Discurso durante a 15ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao colega, Senador Alberto Silva, ao qual atribui a responsabilidade pela mudança do perfil do Piauí, na década de 70, quando governou aquele Estado.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao colega, Senador Alberto Silva, ao qual atribui a responsabilidade pela mudança do perfil do Piauí, na década de 70, quando governou aquele Estado.
Aparteantes
Aloizio Mercadante, Demóstenes Torres, Gilvam Borges, Heráclito Fortes, José Jorge, Leonel Pavan, Ramez Tebet.
Publicação
Publicação no DSF de 03/02/2006 - Página 2951
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • IMPORTANCIA, CONHECIMENTO, HISTORIA, BRASIL, CONTRIBUIÇÃO, CIDADÃO, JORNALISTA, POLITICA, ORIGEM, ESTADO DO PIAUI (PI), HOMENAGEM, PETRONIO PORTELLA, EX SENADOR, EX MINISTRO DE ESTADO, ALBERTO SILVA, SENADOR, EX PREFEITO, EX GOVERNADOR, ELOGIO, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
  • HOMENAGEM POSTUMA, MÃE, TASSO JEREISSATI, SENADOR, ESTADO DO CEARA (CE).

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão.) - Senador Luiz Otávio, que preside esta sessão, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

            Senador Luiz Otávio - antes que V. Exª passe a Presidência para o Senador Renan Calheiros, que chega neste momento -, eu conheci V. Exª em uma igreja cristã, no casamento da sua filha. Fiquei encantado pelas pregações e pela formação cristã.

            Deus escreve certo por linhas tortas. Quis Deus, aqui e agora, estar o Piauí bem representado. Atentai bem! Está presente o Prefeito da cidade de Barras, que era Suplente de Alberto Silva. Barras não é uma cidade comum. Das 5.600 cidades brasileiras, poucas têm filhos ilustres como Barras. De lá, saíram cinco ex-governadores. Dizem que é a terra do governador. Contesto, porque Parnaíba teve três, mas só Alberto Silva vale por seis, então passamos à frente.

            Barras tem a grandeza histórica do Brasil. É preciso o Brasil aprender, Senador Renan Calheiros, e o Senado é para isso. Durante o Império, o jornalista Davi Caldas abriu em Teresina um jornal chamado O Oitenta e Nove. O nome é esquisito!

            Senador José Jorge, o jornalista barrense Davi Caldas queria inspirar todos os brasileiros a seguirem o grito do povo nas ruas da França, em 1789. Dezessete anos, só Teresina, Senador Ramez Tebet. Então, o profeta da República foi de Barras.

            Estamos aqui, meu irmão, Deputado Federal, Presidente da Federação das Indústrias, Severo Eulálio, que está para ser Senador, nas leis do destino. Ele herdou o nome do seu pai, dos autênticos do PMDB, que eu e Ramez Tebet, neste instante, estamos aqui representando.

            A imprensa do Piauí é a de maior glória neste País, pela presença de David Caldas e Carlos Castello Branco.

            Carlos Castello Branco, o Castelinho, foi o único - o único - jornalista que teve a coragem, no período da ditadura, nas suas entrelinhas, de dar esperança de democracia. Ele é do Piauí!

            Deputado Antonio José de Moraes Souza, estamos com um artigo de Zózimo Tavares, que é um reviver de Carlos Castello Branco. Senador Leonel Pavan, não é um jornalista qualquer. Zózimo Tavares revive David Caldas, revive o maior dos jornalistas brasileiros, que enfrentou a ditadura, Castelinho. E o Zózimo tem inteligência - cabeça de muita inteligência tem que ser grande -, não é um qualquer. Ele é da Academia de Letras do Piauí.

