Pronunciamento de Alvaro Dias em 28/09/2005
Discurso durante a 168ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Manifestação de repúdio à postura do Presidente Lula, patrocinando uma candidatura na Câmara, de forma a interferir indevidamente no Poder Legislativo. (como Líder)
- Autor
- Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
- Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Manifestação de repúdio à postura do Presidente Lula, patrocinando uma candidatura na Câmara, de forma a interferir indevidamente no Poder Legislativo. (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/09/2005 - Página 33549
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- PROTESTO, FALTA, ETICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INTERFERENCIA, LEGISLATIVO, LIBERAÇÃO, RECURSOS, MANIPULAÇÃO, VOTAÇÃO, CONGRESSISTA, ELEIÇÃO, CANDIDATO, BANCADA, GOVERNO, DISPUTA, PRESIDENCIA, CAMARA DOS DEPUTADOS.
- COMPARAÇÃO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PUBLICITARIO, TESOUREIRO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CRITICA, INSTITUCIONALIZAÇÃO, PAGAMENTO, MESADA, CONGRESSISTA.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 29/09/2005 |
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DISCURSO PROFERIDO PELO SR. SENADOR ALVARO DIAS NA SESSÃO DO DIA 28 DE SETEMBRO DE 2005, QUE, RETIRADO PARA REVISÃO PELO ORADOR, ORA SE PUBLICA.
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O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pela Liderança do PSDB. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, sei que essa informação não é pra valer porque o Senador Mão Santa é um regimentalista e saberá respeitar o Regimento, mas eu, em consideração aos demais colegas, não vou usar...
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Na ONU há um Secretário-Geral. Aqui há um mais enérgico e austero que é o Raimundo Carreiro.
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - ... o tempo regimental.
Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu não poderia deixar de manifestar também o meu repúdio a essa postura incrível do Presidente Lula e do seu Governo, patrocinando uma candidatura na Câmara dos Deputados de forma a interferir indevidamente no Poder Legislativo.
Aliás, o articulista Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, qualificou de forma precisa a eleição de hoje para a Presidência da Câmara. Diz Fernando Rodrigues: “Marcará a mais aberta operação recente de intromissão do Poder Executivo sobre o Congresso”. Sem dúvida, Sr. Presidente.
Sem dúvida, Sr. Presidente, não há como deixar de manifestar indignação diante desse comportamento que revela relação de promiscuidade com o Poder Legislativo. Aliás, uma espécie de institucionalização do mensalão com recursos do Orçamento da União.
Quando o Governo, a pretexto de uma coincidência incrível, anuncia, na antevéspera da eleição, a distribuição de R$500 milhões, certamente o faz com o propósito de orientar a votação na Câmara dos Deputados a favor do candidato escolhido. Uma forma de convencer, uma forma de cooptar, uma forma espúria de orientar o voto na Câmara dos Deputados, uma operação chapa branca.
Sr. Presidente, o Governo coincidentemente libera recursos orçamentários da mesma forma que liberava recursos o “Valerioduto”, para aplacar as consciências em momentos de votação considerada impopular, para conquistar parlamentares que mudavam para o partido da base aliada.
Por exemplo, em fevereiro, março, abril e maio de 2003, houve prodigalidade do Sr. Marcos Valério na distribuição de recursos sacados na boca do caixa do Banco Rural. Exatamente nos meses em que tivemos a maior movimentação de transferência de parlamentares de um partido para outro. Depois, no mês de setembro, repetiu-se a prodigalidade quando tivemos votação de matérias importantes do interesse do Governo: a reforma da Previdência e a reforma tributária.
O Presidente Lula segue os passos de Marcos Valério e de Delúbio Soares e manda distribuir recursos orçamentários no momento em que depende do apoio de Parlamentares na Câmara para eleger o seu Presidente preferido.
Esse rolo compressor para eleger o candidato a Presidente da Câmara oferece cenas explícitas de despudor. Eu ouvi, hoje, no restaurante do Senado, o depoimento de um Deputado Federal da base de apoio ao Governo, um Deputado de muitos mandatos que afirmou jamais ter visto tanta pressão em toda a história da sua permanência em Brasília na Câmara dos Deputados, nem mesmo no período autoritário. O constrangimento ficou explicitado em função da contundência com que operou o Governo...
(Interrupção do som.)
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Concedi mais dois minutos a V. Exª. Sei que isso era desnecessário, pois trinta segundos já seriam suficientes pelo tamanho da sua inteligência.
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - ...para assegurar, Senador Mão Santa, a vitória de Aldo Rebelo, que certamente ocorrerá. Daqui a pouco, teremos a votação em segundo turno e, certamente, o vitorioso será o candidato do Governo.
É inconcebível que a liberação das verbas ocorra em função desses critérios. Não há uma relação entre custo e beneficio do investimento; não são os melhores projetos os escolhidos; enfim, o que há é a prática do “é dando que se recebe.”. Há quanto tempo se cunhou esta frase: é dando que se recebe. Em Brasília, o Presidente Lula é aquele que mais segue essa orientação desse incrível filósofo. Esse franciscanismo da era petista valeriana parece que foi concebido a partir do bornal do ex-tesoureiro Delúbio Soares.
O Governo Lula consegue, a cada momento, perpetrar novos ataques à ética. Aliás, é uma gestão manca que se arrasta da maneira mais patética.
Aliás, no próximo dia 31 de outubro, o Governo deverá render homenagens especiais ao inesquecível personagem de Monteiro Lobato, o Saci Pererê. No dia consagrado ao personagem do rico folclore brasileiro, instituído, aliás, por um projeto do futuro Presidente da Câmara...
(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Já vou concluir, Senador Mão Santa...
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PMDB - PI) - Concedi mais um minuto em respeito à grandeza do Paraná e a liderança de V. Exª.
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - Não me concedeu, não, me tomou o último minuto, Senador.
Aliás, um projeto de autoria do Deputado Aldo Rebelo. A artilharia do Palácio do Planalto utiliza esse grosso calibre para atingir os seus objetivos.
E o Presidente, ainda trajando um quimono, declarou que estava pronto para luta e confundiu tatame com o tapume. Aliás, é de um tapume que o Governo precisa para acobertar os atos ilícitos praticados atualmente pela sua gestão lamentavelmente ímproba.
Vou concluir agora, lembrando que, na sociologia goiana...
(Interrupção do som.)
O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR) - ...há algo de autoria de Gilberto Mendonça Teles, do início da década de 30: uma trova muito pitoresca que eu deixo como registro caricato do momento que vivemos:
Saci é bicho danado,
pula até nos convencer.
Precisa ser dedurado.
Precisa um dia perder o seu charme
E ser cassado de sua graça e de seu poder.
U:\SUPER\20050929DO.doc 4:38