O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, saúdo a Senadora Ideli Salvatti, Líder do Governo nesta Casa, que se retira do plenário às 19h09min.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, tivemos hoje finalmente anunciado o nome do Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para concorrer como candidato do PSDB à Presidência da República. Espero que a base do Governo hoje durma aliviada. Já existe um concorrente para o Presidente Lula.

Senador Romeu Tuma, nunca vi tanta ansiedade como nesses dias. Houve uma torcida sinistra, Senador Garibaldi, para que houvesse briga na escolha do nome que concorrerá com o Presidente Lula no dia 1º de outubro - torcia-se pelo racha, achava-se que não se chegaria a um denominador comum. Agora, usando o mesmo critério do achismo, estão dizendo que, se fosse outro, seria melhor do que o escolhido. Esse processo aconteceria da mesma maneira, fosse o Serra ou fosse o Alckmin. Isso acontece muito quando o candidato posto, no caso o Presidente da República que está em processo de reeleição, muito pouco tem a acrescentar ao País: começa-se a querer invadir o quintal alheio.

Mas, Sr. Presidente, em uma escolha como essa era natural e é humano que uns preferissem o governador e outros preferissem o atual prefeito de São Paulo. A disputa era entre dois homens de extrema competência e, acima de tudo, qualidade. São dois homens públicos de vida ilibada e de conduta retilínea desde o início de suas vidas públicas.

Quero lembrar um fato, Senador Efraim: o Sr. Geraldo Alckmin exerce mandato eletivo desde os 19 anos de idade, foi de vereador a governador de São Paulo. Governou São Paulo constitucionalmente por quatro anos, mas, de fato, por quase seis. E aí, Senador Magno Malta, só para dar um exemplo de conduta familiar: sua filha já era e continua sendo balconista - ou vendedora, como queiram chamar - de uma loja de departamento em São Paulo; assalariada, não mudou em nada seu ritmo de vida, sua conduta, não mostrou valores que antes não tinha. Aliás, é admirável a conduta sóbria do Governador Alckmin, como também a do Prefeito José Serra.

Vamos partir, no momento oportuno, para uma campanha na qual o Brasil vai ter oportunidade de analisar a qualidade e os valores dos candidatos postos. E o Brasil vai ter, ao fazer a escolha em outubro, a obrigação de procurar a melhor opção para o País.

Senadora Heloísa Helena, esta semana vi, numa vinheta de propaganda partidária, um cego que questiona a figura de um cidadão que não sabia de nada e que não tinha conhecimento de nada. Ele, cego, mostra-se admirado, porque apesar da deficiência sabia de tudo o que acontecia em sua volta - diferentemente dos que têm visão plena e insistem em dizer que de nada sabiam de tudo isso que estamos vivendo no Brasil nos últimos dois anos.

Quero fazer esse registro e parabenizar a escolha e a solução dada neste primeiro passo da sucessão presidencial. Seremos parceiros dessa candidatura, louvando, acima de tudo, a moderação marcada pela liderança do Senador Tasso Jereissati na condução desse difícil processo de escolha.

Ouço V. Exª, Senador Romeu Tuma, com o maior prazer.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Não queria interromper V. Exª, mas, como paulista, não poderia me abster de falar. Há dias esperamos para saber o que acontecerá - sabe V. Exª que o nosso partido tomou a decisão de manter o silêncio e aguardar a decisão do nosso candidato César Maia. Agora, provavelmente, estão conversando o Senador Bornhausen e o prefeito do Rio de Janeiro para selar o destino do partido nas eleições. Nós vamos esperar a decisão do partido para saber o caminho a seguir. Gostaria, porém, de testemunhar que José Serra e Alckmin são grandes administradores, homens que têm tranqüilidade e respeito pelos cidadãos e pelos políticos, conversam, aceitam ponderações e idéias. Viajei e viajo muito com o Governador Geraldo Alckmin, que sempre tem tido a gentileza, principalmente quando percorre o interior para atender os prefeitos, de me levar como companhia. Em todas essas viagens tenho mostrado o sonho de ver um homem como ele realizando aquilo que realmente a sociedade precisa. Ele é um municipalista de primeira grandeza. O Senador Pedro Simon foi claro hoje aqui: discutiram-se as possibilidades de um e de outro dentro de um esquema que não levou a um debate mais virulento, mais acentuado dentro das hostes partidárias, o que poderia provocar um racha e prejudicar a objetividade necessária para a campanha eleitoral que vem aí. Gostaria de cumprimentá-lo pelo assunto que traz e dizer que o PSDB é um bom exemplo - talvez o Senador Mão Santa devesse relatá-lo dentro de seu partido.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Agradeço o aparte de V. Exª e quero dizer aqui, por dever de justiça, que aqui no Senado, durante esses três anos, quem fez crescer a minha admiração pelo Governador Alckmin foi exatamente V. Exª, que dava constantemente a mim e a meus companheiros de partido depoimentos da lisura, do equilíbrio e, acima de tudo, da liderança sem nenhuma ostentação que o governador exerce no Estado de São Paulo. Dou esse depoimento por dever de justiça.

