Discurso durante a 11ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, pela passagem dos 50 anos de sua posse como Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, pela passagem dos 50 anos de sua posse como Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 01/02/2006 - Página 2548
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Renan Calheiros, autoridades presentes - são tantas e tão importantes -, peço-lhes permissão - eu poderia esquecer alguns nomes e, mesmo involuntariamente, seria imperdoável - para a todos saudar naquela que penso ser a mais importante autoridade genética desta festa: a Srª Anna Christina Kubitschek Pereira. (Palmas.)

Senadoras e Senadores, brasileiras e brasileiros, todos nós temos muito a dizer e vamos dizer. Feliz do povo que não precisa buscar exemplos em outras histórias, em outros países! O melhor exemplo de homem público é Juscelino Kubitschek de Oliveira. (Palmas.)

Cada um tem sua história. O Heráclito é homem rico de amizades. A mim Deus deu o privilégio de ver Juscelino Kubitschek, na Praça Nossa Senhora das Graças, num coreto de minha Parnaíba, como candidato a Presidente da República.

Senador Antonio Carlos Magalhães, a minha família era toda UDN. Eu era muito jovem, tinha 13, 14 anos e vi também o candidato militar da UDN, Heráclito, lá no nosso coreto, na antiga Praça da Graça.

Juarez Távora ficou na minha mente, muito me inspirou - minha família estava com ele; o Senador Alberto Silva, da UDN, e outro grande Senador lideravam já. Juarez Távora disse: “Nós vamos apertar o cinto do povo do Brasil”. Depois eu vi Juscelino, com aquele sorriso, alegria. Nos cartazes, já era um homem em cima de um trator. E aí, a história. Foi a primeira visão da alegria, do otimismo, da simpatia. Eu não votava, mas o meu coração já se encaminhava para esse caminho.

Anos depois, pré-vestibular em Fortaleza. Juscelino Kubitschek terminava o seu governo, era o fim de seu governo - atentai bem. Atraído, lá eu fui. Juscelino ia visitar a Faculdade de Direito. Eu me senti atraído, queria participar - eu ainda não era universitário, era pré-universitário -, e fui. Naquele tempo, a UNE era forte, eram fortes os sonhos, a esquerda, o comunismo, o socialismo, a Rússia. Juscelino entra: houve vaias, mais aplausos. Eu o aplaudi. Ele disse: “Feliz do país em que se pode vaiar um Presidente da República” - no fim do governo.

Eu acompanhei tudo. A Faculdade de Direito era no centro e, de repente, Juscelino... “Mande-o para a Assembléia”.

Senador Antonio Carlos Magalhães, na praça antiga de Fortaleza, no Ceará, como em todas as praças antigas do Brasil, havia um abrigo onde se tomava o cafezinho. O povo lá, e ele com aquela elegância, com aquele sorriso, no apagar do seu governo, com a satisfação da missão cumprida. Eu, estudante, acompanhava Juscelino. As autoridades, os deputados - ele ia à Assembléia, que era próxima - cercavam Juscelino.

Senador José Agripino, naquele café do Nordeste, do abrigo, da Praça do Ferreira, eu vi um homem, um caboclo nosso - só entende Euclides da Cunha: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte” -, aquele caboclo sofrido da seca, agradecido pelo açude Orós que ele fez no Ceará. O caboclo quis se aproximar também; estávamos ali nós, engravatados, os da época, deputados.

Outro dia conversava com o Presidente José Sarney e ele disse - disse até o nome - que o amigo dele Caetano Costa ficou célebre por ter dito isso em Imperatriz. Mas isso foi o Presidente Sarney, da minha história eu dou testemunho.

Era a linguagem do agradecido homem do sertão brasileiro. Eu estava lá, com os meus 17 anos, vestibulando - formei-me em medicina no Ceará -, e ali estava o homem de chapéu, o típico homem do sertão, das secas, das retiradas, acompanhando. Ele não conseguia se aproximar, mas, de repente, com a nossa coragem, a coragem dos nordestinos, ele deu um grito: “Ô Presidente pai-d’égua!”. (Palmas.) Esse foi o grito da nossa gratidão, do nordestino.

