Discurso durante a 17ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise do comentário do presidente do PT, Ricardo Berzoini, sobre declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Corrupção no Governo atual. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Análise do comentário do presidente do PT, Ricardo Berzoini, sobre declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Corrupção no Governo atual. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 07/02/2006 - Página 3221
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), AMEAÇA, PROCESSO JUDICIAL, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DIFAMAÇÃO, ACUSAÇÃO, CORRUPÇÃO, VINCULAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, ANEXAÇÃO, ANAIS DO SENADO, CONTINUAÇÃO, DENUNCIA, NEGLIGENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, tive a honra de encaminhar requerimento à Mesa no mesmo sentido, com toda justeza e justiça, do ora apresentado pelo Senador José Jorge, Líder da Minoria nesta Casa.

            O Presidente do PT, Deputado Ricardo Berzoini, resolveu hoje fazer humor. Fez humor negro o PT com o quadro de corrupção que se espraiou pelo País. E agora faz pura e simplesmente humor, sai pelo lado do ridículo. Diz ele que vai processar o Presidente Fernando Henrique Cardoso por difamação.

            Acho ótimo, ele está desafiado a fazer isso. Acho ótimo. O Presidente Fernando Henrique Cardoso certamente requererá a exceção da verdade e inserirá nos Anais da Justiça Brasileira tudo isso que já foi apurado pelas CPIs. Tudo.

            Ou seja, dizer que Fernando Henrique chamou de desonestos e corruptos os oitocentos mil militantes petistas é injusto. Chamou de desonestos e corruptos todos os que Delúbio protegeu com o seu silêncio desavergonhado, com aquele seu silêncio bochechudo, com aquele seu silêncio desonesto. Chamou de corruptos e desonestos os que “Sílvio Land Rover Pereira” protegeu com o seu silêncio. Chamou aqueles que foram protegidos pelos habeas corpus dos que requereram habeas corpus para não falar a verdade nas Comissões Parlamentares de Inquérito. Então, está o Sr. Berzoini desafiado a processar o Presidente Fernando Henrique sim.

            Ele deveria aproveitar e processar o Sr. Marco Aurélio Garcia, que deu uma entrevista para pesquisadoras britânicas. E elas consideram, as duas, que a imagem de Lula foi danificada - e peço que isso vá para os Anais. E diz, a certa altura da matéria à Folha de S.Paulo, o Sr. Marco Aurélio Garcia “que o PT perdeu o caráter e a credibilidade”. Mais ainda: “O secretário-geral do partido recebeu um Land Rover de presente”. Aí, ele faz a pilhéria, diz que, com isso, quem ficou com a imagem danificada não foi o Sílvio, foi a Land Rover, por ser um carro usado por Sílvio Pereira.

            Vamos, então, saber se tem ou não corrupção neste Governo.

            “PT não pagou uso de jatinho”, diz Colnaghi. O Ministro da Fazenda chega aqui, é tratado por nós, Parlamentares, com toda a consideração e, depois, na Folha de S.Paulo novo desmentido. Não falou a verdade. Aqui está: “PT não pagou o uso de jatinho”, diz Colnaghi. Então, houve mesmo tráfico de influência nesse episódio. Aos Anais.

            O caso Okamotto, por detrás do qual se esconde um dos mais repulsivos ardis, é, felizmente, de largo domínio público. E está em todos os jornais e revistas como a Época desta semana, na coluna de Joyce Pascowitch.

            Ardil é um meio astucioso a que burladores da lei recorrem para iludir a opinião pública. É quase um estratagema, uma manha das mais tolas, porque os ardileiros supõem que o povo não está nem aí. Está. E de olho vivo e agora um pouco mais tranqüilo porque faltam 321 dias para o fim deste desastrado Governo. Ou “desastradérrimo”, como já começam a dizer nas rodas de conversa informal.

