Discurso durante a 39ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Desempenho do governo Lula na economia, fazendo referências às pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o fraco crescimento econômico brasileiro, em comparação ao resto do mundo.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIO ECONOMICA.:
  • Desempenho do governo Lula na economia, fazendo referências às pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o fraco crescimento econômico brasileiro, em comparação ao resto do mundo.
Aparteantes
Maguito Vilela.
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2006 - Página 11638
Assunto
Outros > POLITICA SOCIO ECONOMICA.
Indexação
  • AVALIAÇÃO, DADOS, CRESCIMENTO, RENDA PER CAPITA, BRASIL, COMPARAÇÃO, MUNDO, INFERIORIDADE, SITUAÇÃO, ECONOMIA INTERNACIONAL, CRITICA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, EXCESSO, JUROS, IMPOSTOS, BUROCRACIA, INCOMPETENCIA, GOVERNO FEDERAL.

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O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador João Alberto, Senadoras e Senadores presentes na Casa, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, Senador Sibá Machado, atentai bem: a compensação do trabalho é a renda. E Deus disse: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Atentai bem, João Alberto!

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - A renda e o descanso, Senador Mão Santa.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Atentai bem: o apóstolo Paulo foi mais severo quando disse: “Quem não trabalha não merece ganhar para comer”. Senador Paim, nós fizemos uma pesquisa aqui de real. A compensação do trabalho é uma renda, é o salário. E, segundo os dados do Ipea, da Fundação Getúlio Vargas, do Professor César Fortes - atentai bem! -, “A renda per capita é o indicador bastante importante do nível de desenvolvimento econômico e social de cada país. Ela representa quanto seria a renda anual para cada cidadão, caso toda a renda gerada fosse repartida igualmente entre a população”.

Senador João Alberto Souza, eis que o povo gritou: “liberdade e igualdade...” Então essa renda... Presumiu-se que essa forma de Governo ia ter essa igualdade. Vamos à verdade, o que é difícil. Buscar a verdade hoje, no Brasil, é difícil.

Senador Paulo Paim, sei que o Lula não gosta de ler. Ele nunca deve ter lido a Bíblia, mas hoje existe a Bíblia em CD. Está ouvindo, Senador João Alberto Souza? Está bom de presentear o Presidente com um CD, V. Exª que é cristão. A Bíblia.

Essa distribuição deveria ser por igual. Nos últimos 25 anos, a renda per capita brasileira cresceu somente 9%. O resto é mentira. É propaganda enganosa. Nos países ricos, a média foi de 60%; e nós, em 25 anos, Senador Gilvam Borges, só crescemos 9%. Bem aí, no Chile, o crescimento foi de 100%. No Chile, aqui, País latino-americano. Ele cresceu 100% e nós, em 25 anos, só crescemos 9%. Na China, esse crescimento foi de 700%. Os senhores estão vendo aí esses computadores, esses relógios... O crescimento foi de 700%! Para o Brasil, isso representa a falta que o crescimento econômico faz ao País. Em 2006 - este ano de eleição, este ano da farsa - presume-se, segundo os economistas, que o mundo vai crescer 5%. No ano que passou, Senador Gilvam Borges, nós só ganhamos do Haiti, que está em guerra, na América. Será o quarto ano consecutivo de crescimento superior a 5%. O mundo cresceu. Tem que crescer. Muita gente trabalhando e produzindo tecnologia... Em tecnologia, o mundo cresceu 5%. Quer dizer, há 35 anos os economistas dizem que não passamos por uma situação tão favorável. Os economistas estão chamando o que os pilotos chamam de "céu de brigadeiro”, porque o mundo está crescendo: a tecnologia, o estudo, o trabalho, a obstinação.

Deveremos crescer, segundo pesquisadores, por volta de 3% este ano. A China deverá crescer 10%, o que significa dizer que a renda de cada chinês que ganhava R$ 100,00 será de R$ 110,00; se ele ganhava R$ 1 mil, vai ganhar R$ 1,1 mil - isso na China.

A previsão de crescimento para nós - e não vai mudar - é de que, se houver impacto, na previsão dos economistas, é para pior, é para menos. O Brasil, infelizmente, não tem aproveitado o momento. Nosso crescimento em 2005 foi de 2% e este ano não deve ultrapassar a casa dos 3%.

Atentai bem: a China vai crescer 10%; a Índia vai crescer 10%; a Rússia vai crescer 10%; o Chile vai crescer 10%. Esse é mais um fracasso do Governo Lula. Graças a uma surrada desculpa de controle inflacionário, nossa economia está sendo freada por juros exorbitantes e por uma carga tributária gigantesca. Essa é a verdade.