            Neste instante, o mais influente, é Alberto Costa e Silva, filho do poeta Da Costa e Silva, que fez o nosso hino: Piauí, terra querida, filha do sol do Equador. Sugiro que Alberto leve esse piauiense para substituir Carlos Castello Branco. Ele é da Academia. Não é um jornalista qualquer. É autor de: Falem mal, mas falem de mim; Pra seu Governo; O Pulo do Gato; Meus Senhores, Minhas Senhoras; Filosofia Barata; O Velho Jequitibá; Vote Lá que eu Voto Cá; Céu da Terra; O voto é inseticida contra praga de ladrão; Zé da Prata, poeta da sátira; Sonetos de Cantadores; o Piauí no Século 20; Sociedade dos Poetas Trágicos.

            É esse autor que lança, na sua coluna do Diário do Povo, o JK do Piauí, neste momento em que muita gente se alvoroça em querer ser JK.

            Presidente Renan, não é qualquer um não, mas Zózimo Tavares, a reprodução de Castelinho do Piauí na imprensa, de David Caldas.

            Alberto Silva, Senador Renan, guio-me pela filosofia que diz que quem tem bastante luz própria não pode diminuir ou apagar o brilho dos outros.

            Presidente Renan, V. Exª brilhou no Ministério da Justiça e foi um extraordinário Ministro, comparável ao ministro piauiense Petrônio Portella, que em pouco período também ocupou esta Presidência. V. Exª ocupa a Presidência - e podem chegar até outros -, mas antes vá ler. V. Exª não vai adotar a filosofia de que ler uma página cansa, que é chato e incômodo.

            No livro As 48 Leis do Poder, a primeira lei é: “Não ofusque o brilho do mestre”. Eu quero dizer uma de que tenho até inveja, Senador José Jorge, de Héctor Cámpora. Os militares tomaram o governo de Perón, que foi exilado. Com a volta de democracia, ele escolheu Héctor Cámpora. Lá da Espanha, ele elegeu Héctor Cámpora presidente, que renunciou para possibilitar a Perón ganhar a outra eleição. Ele disse, justificando: “Perón é mais que o Sol, pois o Sol ilumina a Argentina de dia, e Perón dia e noite”. Alberto, nós não poderíamos dizer isso porque seria roubar de Héctor Cámpora, mas caberia isso no Piauí.

            Senador Alberto Silva, esse é um diploma que V. Exª merece. Quem planta, colhe. V. Exª é JK do Piauí. Esta semana, este plenário se encheu, e o Brasil parou para homenagear JK. Eu mesmo o fiz em nome do Piauí.

            Agora, o JK do Piauí.

            Senador Ramez Tebet, Zózimo Tavares não é um qualquer. É um jornalista de alto gabarito e alto conceito. Ele faz a análise dos políticos do Piauí. Ele cita Petrônio Portella, que dignificou o meu Estado, que nós vimos aqui. Sou testemunha, eu estava do lado dele no dia em que os canhões tomaram este Parlamento. Questionado pela imprensa, Petrônio respondeu: “Este é o dia mais triste da minha vida”. Essa mensagem fez Geisel refletir e reabrir o Congresso em que estamos. Ele compara Petrônio com o JK do Piauí.

            “O outro político que fez escola no Piauí foi Alberto Silva. Deputado estadual, prefeito de Parnaíba por duas vezes”, o melhor de sua história. Eu fui, mas reconheço que Alberto Silva foi o melhor, de 1948 a 1950.

            Meu irmão Antônio José andava num jipe Land Rover, buscando os eleitores, e eu ia trocando as chapinhas. Naquele tempo, Renan - você não tinha nascido -, o eleitor ia de terno branco, tinha aquela farra do almoço na casa dos políticos, e a gente trocava as chapinhas. Em 1948, Alberto já era Juscelino.

            O Sr. José Jorge (PFL - PE) - V. Exª me permite aparteá-lo?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Permito.

