Discurso durante a 44ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Debate sobre as dificuldades enfrentadas pelo estado do Piauí no setor de transporte aéreo.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL. HOMENAGEM.:
  • Debate sobre as dificuldades enfrentadas pelo estado do Piauí no setor de transporte aéreo.
Publicação
Publicação no DSF de 25/04/2006 - Página 13015
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL. HOMENAGEM.
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, SEGURANÇA PUBLICA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CONSTRUÇÃO, AEROPORTO, HOTEL, OBJETIVO, INCENTIVO, TURISMO, ESTADO DO PIAUI (PI), SOLICITAÇÃO, RESTABELECIMENTO, LINHA AEREA.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JOSE SARNEY, SENADOR.

  SENADO FEDERAL SF -

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O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador João Alberto, que preside com muito brilho e firmeza esta sessão e tudo o que faz, Senadores e Senadoras presentes na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação, o Senador Tião Viana, com sua inteligência privilegiada, fez a sugestão de que o tempo para se falar nas sessões não deliberativas fosse de 15 minutos. Com mais cinco minutos, pela generosidade de V. Exª e pelo aniversário do Presidente Sarney, vou usar, com a permissão de V. Exª, 20 minutos.

Senador João Alberto, a realidade do Brasil - atentai bem! - no que concerne ao turismo, todo mundo fala, é ridícula! Não há turismo no Brasil. São três milhões de estrangeiros que chegam. Bem aí, em Cuzco, em Machu Picchu, uma cidade, são 600 mil estrangeiros.

Faço uma reflexão levando em conta o tamanho do Brasil, os Estados, proporcionalmente. E por que isso acontece? Primeiro, a violência afasta os turistas. A violência.

Outro dia, eu estava em Barcelona. Eles diziam que o Brasil é bonito, há o futebol. Os jogadores vão todos para lá, como os Ronaldinhos. Carnaval, samba, Pelé. Carnaval...Pow! Matou! É a concepção que o europeu tem.

Tião Viana, outro dia, em Madri, depois de um show, eu andava com a minha Adalgisa - eram quase 5 horas da manhã - em uma praça, quando vi um casal de velhinhos. Senadora Serys, eles deviam ter 90 anos e namoravam em uma praça! Com o frio, vestiam casacos, usavam jóias... Parei, com Adalgisa, e fiquei olhando.

Como lamento por meus velhinhos não poderem namorar nas praças do Brasil!

Esta é a realidade: a violência.

O Governo foi fraco e vou dizer-lhes o seguinte: procuro ser justo. Isso é uma busca de todos nós. Senador João Alberto, há pouco, homenageamos todos nós o estadista Sarney, que faz aniversário. Mas esse Fernando Henrique Cardoso também é sabido. Não sou do Partido e nunca votei nele, mas é um homem de uma cultura invejável, como não podemos negar. Aliás, tudo que ele escreveu eu procuro ler. E, Senador João Alberto, no apagar das luzes do seu governo, vi uma entrevista do Fernando Henrique Cardoso, na qual ele falou como estadista. É notório que o Presidente Lula não entendeu. Ninguém é Deus! É preciso entender a história. O problema de D. Pedro I era fazer a independência, e fez; o de D. Pedro II era que este Brasil ficasse grandão e não fosse dividido como os países da América espanhola, latina, e ele fez; o Deodoro e o Floriano Peixoto tiveram a missão de trazer a república do governo do povo; a de Getúlio foi valorizar o trabalho e o trabalhador, com a previdência social. Cada um vai tendo a sua missão histórica. Juscelino Kubitschek trouxe o otimismo e o progresso: Brasília, a integração. E assim vai. O Presidente José Sarney fez renascer a democracia. Fernando Collor de Melo dizia que ia modernizar o País. Todos conhecem sua célebre frase, de que nossos carros eram carroças. Teve suas intenções. Quando Itamar Franco assumiu, a inflação era um monstro. E o Presidente Fernando Henrique Cardoso disse para Lula cuidar da segurança, pois este País não pode conviver...

Padre Antônio Vieira, que Sarney cultivou no Maranhão e tem um museu, disse que um bem nunca vem só; que vem sempre acompanhado de outro bem. Acrescento: uma desgraça também. Ontem soubemos de um filho que matou a mãe. Pares cum paribus facillime congregantur: Confusão atrai confusão!

