Discurso durante a 173ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a Pesquisa Rodoviária 2005, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), pelo Serviço Social do Transporte (Sest) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), que analisou rodovias federais e estaduais de todo o país.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Comentários a Pesquisa Rodoviária 2005, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), pelo Serviço Social do Transporte (Sest) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat), que analisou rodovias federais e estaduais de todo o país.
Aparteantes
Jefferson Peres.
Publicação
Publicação no DSF de 06/10/2005 - Página 34045
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • COMENTARIO, PESQUISA, CONSELHO NACIONAL DE TRANSPORTES (CNT), SERVIÇO SOCIAL DO TRANSPORTE, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO TRANSPORTE (SENAT), ANALISE, SISTEMA RODOVIARIO NACIONAL, CONFIRMAÇÃO, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, MAIORIA, RODOVIA, PAIS.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Valdir Raupp, que preside esta sessão, Senadoras e Senadores, brasileiros e brasileiras aqui presentes e que nos assistem por meio do sistema de comunicação do Senado.

É uma grande honra, ao falar, ter à Presidência Antero Paes de Barros, este extraordinário líder político do PSDB de Mato Grosso.

Relembro, Serys, atentai bem e olhai para mim e Antero Paes, que às segundas-feiras e às sextas-feiras esta Casa não funcionava. Nós que começamos. Era o Efraim, o Arthur Virgilio, o Antero Paes e eu, que, por ter poucos meses mais do que eles, regimentalmente, presidia a sessão.

Senador Valdir Raupp, é muito dirigido a V. Exª o assunto que vou abordar, porque V. Exª é quem mais o tem trazido à tona, e a Serys também: as estradas brasileiras.

Presidente Lula, feliz do povo que não precisa buscar ensinamentos em outros países para valorizar as estradas. Senador Jefferson Péres, a história conta que Pedro II, em 49 anos dirigindo este País, viajou uma vez à Europa. Lula, em 49 anos, Pedro II foi uma vez à Europa! De lá, ele escreveu: “Filha Isabel, estrada é o grande presente que se pode dar a um povo”. Depois, aqui mesmo, tivemos um presidente cujo slogan era: “Governar é fazer estradas”. Washington Luiz, Senador Paim. E o nosso extraordinário Juscelino Kubitschek: “energia e transporte” - estrada.

Todo ano, para complementar as pesquisas que o Raupp tem feito, baseadas na vida própria dele, extraordinário Prefeito, extraordinário Governador, que reivindica muito em favor das estradas, trago a pesquisa rodoviária - e quero louvar a CNT, Confederação Nacional do Transporte, pelo trabalho que realiza. Senador Jefferson Péres, desde o primeiro ano de mandato, eu trago esse relatório. Esta é a terceira vez: 2003; 2004 e 2005. Em 2002, nós fomos eleitos.

Senador Paim, quero parabenizar esse relatório porque é o único trabalho sério que existe no País sobre as estradas. Talvez, o Presidente da República não o conheça, e o seu Ministro, muito menos. Há mais de dez anos que essa revista é publicada, e eles têm aumentado o número de quilômetros pesquisados. Começou, em 1995, com 15.710 quilômetros, e agora o estudo atinge quase a perfeição, Senador Paim: 81.944 quilômetros foram pesquisados. Eis a verdade.

Evidentemente, o trabalho é volumoso, e o Presidente Lula disse que não gosta de ler, que ler é chato. Ele afirmou isso, Senador Jefferson Péres. Então, eu quero ler um quadro para Sua Excelência: “Classificação Geral da Extensão Total do País - Estradas”. Atentai bem:

É denominado Estado Geral o resultado da apuração conjunta dos três critérios avaliados na Pesquisa: o Pavimento, a Sinalização e a Geometria das rodovias brasileiras. Segundo a Pesquisa Rodoviária 2005, as condições de conservação dos 81.944 Km de rodovias avaliados resultam em um índice extremamente desfavorável em que 72,0% da malha rodoviária do país apresentam algum tipo de comprometimento, sendo, portanto, classificados como Deficiente, Ruim ou Péssimo. [Ô, Lula, 72% classificados como ruins, péssimos ou deficientes!] Foi verificado também que apenas 28,0% dos trechos encontram-se em condições favoráveis de conservação e que, do total de trechos pesquisados, apenas 8.993 Km obtiveram avaliação Ótimo.

Esse é o resultado de um trabalho sério.

Vamos sintetizar e tentar ajudar o Presidente da República. Senador Jefferson Péres, penso que o Presidente tem ódio ao Senador Antonio Carlos Magalhães e a mim, apesar de o Governo lá ser do PT, pois a segunda pior estrada é a de Teresina (PI) a Barreiras (BA). As do Piauí ainda estão entre as piores: Picos (PI) a Salgueiro (PE); Teresina (PI) a Fortaleza (CE); Piripiri a Parnaíba, minha cidade; Teresina a Petrolina; e São Luis do Maranhão a Teresina. Evidentemente, só estou buscando as do Piauí.

