Discurso durante a 190ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o momento do Governo Lula.

Autor
Reginaldo Duarte (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: José Reginaldo Duarte
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. CONGRESSO NACIONAL.:
  • Considerações sobre o momento do Governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/2005 - Página 37424
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. CONGRESSO NACIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, ANALISE, RESULTADO, PLEBISCITO, OPOSIÇÃO, DESARMAMENTO, DEMONSTRAÇÃO, INCOMPETENCIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, COMBATE, VIOLENCIA, FRUSTRAÇÃO, POPULAÇÃO, FALTA, SEGURANÇA PUBLICA.
  • COMENTARIO, POSSIBILIDADE, REALIZAÇÃO, PLEBISCITO, PENA DE MORTE.
  • NECESSIDADE, CONGRESSO NACIONAL, INICIATIVA, COMBATE, VIOLENCIA, PAIS.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, INVESTIMENTO, SEGURANÇA PUBLICA, SIMULTANEIDADE, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, PUBLICIDADE, FALSIDADE, PROGRAMA ASSISTENCIAL, EXECUTIVO, OBJETIVO, ANTECIPAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL.
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ENTREVISTA, AUTOR, FILME DOCUMENTARIO, CAMPANHA ELEITORAL, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • NECESSIDADE, CONGRESSO NACIONAL, CUMPRIMENTO, FUNÇÃO, REPRESENTAÇÃO, POVO, MOTIVO, AUSENCIA, EXPECTATIVA, POPULAÇÃO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, PROGRAMA, GOVERNO FEDERAL, ALFABETIZAÇÃO, ADULTO.

O SR REGINALDO DUARTE (PSDB - CE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não é relevante atribuir a manifestação brasileira no referendo de ontem como resposta ao malogro dos frágeis programas anunciados pelo Governo Lula para conter a violência no País.

Que é, não há dúvida, mas nada significativo, diante do muito que é necessário fazer para superar o marasmo do chamado Quatriênio Perdido.

Lembro que, logo no início desse Governo, formulei requerimento de convocação do Ministro da Justiça para, no Plenário do Senado, debater com os Senadores a questão da violência no Brasil. Àquela época, já era caótico o quadro de insegurança. De lá para cá, só piorou.

Rigorosamente nada foi feito pelo atual Governo, a não ser bombásticas declarações, a grande maioria com o foco voltado para o problema da violência no Rio de Janeiro. Mesmo ali não foram poucos os desencontros entre o Governo Federal e as autoridades estaduais.

Confirmada amplamente pelos quase 64% do Não expressos no plebiscito, só há uma coisa certa e sobre ela devemos todos - e principalmente o Congresso Nacional - voltar nossas atenções: a Nação disse Não levada pelo medo.

Hoje, em qualquer ponto do País, a segurança é zero. Talvez o único zero a se confirmar no Governo Petista do Presidente Lula.

Os jornais desta segunda-feira já trazem as primeiras análises acerca desse que provavelmente é um dos mais sérios problemas a afligir a desprotegida sociedade brasileira. Outras conclusões, mais detidas, virão no correr desta semana.

O retrato da Nação está expresso nas urnas de ontem e já quem diga, como o sociólogo Luiz Eduardo Soares, que até a pena de morte provavelmente será um dos itens do debate, em nível nacional. Soares foi Secretário Nacional de Segurança.

O Presidente do TSE, Ministro Carlos Veloso, já opinou que outros temas polêmicos sugerem novos plebiscitos. É democrático isso.

Não quero dizer que o povo dirá Sim em resposta a uma eventual pergunta sobre a adoção da pena morte. Não é isso. O povo brasileiro, por índole, rejeita a pena máxima, que não deve servir de modelo para a nossa sociedade.

O que é preciso dizer, sem meias palavras, é que a paciência do brasileiro já se vai esgotando e, na ausência de ações objetivas, concretas, em vez de propaganda do Governo, é hora de o Congresso Nacional assumir a bandeira de uma grande cruzada contra a violência no País.

Há uma paradeira real, verdadeira, indesmentível no Governo Lula. Suas bandeiras são fracas, para não dizer tolas, e o Presidente ainda continua acreditando que a propaganda maciça sobre inverdades e mentiras vai resolver os problemas brasileiros.

Não, não vai.

Vai, aí sim o verbo é correto, vai gastar R$5 milhões nessa propaganda.

