O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes; Senadoras e Senadores presentes; brasileiras e brasileiros presentes nesta sessão e aqueles que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, hoje, o nosso colega Antonio Palocci deve vir a esta Casa.

            É interessante lembrar que Rui Barbosa foi Ministro da Fazenda deste País. Senador Wellington Salgado de Oliveira, Rui Barbosa, depois da luta pela libertação dos escravos, entrou em outra luta: a da República. Nós a comemoramos ontem, cem anos depois do grito “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, dado na França.

            Senador Papaléo Paes, Rui Barbosa fez a República, foi Ministro da Fazenda no primeiro governo; depois, entrou um militar e um outro, e, quando entrou o terceiro militar, Rui disse: “Estou fora! Isso não é República, é militarismo!”. Aí, ele entrou em uma campanha civilista, e ofereceram-lhe, de novo, a chave do cofre - essa a que o Palocci está agarrado.

            Mas Rui Barbosa - Palocci, lembrai-vos! - disse: “Não troco as trouxas de minhas convicções por nenhum Ministério”. Por isso, está, há 181 anos, aqui. Senador Paulo Paim e Senadora Iris, só o nosso Rui Barbosa! Fico pensando como ele está aí há 181 anos! Passou por aqui o nosso Íris, que foi Senador e que hoje é Prefeito, mas aqui não está; só está ele.

            Senador vitalício Carreiro, Secretário da Mesa - que tem 37 anos neste Senado; Rui Barbosa só passou aqui 31 anos -, ele disse mais ou menos assim em suas reflexões: “De tanto ver as nulidades prosperarem, a corrupção abundar, vai chegar o momento em que vai rires da honra e vamos ter vergonha de sermos honestos”. Senador Wellington Salgado de Oliveira, chegou esse dia. A bagunça está tão grande, que esses “moleques” aí falam em R$1 milhão, em R$3 milhões, em R$4 milhões como a brasileira e o brasileiro falam em R$10,00. É um descaramento enorme!

            Lembraria este momento de seriedade, e V. Exªs poderiam perguntar: “Mas o Mão Santa foi o primeiro e por quê?”. Senador Paulo Paim, trabalhei muito pela campanha do Lula. Elegemos até um Governador do PT! Senadora Ana Júlia Carepa, por que eu disse “estou fora”, igual a Rui Barbosa? Talvez esteja fora, Senador - descendente de alemão, de Bismarck; ô nome complicado o do nosso Senador do Mato Grosso! -, e o Rui já o tinha dito: “Estou fora”. E o povo está dizendo para o Palocci: “Esteja fora!”.

            Digo isso com todo o respeito. Ele é meu colega, médico - corporativismo, eu e o colega aqui, o companheiro Papaléo Paes. A ciência médica é a mais humana das ciências, e o médico, o grande benfeitor da humanidade. Mas atentai bem! Ó mineiros, mineiros de Tiradentes, Senador Aelton Freitas, está dado o recado do Vice para abaixarem os juros. Minas está ali. Juscelino foi cassado, mas está no coração de todos nós.

            Palocci, atentai bem! Ó Paulo Paim, ó Gilberto Mestrinho - um mestrão -, não há um tal de superávit? Senadora Iris, superávit é excesso de dinheiro, mas acho que Palocci vai cair por esse superávit.

            Senador Papaléo Paes, nós damos valor à etiologia. É lógico: a etiológica é a causa. O médico não dá valor à febre; dá valor à causa, ao agente da febre. Chamamos etiologia; é o micróbio, como diz o povo.

            Mas sabe de onde veio esse superávit, Professor Wellington Salgado de Oliveira? Pois é! É por isso que o povo está dizendo: “Palocci dê o fora!”.

            A “Primeira-Ministra” Dilma Rousseff, gaúcha, mulher, disse aquilo, porque a mulher é mais leal do que homem, é mais corajosa, é mais verdadeira. V. Exªs viram que, no drama de Cristo, na sua crucifixão, todos os homens falharam: Anas, Caifas, Pilatos - governador e político como nós -, o pai dele, José. Pedro, o valente, o forte, falhou. Todos os homens falharam; as mulheres, não. A mulher de Pilatos disse: “Ele é um homem justo. Não faça isso!”. Pilatos disse: “Mas tenho de servir a Herodes, o Rei, o que está acima”. Tinha de servir ao Lula do dia. E todos os homens falharam! E Verônica enxuga-Lhe o rosto. As três Marias e a Ministra Dilma disseram, porque elas são mulheres, são mais verdadeiras. Mulher é mais leal, é mais corajosa. Entendam isso! Aquele Íris está na Prefeitura para a Iris aqui estar. Essa é a verdade! Estou aqui pela minha mulher.

            Sabem por que o povo está dizendo “dá o fora, Palocci”? Olhem a etiologia: esse superávit, Senador Wellington Salgado de Oliveira, ele tirou de onde? Oitenta e dois por cento de superávit, Senador Paulo Paim - não tenha um enfarte, V. Exª é do PT, mas aqui está o Papaléo Paes, que é cardiologista, graças a Deus - são da Seguridade Social! É dinheiro da saúde, da assistência social e da previdência social, dos velhinhos aposentados!

