Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Justificação de requerimento de voto de lembrança a João Guimarães Rosa, pela passagem do cinqüentenário do lançamento de "Grande Sertão Veredas". Desafio ao Presidente Nacional do PT, Ricardo Berzoini, a processar S.Exa. por acusar o governo da prática de corrupção.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Justificação de requerimento de voto de lembrança a João Guimarães Rosa, pela passagem do cinqüentenário do lançamento de "Grande Sertão Veredas". Desafio ao Presidente Nacional do PT, Ricardo Berzoini, a processar S.Exa. por acusar o governo da prática de corrupção.
Publicação
Publicação no DSF de 22/02/2006 - Página 5716
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ENCAMINHAMENTO, MESA DIRETORA, REQUERIMENTO, SOLICITAÇÃO, VOTO, HOMENAGEM, JOÃO GUIMARÃES ROSA, ESCRITOR, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), CINQUENTENARIO, LANÇAMENTO, OBRA LITERARIA, RELEVANCIA, LITERATURA BRASILEIRA.
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, PRESIDENTE, AMBITO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PROCESSO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, TASSO JEREISSATI, SENADOR, ESTADO DO CEARA (CE), ORADOR, ACUSAÇÃO, GOVERNO, CORRUPÇÃO.
  • ENUMERAÇÃO, NOME, PESSOAS, DEMISSÃO, CARGO PUBLICO, MOTIVO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, CRITICA, TENTATIVA, GOVERNO, DESVIO, ATENÇÃO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de tudo, encaminho à Mesa voto de lembrança ao genial escritor brasileiro, João Guimarães Rosa, ao ensejo da passagem do cinqüentenário do lançamento de Grande Sertão Veredas, que é, sem dúvida, uma das mais relevantes e tocantes obras literárias deste País.

Mas, Sr. Presidente, vejo que a pantomima vai longe. O Presidente do PT, Sr. Ricardo Berzoini, ameaça o Senador Tasso Jereissati, Presidente do meu partido, com uma ação. Já havia feito a mesma coisa com o Presidente Fernando Henrique Cardoso e não cumpriu. Pelo menos até agora, que eu saiba, não entrou com ação alguma. Esperamos que entre, para que o Presidente Fernando Henrique requeira a exceção da verdade e prove a corrupção deste Governo, sim. Agora, entra com uma ação contra o Tasso Jereissati, que disse, lá no Ceará:

Nem o famigerado Collor teve um esquema de corrupção igual. No Collor, tinha o PC, que roubou muito, mas neste Governo tinha um roubo organizado e sistematizado.

Pois bem, já que o Deputado Berzoini está querendo processar pessoas, vou-me oferecer para que me processe, repetindo as palavras do Senador Tasso Jereissati. Quem está dizendo agora sou eu. São palavras minhas: nem o famigerado Collor teve um esquema de corrupção igual. No Collor, tinha o PC, que roubou muito, mas neste Governo tinha o roubo organizado e sistematizado.

Só espero que, além de me processar, faça o mesmo em relação ao Presidente Fernando Henrique e ao Senador Tasso Jereissati. Não dá mais para ficar cometendo essa leviandade de prometer processar e não fazê-lo.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, vejo que não há moral. Não vamos nem longe: que moral tem essa gente para falar em indignação? Não conseguiram se indignar com o Delúbio, não conseguiram se indignar com ninguém, não conseguiram se indignar com o que houve no País. Negam sistematicamente que teria havido o mensalão no País! Essa é a tese central deles. Que moral têm?

Vamos aos fatos: “Perícia: assinatura de Tarso Genro era falsa”. Processaram, Senador Alvaro Dias, o Deputado do PFL, Onyx Lorenzoni, com uma assinatura falsa do Sr. Tarso Genro, que já foi presidente da legenda, presidente do PT. Então, está provado. Pergunto: partido que tem falsificadores de assinatura tem ou não tem moral para processar alguém? Acho que não tem.

Berzoini, aquela arrogância, aquele inimigo dos nonagenários, aquela figura que colocou na fila as pessoas com mais de 90 anos de idade. Todo mundo se lembra disso; minha tia Lindalva morreu aos 96 anos de idade com muita raiva de Berzoini. Dizia minha inesquecível e querida tia Lindalva: “Meu filho, nunca dê o menor refresco àquele rapaz”. Muito bem, “Berzoini reduz adversários tucanos a ‘chuchu’ e a ‘ex-ministro da dengue’”. Para ele, o Governador Geraldo Alckmin, com essa administração de grande êxito que faz dele o Governador mais aprovado do País, é chuchu, e o Prefeito José Serra, ministro da saúde consagrado nas pesquisas e no exterior, é o ministro da dengue. Pois muito bem: digo que o candidato de seu Partido é o candidato do governo da corrupção. É melhor ser da dengue e do chuchu do que da corrupção.

Vamos continuar: “Casal é suspeito de fraudar fundos de pensão” - fraude em fundo de pensão.

Aqui, não adiantou toda aquela média que Gilberto Gil fez levando nosso cantor Bono Vox, que não sabe a rigor quem é ou quem não é Lula, a fazer uma média eleitoreira. No entanto, valeu pois, quando Lula apareceu no telão. foi vaiado ontem. Está aqui registrado no Terra on line de hoje: Bárbara Miebach, Ricardo Pieralini.

