O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Se revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Tião Viana, Senadoras e Senadores, Senadora Heloísa Helena, nós aqui queremos, em nome da democracia, aplaudir a participação do P-SOL nesse processo democrático. É o Partido mais novo, mas que, com muita força e coragem, já dá a maior contribuição à democracia, que surgiu na Grécia e era do povo.

A organização levou à necessidade de se criarem partidos, que sempre devem chegar ao poder para servir, inspirados em Cristo: “Eu vim ao mundo não para ser servido, mas para servir”. O P-SOL foi o primeiro Partido que se apresentou claramente, com uma mulher. Bravura da mulher, pureza da mulher, coragem da mulher. E está sucedendo ao Partido do Governo, que, na hipocrisia, afirma ainda não ter candidato. Cristo dizia: “Em verdade, em verdade, eu vos digo...”. E Lula: “Em mentira, em mentira, eu vos falo”. Não é candidato ainda. Atentai bem!

E hoje vem o PSDB. E queremos aplaudir o Presidente do Partido, que disse que lançaria o candidato hoje, e o candidato está lançado. É uma opção.

Soberano é o povo. Quem decide é o povo. Venho a esta tribuna justamente porque represento um Partido que nasceu nessa concepção.

Senadora Heloísa Helena, não poderia convocar a Senadora Patrícia, porque S. Exª dedica-se a matérias relacionadas ao abuso sexual infantil. Mas, Senador Wellington Salgado, o que o PT e Lula querem fazer com o PMDB está enquadrado em estupro da democracia! Temos de pedir uma análise ao Presidente Lula, porque está a cometer um estupro da democracia. Senador Wellington Salgado, Sua Excelência quer levar para a cama do banquete eleitoral o PMDB, mas estuprando! Esse não é o desejo da totalidade do Partido! Oitenta por cento decidiram, numa convenção, ter candidato próprio. A Executiva decidiu, várias vezes, ter candidato próprio. Ontem, três apresentaram-se, um foi eliminado. Foi feito, Senadora Heloísa Helena, o sorteio. São dois candidatos com uma vida pública invejável, cada um com suas características próprias.

Senador Leonel Pavan, nós estávamos lá. O Partido estava representado por sua unidade de comando e de direção: o Presidente Michel Temer. Entretanto, ainda estão trabalhando para não haver essa prévia, afastando o povo, as bases, os militantes, os vereadores, os delegados, os suplentes de delegados, os presidentes do Partido, desse Partido grandioso. Trabalham para não haver candidato, indo para cama com o PT de forma forçada.

Senador Wellington Salgado de Oliveira, o busto de Rui Barbosa está ali. Senador Antonio Carlos Valadares, V. Exª muito se assemelha a Rui Barbosa, que disse, certa vez, ter sido cooptado pelos militares que assumiram a República. No início, quando ele percebeu que a situação continuaria, os militares lhe ofereceram o Ministério da Fazenda. Aprendam a lição esses que pensam que são líderes, que vão ser julgados e que já estão alijados moralmente da política. O busto de Rui Barbosa está ali por dizer, Senador Heráclito Fortes: “Não troco a trouxa de minhas convicções por um Ministério”.

Sr. Presidente, pilantras querem transformar o PMDB em balcão de negócios. O significado de pilantra está no dicionário. Abram-no. Esse Partido não faltou ao povo e não fugiu diante dos canhões da ditadura. Senador Leonel Pavan, Senador Mozarildo Cavalcanti, em 1974, Ulysses Guimarães e Sobral Pinto, aqui, foram candidatos contra Geisel, sem chance nenhuma, mas para levar a voz do povo das ruas que pedia a redemocratização deste País.

E como foi importante, Senador Wellington Salgado, V. Exª que representa Minas Gerais, o Libertas quae sera tamen, a coragem e a juventude! Atentai bem! É lógico que Ulysses não ia ganhar. Mas eles fizeram dezesseis Senadores, que abalaram a história do País.

Eu mesmo estou aqui porque o PMDB teve coragem de ter um candidato. Orestes Quércia foi candidato, e sua Vice era Íris de Araújo, essa mulher extraordinária. Ele não ganhou a eleição, mas, com sua luta, o Partido fez nove Governadores, e cinco estão aqui, filhotes do sacrifício de Quércia: Mão Santa; Antonio Mariz, que deixou José Maranhão; Garibaldi Alves Filho; Valdir Raupp e Maguito Vilela.

Agora, Senador Wellington Salgado, quanta vergonha! Nem a ditadura impediu o PMDB de ter candidato. Se manca, Lula? É ignorância demais, é não conhecer o processo democrático! A ignorância é audaciosa, mas ela tem limite.

Senadora Heloísa Helena, sabe por que estou aqui? Em 1972, lá na minha Parnaíba - onde ocorreu a Batalha de Jenipapo, em que lutamos contra os portugueses -, conquistamos a prefeitura para o PMDB. Contra baionetas, contra canhões...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Mão Santa, a Mesa concede-lhe mais dois minutos, pedindo que V. Exª colabore com os trabalhos.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Então, conceda mais três minutos, Sr. Presidente, para que eu possa fazer um aparte.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Para que possam fazer apartes o Senador Leonel Pavan e o Senador Wellington Salgado de Oliveira, concedo-lhe mais quatro minutos, pedindo sua colaboração, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - V. Exª tem é a minha torcida para que seja Ministro, nessa mudança que haverá aí. E que o PT venha puro com a presença de V. Exª, para melhorar o Brasil!

