O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Pela Liderança do PSDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Alvaro Dias; Senadora Heloísa Helena, Senador José Jorge, Srªs e Srs. Senadores, hoje o Presidente Lula está visitando o meu Estado, Santa Catarina. Pela manhã, estará em Itajaí. O dia será marcado por protestos.

Ocorrem em Santa Catarina algumas festas criadas em função da grande produção e da rentabilidade do agricultor, com o objetivo de comemorar a safra, o consumo e os benefícios auferidos. A cidade lucrava com a realização dessas festas. O agricultor tinha orgulho de ser agricultor porque tinha condições de plantar, de produzir e de vender.

Hoje ocorre no meu Estado, na cidade de Ituporanga, a Festa Nacional da Cebola, sob a coordenação de Gervásio Maciel, ex-Deputado e ex-Prefeito, do Prefeito Carlão e do Vice-Prefeito Lazinho. Também hoje, em Campo Alegre, inicia-se a Festa da Ovelha, sob a coordenação do Prefeito Renato Bar e do Vice-Prefeito Vilmar Groscof. Há, ainda, a grande Festa do Milho, em Xanxerê, sob a coordenação do Vice-Prefeito Eroni Barbieri e do Prefeito Avelino Menegola. Vamos também comemorar o aniversário de São José, sob a batuta do Prefeito Fernando Helias.

Essas festas, que antes visavam comemorar a produção, hoje estão servindo para protestos. Lula visita Santa Catarina, onde inúmeras entidades de classe, associações de moradores, sindicatos, empresários de vários setores, como o moveleiro, o madeireiro, o pesqueiro, o calçadista e o têxtil, assim como agricultores familiares e grandes produtores de milho e de soja estão desesperados e protestam contra a falta de investimento em infra-estrutura, contra o chamado tapa-buraco que fizeram e já está deteriorado, aliás, o buraco foi fechado pelo pensamento e pelos projetos do Governo Lula. O buraco é tão grande que, mesmo que o queiram, já não conseguem fechá-lo. Há buraco no Governo e nas estradas.

No norte de Santa Catarina, os empresários do setor moveleiro fecharam a BR-280, tentando chamar a atenção e pedindo socorro ao Presidente Lula e do Ministro Palocci, que - cai, não cai; explica, não explica - diz que não sabia de nada, enquanto outros dizem que sabia de tudo o que está ocorrendo neste Governo.

Milhares de empregados se sentem inseguros, porque, com a falência das empresas, muito desemprego poderá ocorrer. O setor madeireiro, em Pouso Redondo, também pretende fechar a BR-470 para chamar a atenção do Governo. O setor pesqueiro hoje vai fazer uma mobilização com a participação dos pescadores e dos empresários, para perguntar: “Lula, cadê as suas promessas? Cadê as linhas de crédito? Você esteve aqui em Itajaí na campanha! Ó Presidente Lula, você discursa fácil, você diz que o Brasil está evoluindo, que está gerando empregos, diz que está liberando recursos. Onde estão as linhas de créditos para o setor pesqueiro?” Haverá muito protesto hoje em Itajaí.

As empresas do setor calçadista estão indo embora porque o Lula foi à China e abriu as portas do Brasil para os produtos chineses. O setor calçadista está passando por dificuldades. É melhor abrir empresas na China e vender para o Brasil do que produzir no Brasil e exportar.

No setor têxtil, acontece a mesma.

O Sr. Arthur Virgilio (PSDB - AM) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Com muito prazer, concedo um aparte ao nobre Líder Arthur Virgilio.

O Sr. Arthur Virgilio (PSDB - AM) - Senador Leonel Pavan, o Presidente Lula, em determinado momento, misturou política internacional com os interesses da nossa economia. Fez muito mal à política internacional do País. Por exemplo, o Brasil passou a considerar economia de mercado a China, que não é economia de mercado; com isso ameaçou arrebentar a indústria calçadista, a indústria têxtil e criou sérios embaraços para a nossa economia. E não conseguiu o voto da China para a pretensão, já malograda, de o Brasil virar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Em outras palavras, misturou as estações, faltou competência, faltou lucidez. E V. Exª, agora, traz um problema prático que, sem dúvida alguma, ainda está mascarado pelo bom momento mundial, mas que representa um claro fracasso num dos itens da política econômica brasileira.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Meu Líder, recentemente recebi uma pesquisa mostrando a evolução dos números pró-Lula. Eu não encontro, não vejo mais manifestações nas ruas favoráveis ao Presidente; não encontro mais. E tem mais: aqueles que apoiaram o Presidente Lula hoje estão protestando contra o Presidente, porque foram promessas. Aquela carta aos brasileiros que mostrava os seus programas e projetos foi jogada no lixo. Os estudantes pedem a criação de mais universidades federais, a federalização da Furb, da Univille, a criação de universidades no oeste de Santa Catarina, mais escolas técnicas. Isso é no Brasil inteiro. Não adianta dizer que construíram dez, abriram dez. O Brasil é enorme, é um dos maiores países do mundo.

