Discurso durante a 212ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do acadêmico mineiro Oscar Dias Corrêa, ex-deputado estadual e federal, ex-ministro da Justiça e ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do acadêmico mineiro Oscar Dias Corrêa, ex-deputado estadual e federal, ex-ministro da Justiça e ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 01/12/2005 - Página 42040
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, OSCAR DIAS CORREA, JURISTA, EX-DEPUTADO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), PARTIDO POLITICO, UNIÃO DEMOCRATICA NACIONAL (UDN), EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), EX MINISTRO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, tomei de manhã cedo a iniciativa de apresentar à Mesa um voto de pesar pelo falecimento do Deputado e Ministro Oscar Corrêa.

Ouvi aqui amigos queridos dele, como os Senadores Antonio Carlos Magalhães, Marco Maciel, José Agripino, Sérgio Guerra, mas ouvi sobretudo a Casa, unissonamente, homenageando um grande brasileiro.

Sou amigo de seu filho, Oscar Corrêa Júnior, que foi meu colega de Parlamento e colega de V. Exª, Sr. Presidente. Conheci - e ela me contou histórias deliciosas dessa figura genial da política brasileira que é Carlos Lacerda - sua irmã Ângela, apresentado que a ela fui pelo Senador Sérgio Guerra, em Recife, certa vez.

Porém, quero mesmo referir-me é a Oscar Corrêa. Com ele travei conhecimento - eu, menino; meu pai, amigo dele e colega de Câmara dos Deputados. Pela atenção que me deu - eu muito jovem, com 13 ou 14 anos -, dava para, a partir dali, compreender a sua bondade, o seu sentimento humano, a sua grandeza.

Ao mesmo tempo, era o combatente inflexível. E era o homem de princípios morais inarredáveis. Registro dois fatos e não me canso de fazê-lo. Um: Mário Martins, discrepando da UDN em uma questão de fundo, entendendo que o mandato pertencia a seu Partido e não a ele próprio - uma concepção altamente avançada para o tempo -, entrega o mandato, deposita-o nas mãos da UDN e renuncia, voltando à vida pública, muito tempo depois, já não mais pelo Espírito Santo, e sim pelo Rio de Janeiro, Senador da República, eleito em 1966, para ser cassado, junto com meu pai e Mário Covas, em 1969, quando alvorecia o Ato Institucional nº 5.

O outro exemplo também veio da UDN: o Deputado Oscar Corrêa, discrepando da UDN, também em questão programática, em questão de fundo, imediatamente anuncia que saía da vida pública - não renunciou, mas completou o seu mandato e não se candidatou mais a qualquer cargo eletivo.

Esses dois exemplos deveriam servir de espelho em uma hora tão crítica para a Nação brasileira, que está vivenciando um de seus piores momentos, do ponto de vista do compromisso com a ética, haja vista o que estamos vendo nos episódios do mensalão e de outros que tais. São dois exemplos: Mário Martins e Oscar Corrêa, que, depois, foi o grande Ministro do Supremo Tribunal Federal que todos vimos.

É difícil, agora, fugir do lugar-comum e não dizer que a sua perda foi irrecuperável e insubstituível. Digo tudo o que o lugar-comum sugeriria, mas, sobretudo, quero registrar, de maneira muito singela, que a homenagem final que faço é ao homem que, do alto da sua sabedoria e do seu nome político, dedicou a mim, quando eu tinha 13 ou 14 anos, uma atenção tão bonita, em uma viagem que fizemos, que o tempo inteiro o olhei como amigo, e um amigo, felizmente, admirável. O amigo que não hesitou em encerrar sua carreira pública porque discrepava do seu partido, a UDN, União Democrática Nacional, seu único partido, e não poderia ser outro.

Portanto, é alguém que merece todos os elogios, toda a reverência de uma Nação que precisa não de cultivar mitos, cultivar heróis, cultivar salvadores-da-Pátria; nada disso, mas, sim, de cultivar homens simples e puramente íntegros, corretos, decentes, como em vida foi essa figura hoje homenageada por todos nós chamada Oscar Dias Corrêa.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/12/2005 - Página 42040