Discurso durante a 205ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Enaltecimento do potencial turístico do Piauí. Críticas ao Governo do Estado do Piauí que deixou de lado o Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), criado para fortalecer o turismo dentro no Estado.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO.:
  • Enaltecimento do potencial turístico do Piauí. Críticas ao Governo do Estado do Piauí que deixou de lado o Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), criado para fortalecer o turismo dentro no Estado.
Publicação
Publicação no DSF de 23/11/2005 - Página 40584
Assunto
Outros > TURISMO.
Indexação
  • ELOGIO, RECURSOS NATURAIS, TURISMO, RIO PARNAIBA, PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CAPIVARA, ESTADO DO PIAUI (PI), PRECARIEDADE, RODOVIA, LIGAÇÃO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), ESTADO DO CEARA (CE), REIVINDICAÇÃO, RETOMADA, PROGRAMA, APOIO, SETOR.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Leonel Pavan, que preside esta sessão, brasileiros e brasileiras aqui presentes e aqueles que nos assistem pelo Sistema de Comunicação do Senado, quis Deus estar presidindo o início desta sessão de 22 de novembro o Senador Leonel Pavan. V. Exª significa muito, porque carrega um título que poucos políticos têm; ou seja, foi três vezes prefeito de Camboriú, encantadora cidade praiana de Santa Catarina. Quis Deus também estar presente, na tribuna de honra, um ex-Presidente da Associação de Prefeitos do nosso Piauí. Ele é tão forte que a turma o chamava de Carlão.

Deus escreve certo por linhas tortas. Eu conheci a cidade de V. Exª, que para mim é muito mais que o Lula. Eu votei no Lula e me decepcionei. Quanto a V. Exª, eu não vi um instante de decepção por parte do povo de Santa Catarina, dos Senadores ou dos brasileiros.

Eu conheci sua fama. Como Ulysses, eu também ouço “a voz rouca das ruas”. Fui a Santa Catarina, precisamente à cidade de Gaspar, para implantar uma fábrica de soja no Piauí, a Ceval, que depois foi comprada pela multinacional Bunge, juntamente com o ex-Prefeito Chico Filho, que foi meu Secretário de Agricultura. Eles me hospedaram em Camboriú. Disseram-me: -Você é mais querido do que imagina. Fui a um jantar lá. Gosto de gente. Não havia muitas pessoas no restaurante, mas me identificaram: É o Mão Santa, Governador do Piauí.?

Eu disse: - Sou.

Vi o entusiasmo dos garçons. Perguntavam: - Governador, o senhor não conhece Leonel Pavan?

- Não, não conheço, não.

- O senhor não conhece o Leonel Pavan?

- Ah, sim, é lógico que eu conheço.

- Pois ele foi garçom como nós. Ele foi Prefeito desta cidade por três vezes.

 Cidade bacana. É muito bonita Camboriú. Contei toda essa história para cumprimentá-lo, Senador Leonel Pavan - e lá o povo todo já lhe cumprimentou dando-lhe um mandato de Senador com muita justiça - porque V. Exª criou aqui uma Comissão Permanente de Turismo. Isso é importante! Mas agora quero dar-lhe um aconselhamento: não eleja ninguém do PT, não, que é um negócio ruim.

Deus foi muito bondoso para o Piauí. Nós que erramos, mas Deus não, porque fez o Piauí com perspectivas invejáveis no turismo.

Senador Leonel Pavan, conheço a praia de V. Exª. Aliás, V. Exª foi convidado, outro dia, pela prefeita do Buriti dos Lopes para proferir uma palestra: Experiência administrativa. Mas o Piauí é diferente. Somos um Estado diferente. Temos a história mais bela. Somos o único povo que foi para uma guerra sangrenta a fim de expulsar os portugueses. Por isso é que este Brasil é grandão e único. Mas ele ia ser dividido em dois. João VI disse: “Filho, fica com o sul, e eu fico com o norte”. Mandou o seu sobrinho-afilhado, Fidié, para criar o país Maranhão. E nós o expulsamos.

Senador Leonel Pavan, o Piauí foi o primeiro Estado que teve a capacidade e a inteligência de criar a sua capital no centro dele. Foi a primeira a ser criada para ser capital. Como diz Padre Antônio Vieira, o bem nunca vem só. E aí se deu o exemplo para Belo Horizonte, há cem anos, para Goiânia, para Brasília, para Palmas. Então, ela é uma cidade que tem perspectiva de turismo comercial, é mesopotâmica, entre dois rios.

