Discurso durante a 54ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à política econômica do Governo Lula.

Autor
Leonel Pavan (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SC)
Nome completo: Leonel Arcangelo Pavan
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas à política econômica do Governo Lula.
Publicação
Publicação no DSF de 10/05/2006 - Página 15370
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO FEDERAL, AUMENTO, JUROS, TRIBUTOS, VALORIZAÇÃO, REAL, CRIAÇÃO, DIFICULDADE, EMPRESARIO, EXPORTAÇÃO.
  • REGISTRO, DADOS, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, REDUÇÃO, COMPETIÇÃO INDUSTRIAL, MERCADO INTERNO, COMENTARIO, SITUAÇÃO, EMPRESA, BRASIL, ABERTURA, FILIAL, AMPLIAÇÃO, INVESTIMENTO, EXTERIOR, OCORRENCIA, AUMENTO, DESEMPREGO, PAIS.
  • CRITICA, PRONUNCIAMENTO, IDELI SALVATTI, SENADOR, DENUNCIA, AQUISIÇÃO, AMBULANCIA, CONGRESSISTA, AUSENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO.

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não é novidade para ninguém que a política econômica praticada pelo Governo Lula tem desferido golpes fortíssimos em nosso setor produtivo. As indecentes taxas de juros, a altíssima carga tributária e principalmente a contínua valorização do real perante o dólar são alguns dos obstáculos enfrentados atualmente pelo empresariado brasileiro, em especial os setores que apostam na exportação.

A contínua perda de competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional - no qual, aliás, detemos a insignificante participação de 1% - não parece estar tirando o sono de ninguém no Palácio da Alvorada. No ranking de competitividade divulgado pelo Fórum Econômico Mundial em setembro do ano passado, o Brasil caiu oito colocações, da 57ª posição para a 65ª. Estamos atrás da China, da Índia e - pasmem! - de El Salvador, de Colômbia, de Gana e de Trinidad e Tobago. Devemos perder ainda mais posições na próxima divulgação, pois nada concreto está saindo dos gabinetes do Executivo para a inversão dessa tendência.

O setor exportador brasileiro, Sr. Presidente, está encurralado. O contexto atual é extremamente desfavorável para investimentos no Brasil. A solução encontrada pelo empresariado, embora compreensível, é muito preocupante: as empresas brasileiras estão-se mudando para o exterior.

Ora, a inserção de empresas brasileiras em território estrangeiro poderia muito bem representar uma demonstração de força do nosso setor produtivo, cuja grandeza estaria ultrapassando as fronteiras nacionais e adentrando os mercados no exterior. Mas não é essa, infelizmente, a realidade por trás do fenômeno.

As empresas brasileiras estão-se mudando para o estrangeiro pelo simples motivo de que não compensa investir no Brasil. Trabalhar com exportação no Brasil está-se tornando, dia após dia, sinônimo de prejuízo certo.

Dificilmente encontraríamos exemplo mais pertinente para demonstrar a justeza dessas afirmações do que as recentes declarações do presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, filho do Vice-Presidente da República.

A Coteminas é uma das gigantes da indústria têxtil brasileira, que, inclusive, possui uma de suas 11 unidades em Blumenau, Santa Catarina, o nosso Estado, excluiu o Brasil de sua lista de prioridades. Já no ano passado, a empresa comprou a norte-americana Springs. Para o futuro, a Coteminas planeja investir no Egito, onde pretende adquirir fábricas em vias de privatização. A empresa mineira também está de olho em oportunidades de negócio na China, no Paquistão, na Índia e no Vietnã. Do montante de US$100 milhões que a Coteminas planeja investir no futuro próximo, nenhum centavo está destinado ao Brasil. Palavras do Presidente da empresa, filho - repito - do Vice-Presidente da República: “Não há possibilidade de fazermos um investimento desse porte no Brasil”.

Admiro o presidente da Coteminas, pessoa muito querida em Santa Catarina e por nós também. Porém...

(Interrupção do som.)

O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC) - Sr. Presidente, são palavras do filho do Vice-Presidente da República.

Algo deve estar errado em um País em que um dos seus principais empresários, filho do Vice-Presidente, descarta qualquer possibilidade de investir em sua própria terra. Mais grave ainda é constatar que o Sr. Josué Gomes da Silva não é uma voz isolada; como ele, vários grandes empresários brasileiros, especialmente no setor têxtil e no setor de calçados, estão vendo nos investimentos no exterior a saída para a sinuca de bico em que a política econômica do PT colocou suas empresas.

Sr. Presidente, é incalculável a quantidade de postos de trabalho que o País deixa de gerar com essa nova tendência. No Brasil, que lança anualmente um 1,5 milhão de jovens no mercado de trabalho, é criminoso sustentar uma política econômica como a atual, que enfraquece a competitividade brasileira em um mercado mundial cada vez mais agressivo, em que países como a China atuam com arrojo raramente visto na história do comércio exterior.

Algo está errado, muito errado, quando empresas tradicionalmente comprometidas com o desenvolvimento do País, como Coteminas, Santista, Vicunha e Azaléia, decidem que Honduras, Guatemala e Vietnã são melhores opções de investimento do que o próprio Brasil. Quanto antes o Palácio do Planalto acordar para esse fato e promover as necessárias mudanças na economia, tanto maiores serão nossas chances de conquistarmos uma posição menos vergonhosa no comércio internacional.

Sr. Presidente, esse é um relato não contra o empresário, mas, se o filho do Vice-Presidente da República, um empresário admirado por todos, principalmente pelos catarinenses, diz que, dos US$100 milhões que serão investidos, não fará nenhum investimento no Brasil, em função da falta de segurança e da falta de motivação, devemos começar a nos preocupar.

Aproveitando o restante do meu tempo, Sr. Presidente, há pouco, a Líder do Governo relacionou partidos políticos envolvidos na questão da distribuição de ambulâncias. Há alguns parlamentares que fizeram uma emenda para apenas uma, mas alguns participaram realmente de toda essa denúncia de corrupção, sendo a maioria deles da base do Governo. Entretanto, S. Exª não veio aqui citar os nomes que o Silvinho denunciou há poucos dias.

O ex-tesoureiro do PT fez denúncias gravíssimas de pessoas do Governo e do PT que estão envolvidas no mensalão em R$1 bilhão. S. Exª veio aqui e não falou sobre isso, citou apenas o caso de alguns que fizeram a emenda de uma ambulância e não disse quais são os Deputados, muitos deles que apóiam o Governo Federal.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/05/2006 - Página 15370