Discurso durante a 190ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a situação dos municípios brasileiros.

Autor
Rodolpho Tourinho (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Rodolpho Tourinho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. POLITICA FISCAL.:
  • Preocupação com a situação dos municípios brasileiros.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/2005 - Página 37308
Assunto
Outros > ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL. POLITICA FISCAL.
Indexação
  • COBRANÇA, GOVERNO FEDERAL, COMPROMISSO, SENADO, AMBITO, REFORMA TRIBUTARIA, AUMENTO, PERCENTAGEM, FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (FPM).
  • PRECARIEDADE, SITUAÇÃO FINANCEIRA, MUNICIPIOS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DA BAHIA (BA), DIFICULDADE, PAGAMENTO, DECIMO TERCEIRO SALARIO, CONCENTRAÇÃO, ARRECADAÇÃO, UNIÃO FEDERAL, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), COBRANÇA, REPASSE, PARTE, PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO FISCAL (REFIS).
  • CRITICA, RENEGOCIAÇÃO, DIVIDA, INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), MUNICIPIOS, MANUTENÇÃO, INDEXAÇÃO, JUROS, PREJUIZO, ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL, ELOGIO, PRORROGAÇÃO, PRAZO.
  • SAUDAÇÃO, APROVAÇÃO, SENADO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), ISENÇÃO, IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI), TAXI, EFEITO, CONSOLIDAÇÃO, PROGRAMA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DA BAHIA (BA), FINANCIAMENTO, AUTOMOVEL, MUNICIPIO, BENEFICIO, TURISMO.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu quero, mais uma vez, cumprimentar o Senador César Borges pela aprovação do projeto. Fiz um aparte há poucos minutos, mas foram de tanta importância a discussão e os apartes também recebidos, que S. Exª acabou não podendo entrar no assunto que eu vou abrir mais um pouco: a questão dos Municípios.

A nossa preocupação na Bahia é muito grande. Nós temos cobrado, aqui desta tribuna, em primeiro lugar, que se honre o compromisso feito com o Senado durante a discussão da reforma tributária de aprová-la, pois dentro dela estava embutido 1% a mais do Fundo de Participação dos Municípios, que era algo absolutamente essencial para que eles recuperassem o que vêm perdendo desde 1988. A partir da Constituição de 1988, eles vêm tendo mais responsabilidade e menos receita, por conta do compartilhamento das receitas ter sido alterado não somente por este Governo, mas por outros que o antecederam, a ponto de receitas compartilhadas, que naquela época atingiam quase 80%, serem hoje reduzidas praticamente à metade, por uma razão simples, já explanada várias vezes aqui por mim e por outros Senadores, que é a questão de fazer as bondades do Governo com um dinheiro que não é dele, que não pertence a ele, que é resultante do IPI e do Imposto de Renda. De outro lado, o Governo acelera a cobrança das contribuições sociais, do PIS e do Cofins, aumentando seu caixa, não tendo que dividi-lo com ninguém.

Então, esta é, olhando historicamente, talvez, uma das razões principais da situação tão ruim por que passam todos os municípios hoje. Essa posição colocada pelo Senador César Borges é extremamente importante, porque o Governo Federal arrecadou, durante os últimos anos, o Refis II e ficou com aquilo que cabia aos Estados e Municípios. Ou seja, isso toca não só aos Municípios, mas também aos Estados. Com isso, o Estado deixa de repassar quase R$2 bilhões, em minha avaliação, sendo R$900 milhões ou R$1 bilhão para os municípios e o restante, que deve ser um valor semelhante, para os Estados.

O Governo já foi informado, já foi, digamos assim, condenado pelo Tribunal de Contas da União a pagar. Evidentemente, essa alegação de que precisa de um cálculo, de uma fórmula para fazer, em meu entendimento, não é procedente, porque não deve ser das coisas mais difíceis separar, apartar o que seja Imposto de Renda e o que seja Imposto sobre Produtos Industrializados. Aplica-se uma regra fixa, faz-se um cálculo simples de regra de três, o que seja, para se ver o que é do Estado e o que é do Município, e recolhe-se este recurso. Chamávamos a atenção, na semana passada, para a necessidade de assim proceder.

Na semana passada, um jornal da Bahia, A Tarde, informou que cerca de 80 dos municípios de nosso Estado, Senador César Borges, não têm recursos ou prevêem que não terão recursos para pagar o décimo terceiro salário. Chamávamos, então, a atenção para o fato de que era importante que se fizesse isso nesse momento. V. Exª também chamou a atenção para a questão do que foi aprovado ontem aqui e que deve ser aprovado hoje na Câmara, que é a renegociação das dívidas com o INSS, do aumento do prazo de 60 para 240 meses. Mas há uma coisa que quero deixar muito clara, porque cheguei a anunciar aqui para todos os Prefeitos que nós, que o Governo tinha, efetivamente, de alguma forma, aceitado trocar o indexador de selic para TJLP. Para raciocinarmos, a selic está em torno de 19% e a TJLP é mais ou menos a metade.

