Discurso durante a 201ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ambientalista, presidente da Fundação para a Conservação da Natureza de Mato Grosso do Sul, jornalista e diretor-executivo da Editora Saber Ltda., Francisco Anselmo de Barros, ocorrido no ultimo dia 13.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ambientalista, presidente da Fundação para a Conservação da Natureza de Mato Grosso do Sul, jornalista e diretor-executivo da Editora Saber Ltda., Francisco Anselmo de Barros, ocorrido no ultimo dia 13.
Publicação
Publicação no DSF de 17/11/2005 - Página 39545
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ECOLOGISTA, JORNALISTA, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ELOGIO, ATUAÇÃO, DEFESA, MEIO AMBIENTE, PANTANAL MATO-GROSSENSE.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse requerimento, assinado por mim e pelo meu ilustre Colega Juvêncio César da Fonseca, reflete o sentimento de toda a sociedade sul-mato-grossense e de toda a sociedade brasileira pela perda irreparável de um homem que imolou a sua vida em defesa de uma causa.

A morte de Francisco Anselmo de Barros, ocorrida no dia 13 de novembro de 2005, foi o ponto culminante de toda uma vida dedicada à causa ambiental em nosso País, particularmente em defesa do pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense.

Homem que presidiu várias entidades, jornalista, fazia da sua luta pela causa ambientalista a razão de ser da sua própria vida. Sua morte pegou de surpresa a sociedade sul-mato-grossense. Ninguém esperava esse gesto de Francisco Anselmo, que defendeu as suas idéias nunca com radicalismo, mas com amor, com paixão.

Eu, particularmente, Sr. Presidente, ocupo esta tribuna tomado de profunda emoção, porque, poucos dias antes do seu falecimento, recebi um e-mail desse homem, que, em vida, sempre foi calmo, pacífico, ponderado, sempre procurou defender seus pontos de vista com argumentos racionais e bem fundamentados. Tanto é que, em certo trecho do e-mail, diz:

Por ocasião da invasão holandesa no Brasil, o Padre Vieira disse a Jesus, no seu famoso sermão na Bahia: “Chorarão as pedras da rua, como choraram as de Jerusalém destruída”. Isso é o que se dará se acabarem com o Pantanal, através de conchavos entre empresários inescrupulosos e projetos pessoais de políticos corruptos.

[...] Nós não somos contra usineiros e usinas de álcool. Assim como não somos contra a agricultura, agroindústria, hidrovias, hidrelétricas e termelétricas e outros empreendimentos que possam realmente trazer desenvolvimento para o Estado e para a região. Somos contra as coisas erradas que os maus governantes fazem iludindo a sociedade. Nós só queremos um desenvolvimento sustentável, porque não somos a última geração a passar por aqui. [Diz ele se referindo à minha modesta pessoa], como homem de fé, o senhor há de compreender isso.

            Daí a razão da minha grande emoção: estou aqui prestando uma homenagem à figura de um idealista e de um amigo. Fui amigo dele e da sua mulher, que defendia os mesmos ideais. Iracema Sampaio de Barros, sua esposa, é uma baiana que adotou Mato Grosso do Sul como seu Estado. Enquanto seu marido lutava pela causa ambientalista - e ela o acompanhava -, também se dedicava a pesquisar e a desenvolver a cultura no Estado de Mato Grosso do Sul.

Sr. Presidente, ouço o som da campainha. Quero que o Brasil ouça esta campainha como voz de alerta a dizer aos governantes que assuntos importantes como este, que envolve o patrimônio da humanidade e que fez esse homem perder sua vida, devem ser discutidos com a sociedade. Não podem ser impostos de cima para baixo.

É assim que entendo a causa que Francisco Anselmo de Barros defendia com tanto ardor, a ponto de ter imolado a sua própria vida.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/11/2005 - Página 39545