Discurso durante a 20ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Transcurso, ontem, do Dia de São José: importante data para a democracia brasileira. Críticas às medidas adotas pelo Judiciário que visaram impedir a realização de prévias pelo PMDB.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Transcurso, ontem, do Dia de São José: importante data para a democracia brasileira. Críticas às medidas adotas pelo Judiciário que visaram impedir a realização de prévias pelo PMDB.
Publicação
Publicação no DSF de 21/03/2006 - Página 8733
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • REGISTRO, TRADIÇÃO, BRASIL, VINCULAÇÃO, CHUVA, DIA, SANTO PADROEIRO, PREVISÃO, SECA, CALAMIDADE PUBLICA.
  • ANALISE, HISTORIA, DEMOCRACIA, BRASIL, MUNDO, AVALIAÇÃO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), VULTO HISTORICO, REDEMOCRATIZAÇÃO.
  • PROTESTO, LOBBY, IMPEDIMENTO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), OBJETIVO, APOIO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • DEFESA, INDEPENDENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ELEIÇÕES.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

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O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Alvaro Dias; Senadoras, Senadores, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado e brasileiros aqui presentes, ontem, o calendário cristão comemorava, Senador Heráclito, o Dia de São José. Senador Osmar Dias, que tem uma vida dedicada ao campo e à produção, nosso homem do campo tem uma crença: se a chuva não chega no Dia de São José, haverá seca. Graças a Deus, choveu antes desse dia. É uma crença! Ontem, o Dia de São José foi um dia muito importante na história da democracia do Brasil.

Senador Heráclito, todos sabemos que a democracia é difícil. Senador Alvaro Dias, Winston Churchill disse que a democracia é complicada e difícil, mas que não conhecia modelo melhor.

O homem, que é um animal político, segundo Aristóteles, visa a buscar o melhor com a sua racionalidade. O modelo de governo dos reinados perdurou muito porque havia o místico: o rei era um deus na terra. Deus seria um rei no céu. Mas o povo, Senador Alvaro Dias, estava insatisfeito com os reis. Era bom para quem estava na corte. Fora da corte, desprezo, sofrimento, pobreza, miséria. Esse povo, então, foi às ruas e gritou: “Liberdade, igualdade e fraternidade”. Aí nasceu a democracia. Então, ela é do povo, criada pelo povo e pertencente ao povo. Em nosso País, chegou tardiamente, um século depois, Senador Alvaro Dias, desse grito na França.

Senador Heráclito, D. João VI disse: “Filho, coloque a coroa antes que um aventureiro o faça.” Era porque Simon Bolívar estava derrubando reis nos países vizinhos e iria fazer o mesmo aqui. Era El Libertador.

Nasceu, e aí vivemos. Foi difícil. Na França foi complicado. Houve a guilhotina, Marat, Robespierre, Danton e Napoleão. Aqui também houve a ditadura civil, com Vargas. Embora fosse generoso, a ditadura nunca é boa. Está aí o livro “Memórias do Cárcere”, de Graciliano Ramos. As memórias militares conhecemos recentemente, além da obra de Hélio Gaspari.

O meu Partido esteve aqui para libertar o povo da ditadura. Falo do MDB. Senador Alvaro Dias, falo dos autênticos, de Ulysses Guimarães, candidatando-se contra os canhões de gás; de Sobral Pinto; de Teotônio Vilela, com câncer, trazendo esperança, já moribundo, lutando; de Tancredo Neves, que se imolou com uma doença banal, pois retardou o seu tratamento para poder fazer a transição. Imolou-se. Juscelino foi humilhado, cassado. Mas foi o MDB.

Senador Heráclito, que fez essa luta toda, não sei por que, mas tenho uma saudade do PMDB do Heráclito. S. Exª foi do PMDB dos momentos difíceis, eu o vi lutando em convenções. Companheiro de Ulysses, de Tancredo e de outros, como Renato Archer. E lutou também nos momentos mais difíceis. Mas, ontem, o PMDB, por intermédio desse extraordinário líder, nosso Presidente Michel Temer, deu a maior contribuição à nossa história democrática.

Olha, Senador Osmar Dias, esse Montesquieu quis aprimorá-la, como todos nós. Então, tirou o L’etat cest moi, o poder único dos reis, e o dividiu em três: Legislativo, no qual estamos; Executivo, em que o Lulinha está na boa acolá; e Judiciário. Contrapoderes equipotentes, harmônicos, respeitosos. Ele nunca imaginou. Ô Tião Viana, o Montesquieu está pulando na sepultura, porque aqui é como se um quisesse pular no outro, aproveitando-se desse poder. Um quer ser o vice do Lula; o outro quer ser Governador do Maranhão. Não foi isso que imaginou Montesquieu. Não foi isso que imaginaram os idealistas que estão servindo ao Poder Judiciário, que queremos aperfeiçoar. Sabemos porque somos cristãos. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça!” Moisés recebeu as Tábuas da Lei, mas não pensava nessa traquinagem de alguém se aproveitar da justiça, não.

Senador Alvaro Dias, que a coroa da justiça brilhe mais do que a coroa dos reis. Esse pensamento não é meu, mas de Aristóteles. Que a coroa da justiça esteja mais alta do que os santos. A justiça é o pão de que mais a humanidade necessita. Mas não é essa traquinagem, não. A justiça é divina. Esses homens têm só um ideal. O que está havendo agora é uma conturbação. Estão misturando as coisas. O sujeito aproveita a toga ou o poder para pular para o outro e sair na dianteira. Isso é malandragem! Isso não é justiça.

