Discurso durante a 47ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise da adoção, pelo Partido dos Trabalhadores, da doutrina filosófica e política da irracionalidade, transformando o Brasil em um Estado totalitário, fascista, intolerante e anti-democrático.

Autor
Almeida Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SE)
Nome completo: José Almeida Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Análise da adoção, pelo Partido dos Trabalhadores, da doutrina filosófica e política da irracionalidade, transformando o Brasil em um Estado totalitário, fascista, intolerante e anti-democrático.
Aparteantes
Alvaro Dias.
Publicação
Publicação no DSF de 28/04/2006 - Página 13667
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, FILOSOFIA, IDEOLOGIA, TENTATIVA, ESCLARECIMENTOS, DIRETRIZ, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), EXERCICIO, PODER, AUTORITARISMO, PERDA, DEMOCRACIA, AVALIAÇÃO, POPULARIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, POPULAÇÃO CARENTE, AUSENCIA, INFORMAÇÃO, COMENTARIO, NOTICIARIO, UNIÃO, CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES (CUT), SEM-TERRA, UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE), DEFESA, MANDATO, SEMELHANÇA, NAZISMO, OPOSIÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srª Senadora, Srs. Senadores, a racionalidade, mais que qualidade do que é racional, mais do que capacidade de pensar e capacidade de agir em conformidade com a razão, consentânea com este mesmo pensamento, mais do que caráter inerente ao homem em oposição aos animais, a racionalidade é a expressão de um conjunto de princípios que sintetizam uma doutrina filosófica, base ancestral da civilização grega (há mais ou menos mil anos antes de Cristo) e instrumento que permitiu a evolução da humanidade no plano doutrinário filosófico e político, assentada na razão pura e absoluta, usando-se, na dialética, a persuasão por meio de argumentos válidos e reais, e que nos possibilitou chegar ao progresso material e científico em que nos encontramos.

A irracionalidade a que doravante me refiro neste artigo, que transformo em pronunciamento, é a que se contrapõe à racionalidade filosófica, e não àquela inerente aos irracionais, pois, ao contrário do que se poderia supor, a irracionalidade é resultante de formulação humana e reúne um conjunto de princípios filosóficos que, levados ao campo político, por meio de métodos indutivos e da fascinação e sublimação das massas populares pela propaganda, conduzem-nas à exaltação mental, levando-as a um estado psicopatológico, por presunção de superioridade e de pureza racial, a exemplo da “glorificação” à raça alemã, ou raça ariana, que teve por objetivo moldar o homem do futuro pela disciplina e pela aniquilação dos milhões de “rotos e esfarrapados” até a sua extinção final, no dizer de Nietzsche que, com muita clareza e dureza, pela primeira vez, entre todos os precursores dessa doutrina filosófica que é a base para a formulação da doutrina política nazi-fascista, expôs os seus fundamentos que vieram a ser seguidos por Adolf Hitler e seus aliados.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, embora convivendo paralelamente ao longo da história, a racionalidade e a irracionalidade tiveram seus momentos de maior presença no cenário mundial. A primeira, a racionalidade, predominou na antiguidade grega, no Renascimento, com o desenvolvimento da ciência e na era industrial, após a qual começou a perder terreno para a segunda que teve espaço junto ao hinduísmo, islamismo e a todas as religiões e seitas fundamentalistas, ressaltando o maior destaque para o movimento político nazi-fascista, além de tantos outros que se aproveitaram das circunstâncias de crises econômicas e caos social e político vividos por um povo, oportunidade propícia para estabelecer a pregação de suas teses diante das massas populares sedentas e abertas a receberem os “salvadores da pátria”, que dissimulam os seus reais objetivos, que não é apenas a conquista do poder, mas, a partir dele, a sua perpetuação para o cometimento de todo tipo de iniqüidades.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não o fazem pelo método da racionalidade, que é o método de persuasão, da dialética, do argumento válido e racional, mas o fazem pela força, pela inquisição, pelo terror; não pela exaltação da paz, mas pela pregação da propaganda da guerra; não pela busca da solidariedade e da justiça social com a organização dos meios de produção, da economia, mas pela pregação da inveja, da amargura e do ódio entre as classes. Essa, enfim, é a prática de todos aqueles que adotam, na política, a doutrina da irracionalidade filosófica, e, entre eles, podemos citar Hitler, Collor, no seu processo eleitoral, o Presidente Lula e, até mesmo, em Sergipe, a minha terra, o petista Marcelo Déda, que considero fiel discípulo desta doutrina filosófico-política: a da irracionalidade.