            Leio o que diz a bem escrita coluna da Joyce:

O Palácio do Planalto trabalhou muito nos bastidores para que Paulo Okamotto entrasse no Supremo a fim de barrar a quebra de seu sigilo bancário e telefônico. Aliás, a decisão do Ministro Nelson Jobim de não aceitar os pedidos foi muito comemorada no Palácio. E ninguém fez questão de disfarçar.

            Diante dessa desfaçatez, é de observar que certamente o ilustre Ministro Nelson Jobim foi jurídico, não o coloco em dúvida. Mas pergunto: o Governo comemora o quê? O que poderia estar nos sigilos do Sr. Okamotto que pudesse ofender as vestais paridas do Palácio do Planalto?

            O pulo do gato ou a sua malandrérrima postura de tocar o barco fingindo que governa?

            Falando em gato, não custa lembrar que já está na chamada “voz rouca das ruas” pelo menos uma certeza: o desastrado Governo Lula vende gato por lebre!

            Ao concluir, e após a menção a Joyce Pascowitch, incluo neste pronunciamento também a matéria “Planalto vê escândalo no fim e aposta em détente nas denúncias”.

            Para o Planalto, estaria esgotado o efeito das denúncias de corrupção, responsáveis pela corrosão do prestígio de Lula no segundo semestre de 2005.

            Eles confundem fatos com denúncias. Antes, fazem um monte de asnices, são apanhados com a boca na botija e depois ficam de reza brava para tudo se acabar na sexta-feira.

            Inadequadamente, os do Palácio disseram à imprensa que a Oposição deve reduzir a exploração do tema.

            Quanta riqueza nesse novo FEBEAPA! É a nova versão do Festival de Besteiras que Assola o País, que o saudoso Stanislaw Ponte Preta criou num cenário muito parecido com o que agora se vê ali do outro lado da rua.

            Mas, muito bem, Sr. Presidente, peço que vá para os Anais esta peça, mais a declaração de Joyce. E concluo dizendo a V. Exª que é muito bom mesmo - repito, voltando ao início do meu discurso - que o Presidente do PT tenha a ousadia de processar o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Está desafiado a fazê-lo. O Presidente Fernando Henrique requererá a exceção da verdade e poderá provar mesmo algo que já está provado, algo que já está jurisprudenciado.

            Só duas pessoas não acreditavam em corrupção neste Governo. Uma, sinceramente, Senador Cristovam, morreu. O Veríssimo comunicou dolorosamente o falecimento da Velhinha de Taubaté. Ela morreu. A Velhinha de Taubaté morreu. Ela não está mais viva. Quem comunicou a morte foi seu criador, o romancista e intelectual brasileiro, Veríssimo.

            A outra pessoa - aí já não há sinceridade nela - é o Presidente Lula, que não viu “mensalão”, não sabe de “mensalão”, não sabe de nada, não tomou conhecimento de coisa alguma. E nós sabemos que ele dirige o Governo que patrocinou a mais sistêmica, endêmica e epidêmica corrupção que já se viu na República Brasileira.

            O Presidente Fernando Henrique não quis ofender os oitocentos mil petistas. Não. Até porque a maioria esmagadora dos petistas é formada de gente honesta. Quem não é honesto? Quem não é honesto é quem aceitou cargo público para não trabalhar, para contribuir com um dizimozinho para o Governo e, roubando ou não, para roubar, pelo menos, a necessidade, a obrigação de prestar serviço público correto para o povo. Quem ganha dinheiro sem trabalhar, para mim, é ladrão do dinheiro do povo sim; indireto, mas é ladrão!

            Por outro lado, quem meteu a mão no dinheiro e é protegido pelo silêncio do Delúbio é ladrão! E essa gente, isso é esquema de máfia, é na máfia que silenciam assim. É na máfia que fulano morre, desde que a família dele seja recompensada. E esse silêncio, para mim, está sendo pago a peso de ouro. Eu não acredito em tanta devoção. Não acredito, aliás, em devoção de Delúbio a José Dirceu. A devoção é a Lula. O chefe de Delúbio é Lula. O chefe do Silvio Pereira pode ser o José Dirceu, mas o chefe de Delúbio é Lula, esta é a minha opinião.