Senador Leonel Pavan, conheci Camboriú. É bonito, mas perde para o Delta do Piauí. É preciso saber que só há três deltas no mundo: o Mekong, no Vietnã; o Nilo, no Egito; e, nas Américas, o rio Parnaíba, que separa o Piauí do Maranhão. Ele não se lança no mar único, como o Amazonas. Ele se abre, lembrando a letra grega delta. Não sabemos grego. Senadora Iris de Araújo, o rio Parnaíba se abre em cinco. Um deles abraça a minha cidade, Igarassu. Assim como uma mão, em cinco rios, e com certeza santa. E forma 78 ilhas: dois terços do Maranhão e um terço do Piauí. Na maior e mais bela, Ilha Grande, nasceu o único que se iguala a Rui Barbosa: Evandro Lins e Silva. Lá também nasceram Alberto Silva, aqui Senador, e João Paulo dos Reis Veloso, o maior dos Ministros de Planejamento deste País. Está aí, para o PT aprender com o Piauí. Quinze anos de mando sendo a luz na revolução. Que orgulho! Nenhuma indignidade, nenhuma imoralidade, nenhuma corrupção. Isso é caráter de gente do Piauí! Essa é a diferença. Pois nós temos perspectivas.

E lá no sul do Estado, há a Serra da Capivara. E a vergonha foi ontem, aqui, o Senador Marco Maciel, lá de Pernambuco, ex-Presidente, clamando que o Poder Federal ajude a Serra da Capivara, lá onde há o Museu do Homem Americano, onde o Presidente Fernando Henrique Cardoso, na sua inteligência e na sua cultura, o que é inegável, decidiu iniciar as comemorações dos 500 anos do Brasil. Eu estava lá, eu o recebi como Governador. Pois o Senador Marco Maciel está sensibilizado porque está acabando a Serra da Capivara. Não tem nada. Ô poder destrutivo desse Partido!

E cria umas Apas (Áreas de Preservação Ambiental). E não é só lá, não. Existe a Serra das Confusões, onde há a cidade de Caracol, encantadora. E aquela Guariba, que quiseram fazê-la de marketing político, e lá perderam as eleições, porque o piauiense é bravo. Lá em Guariba.

Pois invocamos aqui o auxílio-turismo.

Senador Leonel Pavan, quero ensinar ao Presidente Lula que Dom Pedro II, que governou bem este País por 49 anos, só viajou uma vez para a Europa e de lá ele escreveu: “Minha filha, Isabel, lembre que estrada é o melhor presente que você pode dar a um povo”.

Depois, vem outro, Senadora Iris de Araújo, e diz que governar é fazer estradas. Juscelino, aqui cassado, do MDB da época, energia e transporte. Bastava uma ação do Presidente da República. Lula, estou lembrando, para aprender, ainda é tempo de aprender. Então, venho aqui reivindicar que o turismo...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Leonel Pavan, pelo Regimento, ainda tenho dois minutos. E, pelo espírito da lei, peço a V. Exª que desconte o tempo em que fiz o comercial de Camboriú, de Santa Catarina.

O SR. PRESIDENTE (Leonel Pavan. PSDB - SC) - Senador, apenas pelo fato de citar Balneário Camboriú, V. Exª terá muito mais que dois minutos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É dando que se recebe.

Pois as estradas que vão para o Maranhão, que vão para o Ceará estão lá. Uma lástima! Coloquei neste Orçamento, Senador Osmar Dias, R$ 14,8 milhões. Nada foi obedecido no atual Orçamento. Não se obedece a nada: lei, Constituição, nada. E as estradas que vão para o Ceará, que vão para o Maranhão, que é o nosso litoral...

Senador Osmar Dias, V. Exª, que é um dos mais competentes, relembra o mapa do Brasil. De um lado, o Ceará, o litoral; do outro lado, o Maranhão. Abra a Bíblia, que diz que a virtude está no meio e a felicidade está no meio. É o Piauí. É, mas estamos sem estrada para um lado e para o outro.

O Presidente aí sonhou, disse que iria dar dois aeroportos internacionais. A ignorância audaciosa.