            A Parnaíba era invadida, como a Holanda, pelas águas. Aliás, nossa brincadeira era no rio em que se transformava a rua da Coroa, onde eu e o Antônio José nascemos. Fazíamos jangada com bananeiras. Alberto Silva acabou com a nossa brincadeira. Fez um dique. Nunca mais entrou água no bairro que era alagado.

            Diz Zózimo que o arrojado Alberto Silva “é o nosso JK”. Todos que passam pelo Governo do Piauí tentam e sonham passar para a história como Alberto Silva. “O Dr. Alberto construiu a imagem de tocador de obras, um governante arrojado que mudou a cara do Piauí na primeira metade dos anos 70. O Estado virou um canteiro de obras a céu aberto. Durante seu governo, o Piauí era rasgado de norte a sul com suas primeiras estradas asfaltadas, puxava fios de eletricidade da Boa Esperança para todo o Estado, iluminava as cidades, construía escolas e hospitais em larga escala, publicava e distribuía livros a mão-cheia, tudo em ritmo acelerado, e mandava um time de futebol valente para disputar um campeonato nacional.” O Tiradentes. “Seu governo mexeu com a cabeça dos piauienses. Foi um choque na crise de auto-estima. Ele mostrava trabalho e esbanjava otimismo. Com um governo realizador, numa época em que o Piauí se contentava com pouco, ancorado numa máquina azeitada de propaganda política e governamental, Alberto Silva virou um mito político”. Virou um mito político não só no Piauí, mas no Brasil.

            Reconhecido por esta Casa, ele é conselheiro da República.

            “Não houve, até hoje, um governante com tanta empatia com o povo. Petrônio sem dúvida teve mais engenhosidade na política, mas não alcançou o carisma popular de Alberto Silva”. Essas são as palavras de Zózimo.

            Concedo um aparte, primeiramente, ao Senador José Jorge, porque ele é do quadro do Alberto. O orgulho do Alberto é definir-se: sou um engenheiro político. E V. Exª, Senador José Jorge, representa, neste instante, os engenheiros do Brasil. Eu vi todos que se formaram em Itajubá reverenciar V. Exª.

             Senador Renan Calheiros, V. Exª recebeu a outorga maior, a Comenda Grã-Cruz, comenda que foi criada no Governo Alberto Silva. Eu apenas atendi ao apelo do povo do Piauí para homenageá-lo. A inspiração da comenda foi de Alberto Silva.

            Concedo a palavra ao Senador José Jorge.

            O Sr. José Jorge (PFL - PE) - Muito obrigado, Senador Mão Santa. Eu quero também me solidarizar com V. Exª pelo discurso. O Senador Alberto Silva é, para nós, aqui no Senado, desde que aqui chegamos, um exemplo de competência e de trabalho. Como engenheiro que sou, como engenheiro também que S. Exª é, fico orgulhoso de S. Exª usar a engenharia com tanto bom-senso político. Realmente, seu governo foi marcante no Piauí, sua atuação aqui no Congresso Nacional sempre traz uma série de assuntos que estão, direta ou indiretamente, ligados à questão da produção, da engenharia, da produtividade. O Senador Alberto Silva é um exemplo para todos nós e também um grande Senador, como foi um grande Governador. Parabéns a V. Exª e ao Senador Alberto Silva.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Incorporamos a palavra do Senador José Jorge, engenheiro e ex-Ministro deste País, que enfrentou e venceu o “apagão”.

            Concedo o aparte ao Líder de Santa Catarina, Leonel Pavan, que também foi Prefeito por três vezes, como Alberto Silva, que foi Prefeito de Parnaíba duas vezes e também foi Governador do Estado. E o povo de Teresina diz que também ele era prefeito, que não houve melhor prefeito do que ele em Teresina.

