Discurso durante a 183ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao povo do Estado do Piauí, pela comemoração hoje, dia 19 de outubro, do "Dia do Piauí".

Autor
Alberto Silva (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Alberto Tavares Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao povo do Estado do Piauí, pela comemoração hoje, dia 19 de outubro, do "Dia do Piauí".
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/2005 - Página 35465
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, ESTADO DO PIAUI (PI), ESCLARECIMENTOS, HISTORIA, COMEMORAÇÃO.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estava ausente, no Piauí, por isso não pude inscrever-me, mas aproveito os cinco minutos para dizer que hoje se comemora no meu Estado o Dia do Piauí. É estranho que um Estado tenha um dia, só que o Dia do Piauí não é um dia do Piauí, é o dia do Brasil.

Vou tentar resumir rapidamente o que aconteceu nos idos de 1822. Quando o Imperador D. Pedro I, no dia 7 de setembro de 1822, declarou independente o Brasil, D. João VI não concordou. Isso é história. Estou passando-a principalmente para os jovens, que estão estudando a história do Brasil.

D. João VI não concordou. E sabem por quê? Ele destacou um exército português com infantaria, artilharia, cavalaria e instalou-se no Maranhão, com a firme intuição - naturalmente dele, o Rei - de manter aquele pedaço do Brasil fora da Independência que o filho acabara de proclamar.

Por que um exército português aquartelado no Maranhão com tamanha força militar? Pois bem, no dia 19 de outubro de 1822, alguns brasileiros nascidos no Piauí, na cidade de Parnaíba, homens ilustres como Simplício Dias da Silva, Miranda Osório, João Cândido, numa reunião do Conselho na Câmara, possivelmente como se fossem Vereadores, declararam a independência do Brasil. Eles não sabiam ainda o que havia ocorrido, pois entre 7 de setembro e 19 de outubro, a uma distância entre São Paulo e o Piauí não dava para chegar qualquer notícia. Então, eles declararam a independência. Havia um sentimento de liberdade no País inteiro.

E o que aconteceu? O exército português, que estava em Caxias, deslocou-se para Parnaíba, às ordens de D. João VI, para abafar aquela que parecia a eles ser uma rebelião. É claro que aqueles líderes não tinham como oferecer resistência. O exército português chegou e ficou ali, digamos, aquartelado por alguns dias.

Nesse meio tempo, na capital, a ex-capital da Província, a cidade de Oeiras, havia sido destituído o Governador da Província, um militar que se chamava João José da Cunha Fidié, um homem de lutas napoleônicas, um cabo de guerra de escol, que D. João VI mandou para o Brasil com um exército muito bem aparelhado.

Os patriotas de Oeiras destituíram os militares que estavam lá, e o exército português deslocou-se de Parnaíba para Oeiras para sufocar a rebelião. No meio do caminho, aconteceram coisas extraordinárias na história do Brasil. Quando Governador, fiz construir um monumento aos heróis do fato heróico e épico que neste instante vou revelar. Quando o exército português se deslocava de Parnaíba para Oeiras, brasileiros patriotas, na cidade de Campo Maior - naturalmente, naquela época, era uma vila -, as damas venderam as suas jóias para comprar armas e criaram uma milícia. Quando eu era Governador, disse ao Ministro do Exército de então, General Orlando Geisel: “General, à época do Império, ainda não havia o Exército brasileiro. Eu creio que no Piauí esses bravos - que eram muito mais de mil - que se juntaram, formaram uma milícia e cavaram trincheiras ao lado do rio Jenipapo para resistirem e enfrentarem o exército português.”

Senhores, houve uma batalha sangrenta. Os brasileiros estavam entrincheirados, e o cabo de guerra português, ao chegar - como era um eminente tático militar - mandou alguns pelotões de cavalaria.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Sr. Presidente, peço permissão só para concluir.

Ele mandou alguns pelotões de cavalaria atravessar o rio com intuito naturalmente de tirar os brasileiros da trincheira. E o que ocorreu? É claro, os brasileiros derrotaram os portugueses que estavam a cavalo dentro do rio. Foi aí a primeira carnificina. Entretanto, quando deixaram a trincheira, ficaram à mercê dos canhões portugueses. E morreram ali 500 brasileiros, onde existe um cemitério.

Então, o dia 19 de outubro, chamado Dia do Piauí, eu diria, é a seqüência do 7 de setembro. Foi ali no Piauí, às margens do rio Jenipapo, que se travou a única batalha sangrenta e heróica de brasileiros em favor da independência do Brasil, não daquela ...

(Interrupção do som.)

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI) - Concluo, Sr. Presidente.

Por isso, envio daqui os meus cumprimentos aos piauienses pelo dia 19 de outubro, mas muito mais cumprimento os heróis e o monumento que erigi em sua memória naquele local; cumprimento os heróis que deram suas vidas pela Independência do Brasil. Foi o único ato heróico e épico que aconteceu no Brasil, na ocasião da Independência.

Que minhas palavras sejam, neste instante, de apoio a todo o povo do Piauí, que hoje comemora o seu dia, bem como ao Brasil.

Aos jovens que não conhecem a história, quero dizer que foi ali, no Piauí, que se travou a única batalha, no dia 13 de março de 1823.

O Marechal Castello Branco disse que ali havia mais brasileiros mortos do que no cemitério de Pistóia.

Era o que eu queria registrar neste 19 de outubro, do meu Estado do Piauí.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/2005 - Página 35465