Esse artigo, que transformo em pronunciamento, vem a propósito de um anterior (“O vento das mudanças XIII”), quando afirmei que o objetivo do Partido dos Trabalhadores é a execução de “um projeto de poder para transformar o Brasil num Estado totalitário, fascista, intolerante e antidemocrático”, ao tempo em que prometi uma análise da doutrina que embasa toda a ação política do Partido dos Trabalhadores e do Governo Lula da Silva, que é exatamente, como eu já disse, a da irracionalidade, que abordo neste pronunciamento, neste artigo.

Afinal, um Governo que é o caos em todos os seus aspectos, e que tem um Presidente que, apesar do desastre em que está metido, ainda possui índices elevados de aceitação popular, não é sem razão, sem justificativa lógica, por acaso, por coincidência da vida. Não! Assim se encontra porque está assentado em bases doutrinárias, cuja eficiência o processo histórico já demonstrou pela experiência vivenciada em outros tempos e lugares, mas sempre diante de massas populares desesperançadas e famintas de tudo, diante da massa ignara. Não sem razão, é exatamente por esse segmento que Lula da Silva hoje avança em aceitação popular, pois, se eleito foi com o apoio dos intelectuais, dos artistas, dos estudantes, dos trabalhadores urbanos, dos servidores públicos, da classe média, hoje não mais possui vínculo de sustentação com esses segmentos, que, por consciência, já perderam a esperança - salvo setores que o Governo conseguiu manter como aliados, a exemplo do MST, da CUT e da própria UNE, que estão sendo aparelhados pelo próprio Governo para servirem de instrumentos no momento em que, afinal, não restar mais a esperança de manutenção desse projeto de poder totalitário que está em plena execução.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse artigo foi escrito na semana passada, publicado nos jornais do meu Estado, Sergipe.

Pois bem, retornando ao Brasil, no dia de ontem, ainda no aeroporto de São Paulo, lendo a Folha de S.Paulo, o primeiro caderno, página A-C, deparo-me com a seguinte manchete: “Berzoini, Presidente do Partido, acerta com representantes dos movimentos sociais ato para junho em defesa do mandato de Lula”.

O PT se une à CUT, ao MST e à UNE para defender Lula.

Escrevi esse artigo na semana passada e ele já foi publicado. Tenho capacidade de vidência? Não, não sou vidente. É o estudo da conjuntura, a apreciação, a análise e a preocupação com as circunstâncias, com o País de hoje que nos levam a essas conclusões.

Com um artigo que acabei de escrever hoje, iniciado exatamente por essa matéria, damos a demonstração inequívoca de que esses instrumentos políticos, essas entidades desviaram-se completamente de suas atribuições, de seus objetivos, dos objetivos para os quais foram criados exatamente para servirem de braço, de apoio a este projeto de poder totalitário e fascista do Governo do Partido dos Trabalhadores.

E quero dizer mais: neste documento que acabei de escrever, digo que alguém pode até imaginar, por engano, que eu esteja vendo “chifre em cabeça de cavalo”. Não! Quem viu o que aconteceu com o MST, em Porto Alegre, na Aracruz Celulose - o que poderia ser justificado como uma atitude legítima se usados outros meios -, quem viu a militância petista e da CUT - não sei o que fazia lá - dentro do campus da Universidade São Carlos, em São Paulo, abater, apedrejar, agredir fisicamente estudantes daquela universidade que não protestavam contra o Presidente, mas a ele desejavam entregar um manifesto em que pediam a sua interferência junto à direção daquela universidade para a criação de uma biblioteca, de um restaurante e de alojamentos para os universitários? Os estudantes foram apedrejados pela CUT e pela militância do PT.

