Discurso durante a 34ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o Projeto de Lei 2.403, de 2003, de autoria do Senador José Sarney, que estende os benefícios fiscais concedidos à Zona Franca de Manaus para a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana e outras áreas da Amazônia Ocidental.

Autor
Gilvam Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Gilvam Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Considerações sobre o Projeto de Lei 2.403, de 2003, de autoria do Senador José Sarney, que estende os benefícios fiscais concedidos à Zona Franca de Manaus para a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana e outras áreas da Amazônia Ocidental.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2006 - Página 10931
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • DEFESA, PROJETO DE LEI, AUTORIA, JOSE SARNEY, SENADOR, EXTENSÃO, BENEFICIO FISCAL, ZONA FRANCA, AREA DE LIVRE COMERCIO, MUNICIPIO, MACAPA (AP), SANTANA (AP), ESTADO DO AMAPA (AP), DIVERSIDADE, AREA, AMAZONIA OCIDENTAL, RESTRIÇÃO, ISENÇÃO FISCAL, PRODUTO, AMBITO REGIONAL, INDUSTRIALIZAÇÃO, VIABILIDADE, REDUÇÃO, DESIGUALDADE REGIONAL, DESIGUALDADE SOCIAL.
  • IMPORTANCIA, URGENCIA, IMPLEMENTAÇÃO, EFICACIA, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO, INCENTIVO, REGIÃO, BRASIL, ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que me traz hoje a esta tribuna é um assunto de grande importância para o Estado do Amapá e para o Brasil. Trata-se do Projeto de Lei nº 2.403, de 2003, de autoria do Senador José Sarney, que estende os benefícios fiscais concedidos à Zona Franca de Manaus para a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana e a outras áreas na Amazônia Ocidental, restringindo as isenções fiscais aos bens elaborados com matérias-primas animais, vegetais, minerais, agrosilvopastoris, agroindustrial, da biodiversidade, máquinas e implementos agrícolas, cerâmicas e vidros originários da Região Amazônica. O projeto encontra-se na Câmara dos Deputados.

Fico surpreso e estarrecido quando verifico alguns posicionamentos divergentes, não pela divergência em si, mas pelas justificativas dela decorrente.

Somos uma democracia. O Brasil é uma República Federativa formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. E a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, a garantia do desenvolvimento nacional e a erradicação da pobreza, da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil.

Nós, do Amapá, Sr. Presidente, estamos buscando a redução da desigualdade econômica e social, pretendendo fazer valer determinação de ordem constitucional por meio de elementos que o Estado brasileiro dispõe e pode aplicar.

O Amapá, ou melhor, a Amazônia é focalizada em todos os cantos do mundo por sua importância ecológica para todo o planeta. No Amapá, temos 96% da vegetação intacta. Sessenta e quatro por cento do território amapaense é composto por áreas de proteção ambiental sob o domínio da União e por terras indígenas regularizadas. Além disso, senhoras e senhores, 34% das terras amapaenses integram o patrimônio da União.

Nossa evolução econômica somente deu alguns passos com a instalação da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana. A Suframa, gerenciadora das áreas de exceção fiscal na Amazônia, investiu na infra-estrutura do Amapá, visando ao incremento do turismo.

Por meio da Suframa foi construída a orla da frente da cidade, o balneário do Curiaú, o Porto de Contâners, pavimentação de rodovias e vários outros investimentos, todos visando a estruturação para o avanço econômico.

O que sustenta a economia amapaense são o comércio local e os contra-cheques do funcionalismo público.

Mas a aprovação da extensão dos benefícios fiscais constantes no Decreto-Lei nº 288/67 deu-nos um horizonte promissor, pois o Amapá é privilegiado por sua posição geo-estratégica, que o torna mais próximo da América do Norte, da Europa e adentra os países do Caribe. E essa realidade não pode ser olvidada por se constituir em elemento de contribuição para a macroeconomia do País, por intermédio de micro pólos de desenvolvimento fomentados pelo investimento fiscal.

Devo lembrar que a Zona Franca é considerada como a mais bem-sucedida política de desenvolvimento regional do País, que tem permitido ampliar a produção econômica da Região Amazônica, gerando empregos e renda, atraindo tecnologia externa em valores inigualáveis, que espraia dinamismo econômico para regiões fronteiriças carentes da presença do Estado e possibilita a proteção ambiental.

O desafio da Suframa de ser um agente de promoção do desenvolvimento sustentável regional passa pela compreensão da importância estratégica do investimento permanente em infra-estrutura, recursos humanos e cultura em Ciência, Tecnologia e Inovação.