            O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Mão Santa, primeiro, quero cumprimentá-lo pelo brilhante discurso que faz, contando um pouco da história do Piauí. Não se pode falar da história do Piauí sem citar o Senador Alberto Silva. Mas isso V.Exª não faz apenas da tribuna, faz no dia-a-dia, nas conversas aqui no Senado, nos corredores, nos gabinetes. V. Exª se refere a Alberto Silva como um dos grandes exemplos da política nacional. Eu, que não o conhecia pessoalmente, pois passei a conhecê-lo aqui no Senado, eu o tenho como exemplo de homem público. Os seus pronunciamentos, com calma, com coerência, mostrando caminhos para o Brasil, dignificam a política e servem para nós - eu ainda sou novato aqui no Senado, com apenas três anos aqui, apesar de ter sido Deputado Federal -, servem para mim como exemplo, para também seguir esse caminho trilhado pelo Senador Alberto Silva. Mas, Mão Santa, o que admiro na sua pessoa, é a forma como V. Exª fala do Piauí, da sua história, da imprensa, das conquistas, das obras, de tudo que o Piauí representou e representa para o País. Da mesma forma, eu falo do meu Estado, Santa Catarina. São dois Estados situados nos extremos, mas dois Estados de grande importância para a cultura, para a economia e para a história do Brasil.

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Senador Pavan, sem pretender interromper V. Exª e sem querer também interromper o discurso do Senador Mão Santa, quero, interpretando o pensamento da Casa, expresso por requerimentos, por várias intervenções, dizer que levarei, pessoalmente, o voto de pesar ao Senador Tasso Jereissati, ao Dr. Carlos Jereissati e aos seus familiares pelo falecimento de sua mãe, Dª Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati.

            Com a palavra V. Exª.

            O Sr Leonel Pavan (PSDB - SC) - Para finalizar aqui meu pensamento...

 

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - Senador...

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - S. Exª está concluindo. Logo sem seguida darei a palavra a V. Exª.

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP) - É sobre essa questão, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Senador Mão Santa...

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concedo um aparte a S. Exª.

            O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Eu queria manifestar, em nome da Liderança do Governo, nossos sentimentos de pêsames à família do grande Senador Tasso Jereissati, pela perda da sua mãe, Dª Maria de Lourdes, e estender esse voto de pesar a toda sua família, a Carlos Jereissati, a Lia Jereissati, à Lia Jereissati, aos filhos e aos netos de Dona Maria de Lourdes. Sabendo o quanto é doloroso, pela relação muito profunda que o Senador Tasso tinha com sua mãe, acompanhamos, ao longo desta semana, toda a dor e tristeza. Sei que esse é o sentimento de todos os Senadores que têm pelo Senador Tasso um imenso respeito. Por isso, quero ao Presidente da Casa expressar o nosso sentimento e deixar o nosso abraço ao Senador Tasso Jereissati.

            O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Permita-me, Senador Mão Santa, finalizar o aparte que V. Exª me concede. Santa Catarina também é um Estado que contribuiu, e contribui muito, com o nosso País, com a sua história. Sempre que uso a tribuna falo com o coração, mostrando as potencialidades de Santa Catarina, mas V. Exª o faz pelo Piauí a todo momento. Essa unidade que existe entre Heráclito Fortes e Alberto Silva em defesa do Piauí orgulha a sociedade desse Estado. V. Exª, um dos grandes oradores, sempre cita o Piauí como o Estado mais pujante do Brasil. Na verdade, é um Estado importante, foi, é e será, mas o Governo Federal certamente não o reconhece, não dá a atenção devida que merece aquele Estado, mesmo pedindo V. Exª, todos os dias, a atenção do Governo Federal. O Governo Federal não dá atenção para o seu Estado como também não dá para o meu Estado, Santa Catarina. Mas não deixa, mesmo assim, o Piauí de ter aqui três grandes Senadores: Heráclito Fortes, Mão Santa e esse exemplo de homem público que é Alberto Silva.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradecemos a V. Exª e sabemos o significado de Santa Catarina. Quando governei o Piauí, fui a Gaspar buscar a Bunge, que era a Ceval e que se transformou numa multinacional, e hospedaram-me em Camboriú, um pedaço do céu, como o nosso Piauí, a Cidade que V. Exª construiu. Deus fez a natureza, e V. Exª, os encantos da Cidade.

