Discurso durante a 183ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a febre aftosa.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre a febre aftosa.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/2005 - Página 35614
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, PERDA, REPUTAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FRUSTRAÇÃO, ELEITOR, NEGLIGENCIA, CORRUPÇÃO, FEBRE AFTOSA, COMPROVAÇÃO, INCOMPETENCIA, GOVERNO FEDERAL.
  • LEITURA, EDITORIAL, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), NOTICIARIO, IMPRENSA, GRAVIDADE, CORRUPÇÃO, FALTA, CONTROLE, GOVERNO, CRISE, POLITICA NACIONAL, INCOMPETENCIA, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, RETORNO, FEBRE AFTOSA, MANIPULAÇÃO, EXECUÇÃO ORÇAMENTARIA, FAVORECIMENTO, REELEIÇÃO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, entre, dois fogos, da aftosa de um lado e da politicosa Lula-petista de outro, é possível hoje dizer, não apenas literalmente, que a vaca vai p’ro brejo. O Brasil vai junto, pelos desacertos, pela conduta aético-quadrilheira de um governo malogrado.

Na politicosa, o PT jogou na cara dos brasileiros uma nota com o PSB e o PC do B, proclamando que besteiras como essa de corrupção sistêmica no Estado brasileiro.

É o mais deslavado permeio desse Governo e seus súditos petistas. Eles são os malogrados de um Governo que gorou. E, como se diz entre o povo, gorou na casca do ovo.

Adapto Braz, para lembrar o jeito torto com que alguns fazem políticas, tentando obrigar o povo a engolir, com o cotidiano besteirol petista de permeio, o que eles consideram suas verdades. Só deles.

Leio Machado, que já passou por este Senado:

            Deu-me uma cadeira e com o balcão permeio, falou-me longamente de si.

(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Braz Cubas,p. 117)

Nunca, na história contemporânea do Brasil, um Presidente da República se mostrou tão desacreditado como Luiz Inácio Lula da Silva.

Seu partido, no momento sob suspeição, tentam com arroubos despropositados, encontrar algo ou alguém para jogar a culpa pelo malogro desses três anos de Governo.

A toda hora, em todo canto, nas colunas dos jornais, na voz e imagem do rádio e da tv, há unanimidade quanto aos desastrados passos do Governo e seu partido.

Leio, ao léu, o editorial de hoje do Estadão, em que é analisada a tragicômica nota petista&cia.:

Não tiveram a decência de acrescentar na nota que também os petistas deles se beneficiaram (financiamentos ilegais de campanhas eleitorais), conforme a explicação que eles mesmos fabricaram, com o endosso de Lula, para negar os escândalos do suborno de deputados, conhecidos genericamente pelo termo mensalão.

Se isso não é a tal de politicosa o quê será? Desvarios de uma noite de verão em plena primavera, que, para infelicidade do Brasil se parece muito mais com um manhã de verão cinzento.

Começa que, por detrás dessa cortina de fumaça escura, eles tramam que tramam e esquecem que lhes foi dado, pela confiança do povo, um país para ser governado, não para ser pilhado.

Politicosa rima com aftosa e aqui o Governo revela mais uma vez seu despreparo. Um despreparo que a Nação inteira vê, já assustada, como hoje em sua coluna a jornalista Sônia Racy:

AFTOSA

"Aqui, temos um foco com 500 cabeças e uma repercussão internacional desproporcional ao que realmente está acontecendo", diz um conhecido pecuarista, para quem o governo não só errou em diminuir a verba para a aftosa, como erra também ao não saber contornar o problema internacionalmente, abrindo brechas para que concorrentes abocanhem mercado tanto na Europa como na Rússia. "A incompetência na minimização do problema é visível", lamenta o mesmo pecuarista, que aponta um terceiro erro: "Erra também o governo em não promover ele mesmo, de maneira firme, a vacinação do gado dos sem-terra." Críticas à parte, a verdade é que, para economizar alguns milhões de reais no Orçamento, o Brasil pode perder 100 vezes mais nas exportações de carne.

Se não bastasse essa tremenda barbeiragem, o Presidente segue desinformado e fala coisas sem nexo nem cabimento em mais esse périplo aeroluliano além-mar. E, enquanto laudos mostram que infelizmente ao menos três novos casos de aftosa foram localizados no Mato Grosso do Sul, no seu programinha de rádio, ele, o Lula, diz que o surto foi debelado.

Um descontrole total!

Infelizmente, ainda resta um ano para o fim do Governo Lula e, a esta altura, nada há que possa iluminar as esperanças dos brasileiros.

Pior é que, ali do outro lado da rua, onde ele quase não pára, o Governo do quatriênio perdido põe no palanque, como narra a repórter Adriana Fernandes:

O Governo deu ontem o pontapé inicial para acelerar a execução do orçamento neste ano e no início de 2006. Foram instaladas oficinas de trabalho para acompanhar o andamento dos projetos prioritários de investimento e resolver os gargalos que têm dificultado a sua execução.