É o que informam, nesse final de semana, as notícias de que o Palácio do Planalto vai gastar esse dinheirão para o elogio fácil dos malogrados programinhas do tipo Fome Zero ou Bolsa Família e outros penduricalhos que não funcionam.

Como não funcionam e a eleição está chegando, a ordem de Lula é para dizer que funcionam! E tome propaganda!

Isso e jogar dinheiro pela janela são uma mesma coisa. Tempo e dinheiro perdidos.

Seria preciso que o Presidente Lula, além de começar a trabalhar, se convencesse de que o povo está de olho e, de repente, como ontem, diz não!

Isso significa: pára Lula, pára!

O povo está de olho, sim. E, como bem notou o Deputado José Carlos Aleluia, a revolta da Nação leva-a a gestos que se traduzem em insatisfação. A situação do Brasil, considera o Deputado da Bahia, está muito parecida com a que levou o povo da Rússia a derrubar a estátua de Stalin.

O que pode salvar Lula é que ele não tem estátua. Não fez por merecer.

Ao contrário e repito o que disse na 6a. feira: Lula é hoje grande estorvo nacional. Nada faz e lava as mãos diante dos problemas que mais afligem a população. Como o da violência.

A decepção com o Governo Lula chega a impressionar fortemente até mesmo a área do cinema brasileiro.

Está na Folha de S.Paulo de hoje uma entrevista do cineasta João Moreira Salles. Ele, que é um dos principais documentaristas brasileiros, reconhecido mundialmente, filmou 180 horas dos melhores finais da campanha vitoriosa do candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

Desse trabalho de Moreira Salles resultaram duas coisas:

A primeira é que é mais um bom filme do cineasta.

A segunda é a decepção do cineasta diante do papelão desempenhado figurante do filme. Depois da posse. Agora, quando o filme é exibido, mostrando o que se esperava apenas. O que não se esperava aí está, não foi filmado. É cena do cotidiano.

Leio Moreira Salles:

Fica muito claro no filme que a vitória do Lula não foi a vitória de um projeto de País.

            E mais:

Nele - no filme - você consegue encontrar indícios da falta de projeto, que é um dos problemas desse Governo. Ali, se elogia muito mais um símbolo e muito menos um projeto de País.

A decepção, manifestada por Salles na entrevista à Folha, é igual à decepção do povo brasileiro, que, por isso, foi ontem dizer Não, como se estivesse se referindo à figura do Presidente.

Leio mais um trecho de Moreira Salles:

Como cidadão, como todo o Brasil, acho que é uma imensa decepção. Ninguém poderia supor que a derrocada seria tão grande. É um momento de melancolia. Eu não torcia por isso.

O filme baseou-se na figura carismática de Lula. E assim se produziu um filme.

Se fosse o caso de um segundo filme, o chamado Entreatos-2, o título natural poderia aproveitar essa frase do próprio cineasta, que está na Folha: Um momento de melancolia.

Melancolia. Esse o mal que Lula impregnou no brasileiro. Melancolia é estado mórbido de tristeza e depressão. Também de languidez e tristeza indefinida.

É um passo muito próximo da apatia, um estado em que o povo já não crê em seus dirigentes e sai da cena, entendendo que nada pode ser feito. Ao menos, nada se pode esperar.

Pode. Não de Lula. De nada adianta pedir ao Governo que aí está. Hoje, pois, o pedido é ao Congresso Nacional, que representa e precisa continuar representando as populações.

De Lula, nada mais se pode esperar. Como estorvo, vai ficar por aí, perambulando, dizendo impropriedades como na semana passada, na Firjan, no Rio de Janeiro.

O tema era alfabetização de adultos. Com críticas imbecis a um programa do Governo anterior, Lula disse que os programa de alfabetização de agora vão ensinar o cidadão não apenas a escrever o nome, mas a ler um livro. É uma frase mais que inadequada, partindo de quem partiu. Lula nunca leu um livro.

Daqui a pouco, a televisão vai mostrar uma série de filmetes com mensagens nesse mesmo estilo. Propaganda pura. Que, claro, nada resolve. Só faz o povo se convencer mais e mais da inoperância do atual Governo.

Daí a novos não é um passo.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR SENADOR REGINALDO DUARTE EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Artigos de jornais.”

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/2005 - Página 37424