Discurso durante a 198ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Chamada de atenção à Casa sobre processo contra a Editora Abril patrocinado pelo Partido dos Trabalhadores. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA.:
  • Chamada de atenção à Casa sobre processo contra a Editora Abril patrocinado pelo Partido dos Trabalhadores. (como Líder)
Aparteantes
Almeida Lima, Sibá Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 10/11/2005 - Página 38706
Assunto
Outros > IMPRENSA.
Indexação
  • REGISTRO, PROCESSO JUDICIAL, AUTORIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REU, EDITORA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), MOTIVO, ARTIGO DE IMPRENSA, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • DEFESA, LIBERDADE DE IMPRENSA, QUESTIONAMENTO, AUSENCIA, PROCESSO JUDICIAL, TESTEMUNHA, ACUSAÇÃO, CORRUPÇÃO, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, NOTICIARIO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, chamo a atenção da Casa para um fato grave. A Editora Abril está sendo processada pelo Partido dos Trabalhadores, pelas denúncias de corrupção estampadas nas capas e nas páginas da revista Veja. As capas são: primeira, “O PT deixou o País mais burro?; segunda, “Tentáculos das FARCs no Brasil”; terceira, “Corrupção”; quarta, “Corrupção: Amazônia à venda”; quinta, “Quem mais?”; sexta, “... Era vidro e se quebrou; sétima, “Um fantasma assombra o PT”; oitava, “Os dólares de Cuba para a campanha de Lula”, esta última de 2 de novembro. Isso tem relação direta com o trabalho dos seguintes jornalistas: Policarpo Júnior, André Petry, Marcelo Carneiro, André Rizek, Leonardo Coutinho e Juliana Linhares.

A primeira pergunta que faço é se o PT ficou seletivo. Ele agora só se ofende com capa; dentro, a revista pode falar o que quiser, chamar o Governo de corrupto à vontade. Só não pode estampar o assunto em capa. Essa é a primeira pergunta que faço.

A segunda é: alguém poderia, em sã consciência, imaginar aquele PT moralista de antes processando uma revista por exercer o seu direito de denúncia livremente, num País de imprensa consagradamente livre como é?

Concedo o aparte ao Senador Ramez Tebet.

O Sr. Ramez Tebet (PMDB - MS) - Senador Arthur Virgílio, tenho de me retirar, não vou esperar V. Exª concluir. O que me está chamando atenção nisso é o seguinte: o que a revista Veja fez? Ela publicou declarações de pessoas, que estão entre aspas. Pergunto: quem deve ser processado? Se tiver que haver processo, será contra as pessoas ou contra a revista? Não dá para entender mais nada. Ou as pessoas são de um partido e não podem ser processadas? É só isso que preciso entender melhor no quadro que se está travando, e V. Exª tem mais inteligência do que eu.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Ao contrário, Senador Ramez Tebet, V. Exª, experimentado e inteligente como é, antecipou o que seria o fim do meu discurso.

Já concedo um aparte ao Senador Sibá Machado.

O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Senador Arthur Virgílio, concede-me V. Exª um aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Um momento, Senador, com muita honra.

O Senador Ramez Tebet se antecipou. A revista publicou a opinião de depoentes, figuras que gravaram seus depoimentos com consciência e com liberdade. Eu dou o exemplo de todos os que falaram sobre o duto das FARCs. Ninguém foi processado, só a revista, só os jornalistas.

Eu pergunto: por que não processaram o Sr. Rogério Buratti e o Sr. Vladimir Poleto? Esses, sim, causaram a matéria, declararam a corrupção, fizeram a denúncia do malfeito, estamparam para o Brasil os crimes cometidos sob as asas de uma campanha que se mostrou iníqua, hoje em dia, sob a égide de um Governo que se mostra longe da imagem impoluta que queria espraiar para o País. Essa é a pergunta que faço.

Peço que vá para os Anais da Casa, Sr. Presidente, a íntegra dessa peça, porque é histórico o PT processando a revista Veja, sem coragem de processar o Buratti, nesta - já houve República Nova, já houve República Velha, já houve República assim - que é a República do rabo preso. Não processa Buratti porque tem rabo preso com o Buratti. Não processa Poleto porque tem rabo preso com o Poleto.