Sei que V. Exª tem a mesma posição que tenho, que o partido tinha também, que tínhamos com relação a essa escolha: que ela fosse fruto do livre arbítrio do partido dos tucanos. Quando digo que a tendência é essa coligação é porque ainda vamos passar por essa etapa de ouvir o grande prefeito do Rio de Janeiro César Maia.

Concedo um aparte ao Senador Mão Santa.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Heráclito Fortes, V. Exª talvez seja o mais rico participante da história política contemporânea. Dou testemunho da intimidade de V. Exª com Tancredo, com Ulysses, com Luís Eduardo. Eu queria só dizer que essa convivência dá os contornos da simplicidade que o governador de São Paulo representa. V. Exª se lembra que no ano de 1995 eu governava o Estado do Piauí quando fui convidado por Orestes Quércia para o lançamento do primeiro jornal por via eletrônica, esse site. Ele o apresentou com um norte-americano - eu nem entendia -; disse-se que iria acabar com o papel, que iria acabar com o jornal. Como governador do Piauí, por gratidão, compareci. Só havia eu de Governador. Quércia havia perdido a Presidência. Realmente, Orestes Quércia colocou-me em uma mesa de destaque. Naquele momento, estava Romeu Tuma, que era candidato a Prefeito, uma simpatia, apoiado pelo PMDB. Uma pessoa simples, aproximou-se e disse: “Governador Mão Santa, sou médico também e gostaria de ficar na sua mesa. Sou anestesista”. Era essa figura que V. Exª descreveu tão bem. Herdou - e política se herda, política tem herança - o maior patrimônio da política e a maior riqueza moral da política brasileira: Mário Covas. É um candidato muito forte.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - V. Exª tem absoluta razão. O Dr. Ulysses já dizia, logo que chegou à Câmara em seu primeiro mandato, que o jovem de então seria uma das grandes promessas que São Paulo havia trazido para o Congresso e que se esperasse dele ainda muito. Evidentemente, os fatos estão aí para comprovar.

Caro Presidente Tião Viana, encerro minhas palavras fazendo um alerta ao seu Partido. Nunca vi ninguém trabalhar em silêncio, como dizem que o paulista trabalha, como o Governador Geraldo Alckmin. Agora, por meio do Senador Mão Santa, acabei de descobrir outro mistério: S. Exª é médico anestesista. Tenham cuidado! Tenham cuidado porque S. Exª demonstrou, agora, que, no silêncio da noite, com seu modo de agir, sem agredir os fatos, sem desafiar a Lei da Gravidade, mostrou ao Brasil que sabe o quer e, quando quer, sabe chegar onde quer.

Nisso tudo é evidente que quero parabenizar o PT por um fato: vamos ter um candidato de alta dignidade e, acima de tudo, de respeito, o que vai fazer com que, pelo menos, com as duas candidaturas lançadas, tenhamos, se depender evidentemente de Geraldo Alckmin, uma campanha de alto nível, talvez no melhor padrão e no melhor patamar da História. E evidentemente, com a participação da Senadora Heloísa Helena, teremos debates altamente positivos para o País.

Muito obrigado.

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