Discurso durante a 21ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro das comemorações, amanhã, dos 40 anos do PMDB.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Registro das comemorações, amanhã, dos 40 anos do PMDB.
Aparteantes
Almeida Lima, Leonel Pavan.
Publicação
Publicação no DSF de 22/03/2006 - Página 8891
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • REGISTRO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), OPORTUNIDADE, ELOGIO, EMPENHO, COMBATE, CORRUPÇÃO, GARANTIA, PLENITUDE DEMOCRATICA, PAIS.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Papaléo Paes; Srªs Senadoras e Srs. Senadores aqui presentes; brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, amanhã o País terá oportunidade de comemorar os 40 anos do Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

Senador Papaléo Paes e Senador Almeida Lima, na história da nossa República, governo do povo, pelo povo, para o povo, que nasceu do povo insatisfeito contra o absolutismo, contra os reis, este povo foi às ruas com o grito “liberdade, igualdade e fraternidade”. Caíram os reis; foram cem anos para caírem no nosso Brasil.

Todo mundo se lembra da história, Senador Paim, quando D. João VI disse: “Filho, antes que algum aventureiro ponha a coroa, coloque-a na sua cabeça”. O aventureiro era Simón Bolívar, o libertador da América, que estava trazendo o Governo do povo, a democracia. Então, a democracia é do povo; a democracia é complicada, é difícil e tem de ser melhorada.

Se na França foi complicada, houve guilhotina, rodaram as cabeças que a fizeram nascer, como Robespierre, Danton e Marat; depois, veio Napoleão, Montesquieu, aperfeiçoando-a, dividindo o poder para acabar o L’État c’est moi dos reis. No Brasil, também houve períodos em que se afastou do povo. Era uma chamada ditadura civil, Senador Papaléo Paes, sendo o ditador civil um homem bom e generoso. Mas a ditadura não é boa. Está aí o livro Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. E a outra ditadura, que foi a dos militares, a que assistimos - há livros de Elio Gaspari a esse respeito -, está muito vivida.

Atentai bem! A plenitude da democracia deveu-se a esse Partido, o PMDB, antes MDB, há 40 anos. Muitos poucos eram corajosos, todos queriam estar no Governo e construíram o Partido do Governo, a Arena. Mas a democracia era do povo, nasceu com o povo, que viu que quem tinha compromisso com o povo, com a liberdade, com a igualdade e com a fraternidade era o nosso Partido. E, aqui, nasceu a anticandidatura de Ulysses Guimarães e de Sobral Pinto, inspirada num grupo de autênticos.

E ele foi o anticandidato, Senador Almeida Lima, contra Geisel, contra os canhões. Atentai bem: o PMDB, em 1974, teve coragem de buscar as liberdades democráticas e, aqui, enfrentou Geisel. Nem naquele instante, houve unidade. O grupo dos autênticos lançou a idéia que Ulysses e Sobral Pinto tomaram.

O combinado era Ulysses fazer a campanha no País e não vir no dia da eleição, para não dar festa à ditadura e aos militares. Mas Ulysses se empolgou e veio. Era o modelo representativo. Petrônio Portella falou por Geisel, e ele falou por si próprio. Senador Juvêncio da Fonseca, nem Ulysses teve todos os votos do PMDB. Os autênticos votaram em branco, porque acharam que Ulysses não deveria comparecer para não dar brilho àquilo, sinalizando para o mundo a existência de uma democracia. No entanto, eles tinham um ideal comum e continuaram: a Anistia, as “Diretas-Já”, e, finalmente, nós estamos aqui. O PMDB, que não faltou ao povo e que com democracia enfrentou os canhões, vai agora fugir com medo da corrupção. Uns traquinas e uns malandros querem vender o PMDB para o PT. Ulysses Guimarães, Senador Juvêncio da Fonseca, que era do nosso PMDB, foi profeta e viu essa vergonha. Mas eu digo, como poeta, que ninguém se perde no caminho de volta. Que volte a nós o sonho de Ulysses, encantado no fundo do mar. “Ouça a voz rouca das ruas.” É o povo. O compromisso do PMDB é com o povo, com a democracia e com a Pátria, que são do povo. A democracia significa partidos fortes. Não há democracia sem partidos fortes.