Senador, quando governei o meu Estado, havia vôos saindo de Parnaíba, no nosso litoral, para o Rio de Janeiro. Hoje, praticamente não há; só há um vôo para Fortaleza. E falam em aeroporto internacional. Acabaram com os que existiam. Essa é a realidade.

Então, nós viemos aqui reivindicar, Senador. Atentai bem! Existia um programa, Senadora Iris, o Prodetur. Acho que foi criado pelo Governo anterior e acabou. Esse Prodetur é que fez desenvolver o turismo no Nordeste. Há quase três anos que estou aqui, e não se fala mais em Prodetur. Li D. Pedro II dizendo que estrada é o grande prêmio. Washington Luiz e o Juscelino investiram.

São essas as nossas considerações que estão sobretudo ...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vou lhe contar um fato. Agora é o tempo de Camboriú; acabou o da lei. Agora, vamos entrar no tempo de Camboriú.

O SR. PRESIDENTE (Leonel Pavan. PSDB - SC) - Por Santa Catarina.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Por Santa Catarina.

Quero lhe dizer, Senador Leonel Pavan, que sou da praia. Sou descendente dos índios tremembé, do Delta - os portugueses mataram os índios que habitavam a região. E eu passava as férias, durante toda a minha existência, no Delta. Quero convidar V. Exª a se render, porque Camboriú merece a medalha de prata; a medalha de ouro é do Delta do Piauí.

Então, eu passei agora a ter uma casa no coqueiro, no meio. O litoral do Piauí, Senador Leonel Pavan, tem 66 quilômetros. É o menor do Brasil, mas é como perfume francês, Senador Osmar Dias: pequenininho e de grande valor. E eu nunca vi um turismo tão decadente.

Lembro, Senador Osmar Dias, que eu fazia pós-graduação no Rio de Janeiro e que cheguei ao Hospital dos Servidores do Estado em agosto, porque julho é o mês do clímax de nossas férias, de nosso turismo. Cheguei todo tostado, Senadora Iris, queimadinho, e os cariocas, loucos por sol e por praia, perguntavam - naquele tempo não me chamavam Mão Santa, não; era Moraes: “Moraes, a qual praia tu foste?” Eu tinha ido à praia no Piauí, porque era nosso verão. Mas o mês de julho, no Rio de Janeiro, é de inverno.

Então, saía-se e não se trocava por nada. E diminuiu - como ontem eu disse - a carcinicultura. Sei que Lula sabe pouco, entende pouco, mas V. Exª sabe, Senador Osmar Dias, que vinte é maior do que três. A cultura de camarão no litoral, quando governei o Piauí, rendeu US$20 milhões. E a exportação caiu para US$3 milhões. Representávamos 20% da exportação de camarões, índice que caiu para pouco mais de 2%. De US$20 milhões baixou para US$3 milhões, Lula!

É isso. Votei no Presidente da República. O que nos afasta é ver o turismo do meu Estado decadente.

Então, é tempo. As nossas palavras aqui são um apelo...

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concluirei, e agradeço.

O SR. PRESIDENTE (Leonel Pavan. PSDB - SC) - V. Exª teve cinco minutos...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Quanto?

O SR. PRESIDENTE (Leonel Pavan. PSDB - SC) - Em nome de Santa Catarina, nós lhe demos cinco minutos a mais. Agora, para encerrar, um minuto. O Pai Nosso foi escrito em um minuto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Com 56 palavras, por Cristo. Pois vou gastá-las. E só Cristo! Ó meu Deus, ó Cristo! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça! Nós, no Piauí, temos fome por trabalho.

Ó Presidente Lula, entendo que a ingratidão é uma doença do caráter. Seja agradecido ao Piauí, porque Vossa Excelência ganhou lá. Nós estamos empobrecidos.

Ontem falei sobre a cultura do camarão, que, de US$20 milhões, baixou para US$3 milhões. O núcleo duro tem que entender que vinte é maior do que três.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Leonel Pavan. PSDB - SC. Fazendo soar a campainha.) - Senador Mão Santa...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Vamos terminar. Agradeço a sensibilidade. Eu dizia: ó meu Deus, ó Cristo, ó iluminados santos, iluminai o Presidente da República para ser agradecido ao povo do Piauí.

Deus fez, e o PT está acabando.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/11/2005 - Página 40584