Discurso durante a 193ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Encaminhamento de projeto de lei que versa sobre reforma das universidades.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO. CONGRESSO NACIONAL.:
  • Encaminhamento de projeto de lei que versa sobre reforma das universidades.
Publicação
Publicação no DSF de 02/11/2005 - Página 38009
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO. CONGRESSO NACIONAL.
Indexação
  • CRITICA, CONDUTA, NEGLIGENCIA, CONGRESSO NACIONAL, GREVE, UNIVERSIDADE FEDERAL, OMISSÃO, LEGISLATIVO, REFERENCIA, RECUSA, GOVERNO FEDERAL, ENCAMINHAMENTO, PROPOSTA, REFORMA UNIVERSITARIA.
  • ANUNCIO, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE LEI, REFORMA UNIVERSITARIA, AUTORIA, ORADOR, COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, SENADO, OBJETIVO, OBTENÇÃO, COLABORAÇÃO, CONGRESSISTA, APERFEIÇOAMENTO, PROPOSTA.

O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as universidades brasileiras estão em greve. Isso significa que os alunos das universidades estão agora, provavelmente, assistindo mais aos programas da TV Senado do que durante o período de aulas. O que será que estão pensando, Senador Mão Santa? - pergunto a V. Exª, que falou sobre a greve. O que será que estão pensando os alunos da universidades, sentados em suas casas, impedidos de estudar, assistindo a nossos debates aqui, sobre tapa no Presidente, sobre defesa do Presidente, e nada, nada, nada de concreto sobre como mudar o Brasil? O que será que os jovens estão pensando de nós?

Pior: no mesmo dia em que nós damos esse show aos jovens universitários - irritados com razão, porque não podem ir à escola, não sabem quando se formam, e nós aqui falando de outras coisas, salvo um ou outro como V. Exª, Senador Mão Santa, que falou sobre a greve -, nesse mesmo dia, os jornais dizem que o Governo decidiu não mandar ao Congresso a proposta de reforma universitária.

Então, vejam que situação: os jovens, em casa, com seu futuro ameaçado, assistindo-nos falar de superficialidades. E o Governo, depois de anos falando em reforma universitária, diz que não vai mandá-la mais. Pior é que não era uma reforma, mas um simples arranjo financeiro de ingresso. Nada de mudança na estrutura.

Sr. Presidente, nestes cinco minutos, quero apenas dizer que está na hora de este Senado acabar com a omissão, diante de um Governo que não faz as coisas que deveria. Mesmo que continuemos falando sobre essas coisas, que falemos também de coisas mais concretas, que repercutem lá na vida de cada um dos cidadãos e cidadãs deste País.

Eu havia preparado um projeto substitutivo de reforma universitária, para apresentar aqui no Senado quando chegasse o projeto do Governo. Eu quero dizer que, diante da decisão do Governo de retirar o projeto, vou dar entrada neste meu projeto, porque, pelo menos, vou dizer que estamos tentando fazer com que, no Brasil, a universidade dê o salto sem o qual vai ficar obsoleta, superada e vai desaparecer, vai virar convento. Quando a universidade surgiu, foi para preencher um vazio: os conventos não conseguiam acompanhar o pensamento novo que surgia naquela época, pois ficavam presos aos dogmas. Está acontecendo hoje com as universidades, com a diferença de que convento, pelo menos, não fazia greve, e hoje as universidades paralisam suas atividades.

Antes, porém, de dar entrada ao projeto em meu nome pessoal - e acho que isso não é correto -, vou submetê-lo à discussão com outros senadores. Os que estão presentes gostaria que estivessem abertos a isso. Vou apresentar na Comissão de Educação, da qual o meu Partido me retirou, mas hoje, com muita alegria, ouvi que a Minoria me ofereceu lugar, que o PMDB me ofereceu um lugar, e eu já aceitei. Vou ficar na Comissão de Educação, nomeado por outros partidos. O PDT já tem pessoas lá, e acho que não devem sair. Então, vou apresentar lá, em nome da Minoria, em nome, se for o caso, do PMDB, em nome não importa de que partido.

Eu vou querer discutir na Comissão esse projeto de reforma da universidade. Mas uma reforma verdadeira, Sr. Presidente, que mude o conceito de público e de privado, no lugar de estatal e particular; que traga a idéia da educação permanente; que ponha o ensino aberto presente; que mostre a relação que a universidade tem que ter com o setor privado.

Nós precisamos cumprir a nossa função, porque os jovens estão lá assistindo ao que falamos aqui, que nada tem a ver com a greve que eles estão vivendo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/11/2005 - Página 38009