            Darei o aparte ao nosso Líder, do PMDB do Amapá, Senador Gilvam Borges.

            Mas, antes, Srª Presidente, que aqui está presidindo em virtude da ausência do nosso Presidente que nos foi representar junto ao Senador Tasso Jereissati, também quero incorporar o sofrimento do Estado do Piauí pelo falecimento da mãe do Senador Tasso Jereissati, a quem todos somos muito ligados, desde o seu pai, em quem tive o privilégio de votar para Senador, quando estudava em Fortaleza. Aqui o Piauí apresenta as suas condolências por intermédio de Alberto Silva, do Deputado Federal Antônio José de Moraes Souza, do Prefeito de Barras e do próprio Senador Severo Eulálio.

            Concedo o aparte ao nosso Líder do PMDB Gilvam Borges.

            O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Senador Mão Santa, V. Exª não só emociona. V. Exª representa a vanguarda, a disposição e a coragem do Piauí.

(Interrupção do som.)

            O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - V. Exª é a imagem. Eu estava ouvindo o discurso de V. Exª, vendo o chapéu quebrado do cangaceiro, do rompedor, vendo aquele chapéu quebrado do grande general Napoleão à frente da cavalaria. V. Exª é sempre uma voz à frente, encampando as idéias. Mais gratificante é ouvir o pronunciamento de V. Exª, quando traz a esta Casa uma homenagem justa e especial a esse grande estrategista Alberto Silva. Um homem de idéias, um homem de ação, que, com quase 80 anos de idade, continua com a vitalidade, com o entusiasmo defendendo o seu Estado. É justo, admirável, V. Exª vir e fazer esta homenagem a Alberto Silva, um dos quadros do PMDB. Portanto, congratulo-me e associo-me a este grande general das grandes causas do Piauí: Mão Santa. V. Exª, para mim, já não é mais a mão pecadora; V. Exª é o Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço ao Senador Gilvam Borges.

            Concedo o aparte a essa extraordinária figura que enriquece este Plenário. Sem dúvida, é uma figura que encanta. O Piauí toda hora nos cobra, Senador Ramez Tebet, a sua volta, a sua presença para descansar no Piauí.

            O Sr. Ramez Tebet (PMDB - MS) - Senador Mão Santa, devo isso a V. Exª. Estando na tribuna, V. Exª tem sempre uma palavra de solidariedade, uma palavra amiga, não só a respeito dos interesses do Piauí, mas a respeito de todos os seus colegas. V. Exª, a todo instante, homenageia os seus colegas, e tenho sido destinatário da gentileza de V. Exª. É por isso que, quando eu vi V. Exª na tribuna e vi presente no nosso plenário o seu irmão Antonio José de Moraes, que, junto com toda a sua família, tão bem me recebeu no Estado do Piauí, deixei o meu lugar para ficar ao seu lado, para que ele transmita a sua família no Piauí os meus agradecimentos. Senador Mão Santa, V. Exª é um homem que faz justiça, tem esse sentimento no coração e vem a esta tribuna prestar uma homenagem ao Senador que toda esta Casa admira. É unanimidade, como V. Exª afirma. É unanimidade no Piauí; é unanimidade no Senado da República. Tive oportunidade de votar em Alberto Silva. V. Exª deve estar-se perguntando porque não está lembrando: “Votou em Alberto Silva para quê? Qual foi o voto que V. Exª depositou em Alberto Silva?” Se V. Exª não está lembrado, votei em Alberto Silva para que ele representasse o Senado da República no Conselho da República. Isso por quê? Pela sabedoria de Alberto Silva, pela sua experiência, tanto é que o eminente jornalista do Piauí compara a administração de Alberto Silva à de Juscelino Kubitschek de Oliveira, tão homenageado nesta Casa. Portanto, parabéns a V. Exª, Senador Mão Santa, parabéns ao eminente jornalista do Piauí. Senador Alberto Silva, olho para V. Exª e lembro que alguém disse “o estrategista”. Muitos vão se lembrar de V. Exª pelas teses que tem defendido. Estamos numa operação tapa-buraco. V. Exª foi ao Ministério dos Transportes, ocupou esta tribuna, foi à Presidência da República e perguntou - não vou repetir como - se poderia consertar as estradas do Brasil. V. Exª tem ocupado a tribuna para mostrar o valor do biodiesel. V. Exª será lembrado. Sem dúvida alguma, é um grande Senador da República. Eu não poderia deixar, Senador Mão Santa, de me associar às palavras de V. Exª. Muito obrigado.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Ramez Tebet, agradeço a V. Exª e peço para incorporar todas as suas palavras ao meu pronunciamento. O Piauí não esquece os poucos dias em que V. Exª foi Ministro - ninguém o excedeu -, e V. Exª foi mais dadivoso ao Piauí. Com V. Exª, inauguramos barragens, açudes, conjuntos habitacionais. Traduzindo a gratidão do povo do Piauí, outorgamo-lhe a comenda maior Grã-Cruz Renascença do Piauí, inspiração do Governo passado de Alberto Silva.

