Discurso durante a 168ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a eleição para presidente da Câmara dos Deputados que está em andamento. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. LEGISLATIVO.:
  • Considerações sobre a eleição para presidente da Câmara dos Deputados que está em andamento. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 29/09/2005 - Página 33342
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. LEGISLATIVO.
Indexação
  • LEITURA, TRECHO, ENTREVISTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ANALISE, IMPEACHMENT, FERNANDO COLLOR DE MELLO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, PERDA, OPORTUNIDADE, SOLUÇÃO, PROBLEMA, PAIS, MOTIVO, DESVIO, CONDUTA, COMPROMETIMENTO, CORRUPÇÃO, ANALOGIA, SITUAÇÃO, GOVERNO, ATUALIDADE.
  • REGISTRO, APOIO, CANDIDATO, DEPUTADO FEDERAL, SENADOR, ELEIÇÃO, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, COMENTARIO, OPORTUNIDADE, COMBATE, CORRUPÇÃO, PAGAMENTO, MESADA, CONGRESSISTA.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, BUSCA, APOIO, VOTO, CANDIDATO, ALDO REBELO, SENADOR, MEDIAÇÃO, LIBERAÇÃO, EMENDA, CONGRESSISTA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a impressão que passaria a um marciano é de que não há crise alguma no País. Está aqui a imagem do Presidente, vestido de quimono, fantasiado de judoca. Como sempre, como não costuma fazer as coisas de maneira correta, ele confunde “tatame” com “tapume”, dizendo que está pronto para entrar no tapume. O que ele quer é se esconder atrás do tapume em relação aos malfeitos de seu Governo.

Sr. Presidente, aqui há algo extremamente revelador: em 1993, na rádio Jovem Pan, Milton Neves, comentarista esportivo, entrevista Lula:

M. N. - Meu negócio é futebol, meu negócio não é política. É a primeira vez que falo com você, lado a lado. Mas me diga uma coisa, uma curiosidade que tenho. Lula, Luiz Inácio Lula da Silva, você tem pena de Fernando Afonso Collor de Mello?

Lula - Tenho... não é que tenho pena. Como ser humano, acho que uma pessoa que teve a oportunidade que aquele cidadão teve de fazer alguma coisa de bem para o Brasil, um homem que tinha o respaldo da grande maioria do povo brasileiro, e ao invés de construir um governo construiu uma quadrilha como ele construiu, me dá pena, porque deve haver qualquer sintoma de debilidade no funcionamento do cérebro do Collor. Efetivamente, fico com pena, porque acho que o povo brasileiro esperava que essa pessoa pudesse pelo menos conduzir o País, se não a soluções definitivas, pelo menos a indícios de soluções para os graves problemas que nós vivemos. Lamentavelmente, a ganância, a vontade de roubar, a vontade de praticar a corrupção, fez com que Collor jogasse o sonho de milhões e milhões de brasileiros por terra. Mas, de qualquer forma, eu acho que foi uma grande lição que o povo brasileiro aprendeu e eu espero que o povo brasileiro, em outras eleições, escolha pessoas que pelo menos eles conheçam o passado político.

É impressionante como o Presidente Lula está atual! Basta trocar “Collor” por “Lula” e teremos um texto da maior atualidade.

Sr. Presidente, vou confessar aos meus companheiros de Oposição e aos meus colegas do Senado que, se formos levar em conta essa questão da intimidade pessoal, tenho muito mais com o ex-Ministro Aldo Rebelo do que com o meu companheiro de Oposição, Deputado José Thomaz Nonô.

Sou amigo de Nonô, mas não nos freqüentamos. Tenho por ele admiração. E sou amigo de Aldo Rebelo. A verdade verdadeira, porém, é que Aldo representa hoje - isso é até imerecido, do ponto de vista da correção com que ele se portou ao longo de toda a sua vida - as forças que querem a pizza, as forças que não querem a apuração cabal dos fatos, as forças que querem a impunidade. Ele é o candidato de Janene. É o candidato dos que estão pendurados, é o candidato dos cassáveis. Não é o candidato do partido desses cassáveis, mas o candidato dos cassáveis. É o candidato que, se for ouvir os seus eleitores, terá dificuldades em possibilitar a agilização dos processos de cassação desses mandatos.

Nonô, neste momento, representa o viés da história, representa a fala da instituição, representa, para os Deputados individualmente, uma tábua de salvação, porque poderá, pelas suas mãos, renascer a Câmara dos Deputados, o que possibilitará aos Deputados que não têm nada a ver com essa história da corrupção dos “mensalinhos” e “mensalões” aparecerem de peito aberto e de cabeça erguida diante do povo na próxima eleição.

Nonô representa os que pensam não apenas em si mesmos, mas pensam na instituição como um todo. Ele representa os que imaginam que uma Casa Legislativa deve ser uma Casa respeitável e que, sendo uma Casa respeitável, Sr. Presidente, deve merecer que a sociedade a olhe com acatamento.

Portanto, a sorte está lançada. A Câmara saberá falar, dirá o que quer. O Senado tem que, como expectador, aguardar o resultado. Como brasileiros, os Senadores têm o dever de torcer, têm o dever de esperar pelo melhor, a depender da boa-fé de tantos de nós.

Aldo Rebelo, homem público correto, representa hoje as piores forças do Congresso Nacional, as forças mais negativas, mais atrasadas, mais vinculadas à idéia de que não deve haver punição a quem merece.

José Thomaz Nonô representa, neste instante, a perspectiva da história, representa a voz da instituição, uma instituição que está sufocada e que não deve ser confundida com os que malbarataram a coisa pública. Ela deve, ao contrário, retomar o seu melhor momento de construção da democracia no País.

Portanto, se Deputado fosse, eu votaria, tranqüilamente, com muita alegria, em José Thomaz Nonô. Como Senador, como brasileiro, torço para que se amplie esse resultado que já lhe aponta uma vitória parcial no primeiro turno. Confio na consciência dos Deputados que, no voto secreto, haverão de decidir com muita independência. E vamos mostrar, então, que a idéia de se recuperar a credibilidade da instituição está acima do bilhão de reais agora liberado, imaginando o Governo que poderia submeter os Deputados a seus desígnios ruins e perversos.

O Presidente Lula não tem mais por onde cair, está caindo pelas tabelas, está fazendo verdadeiro strip-tease moral, está perdendo a compostura cívica, desde que imagina que pode ganhar uma eleição na Câmara dos Deputados submetendo um homem de bem como o Sr. Aldo Rebelo a isso, pela liberação de emendas parlamentares. A maioria está dizendo neste momento que não aceita isso. A maioria entende que liberar emenda é dever do Governo. A maioria está entendendo, neste momento, que o importante mesmo, mais do que emenda para cá e emenda para acolá, é termos uma Casa altiva, que volte a merecer o que hoje talvez ainda não esteja merecendo: o respeito do povo brasileiro.

Muito obrigado.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/09/2005 - Página 33342