Impingir aos municípios esse custo de 18% ou 20% ao ano é tornar a dívida impagável, e a selic não é referência para financiamento, mas é referência para controle de inflação, em bom português. Então, não há a menor razão de que seja adotada a selic como referência, como taxa de juros, como indexador.

No substitutivo do Relator, apresentado ontem, na sua primeira versão constava a TJLP, e no fim dessa mesma versão já constava a versão da selic outra vez. Evidentemente, tenho absoluta convicção de que o Senador Amir Lando, consciente dos problemas dos municípios, tinha adotado essa posição em relação a esse indexador e depois modificado, por força das pressões da área do Governo, com certeza.

Mas quero deixar claro que a luta toda, de todos os Senadores com os quais conversei, foi no sentido de abolir esse absurdo que é se indexar pela selic por uma coisa eminentemente do sistema financeiro e utilizar a questão da TJLP. Esse é um ponto que considero importante. Considero, de qualquer forma, um avanço ter-se conseguido colocar o prazo de 240 meses, mas considero que essa questão do indexador não foi boa para a própria saúde desse financiamento para que os municípios possam pagar efetivamente. Na nossa avaliação, há cerca de 3.500 municípios em condições financeiras difíceis e o que se tem que imaginar, nesse tipo de financiamento com o INSS, é que se deve ter a compreensão para o momento que vivem e que considero extremamente importante que seja, então, levado em conta.

O Sr. César Borges (PFL - BA) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA) - Pois não. Ouço, com muito prazer, o aparte de V. Exª, nobre Senador César Borges.

O Sr. César Borges (PFL - BA) - Nobre Senador Rodolpho Tourinho, quero parabenizar V. Exª pelo pronunciamento. Acho que esta é uma defesa que nós temos que travar aqui de forma intransigente. A sanha arrecadadora do Governo Federal, avançando sobre tributos que pertencem aos Municípios e Estados, isto nós não podemos aceitar. Nós temos outros exemplos que devem ser colocados. Eu quero, por exemplo, dizer a V. Exª, que é estudioso do assunto, que a DRU, que veio da reforma tributária, que, na verdade, não avançou - esta reforma tributária que está aí não acresceu um por cento no Fundo de Participação dos Municípios - serviu para desvincular 20% das receitas da União, mas não serve para desvincular as aplicações nem dos Estados e nem dos Municípios, levando, praticamente, Governadores e Prefeitos a ficarem engessados dentro dos seus orçamentos e dentro das responsabilidades que estão impostas na Lei de Responsabilidade Fiscal. Outro exemplo está no Fundeb, que querem transformar em Fundef. Quer dizer, Estado e Município mantêm o Fundef e o Governo Federal não dá a sua parte. E por mais que haja protesto, que se fale, o Governo Federal mantém uma estrutura que sempre termina fazendo isso que V. Exª disse, que é cartaz com chapéu dos outros. Com recurso de Estado e Município, o Governo Federal se desobriga de seus deveres com o povo brasileiro. Muito obrigado e parabenizo V. Exª pelo pronunciamento.

O SR. RODOLPHO ROURINHO (PFL - BA) - Muito obrigado, Senador César Borges.

Eu queria também citar um outro aspecto que foi importante, positivo, ontem nessa Medida Provisória nº 255, sobretudo para a Bahia, pois temos também - desculpe-me pela insistência, Senador César Borges, por voltar a citá-lo - temos também um programa que é muito importante, que é o Pró-Táxi.

O Pró-Táxi é um programa muito importante para a Bahia. Inclusive, no Governo de V. Exª houve um impulso muito grande. Hoje, esse financiamento, que é concedido a todos taxistas, em cerca de trinta municípios da Bahia, é feito com recursos próprios do Fundo. Penso que o Estado já pouco aplica nele pela própria rotatividade da carteira.

Ontem, na chamada MP do Bem, foi mantida a isenção do IPI para os taxistas. Isso é muito importante, porque o IPI pesa muito na composição do preço. E nós já temos também, na Bahia, nesse Programa, a questão do ICMS também tratada de forma semelhante, a exemplo do financiamento. Então, essa Medida vem consolidar, efetivamente, essa manutenção da isenção do IPI, vem consolidar uma posição de financiamentos novos. Já foram financiados cerca de R$85 milhões para táxi, com prioridade para pólos turísticos, como Porto Seguro, Feira de Santana, Camaçari, Ilhéus, Barreiras, Itabuna, Valença, Itacaré, Juazeiro, Ibotirama, entre outros. Foram financiados muitos veículos, o que significa uma grande contribuição para o turismo na Bahia, um setor muito importante e que tantos benefícios tem trazido ao nosso Estado, no qual apostamos muito também para o futuro.

Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/2005 - Página 37308