Muito bem, Sr. Presidente, quando se fala em corrupção, é bom dar nome aos bois. Vou ler só os “caídos”: nos Correios, *Maurício Marinho, Antônio Ozório Batista*, Maurício Coelho Madureira, Eduardo Medeiros de Morais, Robinson Koury Viana da Silva, Ricardo Henrique Suner Caddah; vamos para o IRB: Luiz Apolônio Neto, Manoel Morais de Araújo, Luiz Eduardo Pereira de Lucena, Carlos Murillo Goulart Barbosa Lima, Alberto de Almeida Pais; na Eletronuclear, Marcos Vinícius Vasconcelos Ferreira; na Cobra Tecnologia, Eduardo Armond, Wladimir Santos, Eduardo Portela.

Vamos agora para a figura mais ilustre do Governo: José Dirceu de Oliveira e Silva. Caiu sob a acusação de ser o patrono do mensalão. Essa é a verdade inescapável com a qual se defronta o Governo que acha que tem autoridade para processar quem quer que seja. Não tem e, se tem, vai-me processar. Peço que faça comigo e que prometeu fazer com o presidente Tasso Jereissati e que prometeu fazer, sem cumprir, com o Presidente Fernando Henrique Cardoso.

Daqui a pouco, vou repetir de novo, para ele não esquecer o que eu falei, aquela história do Collor.

Aí vamos lá: Roberto Jefferson, Rodrigo Botelho Campos, Dimas Fabiano Toledo, José Roberto Cesaroni Cury, Glênio Guedes, Silvio Pereira, Delúbio Soares, José Borba, Edson Monteiro, Roberto Salmeron, Luiz Eduardo Franco de Abreu, Edson Monteiro, Marcelo Sereno.

E ainda acha que dá para dizer que não é esse o governo da corrupção, ainda acha que vai dar para processar alguém ou é verdade que as CPIs derrubaram essas pessoas todas sob a acusação irrespondível de corrupção?

Aqui a minha assessoria colocou José Genoíno. Não acho que José Genoíno seja corrupto, mas que participou, esse sim, feito tolo de um esquema apodrecido à sua volta.

José Adalberto Vieira da Silva, Kennedy Moura Ramos, José Nobre Guimarães, Luiz Gushiken, Mauro Marcelo de Lima e Silva, que não caiu por corrupção, mas por fofoca e “arapongagem”; Henrique Pizzolato, Sandra Rodrigues Cabral, Antonio Batista Brito, Josenilton Andrade, Marco Antonio da Silva, Roberto Rodrigues Barroso Fernandes, Vilmar Lacerda, Paulo Rocha, Silvio Pereira, Valdemar Costa Neto, Marcus Vinícius di Flora, Manoel Severino dos Santos, Danilo de Camargo, Paulo Pimenta - esse, também, não foi por corrupção; renunciou à vice-presidência da Comissão porque cometeu o gesto delituoso de entrar no carro do Sr. Marcos Valério e de lá sair com uma lista falsa. Sérgio Amadeu, Duda Mendonça, Juscelino Dourado, Carlos Rodrigues - Bispo Rodrigues -, Severino Cavalcanti, Alencar Ferreira, demitido recentemente, Luiz Eduardo Machado Castro.

E eu não sei se pegamos todo o mundo, mas o fato, Sr. Presidente, é que estamos aqui com a crônica dos “caídos”, aqueles que caíram em função das denúncias de corrupção que os abateram; aqueles que estavam ligados umbilicalmente a este Governo, o qual não consegue indignar-se com esses aqui e acha que o presidente de um grande partido de Oposição não tem o direito de dizer que não se conforma com isso aqui e com a cortina de silêncio que o Governo tenta baixar sobre isso aqui.

Vamos repetir. O Senador Tasso Jereissati disse o seguinte: “Nem o famigerado Collor teve um esquema de corrupção igual.” No Collor, tinha o PC que roubou muito, mas neste Governo tinha um roubo organizado, sistematizado. Essas palavras são minhas. Eu estou dizendo. Então, estou exigindo ser processado pelo Sr. Ricardo Berzoini, pelo PT, por quem eles queiram. Exijo isso aqui. Não me conformo se não o fizerem.

Se fizerem o processo, vou à Procuradoria Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal pedir que aceitem o pedido de processo, para que, depois, aqui eu deixe me processarem. Vou pedir aos meus colegas que votem a autorização para que eu seja processado, possa requerer a exceção da verdade e provar que é um governo de corrupção, sim; que o Tasso tem razão, sim, e que, na verdade, quando fingem processar um e outro, estão querendo desviar a atenção da lista dos “caídos”, aqueles que caíram em função das denúncias de corrupção que abalaram este País e desmoralizaram este Governo.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º do Regimento Interno)

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Matérias referidas:

”Berzoini reduz adversários tucanos a ‘chuchu’ e “ex-ministro da dengue’”. Folha de S.Paulo;

“Perícia: assinatura de Tarso Genro era falsa.” O Globo;

“Casal é suspeito de fraudar fundos de pensão.” Jornal do Brasil;

“PT ameaça com outra ação” Correio Braziliense;


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/02/2006 - Página 5716