O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senador Arthur Virgílio acabou de pronunciar uma frase curiosa: “O Governo se afunda em corrupção”. O Governo se afunda em corrupção, não, Senador Arthur Virgílio. Ah, se fosse só isso! O Governo está afundando o País! Eu gostaria muito que isso não fosse verdade, mas eu preciso fazer uma apreciação sobre, pelo menos, os oito últimos meses desse Governo - de janeiro a agosto deste ano.

De janeiro a agosto deste ano, o País está, por culpa do Governo e do Partido dos Trabalhadores, que é o Partido do Governo, afundado em uma crise política e moral inominável. São oito meses perdidos, na minha avaliação. O PT, o Partido dos Trabalhadores, perdeu o seu Presidente, o seu Secretário-Geral, o seu Tesoureiro. O Governo foi obrigado, por acusações, a defenestrar o “primeiro-ministro” do Governo, o Ministro José Dirceu. Investigações pesadas acontecem nos Correios, no IRB, na Petrobras, no Banco do Brasil, na Caixa Econômica. É denúncia por toda parte. As denúncias de remessa de dinheiro para o exterior são uma constante, a partir de investigações nas prefeituras do PT, como é o caso de Santo André, de Ribeirão Preto. Há o Sr. Duda Mendonça. São investigações seguidas de prefeituras do PT, enlameadas com acusações de corrupção. É uma crise política inominável!

Mas hão de dizer: não, mas a economia vai bem. E aí é onde quero fazer a minha apreciação, ainda que rápida, Sr. Presidente. Nos oito últimos meses, de janeiro a agosto, a República Federativa do Brasil, governada pelo Presidente Lula, no Ministério da Fazenda o Ministro Palocci, gastou por inépcia na calibragem da taxa de juros, Senador Mauro Fecury, R$105 bilhões. Cento e quinze bilhões de reais! Em doze meses, de agosto a agosto, gastou R$150 bilhões.

Vamos ficar com os R$105 bilhões de janeiro a agosto. De janeiro a agosto, gastou R$105 bilhões, que poderiam ser ter sido muito menos se a calibragem da taxa de juros tivesse sido eficiente. Mas este Governo parece desconhecer uma frase que todo brasileiro comum mais ou menos conhece: a diferença entre remédio e veneno é a dose. Vacina é a doença inoculada em dose conveniente para prevenir o doente de pegar a doença mais à frente. Só tem um detalhe: este Governo não conhece a diferença entre remédio e veneno e aplica a dosagem da taxa de juros como única forma de combater a inflação no limite em que está. Primeiro de tudo, segurando o crescimento econômico. Segundo, elevando a cotação do dólar. Muitos dizem: mas o Brasil é um país fantástico, a cotação do dólar está valorizada, o real valorizou-se perante o dólar. É evidente. A prática de juros atraindo dólar do mundo inteiro para ter uma remuneração real de 13% produz isso a que estamos assistindo, R$105 bilhões, Sr. Presidente, de gastos com juros!

E aí vem a minha observação. Senador Alberto Silva, qual é a maior obra anunciada por este Governo? É a transposição do São Francisco. É uma obra cantada em prosa e verso. É a Transnordestina e a Transposição do São Francisco. Quando custará a transposição do São Francisco na sua inteireza? R$4 bilhões! O Governo gastou só em juros, de janeiro a agosto deste ano, R$105 bilhões. Daria para fazer - R$4 bilhões é o custo total da transposição - 25 transposições e ainda sobrariam R$5 bilhões. Daria para fazer 25 transposições do São Francisco, uma obra que é cantada em prosa e verso pelo Governo desde que assumiu. Em oito meses gastou 25 transposições do São Francisco com uma política econômica equivocada.

A minha palavra, Sr. Presidente, é de alerta. Vou morrer protestando, lamentando. Este Governo tem de acordar para essa taxa de juros perversa que está liquidando com a retomada de crescimento do País e acabando com as esperanças do povo brasileiro.

E venho, nesta tarde de hoje, trazer essa denúncia e alerta a um Governo que precisa aprender, primeiro, a ser audacioso e, depois, a cumprir os seus compromissos. Pagando R$105 bilhões de juros nem vai fazer transposição, nem Transnordestina, nem coisa alguma, e vai levar mais brasileiros a um lamentável desemprego.

Obrigado, Sr. Presidente.