Então, vamos manter o PMDB de Ulysses; do Senador Teotônio, que, mesmo com câncer, moribundo, continuou pregando; de Tancredo Neves, que se imolou e morreu de uma doença banal, porque retardou a cura e vitimou-se. Eu operei centenas de pessoas com o mesmo problema. Para fazer essa transição, cito Juscelino, que está sendo retratado em uma minissérie. Ele foi humilhado e cassado. E o PMDB aqui.

Agora, esse PT... Atentai bem! Nem a ditadura impediu o PMDB de ter candidato. Esse PT... Ó, Lula, a ignorância é demais! A ignorância é maior que o mar. Nem a ditadura... Aliás, no primeiro livro de política, Maquiavel disse: “Use suas armas”. O PMDB não é a arma do PT. O PMDB é a arma do povo, da democracia e da Pátria. “Use suas armas.”

A Senadora Heloísa Helena vem de branco, que é o símbolo da pureza. Olhe, um crime hediondo que revolta a todos é o estupro: pegar uma bela mulher, levá-la para a cama à força e ter relação sexual. É um crime hediondo, votado aqui, Senador Juvêncio da Fonseca.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PFL - PI) - Senador Leonel Pavan, vamos passar um pouquinho do estupro, para V. Exª apartear à vontade!

Então, atentai bem: o PT quer cometer um estupro democrático, quer-nos forçar a casar, a nos juntarmos com ele no banquete da democracia, nas núpcias, no dia das eleições. E nós não queremos. Não queremos o Lula. O Lula nos envergonha. O Lula passou à podridão. Não queremos, porque Ulysses disse que a corrupção é o cupim da democracia. E nunca se viu tanta corrupção!

Concedo um aparte ao Senador Leonel Pavan e, depois, ao Senador Almeida Lima, do PMDB. Vou colocar V. Exª aqui também, Sr. Presidente, porque era do PMDB, mas criou asas e voou para o PSDB, talvez prevendo esta vergonha, esta ignomínia: há uns que querem transformar o PMDB em rabo do PT!

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Senador, chamo a atenção para o Regimento da Casa, pois o tempo do Senador Mão Santa já foi prorrogado duas vezes. Sendo assim, V. Exªs não teriam direito a apartes. Mas, então, vamos abrir uma concessão para que sejam apartes bem rápidos.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Senador Papaléo, é um presente para o PMDB, cujo aniversário é amanhã. V. Exª já nos deixou e foi muito sofrimento. Então, com a sua generosidade, estique o tempo, porque falo em nome do Presidente do Partido, Michel Temer, convidando a Nação brasileira para os 40 anos do seu maior Partido da democracia.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Amanhã, comemoraremos, Senador.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Mão Santa, o Senador Papaléo Paes tem bola de cristal. Prevendo toda essa confusão, incoerência partidária e ideológica dentro do PMDB, resolveu em tempo procurar algo mais seguro, consistente e que realmente seja um caminho para o Brasil, e procurou o PSDB. Mas V. Exª, Senador Mão Santa, deveria ser a pessoa escolhida para concorrer à Presidência pelo PMDB. Depois de Ulysses, por que não Mão Santa? Por que não? Mão Santa é uma pessoa que orgulha o Congresso, o Senado Federal, e não apenas o Piauí; orgulha a classe política pela sua coerência, pela sua firmeza, pela coragem. Quando falo em coragem, recordo-me de Ulysses Guimarães, um homem de coragem, que dizia o que sentia. Agora, chorar o leite derramado não dá mais; vai ter que ser Garotinho mesmo. Olha, o Brasil diz que está preparado para tantas surpresas, e uma delas foi, infelizmente, para essa ala do PMDB que se diz a mais coerente, a mais democrática, a ala de Ulysses Guimarães, que vai ter de subir no palanque de Garotinho ou, melhor, erguer a bandeira de Alckmin. Quem sabe, assim, estarão segurando uma bandeira mais segura.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Nós agradecemos o aparte. V. Exª inspirou-se em Ulysses Guimarães, que disse que, faltando a coragem, faltam todas as virtudes. Então, essa coragem é que nos faz acreditar.