Não sou daqueles que querem destruir o PT. Quero enfrentá-lo de peito aberto. Que sejam salvos no PT homens como Tião Viana! Como o PSDB, que nasceu do PMDB, liderado por Franco Montoro, por Mário Covas, por Fernando Henrique, que nasça do PT, liderado por Lula, por Henrique Meirelles, por Palocci, o PB, o Partido dos Banqueiros, porque até agora eles só serviram aos banqueiros.

Concedo-lhe o aparte Senador Leonel Pavan.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Mão Santa, tenho uma sugestão a fazer. Tenho certeza de que essa discussão toda no PMDB vai acabar dando certo. Cada um que ocupa a tribuna tem uma função. Dá-se a impressão de que o PMDB está mais dividido do que melancia em tempo de festa, mas não é isso. O PMDB é unido, é forte. Mas tenho uma solução para o PMDB. Já que Geraldo Alckmin surgiu do PMDB também e é uma árvore que dá bons frutos, eu gostaria de sugerir, para acabar com a confusão: Geraldo Alckmin é o caminho, é a solução para o PMDB. Já que não se entendem, para não irem para um mau caminho, que V. Exª condena e não aceita, que é com o PT, o caminho é Geraldo Alckmin.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Mas, em verdade, em verdade, eu vos digo que três coisas a gente só faz uma vez na vida: nascer, morrer e votar no PT. Isso eu já disse aqui. Então, poderemos embarcar em qualquer outra canoa que leve este País à prosperidade, ao porto seguro, como a canoa da nossa Heloísa Helena.

Senador Wellington Salgado, que representa Minas Gerais - o Libertas quae sera tamen, que representa Tiradentes, que se sacrificou pela derrama -, um quinto dos impostos eram cobrados, e, agora, é a metade da riqueza do trabalhador que vai para o Governo.

Tem o aparte o Senador Wellington Salgado.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Mão Santa, realmente estamos aqui a essa hora, mas é sempre um grande prazer ouvi-lo, porque V. Exª, quando fala da tribuna, fala com emoção e com o coração. Mas, nessa confusão que está ocorrendo - e tenho certeza de que o PMDB vai encontrar o caminho, porque sempre encontra o caminho, seja ele qual for -, fico muito preocupado com uma situação. Tive a oportunidade de receber o Governador Rigotto, em Uberlândia, no sábado, e vi ali um grande peemedebista, com 31 anos de história dedicada ao PMDB, que já foi Líder na Câmara. E fiquei um pouco preocupado não se o PMDB terá ou não candidato, porque é uma decisão que acontecerá, e o PMDB sempre consegue resolver os seus problemas. A minha grande preocupação é que existem as prévias, o Governador Rigotto acaba vencendo-as, e, por essa divisão, acabamos por pegar um grande líder, um grande homem, que estudou na cartilha do Senador Pedro Simon, que veio do Sul, e vamos deixá-lo sozinho. Considero um grande desperdício. É como se fosse um grande jogador que aparece no time de júnior e, de repente, vão jogá-lo na primeira divisão, num time que não dá para jogar com esse grande jogador. Fiquei muito preocupado com relação a isso. Quanto à questão de se ter ou não candidato, tenho certeza de que o nosso Partido - sempre discutimos bastante, porque somos um grande Partido - vai encontrar o nosso caminho. Fiquei muito preocupado com a questão do Governador Rigotto. Senti nele um brasileiro, um homem de bom coração, com toda a estrutura que a política e o PMDB lhe deram, e está no meio dessa confusão tremenda que estamos enfrentando neste momento. Mas, de qualquer maneira, é um grande prazer ouvi-lo.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É pena a voz final ter desaparecido. Porém, todos sabemos que V. Exª representa a grandeza da história política de Minas.

Mas não vejo bem assim. Vejo, de um lado o PSDB, com uma proposta neoliberal já conhecida, e, de outro lado, o PT, com uma proposta neoliberal imitada da proposta neoliberal de FHC e, por isso, falsa, paraguaia, associada a muita corrupção, o que nos envergonha. E, no meio, temos de ter uma proposta valorizando o trabalho e o trabalhador, uma proposta dos candidatos do PMDB: ou Garotinho ou Rigotto. Os militantes, os que fazem o Partido, com sua sabedoria, saberão...

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Mão Santa, concederei mais um minuto, improrrogável, ao amigo, para que V. Exª possa concluir.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - A própria Heloísa Helena simboliza também esse caminho de virtude. Entre os dois extremos, não existe uma porta larga, mas a porta estreita do trabalho e da virtude.

Então, o que queremos aqui hoje, os três Senadores do PMDB, é mostrar a nossa vitalidade desta tribuna - e o Senador Wellington Salgado, no aparte -, dizendo que o PMDB não vai faltar ao povo e à democracia, que essa é a nossa razão de existir. Vamos, inspirados num passado trabalhista de Vargas e num passado desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, mineiro, levar este País à prosperidade e à felicidade que o povo merece.

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