Essas são palavras da superintendente da Suframa, Flávia Grosso, que vem fazendo cumprir os objetivos institucionais da Suframa com competência e tenacidade.

A surpresa a que me referi, Excelências, relaciona-se aos posicionamentos contrários que têm gerado uma grande batalha no âmbito do Congresso Nacional para a consecução de um bem para o País, pois ao Estado brasileiro interessa que o Amapá cresça, se desenvolva, cumpra sua função econômica e social dentro da nossa República.

Que ameaça podemos ser para São Paulo ou para o Amazonas? Que direito teria outra unidade da Federação em impedir, por questão de concorrência, que a União, por intermédio de política econômica e fiscal absolutamente lícitas, concorra para a efetivação da redução de desigualdades historicamente estabelecidas?

Àqueles que argumentam sobre evasão fiscal, solicito que observem a invasão de produtos estrangeiros nas ruas de todo o País, o volume de recursos enviados ilegalmente para o exterior, o contrabando de produtos de informática, que gera prejuízos incalculáveis à Nação, numa rápida e ínfima exemplificação.

Concedo um aparte ao Senador Valdir Raupp, que não o pediu, mas senti seu desejo de se pronunciar.

O Sr. Valdir Raupp (PMDB - RO) - Muito obrigado, Excelência. V. Exª faz um pronunciamento debatendo um tema da mais alta relevância para os Estados da Amazônia Ocidental. Tirando o Amazonas, que tem a capital Manaus com 400 indústrias, que geram de 400 a 500 mil empregos, o que causa inveja a todos nós, sobram os quatro menores Estados do norte do País: Amapá, Roraima, Acre e Rondônia. Como Roraima está fora da Suframa, então ficaria o Amapá, o Acre e Rondônia mais o Estado do Amazonas, e nossas capitais são pobres, do que reclamo muito. Portanto, esse projeto que o Presidente Sarney tanto defendeu nas Comissões desta Casa, estendendo esses incentivos aos produtos regionais, à industrialização dos produtos regionais que saiam dessa região, é muito importante, já que não temos o mesmo privilégio de Manaus ou de São Paulo, que é um grande centro industrial. Que pelo menos haja a extensão desses incentivos, o que já seria muito bom para a industrialização dos produtos regionais, porque atrairia algumas indústrias para as nossas capitais - no caso do Amapá, Acre, Rio Branco e Porto Velho - e geraria emprego para uma população carente e empobrecida devido à falta de geração de renda e de emprego. Parabenizo V. Exª e somo-me ao desejo de realização desse pleito. Muito obrigado.

O SR. GILVAM BORGES (PMDB - AP) - Agradeço a V. Exª o aparte, Senador Valdir Raupp.

A carência de aprimoramento e expansão do controle da rede fiscalizadora e arrecadadora estatal não pode servir de obstáculo à implantação do desenvolvimento amapaense.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, prevalece o egoísmo, prevalece uma política paroquial. Não venho defender apenas os interesses do Estado do Amapá; defendo o interesse do Brasil. Somos uma Federação, uma República! Por que não desenvolver o Maranhão, o Acre, toda essa Região? O País precisa se levantar também por Mato Grosso.

Temos de estabelecer uma política de incentivos, abrir esses mercados para que tenhamos condições de atrair investimentos e indústrias. Essa política é importante!

É lamentável quando um Parlamentar de São Paulo diz que isso é um absurdo, que isso não pode ser feito. Sr. Presidente, venho aqui protestar contra esse tipo de política xenófoba, mesquinha, sem visibilidade, sem compromisso com a integração nacional.

O País precisa desenvolver com urgência uma política séria de desenvolvimento. O Amapá tem um projeto que beneficia outras regiões. Por que não o Estado do Pará? Acho que precisamos abrir novos mercados, sim, e atrair investimentos, para gerar empregos e riqueza. O País só ganha com isso.

Antes que a Amazônia seja internacionalizada, antes que a Amazônia seja dominada, é preciso que o Estado brasileiro, os Estados irmãos possam abrir mão da política paroquial, da política regional, que não engrandece o País. A Amazônia precisa disso com urgência.

Temos de começar pelo Amapá, Roraima, Rondônia, Acre, Mato Grosso, Maranhão! Por que não? Este País precisa crescer! É hora de avançar!

Por esse motivo, conclamo os Senadores de todos os Estados para unirmos forças. Precisamos dar um basta, estancar essa visão ofuscada, sem compromisso de desenvolvimento com a Pátria. Aqui está o Amapá defendendo o desenvolvimento de toda a região amazônica e do Brasil.

Muito obrigado.

 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2006 - Página 10931