            Para terminar - os últimos serão os primeiros -, apresento o aparteante não como um Senador, mas com um título que nos iguala. Temos o mesmo amor pelo Piauí, mas apresento-o como filhote de Alberto Silva. Eu e o Senador Heráclito Fortes somos filhotes políticos de Alberto Silva.

            Concedo o aparte ao Senador Heráclito Fortes.

            O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Meu caro Senador Mão Santa, trazer à tribuna do Senado Federal o artigo do jornalista Zózimo Tavares a respeito do Senador Alberto Silva é mais um momento de felicidade de V. Exª. Primeiro, porque, além de fazer justiça a Alberto Silva, faz justiça a um dos melhores jornalistas que o Piauí tem. A pureza, a leveza de seu artigo demonstra exatamente o sentimento que contaminou toda uma geração de piauienses, que é a geração pós Alberto Silva. Antes de ontem, fizemos aqui uma homenagem a Juscelino Kubitschek. Mostrei o quanto Juscelino influenciou minha vida; aliás, dois homens públicos influenciaram: Juscelino e o Dr. Alberto Silva. Com relação ao Dr. Alberto, há um fato interessante. Quando foi escolhido Governador do Piauí, eu já não morava no Estado, morava em Recife, e nos encontramos por diversas vezes...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - ..., uma vez que eu tinha ligações familiares com a cidade de Parnaíba. Senador Mão Santa, tive a oportunidade, em suas constantes idas a Recife, de admirar o Dr. Alberto Silva, em primeiro lugar, por seu apreço à juventude. Procurava, por meio dos estudantes piauienses que estavam na universidade pernambucana - e isso ele não fez apenas no Piauí, mas no Brasil inteiro, por onde andava, peregrinando - mostrar que queria mudar o Piauí, que precisava, acima de tudo, da fé e da crença dos jovens. Proferiu palestras no Piauí, no Ceará - o Ceará já o conhecia -, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, no Brasil inteiro. A primeira impressão era de pessoas assustadas em ver sair do Piauí, um Estado adormecido, esquecido, que vivia humilhado, um engenheiro mostrando que faria o que ninguém acreditava. A primeira providência de S. Exª foi recuperar o estado de espírito do piauiense, avacalhado com aquela famosa história de Caravelli, de a bandeira do Piauí ser feita de couro de bode e outras coisas mais. O piauiense era um cabisbaixo. A primeira lição que S. Exª deu - ontem comentávamos na tribuna -foi um fato interessante. As grandes febres nacionais naquele momento eram o Santos e o Pelé. O Santos ia disputar um jogo em São Luis e outro em Fortaleza. A Federação Piauiense de Futebol procura o Governador Alberto Silva e diz: “Vamos aproveitar e fazer o jogo aqui em Teresina”. Ele disse: “Pois não, o Estado ajuda. Mas cadê o contrato? O Pelé joga?” “O Pelé joga”. Resolveram tirar o Pelé, que foi direto para Fortaleza sem passar por Teresina. Alberto Silva suspendeu o jogo e alguns dizem que prendeu o time. Não sei se prendeu ou não. O certo é que foi uma lição tremenda, dada por esse homem que teve a coragem de parar o time do Santos por dois dias em Teresina. O time do Santos teve de sair às pressas para cumprir seu último compromisso em Fortaleza. Desmoralizado, não o time, que não tinha nada com isso, mas os que firmaram aquele contrato não cumprido com o Piauí. A partir desse momento, nos primeiros meses de Governo, a imagem de Alberto Silva como Governador mudou e passou a ser o Governador do otimismo. Construiu estradas e o “Albertão”. Cortou o Piauí de ponta a ponta com asfalto. Asfalto era coisa rara no Estado, naquela época. Construiu hotéis, que o Piauí não tinha sequer para receber turistas. Realizou, portanto, uma verdadeira revolução. De forma que Zózimo Tavares é muito feliz quando faz essa comparação. É muito feliz quando traça o paralelo entre esses dois homens. A única diferença é que Juscelino governou Minas, um Estado rico, e Alberto o Piauí, um Estado pobre.