Senador Arthur Virgílio, no Amazonas, não sei, porque as estradas são os rios, mas essa é a verdade do Piauí. Foram pesquisados 2.599 quilômetros. Obtiveram “ótimo” só 50 quilômetros do Piauí; “bom”, 217; “deficiente”, 1.003; “ruim”, 630; “péssimo”, 699. Essa é a situação do Piauí.

Rodovia em extensão.

A BR-135 obteve o conceito “Ruim”; a BR-222, que passa pelo Piauí, Ceará, Maranhão e Pará, “Deficiente”; a BR-230, “Ruim”; a BR-235, que passa pelo Piauí, “Deficiente”; a BR-316, “Deficiente”; a BR-346, “Deficiente”; a BR-402, “Deficiente”; a BR-404, do Piauí, “Ruim. Essa é a condição das estradas do Piauí.

Concedo um aparte ao Senador do Amazonas, Senador Jefferson Péres.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Quero comentar uma passagem do início do seu discurso, quando V. Exª disse que D. Pedro II, Imperador do Brasil, viajou uma vez à Europa. E mais, Senador Mão Santa, viajou à própria custa. V. Exª sabia?

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, não sabia.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - No Brasil monarquista imperial, o homem-chefe do Poder Moderador, Sua Majestade Imperial, viajou à sua custa. No Brasil republicano, um Presidente de origem nordestina, pobre, operário, viaja em um avião que custou mais de R$100 milhões aos cofres públicos e com uma freqüência que não conhece precedentes no País. Penso que nunca ninguém viajou tanto e muitas vezes inutilmente, num sonho megalomaníaco de se tornar um líder mundial, na verdade, em uma política externa que coleciona um enorme rosário de fracassos. Era apenas para registrar isso no seu discurso, Senador Mão Santa. Parabéns pelo seu pronunciamento.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Incorporo suas palavras. Aprendi com elas, porque pensava que era à custa da Coroa, do Império. Mais um ensinamento ao Presidente Lula.

Getúlio Vargas mesmo, Senador Jefferson Peres: 15 anos! Quando ele saiu, a fazenda dele não tinha energia; não tinha uma geladeira a querosene. E essa tropa do PT, hein? Que fome, que sede aos cofres públicos!

            Senador Antero Paes de Barros, eis por que vim aqui: para construir - primeiro, lutando pelo Orçamento. Todos os Parlamentares do Piauí, eu e os Senadores Alberto Silva e Heráclito Fortes, incluímos emendas. Eu mesmo destinei parte das dotações ao Dnit, ao Ministério dos Transportes.

Senador Antero Paes de Barros, a BR passa pela minha cidade para ir à praia Luiz Correa. Essa BR foi asfaltada por ação de Heráclito Fortes, quando era Deputado Federal no Governo do Dr. João Silva Filho. Começaram a recapear, Senador Jefferson Péres, só a metade, penso que na minha cidade. Ficou aquele negócio, um pedaço deixado lá.

Senador Ney Suassuna, há uma ponte que é uma lástima, entre Piripiri e Genipapo, onde se deu a Batalha do Piauí, quando o povo do Piauí expulsou os portugueses. Perto dessa ponte, a estrada começou com Fernando Henrique e ainda está lá, estreita, por onde só passa um carro, entre Teresina e a BR que vai. E mais: o trecho, Senador Jefferson Péres, que, quando fui Prefeito, consegui com o Ministro José Reinaldo, do Governo do Presidente Sarney, e que nos liga ao Maranhão. A parte do Piauí que vai da BR de Parnaíba, poucos quilômetros, à Ponte do Jandira, que nos une ao Maranhão, era para ser percorrida em um hora, mas o é em dez horas. Essas são as condições das estradas.

            Por isso, neste instante em que terminamos as nossas palavras, ninguém do PT aqui está, porque ninguém vai defendê-lo.

(Interrupção do som)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Era para o Sr. Presidente me dar um minuto, mas S. Exª me concedeu logo onze minutos. Muito agradecido. É a generosidade e a grandeza do Mato Grosso. Mas o tempo ainda é muito pouco para falarmos da buraqueira das estradas. Não dá, mas termino, em respeito ao Regimento e à emoção da sua volta - só a música de Roberto Carlos poderia traduzir as emoções que V. Exª traz a este Parlamento, porque sua presença é garantia de melhores dias para a democracia.

Ainda quero dizer que essa questão não há ninguém para defender, porque ela é indefensável. Aqui está o trabalho que queremos louvar: a décima Pesquisa Rodoviária CNT, que foi realizada em 2005.

Ô, Presidente Lula, busque o livreto ou, então, veja o nosso pronunciamento, que o sintetiza, já que V. Exª disse que não gosta de ler! Espero que também não diga que não gosta de trabalhar pelo Brasil.

Era o que eu tinha a dizer.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/10/2005 - Página 34045