Lula da Silva fez uma visita a Porto Alegre que resultara em mais agressões contra manifestantes que exerciam o direito democrático de protestar, o que levou o jornalista Cláudio Humberto a escrever, em sua coluna, sob o título “Jeito fascista”, o seguinte: “Na visita de Lula a Porto Alegre, o PT inaugurou a ‘guarda vermelha’, uma tropa de petistas que rasga cartazes e espanca manifestantes contrários ao Governo; lembra os ‘camisas pretas’ fascistas de Benito Mussolini”.

Não estou a ver “chifre em cabeça de cavalo”.

Escrito na semana passada. No dia de ontem, deparamo-nos com isso. Quando buscamos na sua leitura, é simplesmente o Partido dos Trabalhadores, o PT, buscando a organização com essas três entidades para o enfrentamento público nas ruas deste País, a fim de, na marra, de forma antidemocrática, sem o respeito pelos princípios democráticos, continuar, na sua picada, na sua caminhada, a execução desse projeto totalitário, fascista, antidemocrático e intolerante.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Concedo um aparte ao nobre Senador Alvaro Dias, com a permissão de V. Exª, Sr. Presidente.

O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Almeida Lima, procurarei ilustrar o brilhante pronunciamento de V. Exª com o noticiário da hora. Em nome desse projeto de poder de longo prazo, o fim passou a justificar os meios e a conseqüência está aí. Aliás, o próprio Procurador da República Antonio Fernando acolheu a tese e disse que uma organização criminosa, com meios ilícitos, procurou sustentar financeiramente esse projeto de poder de longo prazo. Aqui está o noticiário das 16 horas e 40 minutos: “O ex-Ministro Antonio Palocci é indiciado por mais quatro crimes. O ex-Ministro da Fazenda acaba de ser indiciado pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, peculato e falsidade ideológica”. Ele prestou depoimento na Corregedoria-Geral da Polícia Civil, em Brasília, sobre o inquérito que investiga contratos da Prefeitura de Ribeirão Preto, em São Paulo, com empresa de limpeza pública, durante a sua gestão. Portanto, Senador Almeida Lima, a conseqüência é esta: a Justiça não pode, neste momento, deixar de ser implacável em relação àqueles que tanto frustraram as esperanças do povo brasileiro. V. Exª está de parabéns por mais esse pronunciamento.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Agradeço a V. Exª.

Quero concluir, Sr. Presidente, dizendo que tenho assumido, de forma muito clara, a missão de estabelecer essa que considero uma advertência ao povo brasileiro. Tenho feito isso semanalmente, Sr. Presidente.

Não terei a oportunidade, por falta de tempo, é bem verdade, de fazer a leitura desse outro artigo, que é exatamente a seqüência desses anteriores, para mostrar à população brasileira, de forma muito clara, que tudo que está sendo feito hoje funda-se em bases doutrinárias devidamente estudadas para a transformação do nosso País numa República, não, mas num Estado totalitário, fascista, intolerante, antidemocrático, que não permite a pluralidade, que é uma característica do nosso povo e da nossa História.

Continuarei seguindo com essa minha luta de advertência e acredito que na próxima segunda ou terça-feira trarei mais elementos de conhecimento público, mas concatenando-os, buscando-os,...

(Interrupção do som.)

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - ... para mostrar à população brasileira a lógica dessa atividade política do Governo Lula da Silva, uma lógica aterrorizadora e que semeia, sem dúvida alguma, a intranqüilidade na sociedade brasileira.

É preciso que todos estejamos atentos para não cairmos de cabeça, sem qualquer reflexão, sem o conhecimento aprofundado dessa questão, naquilo que pretendem estabelecer e impor a toda a Nação brasileira.

Agradeço, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.

 


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/04/2006 - Página 13667