            Senador Jefferson Péres, bravo e duro Senador, maior do que o Amazonas, a maior grandeza do Brasil, ele vai cair, porque o superávit, de 82%, é da Seguridade Social! É dinheiro da saúde, da assistência social e dos aposentados! É esse dinheiro que ele coloca no colo dos banqueiros. O Palocci não aprendeu o que o Rui ensinou quando Ministro. Ele disse: “A salvação é a valorização do trabalho e do trabalhador. O trabalho vem antes, ele é quem faz a riqueza”. E o que o Palocci faz? Valoriza o banqueiro e a riqueza, o Banco Mundial, o BID, o Bird, o Bradesco e o Itaú, que ganharam, em nove meses - o tempo de uma gestação -, R$8 bilhões! O Governo Federal gasta R$40 milhões para todos os Municípios do Brasil - R$5,6 milhões, com água e esgoto. Então, esse dinheiro foi retirado da saúde, da assistência social.

            Ainda tenho quanto tempo, Sr. Presidente Papaléo Paes?

            Mais dois minutos e o da generosidade de V. Exª. Corporativismo. Como estou defendendo aqui o Palocci, V. Exª, como médico...

            Então, isso não é o Mão Santa que está dizendo, não; não é o Senador Paulo Paim, verdadeiro líder dos trabalhadores do PT, é a Anfip.

            Senador Wellington Salgado, são dados publicados pela Anfip, Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Previdência Social.

            Agora, atentai bem! Está na hora da extrema-unção do Governo. Fui buscar um artigo de Dom Geraldo Majella Agnelo, líder dos Bispos do Brasil. Ele diz, Senador Papaléo Paes: “É difícil acreditar que Lula não soubesse”, afirma o Presidente da CNBB. É difícil. O líder dos bispos não acredita que não soubesse. Por que o povo vai acreditar, se ele, que é a imagem de Deus aqui, o representante de Pedro Apóstolo, não acredita?

            Diz Eduardo Scolese, da Folha de S. Paulo:

Três dias depois de o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter negado, mais uma vez, conhecimento prévio dos esquemas do caixa dois do PT e do “mensalão”, o presidente nacional da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Geraldo Majella Agnelo, disse que “é difícil aceitar” esse tipo de declaração.

            Para ele é inaceitável o Presidente Lula não saber. Com a generosidade cristã, disse que Lula fala bem. Fala não! Ó, Dom Agnelo, fala não! Ele fala muito, muito, muito, muito. Dom Agnelo, nem isso!

            Permita-me, Sr. Presidente da CNBB: Padre Antonio Vieira, uma vez, chamou os pregadores: “Ó, Pregadores, vocês falam, falam, falam e não trazem cristãos para a nossa igreja. Vocês só falam, falam, falam. Tem-se que ter o exemplo. Palavras sem o exemplo são como tiro sem bala. O exemplo arrasta. É por isso, pregadores faladores, que vocês não trazem fiéis para a nossa igreja”.

            É isso, Padre. Ele fala, fala, fala, como aqueles pregadores. Não convence.

            Peço permissão ao Presidente apenas para encerrar. Estou com três revistas: Época, IstoÉ e Veja. É vergonhoso! É vergonhoso! É só corrupção, é só malandragem, é só traquinagem! Não era assim no passado. Não era assim. Este País é cristão.

            Senador Paulo Paim, a primeira Constituição é a de Deus, que diz: “Não roubarás”. Essa é a nossa primeira; e também a nossa.

            Este tem que ser um sistema de controle. O Poder Legislativo é para controlar o Executivo. Então, estão traindo.

            Mas leria o seguinte - olhem o imbróglio: “Os fantasmas que rondam o ministro”. Que feio! “Denúncia de mesada em Ribeirão Preto”.

            Ribeirão Preto, Papaléo, nos anos 60, era símbolo da melhor faculdade de Medicina deste País, com professores estrangeiros; e, hoje:

            “Denúncia de mesada em Ribeirão Preto”; “Lobby para bingos e caixa dois”; “Irmão em tráfico de influência”; “Caso Cuba”; “Ligações para Juscelino Dourado”; “O celular de Ademirson”; “Ministério Público” - aí é o grave - e “Fogo Amigo”. E a Ministra, como mulher, entregou.

            Outra mulher aqui - estão vendo como respeito e dou credibilidade à mulher? Acho que é a única salvação, porque os homens... -, atentai bem: Dora Kramer, jornalista, mulher... Só três linhas para encerrar e, graças a Deus, uma mulher verdadeira está presidindo:

“Na segunda-feira, policiais e procuradores anunciaram que, não fosse o foro privilegiado do ministro no Supremo Tribunal Federal, eles já poderiam pedir à Justiça o indiciamento de Palocci por peculato e formação de quadrilha.”

            Termino com Rui Barbosa: vai chegar um tempo, vai chegar o dia em que, de tanto ver as nulidades triunfarem, os malfeitores atingirem o poder, a corrupção não ser mar de lamas, ser oceano, nós vamos rir da honra e ter vergonha de ser honestos. Chegou o dia, está acontecendo.

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Sei que a firmeza de V. Exª, a feminilidade e as virtudes femininas - sendo isso muito mais forte do que a sua filiação ao PT - fazem com que eu possa terminar e dizer que, felizmente, isso ocorreu no Governo do PT. Mas ainda há uma esperança: V. Exª, uma mulher no PT.