Discurso durante a 195ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Crescimento da dívida pública.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Crescimento da dívida pública.
Aparteantes
Alvaro Dias.
Publicação
Publicação no DSF de 05/11/2005 - Página 38169
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • CRITICA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO FEDERAL, FAVORECIMENTO, BANQUEIRO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PREJUIZO, SEGURANÇA PUBLICA, EDUCAÇÃO, SAUDE, POPULAÇÃO, REGIÃO NORDESTE.
  • CRITICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), INEFICACIA, CONTROLE, DIVIDA PUBLICA, BRASIL, APRESENTAÇÃO, DADOS, CRESCIMENTO, DIVIDA, EFEITO, SUPERIORIDADE, JUROS.
  • COMENTARIO, SUFICIENCIA, DINHEIRO, JUROS, DIVIDA EXTERNA, REALIZAÇÃO, PROGRAMA, GOVERNO FEDERAL, CONSTRUÇÃO, CISTERNA, ABASTECIMENTO DE AGUA, POPULAÇÃO, REGIÃO NORDESTE.

           O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Paulo Paim, agradeço ao Senador Alvaro Dias, porque talvez eu tenha de viajar já, por um motivo triste: faleceu a esposa do Prefeito da cidade de Luís Correia. Mas Deus é que sabe das coisas, nós não sabemos nada.

           O que sei mesmo, Senadora Heloísa Helena, brasileiras e brasileiros que nos assistem, Senadoras e Senadores, é aquilo que a Senadora Heloísa Helena cantava, discursava e por que bradava: a pança dos banqueiros internacionais. A pança dos banqueiros internacionais, Senador Paulo Paim. De “pança” eu me lembro da história do Jeca Tatu, que era cheio de vermes; do Nordeste, que ainda está sofrendo; de Monteiro Lobato, Senadora Heloísa Helena, e de “O pequeno príncipe”, lembra? Uma cobra come um elefante para dizer que não se pode ser muito poderoso, como o Bush, porque aí não se sai do lugar. São coisas.

           Mas, Senadora Heloísa Helena, V. Exª, com toda a razão, advertiu, na primeira hora, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por quem lutamos, em quem votamos e acreditamos e, infelizmente, com o qual todos nós nos decepcionamos. V. Exª advertia dos juros, Senadora Iris Rezende. Serviu até para amenizar, digamos assim, o furor da Senadora Heloísa Helena contra o FHC. Senador Alvaro Dias, o Presidente Lula e sua equipe, Palocci - e eu já dizia que ele não entedia, porque é médico, porque cada macaco tem seu galho. Mas ele apenas seguiu, como se o aviador me colocasse na cabine do Boeing, pois vou agora para o meu Piauí. Ele continuou o vôo. Mas, Senadora Iris de Araújo, ele coloca no colo dos banqueiros internacionais, ou na pança desses agiotas, desses gigolôs internacionais, R$40 bilhões por mês a mais do que Fernando Henrique Cardoso. Com esses R$40 bilhões, brasileiros e brasileiras, dava para custear a segurança, a educação e a saúde que o povo do Brasil merecia. São R$40 bilhões a mais, Senadora Heloísa Helena, do que Fernando Henrique Cardoso. Essa é a verdade.

           Passei a noite consultando os economistas, Senador Alvaro Dias, o capuccino do PSDB. Senadora Heloísa Helena, não condeno FHC pelo que ele pagava porque este paga mais. Onde é que vamos botar o Lula? Mas eu condeno porque, na hora de ser presidenciável, ele só se lembra daquela política velha, arcaica, paulista e mineira, mineira e paulista, apelidada pelos brasileiros de café-com-leite. Eu acho que ele deveria inovar, botar um capuccino, uma pessoa agradável, de um Estado pujante e diferente. Esse negócio de prestigiar os paulistas demais está acabando com o resto do Brasil. Até o Lula, que era nordestino, fizeram uma lavagem cerebral nele e agora ele só pensa paulistamente, economicamente, com os banqueiros da Avenida Paulista e se ajoelha diante deles para servi-los.

           O Governo Lula está falhando em diversos aspectos. Neste momento, temos a volta da febre aftosa e o escândalo do “valerioduto”, dois assuntos que estão permanentemente na imprensa. Todos já têm conhecimento disso, mas ao largo está acontecendo outro grande escândalo de proporções gigantescas. Trata-se do crescimento da dívida brasileira, que aumenta devido à incapacidade governamental, à incapacidade palocciana. Eu adverti.