            Portanto, encerro, Sr. Presidente, dizendo que é com muita alegria que aguardamos essa oportunidade de o Sr. Berzoini tentar se alçar à audácia de efetivamente processar o ex-Presidente Fernando Henrique Cardos para que ele prove sim, requerendo a exceção da verdade, que este é um Governo que tem patrocinado corrupção - e muita corrupção - neste País, infelicitando a nossa sociedade.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO.

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            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o caso Okamoto, por detrás do qual se esconde um dos mais repulsivos ardis, é, felizmente, de largo domínio público. E está em todos os jornais e em revistas, como a Época desta semana, na coluna de Joyce Pascowitch.

            Ardil é um meio astucioso a que burladores da Lei recorrem para iludir a opinião pública. É quase um estratagema, uma manha das mais tolas, porque os ardileiros supõem que o povo nem está aí. Está. E de olho vivo e agora um pouco mais tranqüilo por que faltam apenas 321 dias para o fim desse desastrado Governo. Ou desastradérrimo, como já começam a dizer nas rodas de conversa.

            Leio o que diz a bem escrita coluna da Joyce:

            O Palácio do Planalto trabalhou muito nos bastidores para que Paulo Okamoto entrasse no Supremo a fim de barrar a quebra de seu sigilo bancário e telefônico. Aliás, a decisão do Ministro Nelson Jobim de não aceitar os pedidos foi muito comemorada no Palácio. E ninguém fez questão de disfarçar.

            Diante dessa desfaçatez, e de observar que Jobim foi certamente jurídico....pergunto:

            -O Governo comemora o quê?

            O pulo do gato ou a sua malandrérrima postura de tocar o barco fingindo que governa?

            Em não custa lembrar que, falando em gato, já na está na chamada voz rouca das ruas pelo menos uma certeza: o desastrado Governo Lula vende gato por lebre!

            Ao concluir, e após a menção a Joyce Pascovich, incluo neste pronunciamento também a matéria “Planalto vê escândalo no fim e aposta em détente nas denúncias.

            Para o Planalto, estaria esgotado o efeito das denúncias de corrupção, responsáveis pela corrosão do prestígio de Lula no segundo semestre de 2005.

            Eles confundem fatos com denúncias. Antes, fazem um monte de besteiras, são apanhados com a boca na botija e depois ficam de reza brava para tudo se acabar na sexta-feira.

            Inadequadamente, os do Palácio disseram à imprensa que a oposição deve reduzir a exploração do tema.

            Quanta riqueza nesse novo FEBAPA! É a nova versão do Festival de Besteiras que Assola o País, que o saudoso Stanislaw Ponte Preta criou num cenário muito parecido com o que agora se vê ali do outro lado da rua.

             É besteira atrás de besteiras, como diz a Agência Reuters:

            "Esperamos que a oposição compreenda que uma guerra de mútua destruição não vai levar ninguém a lugar nenhum e que o melhor a fazer é aguardar o resultado de todas investigações, sem exageros de retórica", disse à Reuters um auxiliar direto de Lula na condição de não ser identificado.

            -Que guerra é essa, meus caros despreparados?

            - E quê significa exageros de retórica? Quem exagerou? Pergunte ao povo e a resposta vai dar direto: quem exagerou foram esses que meteram a mão no dinheiro público!

            Não sei se dá para rir ou para chorar. Só sei que o Stanislaw Ponte Preta está fazendo falta.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termpos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Planalto vê escândalo no fim e aposta em "Détente" nas denúncias.

Por Ricardo Amaral

BRASÍLIA (Reuters) - Depois que duas pesquisas nacionais (Ibope e Datafolha) apontaram recuperação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Planalto avalia que estaria esgotado o efeito negativo das denúncias de corrupção, responsáveis pela corrosão do prestígio de Lula no segundo semestre de 2005.

