, que talvez seja o mais positivo de sua longa história de mais de 60 anos de existência. Justifica-se, portanto, o otimismo do diretor executivo da área de não-ferrosos, José Auto Lancaster de Oliveira, que assim se manifestou há alguns dias: “Estamos num céu de brigadeiro e temos de aproveitar essa fase”.

Mas qual é, exatamente, a atual “fase”? Nos últimos anos, a recuperação dos preços internacionais dos minérios tem sido expressiva. Nesse quadro, a maior empresa mineradora das Américas planeja investir cerca de 125 milhões de dólares em 2005. Trata-se de um valor que supera em 58,2% o orçamento de 2004. A Vale é a maior produtora e exportadora de minério de ferro e pelotas do mundo, mas pretende diversificar seu portfolio e ampliar a participação de outros minerais na sua geração de caixa. Se hoje, o minério de ferro responde por 80% da receita da Companhia, a projeção para 2010 é de que passe a corresponder a 65%.

Para se ter uma idéia do esforço e da ousadia pioneira da Vale do Rio Doce, menciono um dado divulgado por ocasião do XI Congresso Brasileiro de Mineração, ocorrido recentemente em Belo Horizonte, que dá uma noção do ritmo da pesquisa mineral em curso. Atualmente, os técnicos da empresa estão trabalhando em nada menos do que 400 mil furos de prospecção e sondagem de minerais nos 5 continentes! A Vale, conforme nota divulgada por sua assessoria de imprensa, tem interesse em 13 minerais, com destaque para níquel, cobre e carvão mineral.

Seguindo a estratégia de diversificação de produtos, em 2002 e 2003 a empresa realizou pesados investimentos na produção de cobre, na região de Serra dos Carajás, em meu estado natal, a ponto de inverter a posição do Brasil, que era a de importador do metal. O próximo passo da Vale é tornar-se um player mundial no mercado de níquel, estimado em 18 bilhões de dólares. De acordo com o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, “a mineração é o foco da Vale e o níquel é um ativo importante para compor nossa carteira de produtos”.

Para consolidar tal objetivo, a CVRD acabou de fazer uma oferta de 669 milhões de dólares pela mineradora canadense Canico Resourse Corporation. O principal ativo da Canico é o Projeto Onça Puma, de exploração de níquel no Sul do Pará. As reservas somam 168,9 milhões de toneladas e são consideradas as mais ricas em níquel do mundo. A produção prevista é da ordem de 60 mil toneladas/ano de ferro-níquel. Ao longo dos próximos quatro anos, serão requeridos investimentos totais de 1 bilhão e duzentos mil dólares, em duas plantas com capacidade para produzir 2,56 milhões de toneladas de minérios por ano. Esse valor equivale a todo o volume de recursos aplicado pela mineradora brasileira este ano no Estado do Pará.

            As reservas nacionais de níquel são estimadas em 8,3 milhões de toneladas, o que coloca o País em oitavo lugar mundial. Quanto à produção efetiva, se somado o potencial do Onça Puma ao do Projeto do Vermelho, já desenvolvido pela Vale em Carajás, a empresa atingirá a marca de 106 mil toneladas/ano de ferro-níquel. Outros investimentos em níquel, a cargo de empresas nacionais e estrangeiras, em São Paulo, Piauí, Goiás e no Pará, no região do Araguaia, podem elevar significativamente a produção brasileira do metal, fazendo com que o País salte da décima para a quarta posição mundial.

            Estudos dão conta de que a oferta internacional de níquel deverá ficar apertada pelo menos nos próximos três anos, o que torna estratégica sua produção. A demanda chinesa continua em alta, ao passo que os estoques permanecem enxutos. A combinação empurrou os preços da commodity para cima. Em 2000, estava em US$8,6 mil a tonelada. Já em 2004 os preços chegaram a US$13,8 mil. Senhor Presidente, se considerarmos que a cotação média do metal, até o ano de 2008, deverá oscilar entre US$14 mil e US$15 mil, com picos de até US$20 mil, constatamos que a Vale realiza oportuno negócio ao investir em níquel.

            Mais importante, Srªs e Srs. Senadores, é o fato de que ganha o Brasil. Até 2008, segundo levantamento realizado pelo jornal Valor Econômico, o País deve receber investimentos de pelo menos 2 bilhões e meio de dólares em projetos de exploração do níquel. Uma vez atingido o nível de produção almejado, as receitas com exportação irão contribuir sobremaneira com o esforço fiscal do Governo.

            Cabe ressalvar, contudo, que a operação de compra da Canico ainda não está fechada. Executivos da empresa canadense deram declarações ambíguas na semana passada, ao passo que as ações da empresa na Bolsa de Valores de Nova York parecem ainda não ter chegado a um ponto de equilíbrio. Todavia, a intenção da CVRD de expandir seus negócios é louvável e merece nosso aplauso, além de reafirmar o compromisso assumido por seu presidente, Roger Agnelli, de aumentar o já considerável nível de investimento no Estado do Pará.

            Sr. Presidente, tenho continuamente posto em relevo o papel fundamental da Companhia Vale do Rio Doce para o desenvolvimento da economia nacional e, em particular, para a economia do Estado do Pará. Porção significativa dos negócios da Vale está hoje sediada no Pará, e os investimentos da empresa tornaram-se vitais para o estado. Existe, portanto, uma situação de interdependência e, felizmente para ambas as partes, os propósitos têm convergido. Tal harmonia de interesses não se alcança sem comunicação, entendimento e cooperação constante entre a direção da empresa e o Governo. Com efeito, posso assegurar que é excelente o relacionamento entre a Vale e o Governo do Estado.

            E nem poderia ser de outro modo, pois, de um lado, está uma empresa capaz de apresentar planos de investimento profundamente associados às metas de desenvolvimento social, que constituem, ao cabo, a função precípua do ente estatal. A Vale é uma empresa com responsabilidade social, e tem mostrado preocupação em instituir modelos de desenvolvimento sustentável e que permitam a inclusão social. Nas áreas onde atua, são feitos investimentos maciços em infra-estrutura, sobretudo em saneamento básico. A conseqüência é a melhoria da qualidade de vida das populações vizinhas, como se pode constatar, por exemplo, em Parauapebas, no sopé da Serra dos Carajás.

            De outro lado, o Governo do Estado tem feito sua parte, sabendo ofertar as condições básicas para atrair investimentos e gerar riquezas. O Governador Simão Jatene possui forte perfil empreendedor, ao mesmo tempo em que manifesta grande preocupação social. Trata-se de um dirigente experimentado, com perfil raro na vida política nacional, pois reúne a expertise do técnico e a sensibilidade política essencial para o exercício do cargo de Governador.

            Sr. Presidente, quero congratular-me com a direção da Companhia Vale do Rio Doce, na figura de seu Diretor-presidente, Roger Agnelli, desejando-lhe sucesso no empreendimento. A CVRD é uma empresa que orgulha a todos os brasileiros, e certamente continuará a contribuir para o desenvolvimento econômico e social de nosso País. Quero, ainda uma vez, saudar o Governador de meu estado, Simão Jatene, exemplo de homem público e profundo conhecedor da realidade regional e nacional.

Muito obrigado, Sr. Presidente, era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/09/2005 - Página 33073