Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Lula.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas ao Governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 08/02/2006 - Página 3420
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • PROTESTO, SUPERIORIDADE, TRIBUTAÇÃO, IMPOSTO DE RENDA, BRASIL, AUSENCIA, ATENDIMENTO, SEGURANÇA PUBLICA, CRITICA, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), FAVORECIMENTO, BANCOS, PREJUIZO, TRABALHADOR.
  • DENUNCIA, INFERIORIDADE, SALARIO, SERVIDOR, BANCO DO BRASIL, COMPARAÇÃO, SUPERIORIDADE, VENCIMENTO, JUDICIARIO.
  • ANALISE, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, EXCESSO, DIFICULDADE, PREFEITURA MUNICIPAL, DESEQUILIBRIO, DISTRIBUIÇÃO, RECEITA, UNIÃO FEDERAL.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ao art. 14, eu prefiro o nº 15, que é o número do meu Partido, o PMDB.

            Senador Alberto Silva, lá na Bíblia há um provérbio, o 15, de Salomão: “A palavra branda afasta a ira; a palavra dura suscita o rancor”. Mas aqui estamos no debate qualificado.

            Senador Alberto Silva, não estou nem com o neoliberal do PSDB, nem com o modelo paraguaio do Lula. Diz a Bíblia que a sabedoria está no meio, e venho aqui dizer, no debate qualificado em que estamos, Senador Renan, como Rui Barbosa disse: “A primazia é do trabalho e do trabalhador; ele é quem faz a riqueza”.

            Prof. Mercadante, Senador e professor, atentai bem: em 1969, eu já trabalhava, e muito; já era cirurgião. Lembro-me de dois que trabalhavam conosco: o meu anestesista, Dr. Narciso, e o meu cardiologista, Dr. Mário Lajes. Eles faziam o meu imposto de renda enquanto eu operava. Senador Mercadante, em 1969, eu já trabalhava como cirurgião. Eles diziam: “Ó Mão Santa, a gente trabalha um ano, e o Governo tira um mês. É muito, explora”. Agora, Mercadante, é uma vergonha: de cada ano que se trabalha, cinco meses o brasileiro e a brasileira trabalham para o Governo. E este Governo aí não devolve em segurança, em educação, em saúde.

            Norberto Bobbio, senador vitalício, disse que o mínimo - esse é o debate qualificado, ó Lula, - a se exigir de um governo é a segurança, que não existe no País. Além da insegurança, há esse imposto. Aguardo a reforma partidária para pedir permissão para mudar o nome do PT para PB, porque neste Governo só quem ganhou dinheiro e se beneficiou foram os banqueiros. Não se pode servir a dois senhores: ao trabalhador e ao dono do dinheiro. Só quem ganha dinheiro, repito, são os banqueiros.

            Esse é o debate qualificado para o qual queremos chamar a atenção. E o que vi aqui de dívida assusta. Pagou-se ao FMI, mas dezenas de vezes nós, nas vergonhosas medidas provisórias, fizemos dívidas com outros bancos, como o BID e o Bird. E quanto à dívida interna, os prefeitinhos estão aí, todos eles, devendo à Caixa Econômica, ao Banco do Brasil e aos bancos privados.

            A maior vergonha, Senador Jefferson Péres, é o Banco do Brasil, protegido por este Governo, que se ajoelha diante dos poderosos. Há um chamamento para concurso de técnicos bancários, que vão ganhar menos de R$ 300,00. Que vergonha! Que vergonha esse partido! Nós nos agachamos perante as medidas provisórias e garantimos ao Poder Judiciário o teto de R$27.0000,00. Em qualquer país civilizado, organizado, a diferença do maior salário para o menor é 10 vezes. Então, o salário mínimo deveria ser pelo menos R$2.000,00.

            Presidente Renan Calheiros, respeito V. Exª, que teve brilhante trajetória no Poder Judiciário. Ninguém o excedeu. V. Exª se igualou a Petrônio Portella, o piauiense, como Ministro da Justiça e parlamentar brilhante, que também presidiu esta Casa.

            Quero dar a minha experiência de prefeitinho e de Governador de Estado. Nunca vi os prefeitos enfrentarem tantas dificuldades. Alberto Silva, em 1948, foi um prefeito grandioso. Essa é a imagem que tenho. Eu sempre converso com os prefeitos, Senador Jefferson Péres, que estão todos tresloucados, porque ninguém respeita aquilo que Rui ensinou: a obediência à lei, à justiça, simbolizada pela Constituição, que é a salvação. A Constituição estabelece, na divisão do bolo dos impostos, 53% para a União, 22,5% para os Estados, 21,5% para os Municípios e 2% para os fundos constitucionais - assim fecham os 100%, Senador Alberto Silva, que é matemático, -, mas os prefeitos, garfados pela Presidência da República, recebem menos de 14% e estão em dificuldade. É no município que mora o nosso pai, a nossa mãe e os nossos filhos; moram lá e não no Alvorada, como aqueles que estão bebendo vinho Romanée-Conti.

            Esse é o debate qualificado de que queremos participar.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/02/2006 - Página 3420