Então, talvez Fernando Henrique tenha dito aquilo ao Lula, com base em Norberto Bobbio. Fernando Henrique é um grande estudioso, ao contrário de Lula, que diz que ler uma página de livro cansa; que é melhor fazer uma hora de esteira. Haja besteira! Ouvi Fernando Henrique Cardoso dizer para Lula cuidar da segurança. Talvez tenha aprendido de Norberto Bobbio. A Itália tem Senador vitalício. Equivoco-me. Não é vitalício. Senador Tião Viana, como se chama o Senador da Itália - não é vitalício -, aquele que é convidado? (Pausa.) Há um número de Senadores - creio que cinco - que são personas de grande cultura, e Norberto Bobbio era um deles. No último livro, ele deixou escrito que o mínimo que se tem de exigir do Governo é segurança: à vida, à liberdade e à propriedade. Fernando Henrique aconselhou isso ao Lula, pois nós não temos.

Senador João Alberto Souza, estamos muito prejudicados. Um dia, vi essa gente do PT dizer, lá no rio Parnaíba, que iam fazer no nosso rio quatro hidrelétricas. A ignorância é audaciosa. Existe uma... E V. Exª, Deputado Federal Milton Brandão sabe, é a Represa de Boa Esperança, na cidade de Guadalupe, que não foi concluída. Eu vi a ignorância: vamos fazer quatro hidrelétricas. O PT. Aí trocam os pés pelas mãos.

Homem inteligente era do Piauí, João Paulo dos Reis Velloso. Pode-se colocar o nome de João Paulo Velloso numa balança, e os 40 ministrinhos que há aí, V. Exª não sabe o nome de dez. Eu não sei seis, que sou Senador. São 40 imprestáveis! Tirou dinheiro do essencial para colocar nos desnecessários. Quem sabe o nome de dez Ministros? João Paulo dos Reis Velloso, parnaibano, nos anos 70 - o Tião não tinha nascido - foi inaugurar um correio na cidade dele. Atentai bem! Eu estava com um copo de uísque na mão durante a inauguração, o filho da terra era Ministro e disse: “Aqui vai ser o terceiro pólo turístico, o Delta.” João Alberto, eu peguei o copo de uísque, balancei-o e disse que o Ministro estava delirando. Eu tinha chegado do Rio, onde me formei em cirurgião. Mas não era não. Eu era o ignorante, e ele, um estadista. O Delta!

Depois, eu vi um Embaixador, o Sr. Clark, Senador João Alberto, um homem como o Sarney: em Paris, conheceu De Gaulle, legalizou o Governo; Getúlio, Osvaldo Aranha era amigo dele. Então, ele só andou no bem-bom, em Paris, Londres, Buenos Aires, só em cidade boa. Ele teve um câncer e quis morrer lá, em Parnaíba, na cidade dele. E escreveu um livro, onde disse que as duas melhores cidades do mundo começam com a letra “p”: Paris e Parnaíba.

Então, esses homens diziam isso. O terceiro pólo turístico, o Delta. E aí está. Faz parte dos Lençóis Maranhenses. O rio Parnaíba se abre, não como o Amazonas, único, mas em cinco rios, lembrando a letra grega delta. Ninguém sabe grego, mas sabe assim, em cinco rios, lembrando uma mão, com certeza, santa. Ele forma 78 ilhas: um terço do Piauí; dois terços do Maranhão.

Então, temos perspectivas de turismo, o que diminuiu. Falou-se em dois aeroportos internacionais: um em Parnaíba e outro no Delta. Na minha cidade, Senador João Alberto, não tem nem linha nacional! Fui eu quem levou o Coronel Rolim, da TAM, para o Piauí. Ninguém deu valor, porque havia a Vasp - hoje, onde está a Vasp? -, a Transbrasil e a Varig. De 400 aeroportos, Lula, hoje, somente 100 estão funcionando. Essa é a realidade turística.

Em Parnaíba, pelo amor de Deus, PT, restitua pelo menos o vôo nacional! Quando eu era Prefeito ou Governador, eu nunca deixei... Aliás, foram os outros; não fui eu, não. Foram todos. Nunca deixou de ter. Agora, não tem mais nem vôo nacional, e sai na mídia que terá vôo internacional.

