Discurso durante a 17ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Presença do PMDB no cenário nacional.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Presença do PMDB no cenário nacional.
Publicação
Publicação no DSF de 07/02/2006 - Página 3237
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • DEFESA, CANDIDATURA, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REPUDIO, HIPOTESE, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Senador Garibaldi Alves Filho, do PMDB do Rio Grande do Norte, que preside esta sessão, Srªs e Srs. Senadores, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, boa-noite.

            Senador José Agripino, nós, do Nordeste, crescemos com Os Sertões. Neste, o autor disse: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte.” E aqui estamos.

            Lula avisa: “Tudo pelo PMDB.” Senador Antonio Carlos Magalhães, queria dizer-lhe que o PMDB não tem nada a ver com Lula, nem Lula com o PMDB. Eu gostaria de dizer isso com a mesma força com que o Senador Antonio Carlos Magalhães diz que uma decisão do PFL sem a participação dele não vale.

            Eu digo aqui no Senado, Senador Garibaldi: não vale nada sem nós. Eu represento a história do PMDB, a luta do PMDB. Não vale nada, Lula! Estão lhe enganando! Estão lhe traindo! Aliás, o senhor merece, porque o senhor enganou o povo do Brasil, os brasileiros, os trabalhadores.

            O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Concordo totalmente com as suas palavras, menos com a expressão “ACM diz”, mas “ACM dizia”.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Menos?

            O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Menos com a expressão “ACM diz”. Eu dizia no passado.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não, mas V. Exª sabe - e quero dar o testemunho - que o partido de V. Exª cresce na Bahia, no Piauí e no Brasil, pela postura de coragem de homem público que V. Exª e outros têm. E essa coragem tem também o meu PMDB.

            Quero lhe dizer aqui, Lula: Vossa Excelência não tem força nenhuma no PMDB!

            Senador Antonio Carlos Magalhães, o PMDB atraiu pessoas como nós, que estudamos, que entendemos a coisa. Não tem nada a ver com a cegueira política da ignorância audaciosa do PT e de Lula.

            Nós estamos aqui representando o PMDB, Senador Garibaldi! Nós recebemos o PMDB porque entendemos a coisa. Estamos aqui representando o povo, o povo que, buscando uma forma de governo, foi à rua e gritou: “Liberdade, igualdade e fraternidade”. Esse grito, Senador Botelho, fez cair todos os reis, todos os ditadores do mundo, e fez nascer a República: o governo do povo, pelo povo e para o povo. E é este o compromisso do PMDB: é com a democracia, é com o governo do povo.

            A democracia nasceu do povo, e, no PMDB, a mensagem de Ulysses Guimarães era: “Ouça a voz rouca das ruas”. Quem está na rua é o povo. A intimidade do PMDB é com o povo! O PMDB não tem intimidade nem cumplicidade com palácios! É com o povo! E eu o represento. Essa é a verdade.

            O PMDB não faltou à democracia na ditadura. Ulysses Guimarães aqui se candidatou, sem perspectiva nenhuma contra Geisel, no Colégio Eleitoral, para poder falar e clamar ao povo, para acreditar no renascer da democracia.

            Então, sim, a democracia tem a ver com o PMDB; com o sacrifício de Teotônio Vilela, moribundo, canceroso, pregando a democracia; com o nosso Tancredo Neves, que sabia que estava doente, mas protelou seu tratamento para garantir a transição democrática; com Juscelino Kubitschek, esse, sim, - médico como eu, cirurgião de Santa Casa, Prefeito, até cassado -, sacrificado pela democracia. Esse é o PMDB!

            Ó Lula, se manque! Vossa Excelência não vai comprar o PMDB como banana podre, como qualquer outro vendilhão. O PMDB é do povo. O PMDB é da democracia. O PMDB é do Brasil. Aprenda, Lula: só há democracia com partidos fortes. O nosso Partido tem a história mais bela e mais firme do período contemporâneo; nós não vamos vendê-la por nenhum cargo. O baiano Rui já disse: “Não troco minhas convicções por um ministério”. Falo como homem do Nordeste, como homem do PMDB: nós não vamos trocar. Ô Lula, se manque! Lá, no Piauí, onde Vossa Excelência está usando a podre máquina federal e estadual, não vai levar o PMDB. Lá, no Piauí, nós vamos enfrentar. Nós enfrentamos os portugueses e os expulsamos na Guerra do Jenipapo para fazer este País livre. Nós vamos expulsar os vendilhões do PMDB. Lá, nós vamos eleger o Senador da República do PMDB. Nós não vamos vender o mandato de Alberto Silva, como já estão negociando. Nós vamos trazer Alberto Silva, como os baianos trouxeram Rui Barbosa. No fim da vida, com 32 anos de mandato, os baianos não faltaram a Rui Barbosa. Nós vamos eleger o nosso Senador do PMDB, fazer voltar a esta Casa ele que é o presidente. Então essa é a nossa concepção.