           Senadora Heloísa Helena, se V. Exª for eleita Presidente, o que seria uma bênção, eu não aceitarei o Ministério da Fazenda. Aceitarei o da Saúde, porque eu me preparei para isso.

           O Palocci nada fez, copiou aquele modelo, atrelou-se a ele e não sabe sair, de tal maneira que, brasileiros e brasileiras, entrega, no colo - a Heloísa Helena diz na pança -, dos banqueiros internacionais R$40 bilhões, por mês, a mais do que do que Pedro Malan e Fernando Henrique Cardoso.

           Assim, o crescimento da dívida brasileira tem aumentado. A dívida interna brasileira, Senadora Iris, está próxima de R$1 trilhão, o que nunca ocorreu antes. Não sabemos nem escrever essa cifra. Se nós não sabemos, imaginem o Lula! Quando se trata de números, ele se atrapalha. Nas letras, também. É número demais - R$1 trilhão, o que nunca ocorreu antes. A grande culpada desse crescimento é a elevada taxa de juros, a maior do planeta. Essa taxa é determinada pelo Governo Federal, via Palocci e com o aceite de Lula.

           Dados do crescimento da dívida: a dívida pública brasileira cresce R$13,5 milhões, por mês. Senador Alvaro Dias, cresce R$13,5 milhões por mês! Isso é muito dinheiro! A dívida do Piauí, que tem 500 anos, quando eu deixei o governo do Estado era de R$1,2 bilhão. Isso em 500 anos!

           Senador Paim, R$13,5 milhões! Isso quer dizer que nossa dívida cresce R$613,6 milhões por dia. Senador Tião Viana, atentai bem! Ah, se seu irmão tivesse este dinheiro, o grande administrador do Acre - R$613,6 milhões por dia.

           Cresce, cresce, devido à incompetência do Palocci, que eu adverti que não entendia nada de economia - cada macaco em seu galho -, seguiu e bota no colo dos banqueiros internacionais, ou na pança, como diz a Senadora Heloísa Helena, R$40 bilhões a mais que Pedro Malan e Fernando Henrique Cardoso.

           Em outras palavras - atentai bem, Tião Viana - a dívida cresce R$427 mil por hora. Paim, a cada hora ela cresce R$427 mil - R$500 mil - por hora!

           E V. Exªs sabem por quanto tempo um trabalhador de salário mínimo teria que trabalhar para ganhar esse dinheiro? O que se paga por hora de juros? Cento e dez anos! É isto: seriam necessários 110 anos de trabalho diário de um operário brasileiro para ganhar o que o Governo Lula está fazendo crescer a dívida numa única hora. É uma lástima!

           Outro exemplo - darei já um aparte ao cappuccino da política do PSDB -: o Governo Federal tem um programa que visa beneficiar 1 milhão e 300 mil pessoas, ou seja, 260 mil casas no Nordeste brasileiro, dotando-as de água potável. Atentai bem, Senador Tião Viana, 260 mil casas no Nordeste brasileiro, dotando-as de água potável. Para alcançar esta finalidade, serão gastos US$330 milhões com financiamento do Banco Mundial e recursos dos governos federal e estadual.

           Pois este valor poderia ser custeado com quatro noites de juros.

           Brasileiras e brasileiros, acorda Lula! Isso que Vossa Excelência está prometendo, está sonhando, que vai tirar US$330 milhões no Banco Mundial, esse valor poderia ser custeado com quatro noites de juros. Quatro noites de juros pagaria todo este programa, Senadora Heloísa Helena, de dar 260 mil casas no Nordeste, 1 milhão e 300 mil pessoas beneficiadas com água potável.

           Atentai bem, Senadora Heloísa Helena, quatro noites, são 32 horas de juros, supondo 8 horas de sono cada noite. Com quatro noites, são 32 horas de juros, bancaríamos todo o programa de água e não teríamos necessidade de tomar mais dinheiro emprestado do Banco Mundial.

           Abraham Lincoln, Senador Alvaro Dias, já dizia: não baseie sua prosperidade com dinheiro emprestado. Aprenda Lula, Abraham Lincoln disse: “malícia para nenhum, caridade para todos e firmeza no Direito”. Isso Vossa Excelência tem que aprender, não do Presidente com quem Vossa Excelência vai-se banquetear domingo, o Bush, o destruidor.

           Concedo o aparte ao Senador do Paraná, extraordinário Líder do PSDB, presidenciável, Alvaro Dias.