Agora, eu fiquei sem apoio. Deixaram o PMDB o Papaléo Paes, o Juvêncio da Fonseca e o Heráclito Fortes. No entanto, Deus compensou e entrou o Senador Almeida Lima. E estamos aí. O Partido teve a coragem de enfrentar tudo: o PT federal nos Estados, as manchas e as nódoas da Justiça, que se misturou com a política - alguns homens, contrariando o sonho de Montesquieu, de Poderes distintos, harmônicos, equipotentes, querem “traquinamente” pular do Poder Judiciário para o Poder político.

Ouço o Senador Almeida Lima, que enriquece e fortalece o PMDB.

O Sr. Almeida Lima (PMDB - SE) - Nobre Senador Mão Santa, encontro-me inscrito para uma comunicação inadiável. Evidentemente, tratarei do assunto, mas não poderia deixar de pedir o aparte a V. Exª para me congratular com o seu pronunciamento. É o seguinte: o objetivo maior de um partido político é o poder. Não se pode conceber a existência de um partido político sem a pretensão da conquista do poder. Se isso acontece, deixa de ser partido político; deixa de ser um autêntico partido político e passa a ser uma sigla de aluguel. Portanto, nós que defendemos a candidatura própria do PMDB, evidentemente atropelada pela Justiça do nosso País, sobretudo pela medida que vamos mencionar, daqui a pouco, do Ministro Edison Vidigal, escolhemos, mesmo em prévias informais, um candidato. Disse da tribuna desta Casa que votaria em Germano Rigotto, em quem votei, mas disse também que não iria sequer aguardar uma ligação do candidato que viesse a ser aclamado pelas prévias do PMDB para lhe dar apoio. E darei apoio com imenso prazer a Anthony Garotinho, mas quero dizer que o partido que não luta pelo poder, que não tem candidatura, é uma sigla de aluguel. E o mais grave, o que nos envergonha: ser uma sigla de aluguel do Partido dos Trabalhadores é uma miséria, porque sabemos que moeda aquele Partido usa para pagar o aluguel dos partidos que consegue alugar. Esta moeda não é decente: é a do mensalão, que todos estamos ouvindo. Não cometerei um equívoco político e histórico, jamais, de apoiar uma sigla que não tenha respeitado a história político-partidária do nosso País, como o Partido dos Trabalhadores. Minha solidariedade a V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Solicito sejam incorporadas todas as palavras desse grande líder e bravo Senador, um dos primeiros a detectar e apontar a corrupção do PT neste País.

E, para terminar, permita-me ...

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Peço a sua compreensão, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - É já. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Atentai bem, Heloísa Helena: a democracia é do povo, e, com essas nódoas e vergonhas de corrupção, ela tem algo de belo, a alternância do Poder. E o povo. Não é Poder Executivo, que está podre; Legislativo e Judiciário também. Poder é o povo, o povo é que decide, o povo é que é soberano, o povo é que é a razão do PMDB.

O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - Senador Mão Santa, concederei mais um minuto para V. Exª terminar o seu discurso, mas lhe peço que atente bem para esse tempo, um minuto.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O primeiro segundo aproveito - não gasto - para convidá-lo a voltar para o PMDB. Ninguém se perde no caminho de volta.

E o outro: ao povo! De um lado, eles querem colocar o bipartidarismo, da ditadura, com o PSDB, de Fernando Henrique, que eles diziam ser neoliberal; era o pai dos banqueiros. Do outro, o PT, que sabemos que é mãe dos banqueiros; o pai, a mãe, a família corrupta da política brasileira.

Está escrito no Livro de Deus: no meio está a verdade, no meio está a prosperidade, no meio está a felicidade. O trabalho e o trabalhador fazem a riqueza. No meio, novas candidaturas, a do PMDB, a do PSDB, a da nossa Senadora Heloísa Helena.

Então, vamos juntos. Soberano é o povo. O povo é que decide.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/03/2006 - Página 8891