Atentai bem, Gilvam! O livro mais avançado é que o que diz que o mundo é plano, porque o capital não está vindo para cá. Não está. Olha aí o que acontece com a Índia, com a China, com a Rússia. Não está por causa da complexidade, porque ninguém quer ser empreendedor neste País, pois é complicado. Setenta e seis impostos! É o País que tem mais impostos. É o país que tem a taxa de juros mais alta. Então, entendei, Maguito, o que se está ocorrendo na Índia, nesses Países emergentes que estão crescendo a 10%. Para se ter uma noção, hoje, um escritório de contabilidade na China ou na Índia faz, João Alberto, 500 mil declarações de imposto de renda de norte-americanos e mais 500 mil de europeus. Por quê? Não há complexidade das leis trabalhistas. Então, os homens do capital investiram em chineses, em indianos, que se atualizaram pelo sistema de internet e estão ganhando todo o serviço de contabilidade do mundo.

Senador João Alberto, há centenas e centenas de hospitais no mundo em que V. Exª entra num tomógrafo, onde só trabalha um técnico, e o exame vai pela internet para um escritório na Índia ou na China, que dá um diagnóstico por um sistema de computador, e o fuso horário permite que, pela manhã, o resultado já esteja na papeleta do médico que vai usar aquele exame.

Esse é o mundo plano, em que nós não entramos pela incompetência, pelo excesso de burocracia, pelo excessivo número de impostos, pelo excesso de juros e pela falta de competência dos nossos técnicos, que estão malformados porque a universidade brasileira está em decadência em termos de pesquisa. Essa é a verdade.

Senador Sibá, se não aproveitamos agora, que a economia mundial cresce, que está de céu de brigadeiro, imagine quando houver um apocalipse na economia por qualquer fator, seja energético ou outro, até mesmo uma guerra?

Concedo o aparte ao Senador Maguito Vilela...

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Senador Mão Santa, o tempo de V. Exª está esgotado. Por gentileza, conclua.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - O tempo pode estar, o que não quero crer que esteja esgotada é a tolerância e a sensibilidade de V. Exª.

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Mas, Senador Mão Santa, temos outros oradores inscritos. Se formos condescendentes, prejudicaremos os outros companheiros que estão inscritos. Por gentileza, conclua o pronunciamento de V. Exª.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Permite V. Exª que eu passe a palavra àquele que é um homem do MDB de verdade, que se candidata? V. Exª devia, neste minuto que falta, imbuir-se de coragem e ser candidato pelo PMDB ao Governo do Maranhão! Aí sim.

Maguito, homem do PMDB autêntico, sai daqui, desta comodidade, para servir à comunidade mais uma vez - e foi um extraordinário Governador no Estado de Goiás!

Permite-me V. Exª? (Pausa.)

O Sr. Maguito Vilela (PMDB - GO) - Vou procurar colaborar e ser breve. Pedi um aparte simplesmente para cumprimentá-lo. V. Exª fez uma análise correta do crescimento de países emergentes, com crescimento muito acima do Brasil. Nenhum deles tem as potencialidades, as riquezas e a grandeza do Brasil. V. Exª falou sobre os juros e sobre os impostos com muita propriedade, mas também o Brasil é o País que tem os encargos sociais mais pesados, além da burocracia que V. Exª tão bem descreveu. Meus cumprimentos pelo brilhantismo do pronunciamento.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Para encerrar, Sr. Presidente, V. Exª governou o Maranhão - foi pouco tempo, onze meses - e talvez ninguém o excedeu. Sou vizinho. Mas está aqui um governante que V. Exª, que é bom - não é como Lula, gosta de estudar, aprender -, deve conhecer: Rudolph Giuliani, O Líder; o mais famoso Prefeito de Nova York.

É interessante que aqui ele cita aquilo que eu quis ensinar ao núcleo duro, burro e corrupto, que foi afastado. Senador Sibá Machado, tem que estudar. Atentai bem! Então, citando Reinventando o Governo, de Ted Gaebler e David Osborne, ele diz que o governo não pode ser grande demais como um transatlântico - o Titanic afundou. E foi isso o que houve com o Governo do Lula. Eram 16 ministérios, e ele aumentou para quarenta. Nomeou os que perderam a eleição, e o barco está afundando. Mas fica a certeza da democracia, a alternância do poder, meu jovem, para mudar e dar esperança ao povo que trabalha no Brasil.

Muito obrigado.

 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2006 - Página 11638