Liberdade foi o grito da democracia. Então, aqueles que fazem o Partido, Senador Osmar Dias, atentai bem, saem de lá - são 800 quilômetros - sem mensalão, sem ser ladrão, porque os do mensalão e dos ladrões estão cheios os outros poderes. Cotizaram-se para alugar uma van - vereadores, delegados de partido, os militantes, a fim de irem à convenção. Não podem escolher.

O grito foi liberdade, Professora Serys! Acabou a democracia. Cercear essa liberdade é obsceno, canalhice desses vendilhões. Senador Osmar Dias, nem a ditadura impediu o PMDB de ter um candidato. Agora, esses corruptos velhos vão impedir a nossa luta de ter candidato?

A Senadora Patrícia Saboya entende de estupro infantil, assédio sexual, e não vou dizer que seria porque o PMDB vai completar 40 anos, mas, Senador Heráclito, o que estão fazendo aí é um estupro. O Lula, o PT, quer que o PMDB vá se casar com ele, que vá para a cama no dia da eleição com ele, e nós não queremos. Não queremos, não queremos. Repudiamos o Lula, a sua base e a sua corrupção.

Ó Deus, permita-me ir deste mundo se isso acontecer. Já disse aqui, em nome do pobre, do aposentado, da professorinha, quando lhes tiraram os direitos, que três coisas só fazemos uma vez na vida: nascer, morrer e votar no PT. Mas ontem houve, com a coragem, igualdade. Todo o mundo se manifesta, e nós não podemos escolher um candidato. Liberdade, igualdade e fraternidade, como tem de ser um partido, uma família. E nos reunimos.

Cumprimento Michel Temer, que escreveu a mais bela - isso foi mais bonito do que a candidatura do Ulysses -, porque afrontamos a corrupção. E Ulysses disse que a corrupção é o cupim que destrói e corrói a democracia. Ninguém nunca viu.

O fato é que faz a lei. Foram contra todas as maquinações, contra todas as trapalhadas, contra todas as imoralidades, mas não abdicamos do grito do povo: liberdade, igualdade e fraternidade, e o Piauí lá. Então, o Piauí ajudou o Brasil; ajudou o PMDB a escolher o seu candidato e a entrar no banquete da democracia, que é a eleição, reconhecendo que não são poderes o Executivo, o Legislativo, nem o Judiciário; são instrumentos da democracia. Senador Osmar Dias, o poder é o povo, que paga a conta; é o povo, que trabalha, é soberano e decide. Esse é o poder. É Deus. E a sabedoria diz que a voz do povo é a voz de Deus.

Então, o PMDB quer isso; quer continuar com o cumprimento, com o compromisso do sonho de Ulysses: “Ouça a voz rouca das ruas”. Quem está na rua é o povo. Ele nasceu com essa intimidade com o povo, com esse compromisso com o povo, para defender a democracia, que é do povo.

E, na riqueza da democracia, Senador Papaléo Paes, V. Exª foi um dos que estava na canoa do PMDB, desconfiado dessas forças malignas e ocultas. V. Exª criou asas e voou. Mas estamos nessa canoa, que queremos levar ao povo, ter uma opção. Dois partidos não é o nosso modelo e a nossa tradição. Foi o regime da ditadura. Agora, não! O povo tem opção. Não.

A mídia paga pelo Governo que mais gastou dinheiro com os banqueiros; depois, com a propaganda. De um lado, o modelo tucano, que o PT acusou de neoliberal, que era pai dos banqueiros. Agora, conhecemos o outro lado, o lado do PT. Se o PSDB, com FHC, foi o pai dos banqueiros, o Lula tem sido a mãe dos banqueiros, muito mais. Atolado, afogado, não só por juros, mas pela corrupção, o cupim da democracia.

E nós queremos estar no meio, e está no livro de Deus que a verdade está no meio; a virtude está no meio - não se ajoelhando aos banqueiros, aos poderosos, mas servindo ao trabalho e ao trabalhador, que vêm antes e precisam ter primazia, respeito e apoio. O trabalho é quem dá origem às riquezas, e é essa candidatura que queremos construir no nosso PMDB com o nosso candidato.

Uma tradição do trabalhismo de Getúlio Vargas, que falava pouco no Dia do Trabalho. Eu escutei muito a expressão “trabalhadores do Brasil”. É essa esperança de desenvolvimento que só vem por meio do trabalho, desenvolvimento que é o nosso passado: Juscelino, bem aí, cassado, do PMDB.

É esse o Partido a que pertencemos e cuja candidatura queremos oferecer. Quero dar um conselho para os dois, dois heróis da nossa geração democrática: Garotinho e Rigotto. Que belas figuras! Que homens extraordinários! Que esperança a nascer!

O Lula não gosta de estudar, mas acho que as coisas só valem, Raimundo Carreiro da Silva, com estudo. O Senador Papaléo estudou muito anatomia, cardiologia, o eletrocardiograma. Eu acho que o Partido dele é o PQRSTU, as zonas do eletrocardiograma.

Nos Estados Unidos, em uma luta democrática, um Presidente forte, histórico, herói de guerra, honesto, honrado, Eisenhower, teve como vice Nixon. As oposições tiveram um jovem democrático, exemplo maior para a nossa geração: John Fitzgerald Kennedy. Foi um embate como este entre Garotinho e Germano. John Fitzgerald Kennedy ganhou e foi buscar Lyndon Johnson. Fizeram uma chapa e ganharam as eleições.

Esta é a orientação que dou ao PMDB: vamos, pelo meio, pela aposta na vergonha, que levará este País, pelo trabalho, à prosperidade e à vitória, salvaguardando a grandeza da democracia que é a alternância do poder.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/03/2006 - Página 8733