Discurso durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a indicação pelo PSDB, do nome de Geraldo Alckmin, como candidato do Partido à Presidência da República. Questionamentos sobre a ocupação das favelas no Rio de Janeiro pelo Exército Brasileiro. Homenagem ao Prefeito José Serra por sua postura ante a decisão do PSDB. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. FORÇAS ARMADAS. HOMENAGEM.:
  • Considerações sobre a indicação pelo PSDB, do nome de Geraldo Alckmin, como candidato do Partido à Presidência da República. Questionamentos sobre a ocupação das favelas no Rio de Janeiro pelo Exército Brasileiro. Homenagem ao Prefeito José Serra por sua postura ante a decisão do PSDB. (como Líder)
Aparteantes
Jefferson Peres.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2006 - Página 8157
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. FORÇAS ARMADAS. HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ESCOLHA, GERALDO ALCKMIN, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, CONCLAMAÇÃO, PARCERIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), PARTIDO POPULAR SOCIALISTA (PPS), PARTIDO VERDE (PV).
  • GRAVIDADE, ACORDO, EXERCITO, TRAFICANTE, CRIME ORGANIZADO, RECUPERAÇÃO, ARMAMENTO, ROUBO, QUARTEL, AVALIAÇÃO, OPERAÇÃO, FORÇAS ARMADAS, FAVELA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REGISTRO, RETIRADA, TROPA.
  • HOMENAGEM, JOSE SERRA, PREFEITO DE CAPITAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, VIDA PUBLICA, ATENDIMENTO, POLITICA PARTIDARIA, ESCOLHA, CANDIDATURA, BENEFICIO, INTERESSE NACIONAL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o PSDB chegou, finalmente, ao nome que o representará e aos nossos aliados na eleição de outubro deste ano. O PSDB passou por um episódio que testou a convicção democrática de cada um de nós. Alguns diziam: hesitação. Afinal de contas, acredito que um certo ranço do autoritarismo de 21 anos pode ter restado na lembrança de cada um de nós. Antigamente, era muito fácil. O General Médici falava: “O meu sucessor chama-se Geisel” e estava resolvido.

No PSDB, tínhamos dois candidatos capazes de competir, de vencer as eleições e de governar adequadamente o País: o Prefeito José Serra, que é um dos homens públicos mais preparados com que conta a política latino-americana, e o Governador Geraldo Alckmin, que tem uma carreira vitoriosa e sai de uma experiência que começou ao lado de Mário Covas e terminou com ele capitaneando o Governo de São Paulo com êxito e a aprovação sobeja do povo do Estado.

Chegou o momento em que o PSDB mergulhará nas suas águas internas para buscar nelas toda a força da unidade, toda a força que a sabedoria recomenda, para enfrentarmos esse flagelo, esse desgoverno que aí está.

Precisamos infundir confiança em nossos aliados, a começar pelo PFL, que tanto almejamos ter em nossa chapa; por segmentos, Senador Jefferson Péres, como o seu Partido, o PDT, que julgamos próximos de nós nesse episódio da oposição ao Governo Lula; pelo PPS do Sr. Roberto Freire, figura eminente da vida pública brasileira, que imaginamos também igualmente perto dos nossos anseios básicos de enfrentarmos juntos algo que se revela perigoso potencialmente para o País. Eu poderia me referir, no mesmo diapasão, ao Partido Verde, de Pena, de Fernando Gabeira, que - senão ficar conosco - sua decisão será sempre legítima - , mas nós queremos que o Partido Verde esteja conosco nesta eleição. Nós, que respeitamos a participação e o espaço próprio, o espaço digno do P-SOL, da Senadora Heloísa Helena, nós queremos o Partido Verde ao nosso lado se pudermos tê-lo junto com o PDT, junto com o PPS. Nós queremos unir o arco mais amplo de alianças para que nós possamos, juntos, vencer as eleições e levar o Brasil à normalidade, até porque o Brasil na anormalidade ele não vive.

Senadora Heloísa Helena, Senador Jefferson Péres, Senador Luiz Pontes, vejo, hoje, no jornal Folha de S.Paulo, abaixo do anúncio da candidatura do Governador Geraldo Alckmin, temos algo muito sério: “Exército recupera armas após fazer acordo com facção de traficantes”, assina Raphael Gomide*, da Sucursal do Rio de Janeiro. É uma acusação extremamente grave que se faz ao Exército Brasileiro. É o desespero a que chega esse segmento das Forças Armadas Brasileiras! É o desespero a que chega o Exército, porque falta governo neste estado de anomia a que está relegado o País!

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Permita-me V. Exª um aparte?

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Senador Jefferson Péres, com muita honra, concedo-lhe o aparte.

O Sr. Jefferson Péres (PDT - AM) - Senador Arthur Virgílio, há 10 dias fiz um discurso sobre a situação calamitosa que vive o Rio de Janeiro com a indiferença dos Três Poderes. Também li, estarrecido, esta notícia que V. Exª anuncia da tribuna. Teria o Exército Brasileiro feito acordo com um dos grupos de narcotraficantes, parece que o tal PC Vermelho, sei lá o quê, para simular que tinha apreendido as armas na favela da facção adversária deste, que foi tudo uma farsa! O Estado brasileiro, por meio de sua instituição mais respeitável talvez, o Exército, ter que se submeter a um humilhante acordo com uma quadrilha de criminosos! Realmente, há um vácuo de governo neste País. Senador Arthur Virgílio, parabéns pelo seu pronunciamento!