           O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Mão Santa, V. Exª faz um pronunciamento, não nesta última parte, mas, na anterior, muito oportuno. O pronunciamento de V. Exª diz respeito a uma questão crucial para o País. Ao lado da corrupção, a dívida pública é a razão maior do crescimento tímido que a economia do País alcança. E V. Exª faz o pronunciamento exatamente quando o Presidente Lula dirá, nesse fórum das Américas, na Argentina, que a economia do Brasil cresce de forma exuberante. Não entendo o que pensa o Presidente Lula sobre crescimento econômico, porque um país com as potencialidades extraordinárias como o Brasil não pode, em hipótese alguma - sem desmerecer os demais - crescer menos do que Cuba, do que a Nicarágua, do que o Paraguai, do que a Bolívia, do que o Peru, do que a Colômbia, do que a Venezuela, enfim, crescer menos do que todos os países da América Latina; crescer menos do que praticamente todos os países do mundo, inclusive países da África. Mas, o que comemora o Presidente Lula? A política econômica que não inova, mas que mantém os pressupostos básicos da política econômica do governo anterior, que já a discutia sob o ponto de vista da necessidade imperiosa de mudança. No próprio PSDB essa discussão era presente, e o próprio candidato do Partido à Presidência da República José Serra defendia a retomada do desenvolvimento econômico em índices compatíveis com as aspirações da sociedade brasileira. Portanto, é incompreensível, em primeiro lugar, que o Presidente Lula, com o discurso que o levou à Presidência, mantenha esse modelo de arrocho fiscal e de inibição do crescimento econômico com altas taxas de juros e carga tributária escorchante; em segundo lugar, que tenha a coragem de comemorar os índices de crescimento econômico do nosso País. V. Exª está de parabéns, porque traz dados, faz comparações e, didaticamente, mostra que a dívida cresce assustadoramente em função da incompetência do Governo.

           O SR. MÃO SANTA (PDMB - PI) - Senador Alvaro Dias, incorporo o raciocínio de V. Exª no nosso pronunciamento, o que consolida mais o nome de V. Exª como um extraordinário Líder do PSDB neste País.

           Senadora Iris de Araújo, V. Exª se lembra daquele debate entre Lula e Collor? O Collor pediu que ele diferenciasse uma promissória de uma duplicata. Isto foi problema do Collor e do Lula. Passou. Não vamos chorar sobre o leite derramado. Mas, quero crer que o Lula não tem o discernimento exato do que é dívida e poupança. Dívida e poupança. Este País aumentou a dívida para R$1 trilhão, R$40 bilhões a mais do que Fernando Henrique por essa dívida, conseqüência dos juros altos que se paga a mais. E aí está.

           Mas, Senadora Iris, V. Exª é muito jovem. Nos seus 15 ou 20 anos, não se lembra deste País. Mas, lembro-me, Senadora Heloísa Helena, quando aqui veio Franklin Delano Roosevelt, em crise, em guerra mundial, e Getúlio, com sua inteligência - ah, se Getúlio pousasse lá no banquete, na Granja do Torto, e Lula pudesse agir direito - disse: vamos conversar; vamos entrar nessa guerra pela democracia. Aí ele pediu a siderúrgica de Volta Redonda. Estamos no aço.

           Relembro, Iris de Araújo - V. Exª porque é muito jovem -, o País que construiu a Petrobras, a Eletrobrás, a Embrapa, as universidades federais, a Embraer. E o País de Lula Paz e Amor? Pergunto: Lula, respeito o direito de gostar, cada um deve fazer o que gosta, mas abra um dicionário, que não é tão difícil, e leia o que é dívida e o que é poupança. E, já que vem o Bush aí, eu relembraria Abraham Lincoln: não baseie sua prosperidade com dinheiro emprestado.

(Interrupção do som.)

           O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Senador Mão Santa, vou lhe conceder mais um minuto para que V. Exª possa concluir, para que a Senadora Íris Araújo possa usar a palavra, porque ela também vai viajar em seguida.

           O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Neste minuto, faria minhas palavras, meus versos e minha cantoria a reza de Heloísa Helena, que advertiu que esse Governo atendia os gigolôs do mercado internacional; que esse Governo não atendia ao lema da bandeira - Ordem e Progresso -, mas às ordens do Bird, do BID, do Banco Mundial.

           Então, que o espírito de Getúlio pouse, amanhã, na Granja do Torto - gaúcho como Paim - e lembre o compromisso desse Presidente e desse Governo com o trabalho e o trabalhador. São o trabalho e trabalhador que fazem as riquezas.

           Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/11/2005 - Página 38169