Diz o Senador José Sarney que isso já tinha sido gritado no Maranhão e no Ceará. Agora, eu grito em nome do povo do Piauí. Essa é a verdade, a tradição do nosso agradecimento - e no fim do governo!

A única coisa que temos, Dom José Freire Falcão, é agradecer a Deus. Sou médico - aliás, como Juscelino -, cirurgião de Santa Casa, fui Prefeitinho, Governador, fui até cassado!

Presidente Renan Calheiros, aqui está Juscelino sob o aspecto médico. Sei tudo: as biografias estão aí, escreveram-se muitos livros e mais livros serão escritos. Com todo o respeito à Bahia, de Martha Rocha e de Rui Barbosa, acho que é tempo de nós, do Senado, como a nossa sociedade médica, que homenageou Juscelino, o Patrono da Sociedade de Urologia, resgatando, pelos médicos brasileiros, toda a sua passagem, a sua história médica - não vou cansá-los -, penso que é tempo de o Senado também passar para a História esse tempo que ele viveu aqui.

Não dou valor a esse negócio de dinheiro. Sou como Palocci, médico. Mas eu tenho um dinheiro, Senador Antonio Carlos Magalhães, que penso que foi o de mais valor na história econômica do Brasil, e esse carrego comigo: cem cruzeiros, com o retrato de Juscelino Kubitschek. (Palmas.)

Considero-me o mais rico dos Senadores, porque está aqui a fonte de inspiração. Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros, a Psicologia criou a Neurolingüística, e tem que se ter um modelo. Quer ser jogador de futebol imita o Pelé; cantor, Roberto Carlos. Mas, se quer ser homem público, que se siga aqui o exemplo de Juscelino Kubitschek. (Palmas.)

Todos têm história e não iria concorrer com a intimidade que os Senadores Antonio Carlos Magalhães e Heráclito Fortes tiveram com Juscelino, mas diria que li todas as obras e vou continuar lendo - orgulho-me disso. Nessa luta, já recebi algumas comendas e medalhas, mas orgulhoso sou em ostentar a Comenda Juscelino Kubitschek, quando se comemorou um século de vida no Memorial JK. Recebi a comenda ao lado do extraordinário Senador, que é a cara de Brasília, o nosso Senador Paulo Octávio. (Palmas.)

Das vidas de Juscelino, cito a frase de que gosto mais - há centenas, mas cito a minha: “É melhor ser otimista. O otimista pode errar. O pessimista já nasce errado e continuando errando”. Essa é a frase de que gosto, mas gostaria de que ficasse nos corações de todos os brasileiros o que traduz Juscelino. Juscelino, pai de Brasília, do tripé que fez: Sul, uma potência industrial; Sudene, igualdade de riquezas; Brasília, tão bem cuidada por esse extraordinário Governador do meu Partido, Roriz. (Palmas.)

Roriz, Bill Clinton foi quatro vezes Governador de Arkansas e depois Presidente da República.

Atentai bem! A frase que caracteriza Juscelino Kubitschek está no livro dos médicos - como Renan Calheiros, precisamos fazer a história de Juscelino no Senado: “Meu sonho é viver e morrer em um país de liberdade!”. Mas há uma última, para encerrar, e que fique nos corações das brasileiras e dos brasileiros: “Não consigo guardar ódio no meu coração!” E digo isso em respeito a Dom José Freire Falcão, que foi Arcebispo do nosso Piauí, e de Padre Antônio Vieira, que passou pelo Ceará, pelo Piauí e pelo Maranhão, dizendo que um bem nunca vem só. Repito, olhem o que Juscelino disse: “Não consigo guardar ódio no meu coração!”

Brasileiras e brasileiros não podem ter ódio no coração e, sim, Juscelino Kubitschek no coração! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/02/2006 - Página 2548