(Interrupção do som.)

            O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Além do que, passados vários anos da sua primeira administração, ainda é respeitado, idolatrado por todos os piauienses, motivo pelo qual eu me associo a V. Exª nessa homenagem. Tenho muito orgulho de dizer - como já disse diversas vezes no Piauí - que comecei minha vida pública com ele, motivo que até causou estranheza familiar, porque minhas ligações familiares eram exatamente com os seus adversários. E minha ligação política, no Piauí, foi exatamente com Alberto Silva, esse Governador que desbravou. E não é nenhuma injustiça compará-lo, nas devidas proporções, ao que JK fez pelo Brasil. Muito obrigado, Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço ao Senador Heráclito Fortes e ao Senador que acompanha as mensagens musicais. Lembrava-me de que ninguém perde o seu caminho de volta. Então, que V. Exª volte a apoiar Alberto Silva em sua volta ao Senado, como Rui Barbosa recebeu a gratidão do povo baiano fazendo-o Senador por 32 anos.

            Senador Alberto Silva, um bem nunca vem só, como dizia o Padre Antonio Vieira, citado por Heloísa Helena, freqüentemente. Alberto Silva levou Pelé para jogar, mas não ficou só aí não, Antonio José, meu irmão.

            O litoral do Piauí, pequeno, Senadora Heloísa Helena, como perfume francês de grande valor, tem quatro cidades. O turismo é mais forte em Luiz Correia, e eu era Prefeito de Parnaíba. Fiz um outdoor, aproveitando o Pelé. Pelé veio ao Piauí, ao litoral, e só tomou banho na Pedra do Sal, praia de Parnaíba. Alberto Silva levou o Pelé para tomar banho lá, na praia da Pedra do Sal.

            O Senador Leonel Pavan está com inveja porque Camboriu perde, é medalha de prata, e Pedra do Sal é medalha de ouro no turismo.

            A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - E Alagoas?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Medalha de bronze.

            O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - O Pelé foi pegar um bronzeado.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Concedo um aparte ao nosso Senador por Goiás, Demóstenes Torres. O orador grego era gago; este não é, é melhor.

            Senadora Lúcia Vânia, sabe qual é a grande homenagem que o Senador Alberto Silva recebe hoje? Permita-me V. Exª, não sei se isso é decoro, mas V. Exª é uma Senadora bonita, lembra Martha Rocha e, sobretudo, a encantadora Florisa Silva, a musa inspiradora de Alberto Silva, sua esposa - é mais uma homenagem à sua figura loira, assim pura.