Também fizeram promessas no sul, em São Raimundo Nonato, na Serra da Capivara. Nada. No sul, a pesquisadora Niède Guidon descobriu que, na Serra da Capivara, que é em Coronel José Dias, próximo a São Raimundo Nonato, há inscrições rupestres que provam que o homem andou lá há mais de 40 mil anos. Ela conseguiu fazer um museu do homem americano, que é muito importante. O Governo Federal se comprometeu, atendendo a esse achado de turismo arqueológico e paleontológico, a fazer um aeroporto internacional. Nada! Eu vim de lá agora. Nada. O hotel em que a Niède Guidon ficou era do Estado, que eu transferi, mas um hotel que acompanha... E vi os que gostam desse turismo ecológico, paleontológico. Tanto é importante, Lula, atentai bem!... Fernando Henrique Cardoso é um homem de cultura. Eu não sou do PSDB; sou do PMDB e quero que o PMDB ganhe a Presidência. Acho que deveríamos ser nós dois juntos. A chapa é boa. Mas tem que ter, porque eleição, Tião Viana, sem o PMDB é a Copa do Mundo sem o Brasil. É o mesmo que retirar o Brasil da Copa do Mundo. Quem sofre é o povo, quem perde a esperança é o povo, que perde o sorriso.

Então, esse é o nosso entendimento. É tão importante a Serra da Capivara que Fernando Henrique Cardoso, nos comemorados 500 anos de Brasil, fez lá a primeira comemoração, em 1º de janeiro - eu era Governador -, para mostrar que ali começaram os primeiros habitantes da América. Mas onde está o aeroporto, a melhoria? Onde está o hotel prometido? Esse é o Governo do PT.

Então, o Piauí tem essas perspectivas. No norte, com os Lençóis, no Maranhão. Nós estamos no meio. Senador João Alberto, abra a Bíblia. De um lado, está o Maranhão; do outro lado, o Ceará. O que está no livro de Deus, Tião Viana? A verdade, a beleza, a felicidade está no meio: é o Piauí. Então, esse é um lugar que o turista pode visitar. A capital do Delta é Parnaíba - ele é nosso -; é a maior cidade do Delta. No Sul do Estado, há a Serra da Capivara.

As minhas palavras, Senador João Alberto, são para despertar o Governo a fim de que restabeleça vôo nacional pelo menos para Parnaíba. Há uma promessa de se construir aeroporto internacional no Sul do Estado, onde o turismo é feito mais por pessoas que têm cultura, que estudam antropologia, arqueologia, geologia.

Teresina foi a primeira cidade planejada para ser capital, mesopotâmica, moderna, uma cidade de avanço intelectual. A Medicina de Teresina é bem mais avançada que a de Brasília. Lá nós fazemos transplante cardíaco, já entramos nessa era. Esse é o Piauí.

Sr. Presidente, além desses pontos, registro que no Sul do Estado há algo interessante. V. Exª já viu jorrar água a quarenta metros, cinqüenta metros? Na cidade de Cristino Castro, a água jorra a trinta metros, quarenta metros. O extraordinário prefeito daquela cidade, João Falcão, está atraindo e consolidando, com esforço, o turismo. Lá jorra água, que é a maior riqueza do País.

Em Uruçuí, há outro extraordinário prefeito, Chico Filho, que está fazendo de Uruçuí a capital da soja, lá está instalada a Bunge. Lá, une-se o Parnaíba com o Maranhão, a região da soja.

Então, essas são as nossas palavras para o PT, que tanto prometeu. Vamos fazer um esforço, Tião Viana, pelo amor de Deus, para que a minha cidade volte, pelo menos, a ter vôo nacional. Nunca dantes havia acontecido isso. E o compromisso da Presidência da República com relação ao projeto?

João Paulo dos Reis Velloso fez o I PND e o II PND, planos nacionais de desenvolvimento, apoiou a região da Serra da Capivara. E o aeroporto internacional e o hotel?

Registrando a gratidão ao nosso Presidente pela paciência, utilizo as últimas palavras deste meu pronunciamento para encaminhar o abraço do Piauí ao Presidente Sarney. A propósito, V. Exª sabe por que ele é bravo? Porque o avô dele era piauiense! Parabéns, Presidente Sarney!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/04/2006 - Página 13015