Os números são insignificantes para quem disse que ia colocar em cada canto deste Brasil, em cada canto dos Estados do País, novas universidades federais. Prometeu e não cumpriu. Hoje, o Lula tem de fugir dos protestos. Certamente, vai chegar em Santa Catarina, meu Líder, e vai fugir. A segurança do Presidente vai fazer com que ele não note, vai mostrar alguém aplaudindo e não vai mostrar o outro lado da rua, ou, nas ruas, as faixas de protesto pedindo a saída do Lula, revoltados por não investir na educação, na saúde, na infra-estrutura, nas micro e pequenas empresas. O Lula, certamente, está vendo só o que está em sua volta: os seus seguranças e aqueles que tentam esconder a realidade do nosso País.

Para encerrar, Sr. Presidente Senador Alvaro Dias, no meu Estado, o Serra tinha mais de 50%, e agora o Alckmin já começa a subir também e vai ultrapassar o Lula, porque o povo não quer mais um Presidente que disse que não sabia e que não sabe nada deste País! O povo não quer mais um Presidente que promete e não cumpre! O povo não quer mais demagogos no Governo!

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Permita-me conceder um aparte, Sr. Presidente, ao Senador Mão Santa? Peço mais dois minutos.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Eu pediria aos Srs. Senadores o respeito ao Regimento, em função dos demais oradores inscritos, pois, embora seja sexta-feira, hoje temos uma extensa lista de oradores inscritos.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Eu gostaria de dar o meu testemunho quanto à maioria do Serra. Não é bem assim não. Eu conheço o seu Estado, por curiosidade pela história política e pela história do Brasil mais contemporânea. Eu quero dizer que fui precisamente a Gaspar, na Ceval, que se transformou em Bunge, a maior multinacional de alimentos, e instalou uma, vamos dizer, beneficiadora de soja lá no Piauí, na cidade de Uruçuí. Fui hospedado por essa multinacional, quando cuidava dessa implantação, lá em Camboriú. Aí eu senti...

(Interrupção do som)

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - ... o que significa a simpatia daquele povo por este extraordinário líder, que eu não conhecia. Foi a primeira vez que fiquei em Camboriú. Depois das negociações, eu fui jantar em um restaurante, e todos vieram me perguntar se eu conhecia Leonel Pavan. Leonel Pavan tinha surgido de uma história bela. Ele tinha trabalhado desde muito cedo, tinha sido garçon. Eu os vi orgulhosos com V. Exª, como símbolo de trabalho, símbolo de competência, e ostentavam a taça que nenhum de nós tem. Foi V. Exª três vezes prefeito. Eu sei o significado disso. Mas não foi três vezes prefeito: foi três vezes excelente prefeito, o melhor prefeito do Brasil. Deus fez o mar, fez o céu, fez o vento, os rios, a lagoa, a gente, mas V. Exª urbanizou e tornou Camboriú um dos pontos mais agradáveis. Então, o Serra tem porque V. Exª é esse símbolo da política lá. Eu vi, eu senti, eu não o conhecia. Quando eu li - uma das minhas surpresas - que V. Exª era Senador e retardou, eu quis visitá-lo no Hospital. Eu já tinha aderido ao entusiasmo popular pela liderança de V. Exª, que se confirma. Se Serra tinha 52%, V. Exª tinha 92%. V. Exª me indicando, eu teria mais do que o Serra lá.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Para encerrar, Sr. Presidente, quero dar boas-vindas ao Presidente em Santa Catarina. Nós somos da oposição e nós somos educados. Boas-vindas ao Presidente em Santa Catarina! Mas traga recursos, traga coisas concretas para o nosso Estado. Não venha mais com esses discursos vazios, demagogos, populistas. Nós precisamos que as coisas aconteçam. Eu sei que está em campanha eleitoral, mas não pode fazer campanha eleitoral com o dinheiro público. Traga, use o dinheiro público...

(Interrupção do som.)

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Sr. Presidente, encerro.

Nós precisamos que o Presidente visite Santa Catarina, como todos os Estados do Brasil, mas não para aquele discurso fácil, aquela coisa demagógica: “não querem que eu viaje”. Nós queremos que viaje, queremos que visite o Brasil - essa é a missão do Presidente -, mas não para fazer política.

Disseram-me que, esses dias, ele foi para uma região do nosso País e descerrou uma placa, onde estava escrito: “Lula esteve aqui.”.

Ó, Lula! O que é que é isso? Com dinheiro público?

Visite Santa Catarina, seja bem-vindo. Lamentavelmente, está deixando Imbituba de lado só porque é administrada pelo PSDB. Vai à nossa querida Laguna, grande cidade, história marcante do nosso País, que é do PT; vai à nossa querida Itajaí, vizinha de Balneário Camboriú, terra onde estudei, administrada pelo PT. Visite todo o Estado. Visite as regiões do nosso Estado e sinta a diferença. Veja o que está acontecendo no Estado, as dificuldades pelas quais estamos passando.

Seja bem-vindo a Santa Catarina, mas traga resultados positivos, recursos, soluções e não apenas palavras vazias e promessas novamente para o ano que vem.

No ano que vem - infelizmente para você, para o PT -, não estará mais governando o País. Infelizmente. Agora, felizmente para nós, teremos um Presidente comprometido com as causas sociais do nosso País. Certamente será Geraldo Alckmin.

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