            Concedo o aparte ao Senador Demóstenes Torres.

            O Sr. Demóstenes Torres (PFL - GO) - Senador Mão Santa...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Demóstenes Torres (PFL - GO) - O microfone está desligado. Senadora Lúcia Vânia, muito obrigado pela deferência. Senador Mão Santa, V. Exª faz um pronunciamento absolutamente respeitoso e correto sobre o nosso queridíssimo Alberto Silva. Eu já o conhecia pela sua história de administrador, de homem correto, que conseguiu colocar o Estado do Piauí inclusive no mapa político do Brasil; um administrador competente e que aqui tem dado mostras a todos nós. Quando fala, observa-se o silêncio respeitoso e atento dos demais Senadores. É conhecedor profundo da área de infra-estrutura, de transporte, de biodiesel, e fala como estudioso que é. Além disso, é um homem sensato, muito sensível, pianista. Outro dia, tive a oportunidade de vê-lo tocando piano em um programa de TV, e tudo isso engrandece muito o Senado Federal. Quando sai candidato no Piauí, é tratado por V. Exª e por outro grande Senador do Piauí, outra grande figura pública do Brasil, que é o Senador Heráclito Fortes, mais ou menos como Pelé no futebol. Alberto Silva é o Pelé da política no Piauí, reconhecido por V. Exª e pelo Senador Heráclito Fortes. De sorte que, não estando no Piauí, não sendo do Piauí, mas pelos grandes homens públicos daquele Estado, especialmente pela figura vetusta, impoluta, tranqüila, serena e sólida do Senador Alberto Silva, eu gostaria de fazer minhas também as palavras do Senador Heráclito Fortes e do Senador Mão Santa. Gostaria muito que V. Exª pudesse voltar aqui. Isso não é raro, pois, outro dia, estava vendo um Senador nos Estados Unidos com mais de cem anos. A experiência e solidez de V. Exª, com certeza, engrandecerão cada vez mais a vida política brasileira. Parabéns ao Senador Mão Santa e parabéns especialmente a V. Exª.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Demóstenes, V. Exª nos trouxe esse outro aspecto do Alberto, o de artista. Ele é pianista. Lembro-me de que, na campanha de 1994, Senadora Heloísa Helena - isso é para estimulá-la na sua candidatura -, de repente o Alberto me pegou para ser candidato a Governador - eram três Prefeitos contra 142. Havia dificuldades contra o Governo, porque havia uma forte estrutura oligárquica. Estávamos jantando e pensando em como romper aquela estrutura. Disse: “Alberto, vá para o piano”. Mandei gravar e pedi ao radialista da rádio minha e de meu irmão Antônio José anunciar: “Alberto Silva ao piano”. Ele tocou uma música e era um gênio. E, assim, fiz a ele o convite para o nosso primeiro comício. Então, utilizei essa arte dele - eu não tinha o Duda - como marketing e propaganda. Antes de fazer os convites, ouvia-se a música do Alberto.

            Essa é a história. Já estamos tomando muito tempo. Agradecemos a todos.

            Resumindo tudo o que foi dito, está aqui a bandeira do Brasil, mas, Heloísa Helena, a do Piauí é mais bonita, tem as mesmas cores e decisão. Só tem uma estrela. Historicamente, dizem que é Antares, que está no céu. Ele fez até um barco chamado Antares. Mas quero dizer que a estrela da bandeira do Piauí é Alberto Silva, e o Piauí não pode faltar com ele, a exemplo da Bahia, que mandou Rui Barbosa para cá por 32 anos. Agora que o Piauí mandou Alberto por 16 anos. Ainda está lhe devendo muito.

            Essas são as nossas palavras. Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/02/2006 - Página 2951