            Olha, não quero que acabe o PT, de maneira nenhuma; nós queremos enfrentá-lo, peito aberto! Soberano da democracia, Senador Garibaldi, é o povo. Quando governei o Estado do Piauí, Deus me permitiu falar, com muita fé e muita convicção, Senador Antonio Carlos Magalhães: o povo é o poder. Nunca disse que eu era o poderoso, que o Governador era o poderoso. O povo! A democracia é do povo.

            Tirar o PMDB da disputa é como tirar o Flamengo do campeonato carioca; é como tirar o Brasil do campeonato mundial de futebol. Isso é um descaramento dos que estão aí se oferecendo para que o PMDB seja rabo do PT. Isso não vai acontecer; estaremos na luta. Falo com convicção, Senador José Agripino. No início dos anos 70, lá estávamos, na nossa cidade de Parnaíba, a conquistar a prefeitura contra os canhões e contra a ditadura. Foi longo e sinuoso nosso caminho; e esse é o nosso Partido.

            Senador Garibaldi, V. Exª é testemunha da história. Atentai bem! Em 1994, o nosso Partido teve um candidato a presidente da República; mesmo não tendo êxito Orestes Quércia, o PMDB foi o pai que trouxe ao Brasil nove governadores. Essa é a minha convicção, mesmo o Quércia não sendo vitorioso, Senador José Agripino, ele fez nove - nove! -, um terço dos governadores do Brasil. Desses nove, cinco estão aqui, levantando a bandeira do PMDB: o Presidente Garibaldi, o José Maranhão, o Maguito, o Raupp e Mão Santa. Isso mostra que a candidatura própria traz maior número de governadores, maior número de senadores - e faremos voltar aqui, entre eles o do Piauí, do PMDB, Alberto Silva -, maior número de deputados federais, maior número de deputados estaduais e possibilidade maior de conquistar prefeituras e câmaras de vereadores.

            Então este é nosso sentimento: o Partido é o nosso patrimônio para que surjam novas lideranças. Então, Lula, eu aviso: “Tudo pelo PMDB”. Lula, eu aviso: Estão te enganando! Os que estão aí tramando e vendendo o PMDB são do passado, da traição e da vergonha. O PMDB tem hoje unidade de comando e direção: é o nosso Presidente Michel Temer. Ele é o líder, ele auscultou a base e o povo do PMDB. Em convenção, em assembléias, o Partido decidiu por candidaturas próprias. E vamos oferecer os candidatos do PMDB. Nós nos curvamos à razão do PMDB e da democracia, que é o povo; o povo é soberano e decidirá. Mas eu decido, neste Senado, a falar pelo PMDB autêntico, histórico, pelo PMDB que fez renascer a democracia, por Ulysses Guimarães, encantado no fundo do mar, por Teotônio Vilela, Tancredo e Juscelino; digo que o PMDB nunca faltou à pátria e à democracia! Nós vamos - como disse o Apóstolo Paulo - percorrer os nossos caminhos, que são os caminhos do povo brasileiro, vamos pregar a nossa fé no direito à soberania e à democracia e combater o bom combate que é estar presente no grande banquete da democracia, nas eleições e nos curvaremos à soberania do povo.

            Então, vamos à luta e à vitória, buscar a riqueza da democracia, que é a alternância do poder. Todos juntos! O PMDB tem dois extraordinários candidatos a Presidente, e compete aos nossos filiados, no dia 19 de março, dia de São José, decidir pelo melhor para vencermos as eleições e colocar este País, acreditando no trabalho, para atravessar uma nova fronteira, com imaginação, inovação, criação e trabalho, abençoados por Deus, levando este País a uma democracia mais forte, à prosperidade e felicidade que o povo do Brasil merece.

            Era o que eu tinha a dizer Sr. Presidente.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/02/2006 - Página 3237