Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso do sexagésimo primeiro aniversário da tomada do Monte Castelo, um dos maiores feitos da Força Expedicionária Brasileira em solo europeu durante a Segunda Guerra Mundial.

Autor
Romeu Tuma (PFL - Partido da Frente Liberal/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso do sexagésimo primeiro aniversário da tomada do Monte Castelo, um dos maiores feitos da Força Expedicionária Brasileira em solo europeu durante a Segunda Guerra Mundial.
Publicação
Publicação no DSF de 22/02/2006 - Página 5756
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIRETOR, ASSISTENTE, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR, LANÇAMENTO, LIVRO, CONTRIBUIÇÃO, TRATAMENTO, DOENÇA GRAVE, CRIANÇA.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, VITORIA, FORÇA EXPEDICIONARIA BRASILEIRA (FEB), PAIS ESTRANGEIRO, ITALIA, SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, ELOGIO, BRAVURA, COMBATENTE.

O SR. ROMEU TUMA (PFL - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meus agradecimentos, Senador Marco Maciel, pela cessão.

Quero rapidamente, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, fazer uma referência especial ao livro lançado pelo Hospital Sarah Kubitschek, pelo Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior e por Lúcia Willadino Braga.

Senador Marco Maciel, V. Exª me dá a oportunidade de prestar homenagem ao Diretor e à Assistente do Sarah Kubitschek, que lançam um livro pela Taylor & Francis, uma das melhores editoras na área médica. Trata-se de um livro que ensina a pais e médicos o tratamento efetivo e humanizado de crianças com problemas cerebrais.

Deixo pequena sinopse do livro, para que a Mesa a faça constar dos Anais, além de mostrar folhetos que o Sarah está distribuindo de prevenção no que diz respeito à violência do trânsito, a acidentes no mergulho e ao uso de cinto de segurança.

Sr. Presidente, eu queria falar o mais rápido possível, mas não poderia deixar de prestar uma homenagem ao Exército brasileiro no dia em que se comemora o 61º aniversário da tomada do Monte Castelo pela FEB (Força Expedicionária Brasileira), ocorrida durante a Segunda Guerra Mundial.

O País comemora hoje o 61º aniversário da tomada do Monte Castelo, um dos maiores feitos da Força Expedicionária Brasileira - FEB, em solo europeu, durante a Segunda Guerra Mundial.

Reverenciamos os heróis febianos que arrostaram a fúria inimiga sem vacilar, até conseguir expulsar as tropas alemãs de seu ponto de observação mais privilegiado e guarnecido no teatro de operações italiano.

Havia meses que o Brasil se tornara alvo do Eixo, formado por Alemanha, Itália, e Japão, por se solidarizar com os Estados Unidos da América, alvos da agressão estrangeira em Pearl Harbor. Traiçoeiramente, sem declaração de guerra, a agressão foi estendida aos brasileiros. No total, tiveram a vida ceifada 742 homens, mulheres e crianças, passageiros ou tripulantes de navios mercantes nacionais, torpedeados à vista de nossa costa. Daí a participação forçada do País na luta dos países aliados contra o Eixo.

Em apenas dois dias (18 e 19 de agosto de 1942), tinham sido afundados cinco de nossas embarcações mercantes - Araraquara, Aníbal Benévolo, Baependi, Itagiba e Arara - defronte às praias de Sergipe e Alagoas.

De janeiro a agosto, mais 14 vapores indefesos foram postos a pique covardemente. Além dos já mencionados, eram eles o Bagé, Cabedelo, Buarque, Olinda, Arabuta, Cairu, Parnaíba, Comandante Lira, Gonçalves Dias, Alegrete, Pedrinhas, Tamandaré, Piave e Jacira. Ao clamor popular, seguiu-se a declaração de guerra, em 22 de agosto de 1942. Outros países sul-americanos também tiveram navios afundados e declararam guerra ao Eixo nazi-fascista. Mas, dentre eles, somente o Brasil esteve presente no conflito com suas três Forças Armadas e contribuiu, de fato, para a vitória final.