É ou não é mais uma oficina da politicosa?

Terça-feira, 18 de Outubro de 2005

Lula ignora novos casos e diz que foco já foi debelado

Leonencio Nossa

Colaborou: Márcia De Chiara

Em meio a novas suspeitas de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava em Roma, disse ontem que a doença já foi debelada. Em entrevista ao programa de rádio Café com o Presidente, gravada na capital italiana, ele ressaltou a transparência do governo ao comunicar o "caso isolado" à União Européia.

Lula garantiu: "Já matamos todas as reses, já fizemos as barreiras nas fronteiras que era preciso fazer". Segundo ele, o Brasil vai mostrar ao mundo "a eficácia e a ação do governo no sentido de não permitir que um caso isolado possa prejudicar o comércio de carne".

O governo brasileiro, como disse o presidente, cumpriu o compromisso ético de comunicar o caso imediatamente a todos os seus parceiros. "O que estamos dizendo para eles é aquilo que pode ser considerada a mais absoluta verdade."

Quando esteve em Portugal, Lula informou a ocorrência do caso e informaria também ao governo russo. Ele chegou ontem mesmo à Rússia para uma visita de menos de 24 horas e conversaria com o presidente Vladimir Putin sobre o foco de aftosa e a possibilidade de suspensão do embargo russo a bovinos, suínos e aves.

Terça-feira, 18 de Outubro de 2005

Governo quer inaugurar obras na 1ª metade de 2006

Adriana Fernandes

De olho no calendário eleitoral, que impõe restrições a gastos em ano de eleições, o governo deu ontem o pontapé inicial para acelerar a execução do orçamento neste ano e no início de 2006. Foram instaladas oficinas de trabalho para acompanhar o andamento dos projetos prioritários de investimento e resolver os gargalos que têm dificultado a sua execução.

A estratégia do governo é também adiantar o mais rápido possível a elaboração dos novos projetos para 2006 para que eles possam ser executados até o final de junho. A partir de julho, a lei eleitoral estabelece uma série de impedimentos para liberação de recursos do orçamento.

"Nós não temos tempo. Estamos no último ano do governo. O ano que vem não é como qualquer outro. Ele tem restrições legais. Temos que tomar cuidado para que não haja descontinuidade dos projetos", cobrou a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na abertura das oficinas em seminário no Ministério do Planejamento, com os 30 gerentes dos principais programas do governo.

Segundo ela, num ano eleitoral a tendência de concentração de gastos no final do ano tornaria "precária" a situação do governo para a execução do orçamento. "Estamos na última etapa do ano e é um momento que nos permite acelerar o gasto", afirmou a ministra.

Tanto Dilma como o Ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, não esconderam dos gerentes a preocupação com o ano eleitoral. Para Bernardo, a restrição dos gastos em ano eleitoral é uma "preocupação que tem que ser levada em conta" para evitar gargalos maiores do que aqueles que têm ocorrido esse ano.

"Como é um ano eleitoral, a execução fica mais restritiva. Nós temos que fazer esse trabalho (das oficinas) nesse final de ano e nos preparar para entrar em 2006 numa condição diferente do que acontece todos os anos", disse Paulo Bernardo.

O ministro classificou no seminário a execução do orçamento do governo Lula de "sofrível" e disse que ela tem sido "quase idêntica" aos dos anos do governo Fernando Henrique Cardoso, com uma concentração de gastos nos últimos meses do ano. Segundo ele, é preciso ter uma melhor distribuição dos gastos. "O governo tem o hábito de chegar no final do ano, em outubro e novembro, com os empenhos (autorização para o gasto) efetivamente liquidados de apenas 30%."

Um dos programas que serão acompanhados pelas oficinas é o de defesa agropecuária para a segurança fitozoosanitária, que vem sendo bombardeado devido à descoberta do foco de aftosa no Mato Grosso do Sul.

Terça-feira, 18 de Outubro de 2005

Confirmados 3 novos focos de aftosa. Duas das fazendas estão a 4 km do Paraguai, o que obriga brasileiros e paraguaios a adotar medidas sanitárias conjuntas.

Fabíola Salvador

O Ministério da Agricultura confirmou na noite de ontem mais três focos de aftosa em Mato Grosso do Sul. Um deles foi encontrado em Eldorado, mesmo município onde surgiu o primeiro foco, mas em outra fazenda, a Jangada, que tem 3.548 animais. Os outros dois focos surgiram nas fazendas Santo Antônio e Guaíra, no município de Japorã. Como são propriedades pequenas, o ministério desconhece o tamanho do rebanho.

Pela manhã, em seu programa de rádio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que mostraria aos russos, hoje, que o Brasil tem só um foco, já debelado.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/2005 - Página 35614