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Senador Jefferson Péres.

A verdade é que o Presidente Lula não autorizou o Exército a fazer qualquer operação nas favelas do Rio. A decisão foi própria do Comando Militar do Leste. Foi uma decisão própria, movida pela justa indignação do Exército, pelo ultraje que sofreu tendo sido ele próprio assaltado em um País onde nem os militares têm segurança mais.

Hoje, disse-me um Deputado muito eminente, muito importante, do Estado do Rio de Janeiro: “Arthur, o povo, lá, gostou da intervenção do Exército.” Disse-lhe: “Fulano, nem me espanta que o povo tenha gostado. Afinal de contas, passa a impressão de que algo poderia mudar. Como se tivesse sido aberta alguma coisa como a porta da esperança”. Por outro lado, sabemos que o Exército não poderá permanecer nas favelas o tempo todo; o Exército, agora, não poderá sequer admitir que sua presença seria para recuperar as armas, as recuperando, sairia, ficar não pode, porque não é constitucional, recuperando as armas, sairia, e o tráfico voltaria a fazer os seus bons negócios, arruinando a juventude, arruinando a perspectiva de vida dos brasileiros, acarretando doença física e psicológica para milhares e milhares de cidadãos que poderiam oferecer um destino justo para este País. Ou seja, é o estado de anomia, de desgoverno, de descontrole, de anarquia a que está relegada a Nação brasileira. É por isso que junto, Senador Alvaro Dias, as duas coisas: o lançamento da nossa candidatura, a candidatura do Governador Geraldo Alckmin, conclamando pela unidade das Oposições, quando nada no discurso contra este Governo, de preferência podendo nos unir, sim, para desfecharmos uma eleição que se decida, se tiver de ser assim, já em primeiro turno, confiando muito no julgamento do povo brasileiro.

Concluo, dizendo que eu não poderia deixar - não estou aqui apenas proforma e nada protocolar - de fazer uma homenagem muito clara ao Prefeito José Serra. O que S. Exª vai fazer da sua vida pública, não sei; eu o apoiarei no que se decidir, mas poucos homens públicos haveriam de ter a grandeza que teve José Serra de, sabendo-se líder nas pesquisas, sabendo-se competitivo, como é, ter, em nome da unidade, aberto mão de uma postulação legítima para facilitar aquilo que, hoje, se desenha como sendo a unidade do PSDB - meu Presidente Tasso Jereissati -, e ao mesmo tempo abrindo espaço para que se construa a mais ampla possível unidade oposicionista para enfrentarmos e derrotarmos uma ordem de coisas que não salvam mais nem o Exército do desgaste, da humilhação, do opróbrio.

            Portanto, com muita correção, foi feita a condução das negociações por parte do Presidente do meu Partido, Senador Tasso Jereissati, por parte do nosso Presidente de honra, figura auto-explicável, não precisa alguém perguntar por que estava ou não ali o Presidente Fernando Henrique, pelo representante dos Governadores, o Governado das Minas Gerais, Aécio Neves. A pressa seria própria do regime ditatorial ou da imprudência. Não tínhamos como resolver em tempo mais hábil. Tínhamos que resolver no timing correto do Partido, que era esse. Se não foi o ideal, muito bem. Pagamos um preço à democracia. O que quero, agora, é que saibamos, Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma, transformar em vantagem o que, durante algum tempo, se afigurou como desvantagem. Mas desvantagem não é, porque não pode ser desvantajoso para um Partido contar com dois grandes nomes, que poderiam, cada um deles de per si, derrotar a ordem corrupta que aí está. Vamos transformar em vantagem pela União. Vamos transformar em vantagem pelo crescimento da fraternidade. Vamos transformar em vantagem termos esses dois grandes líderes: Alckmin e Serra. Vamos transformar isso em vantagem, porque o Brasil precisa; o Brasil exige responsabilidade de quem é responsável; o Brasil exige seriedade de quem é sério; o Brasil exige compromisso de quem o tem; o Brasil não pode mais aceitar a insegurança; o Brasil não pode mais aceitar o Sr. Duda Mendonça vendendo mentiras, amparado por um habeas corpus, que não lhe dá o direito de mentir. Ele está mentindo sistematicamente. Quando não mente, se cala na CPMI dos Correios. É para mudar isso tudo que lançamos Geraldo Alckmin. É na expectativa de que temos que mudar isso tudo que confio na maturidade de cada Tucano e na profundidade de análise de cada Líder e de cada militante da Oposição deste País, não importa a que Partido pertença, sobretudo, acredito no País, acredito na normalidade, acredito na decência e, portanto, acredito que vamos saber escrever uma página muito bonita da História Pátria.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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            Matérias referidas:

            “Alckmin será o candidato do PSDB”;

            “Exército recupera armas após fazer acordo com facção de traficantes”.

            “Exército diz que achou armas após denúncia”.

 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2006 - Página 8157