Graças ao seu destemor, nossos expedicionários cercaram e capturaram, ainda em 1945, a 148ª (centésima quadragésima oitava) Divisão de Infantaria alemã inteira, de uma só vez. Renderam-se à FEB 14.779 (quatorze mil, setecentos e setenta e nove) soldados e oficiais dessa unidade. Entregou-se, em seguida, o General Joseph Von Pimsel com o seu 75º Corpo do Exército Alemão. Assim, foram feitos mais de 20 mil prisioneiros, quase um para cada combatente brasileiro.

Entretanto, a tomada do Monte Castelo - local aparentemente inexpugnável - transformou-se no símbolo máximo da bravura e do desprendimento daqueles febianos. Em 24 de novembro de 1944, tentaram o primeiro assalto. Bem municiadas e abastecidas, as tropas inimigas rechaçaram o ataque. As duas investidas seguintes - uma, cinco dias depois; outra, no dia 12 do mês posterior - também fracassaram, em meio ao frio e à mata cerrada. Tomar aquele monte transformou-se em uma questão de honra.

A FEB atuou sob o comando dos marechais Euclides Zenóbio da Costa e João Batista Mascarenhas de Morais. Este escreveu no seu livro de memórias:

Defendendo um setor de cerca de 15 quilômetros de extensão, os brasileiros, durante o inverno de 1944/45, observaram diuturnamente as alturas em frente, nas quais se abrigava o implacável inimigo. (...)

Uma das elevações, mais que as outras, atraía a atenção dos homens e do comando brasileiro: Monte Castelo. Sua conquista pela tropa brasileira era indeclinável ponto de honra.

A organização defensiva, nesse monte de encostas traiçoeiramente menos escarpadas, apresentava-se primorosa: com excelente comandamento sobre as possíveis bases de partida de um ataque, dificultava a montagem de uma ação ofensiva frontal. Dispunha de extensos campos minados; e suas numerosas e bem localizadas casamatas eram admiravelmente camufladas. (...)

            Impedir a movimentação germânica no vale aos pés do monte era fundamental para os aliados, pois através dele o inimigo se reabastecia. Dizia-se no Brasil, à época, que conquistar o Monte Castelo seria mais difícil do que fazer uma cobra fumar, tanta era a fama dos soldados alemães. “E a cobra fumou” transformou-se na expressão popular moldada pela vitória de 21 de fevereiro de 1945.

A simples chegada ao sopé do Monte Castelo já bastaria para demonstrar heroísmo e competência. Somar-se-ia a sucessivas vitórias dos pracinhas, como a ocupação dos montes Belvedere, Della Castellana e Castelnuovo, que permitiu o controle pelos aliados do tráfego através da estrada Porreta Terme-Morano. Nossos heróis conquistaram, ainda, Montese, Montello e Zocca.

O dia 21 de fevereiro de 1945 amanhece com a batalha decisiva em plena marcha. A vitória sorri à FEB ao anoitecer, doze horas depois. Mas, do primeiro ao último ataque, entre oficiais e praças, custara a vida de mais de quatrocentos jovens brasileiros.

Ao todo, em solo italiano, o Brasil perdeu 443 dos seus 25.334 valorosos expedicionários. Mais 1.145 sofreram ferimentos, 35 foram capturados pelo inimigo e 23 desapareceram em combate.

São também do Marechal Mascarenhas de Moraes as seguintes observações:

“Sumidouro de centenas de vidas patrícias, a captura de Monte Castelo, pelos brasileiros, constituiu dever de consciência e imperativo de dignidade militar. A nossa divisão escrevera o capítulo mais emocionante e sensacional de sua vida. Foi uma vitória militar e um triunfo moral. (...)

“Monte Castelo representa a preliminar gloriosa das nossas vitórias no vale do Reno, exaltando a honra e a dignidade das armas brasileiras para a conquista de outros triunfos”.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, ainda que outras homenagens não sejam prestadas nesta data, fica aqui registrada a reverência do Senado da República aos heróis brasileiros que contribuíram, com a sua coragem e o seu sangue, para a vitória aliada na II Guerra Mundial.

Os heróis da Pátria homenagearam e respeitaram a bandeira nacional.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SENADOR ROMEU TUMA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Sinopse do livro sobre a Rede Sarah


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/02/2006 - Página 5756