Discurso durante a 75ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do compositor e músico sergipano Ismar Barreto Dória.

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do compositor e músico sergipano Ismar Barreto Dória.
Publicação
Publicação no DSF de 07/06/2006 - Página 19236
Assunto
Outros > HOMENAGEM. MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MUSICO, ESTADO DE SERGIPE (SE), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, MUSICA BRASILEIRA.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, INVASÃO, FORÇAS ALIADAS, CONCLUSÃO, SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, VITORIA, PAZ.
  • REPUDIO, VIOLENCIA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, SEM-TERRA, INVASÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, PREJUIZO, DEMOCRACIA, LUTA, REFORMA AGRARIA.

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trata-se da apresentação do requerimento que está sobre a mesa, o Requerimento nº 651, de minha autoria, apresentando homenagens ao compositor e músico Ismar Barreto Dória, natural do Estado de Sergipe, falecido no último dia 2 de junho. Cumpro, então, o doloroso dever de comunicar à Casa o falecimento desse grande homem, desse grande sergipano.

O músico e cantor Ismar Barreto faleceu em plena atividade profissional. Homem de notório conhecimento musical, compositor, artista e intérprete de grande equilíbrio, pautou sua vida como músico, primando sempre pela musicalidade, pela poesia do cotidiano e pela crítica social.

Ismar Barreto nasceu no dia 1º de outubro de 1953, em Aracaju. Iniciou-se na música no ano de 1967 em Brasília e, desde 1970, vinha participando de festivais por todo o Brasil. Seu trabalho se caracteriza tanto por uma forte dose de humor satírico, resvalando em verdadeiras crônicas do cotidiano, como por letras românticas e de cunho altamente social.

Ele se projetou em cidades como o Rio de Janeiro, onde fez uma temporada de três semanas no Vinícius, em Ipanema; e como São Paulo, com o show “Vou Vivendo”. No Nordeste, participou de quatro festivais “Canta Nordeste”, festival de música da Rede Globo Nordeste, sendo vencedor de dois deles, com as músicas “Coco da Capsulana”, em 1993, e “Salada Tupiniquim”, em 1994.

Ao longo de sua carreira, Ismar teve parcerias com Antônio Carlos e Jocafi, com Xangai, com Dominguinhos, com Paulo Diniz, com Eliezer Setton, com Zinho e com vários artistas sergipanos, como Amorosa, Rogério, Chico Queiroga e Antônio Rogério, Sergival, Pantera e Simone Rigo.

O que pontificava na personalidade do meu amigo Ismar Barreto Dória era, acima de tudo, o romantismo, a sátira, a inteligência nata de um sergipano que nasceu para a música. Também lutou, em suas canções, pela paz, a paz de que precisamos no Brasil em um momento grave como o que estamos vivendo.

Hoje, no dia em que estamos comemorando 60 anos da invasão da Normandia pelas forças aliadas em defesa da liberdade e da democracia, a Câmara dos Deputados e o Congresso Nacional, símbolos da liberdade e da democracia - sem Congresso, sem poder Legislativo, só há ditadura e escuridão -, foram invadidos por representantes de um segmento de trabalhadores rurais, sem nenhuma motivação lógica, sem nenhuma justificativa plausível. Reduzindo a força do seu movimento, desmoralizando aquilo que é mais legítimo - que é a defesa da terra para quem não tem terra -, eles conseguiram, por meio de um ato de violência, invadir as dependências do Congresso Nacional, mais precisamente da Câmara dos Deputados, ameaçando a vida de seguranças, de trabalhadores, de funcionários pacíficos. Trouxeram não a mensagem da paz, não a mensagem construtiva do desenvolvimento, da distribuição eqüitativa da terra e do fruto da riqueza nacional, mas, sim, a mensagem da intolerância, da arrogância, da violência.

E todos nós que fazemos parte deste Congresso Nacional, todos nós que lutamos pelas liberdades democráticas, na defesa do cidadão e da cidadã brasileira, repudiamos veementemente esse ato que, a meu ver, constrangeu não apenas a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, mas também toda a Nação brasileira.

Somos favoráveis à reforma agrária, à reforma agrária pacífica que consiga trazer justiça social, emprego e renda para o cidadão do Brasil, de norte a sul do nosso País, mas somos contrários à violência, porque a violência é um péssimo exemplo. E já assistimos a esse filme, Sr. Presidente, em que atos de violência geram outras violências, inclusive contra a permanência, contra a decisiva permanência das instituições democráticas e livres, que devem ser preservadas.

Agradeço a V. Exª, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/06/2006 - Página 19236