O governo também calcula que a oposição deve reduzir a exploração do tema, enquanto persistir a investigação da Polícia Federal sobre um suposto caixa dois na estatal Furnas, que teria beneficiado, em 2002, aliados do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"Esperamos que a oposição compreenda que uma guerra de mútua destruição não vai levar ninguém a lugar nenhum e que o melhor a fazer é aguardar o resultado de todas investigações, sem exageros de retórica", disse à Reuters um auxiliar direto de Lula na condição de não ser identificado.

Seria uma "Détente" (distensão) não-declarada, entre adversários poderosos, mas vulneráveis. "Détente" foi a política que reduziu a corrida nuclear entre Estados Unidos e a ex-URSS, entre 1973 e 1979, quando as duas potências tinham poder de destruição equivalente.

O Planalto, segundo a fonte, relaciona a recuperação de Lula e a investigação de Furnas aos últimos movimentos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em artigo publicado domingo, o tucano acusou Lula de fazer campanha eleitoral fora da lei e de praticar "demagogia eleitoreira". Em entrevista à "IstoÉ," disse que "a ética do PT é roubar".

O ex-presidente será o entrevistado do programa "Roda Viva" da TV Cultura, nesta segunda-feira. Na reunião da coordenação de governo desta segunda, Lula decidirá o contra-ataque e pode antecipar o anúncio do novo programa habitacional do governo, de forte apelo popular, informou o auxiliar de Lula.

CORRUPÇÃO X ADMINISTRAÇÃO

O Datafolha mostra que a aprovação ao presidente cresceu, entre dezembro e fevereiro, de 28 por cento para 36 por cento dos entrevistados, embora 82 por cento acreditem que haja corrupção no governo, número semelhante ao apurado em outubro (81 por cento).

"Se a aprovação cresceu, voltando aos níveis anteriores à crise, e a percepção de corrupção permanece a mesma, é sinal de que o governo passou a ser avaliado também pelos resultados administrativos e pelas políticas econômica e social", analisou o auxiliar de Lula.

A investigação da PF sobre a chamada "lista de Furnas" foi tornada pública quarta-feira, seguida por uma série de negativas de políticos do PSDB, PFL e outros dez partidos mencionados em uma cópia da relação examinada pela polícia, sem origem comprovada.

A lista de supostos beneficiários e doadores tem assinatura reconhecida em cartório do ex-diretor da estatal Dimas Toledo, que nega ter produzido o documento examinado pela PF. Dimas foi posto em Furnas por Fernando Henrique, mantido por Lula e exonerado em agosto, acusado pelo ex-deputado Roberto Jefferson de envolvimento no mensalão.

Apesar da negativa e de inconsistências apontadas na lista, fonte da PF ligada à investigação disse à Reuters que a polícia está analisando a contabilidade da estatal no governo passado e vai convocar políticos e empresários citados na relação.

"INGENUIDADE"

Para o Planalto, a recuperação de Lula nas pesquisas abre a oportunidade de trazer a disputa eleitoral para a comparação entre os resultados econômicos e sociais do governo atual e do anterior.

Lula quer atrair os adversários para esse debate, segundo a fonte do Planalto, e orientou os ministros a divulgar os programas sociais e os feitos administrativos considerados bem-sucedidos.

"Seria ingênuo achar que o problema das denúncias acabou para o governo, mas a pesquisa mostra que a população já quer discutir outros assuntos, quer discutir quem governa melhor o Brasil", acrescentou o auxiliar de Lula.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Presidente do PT diz que vai processar FHC por difamação”;

“Corrimão”. revista Época, 6 de fevereiro de 2006;

“PT não pagou o uso de jatinho, diz Colnaghi”, Folha de S.Paulo;

“Assessor de Lula critica o PT e o governo”. Folha de S.Paulo.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/02/2006 - Página 3221