Concedo o aparte ao Senador Sibá Machado, com muita honra.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senador Arthur Virgílio, quero dizer que não participei de reunião do PT que tratou de assunto dessa natureza.

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA. Fazendo soar a campainha.) - Senador Sibá Machado, desculpe-me interrompê-lo.

Senador Arthur Virgílio, V. Exª pediu a palavra pela Liderança do PSDB, por cinco minutos. Eu vejo vários Parlamentares solicitando apartes. Quero dizer-lhe que o seu tempo é de cinco minutos.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Com prorrogação de dois, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Um minuto.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª deve verificar, porque são dois minutos. São sete minutos os que eu tenho consagrados.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Para ser mais rápido, nesse sentido, não posso aqui dizer quais foram as razões que levaram o PT a tomar essa atitude em relação à revista Veja. O que quero dizer é que deve ter se sentido bastante ofendido com a matéria pela forma como a revista Veja tem tratado as questões que dizem respeito a escândalos vinculados ao Partido dos Trabalhadores. Posso me certificar quanto a isso. Comprometo-me, em momento adequado, a voltar com uma resposta que possa ser satisfatória. Posso me comprometer com V. Exª e com o Plenário desta Casa a trazer essa resposta, tão logo eu a tenha.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito obrigado, Senador Sibá Machado.

Concedo o aparte ao Senador Almeida Lima.

O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Senador Arthur Virgílio, quero me somar ao pronunciamento de V. Exª e deixar registrada apenas uma indagação, um questionamento: não sei a que ponto a classe política deste País, sobretudo a que pertence ao Congresso Nacional, vai esperar chegar para tomar a providência mais adequada contra este Governo totalitário que aí se encontra. Quero saber: vão esperar chegar onde para requerer o impeachment do Presidente? Deixo essa indagação, por entender que se trata exatamente de um Governo com características totalitárias, um Governo que, por tudo quanto fez, já descoberto e devidamente provado, já poderia ter tido um final conhecido por este povo brasileiro, porque não podemos permitir que o País, que o nosso povo, que a Nação sejam jogados na lama, passando a vergonha por que passam hoje, internamente e no exterior. Também aproveito a oportunidade para me solidarizar com V. Exª, já que não pude fazê-lo na semana passada, diante das agressões que V. Exª e sua família têm sofrido. Muito obrigado.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Senador Almeida Lima.

Concedo o aparte ao Senador Antero Paes de Barros.

O Sr. Antero Paes de Barros (PSDB - MT) - Senador Arthur Virgílio, serei rápido. Não é a primeira agressão do PT à liberdade de imprensa. O PT coloca em rediscussão, no País, as conquistas democráticas. O Governo do PT é o mesmo que queria criar aquele conselho de petistas para fiscalizar jornalistas. É o mesmo que queria amordaçar o Ministério Público. É o mesmo que pensa que uma das péssimas coisas que existem é a possibilidade de se fazer oposição. Este Governo, como V. Exª disse, não processa quem fez a declaração porque tem rabo preso com os seus autores. Processa a revista Veja, que jornalisticamente publicou a declaração. Ora, essa é uma agressão à liberdade de imprensa. Não dá para aceitar mais essa agressão do Partido dos Trabalhadores e do Governo do Presidente Lula. Cumprimento V. Exª por, oportunamente, tratar do tema.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Sr. Presidente, encerro com uma frase bem simples. Acostumei-me a ver, com ou sem razão, petistas até sendo processados por denunciarem corrupção. Hoje, com muita tristeza, registro o PT processando uma revista por ela ter denunciado, em seguidas capas, em seguidas matérias, a corrupção que o Governo do PT vem praticando de maneira deslavada, desabrida, descomunal, sistêmica, endêmica, epidêmica neste País, Sr. Presidente.

Era o que tinha a dizer. Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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           Matéria referida:

           “Íntegra da ação do PT contra a revista Veja”.

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/11/2005 - Página 38706