Discurso durante a 75ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Vandalismo promovido pelo Movimento de Libertação dos Sem-Terras (MLST) nas dependências da Câmara dos Deputados.

Autor
Almeida Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SE)
Nome completo: José Almeida Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA. REFORMA AGRARIA.:
  • Vandalismo promovido pelo Movimento de Libertação dos Sem-Terras (MLST) nas dependências da Câmara dos Deputados.
Publicação
Publicação no DSF de 07/06/2006 - Página 19191
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA. REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • LEITURA, TRECHO, NOTICIARIO, VINCULAÇÃO, LIDER, GRUPO, SEM-TERRA, INVASÃO, CONGRESSO NACIONAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COORDENAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • REITERAÇÃO, DENUNCIA, AUTORITARISMO, GOVERNO FEDERAL, SUBORDINAÇÃO, UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE), CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES (CUT), SEM-TERRA, OBJETIVO, AMEAÇA, POVO, BRASIL, EXERCICIO, DEMOCRACIA, CONGRESSO NACIONAL, IMPEDIMENTO, INVESTIGAÇÃO, CORRUPÇÃO.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, leio aqui o que já está na coluna do Cláudio Humberto: “Lula usou o boné dos baderneiros”.

E numa outra notícia extra, de 16 horas e 29 minutos, está dito, expressamente:

Chefe da baderna é do PT e amigo de Lula.

O pernambucano que liderou a invasão e a depredação da Câmara dos Deputados, Bruno Maranhão, é filiado ao PT do seu Estado, milita na CUT e integra a coordenação da campanha de reeleição do Presidente Lula.

No plenário da Câmara, agora há pouco, o Deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO) foi o primeiro a mencionar não apenas o nome de Maranhão, mas também o fato de o líder dos baderneiros ser freqüentador de almoços e jantares com o Presidente Lula.

Srs. Senadores, tive a oportunidade, há aproximadamente 30 ou 40 dias, em dois pronunciamentos lidos nesta Casa, de fazer uma menção a essa tropa de choque organizada pelo Governo, pelo Partido dos Trabalhadores, exatamente para amedrontar o povo brasileiro, a Oposição e todos aqueles que procuram apurar e combater a corrupção aqui no Congresso Nacional.

Citei o fato da reunião do Presidente Ricardo Berzoini, em São Paulo, com as lideranças estudantis da UNE, mantidas pelo Governo Federal, que custeia esse movimento e lhe dá treinamento, e com a CUT e com o MST. As três organizações populares, com o Partido dos Trabalhadores, preparando-se exatamente para isso. Mostrei a ação de vândalos ocorrida no campus da Universidade de São Carlos, em São Paulo, onde estudantes do diretório central que reivindicavam restaurante universitário e residência na Universidade foram espancados dentro do campus por dirigentes e militantes da CUT, dentro de sua própria casa.

Mostrei, naquele pronunciamento, que, numa visita do Presidente Lula em Porto Alegre, recentemente, fato idêntico aconteceu: tropa de choque nas ruas para amedrontar a Oposição. Mostrei claramente que tudo isso tinha sentido e não acontecia por acaso. E não acontece por acaso. Tudo isso é devidamente orquestrado.

Já se disse, em várias línguas, que a Oposição, por qualquer manifestação, sobretudo no Congresso Nacional, contra a Presidência da República, pela corrupção que pratica, sofreríamos atentados e ações dessa espécie.

Isso que acontece no dia de hoje, tenham certeza V. Exªs, é a prática para amedrontar o povo brasileiro, o Congresso Nacional e as ações de Parlamentares que desejam a apuração e a eliminação da corrupção neste Governo e neste País, que quando tentam promover medidas dessa ordem sofrem esse tipo de agressão.

Aqui já foi dito e quero repetir: por que o Congresso Nacional? O Governo - foi dito isso da tribuna - não deseja a reforma agrária. Os líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra não desejam a reforma agrária e nem que os recursos sejam utilizados na sua atividade-fim, na finalidade maior, no objetivo que é a distribuição de terra, a assistência aos agricultores. Eles querem os recursos, sim, na atividade-meio, para poderem se armar, criar estrutura e vir combater, no campo da democracia, com a baderna, como estão fazendo.

Isso foi dito em pronunciamentos escritos que fiz da tribuna desta Casa por diversas vezes. Isso não é um fato isolado, não é uma atitude dissociada dessa realidade maior que estamos vivenciando.

Portanto, que os Srs. Líderes, que o Presidente do Congresso Nacional e os Líderes e Presidentes dos Partidos abram o olho porque essa é a realidade. O objetivo é exatamente este e, se nós não tivermos a capacidade suficiente neste momento para conter, dar um chega-pra-lá, colocar o País nos trilhos da legalidade, no rumo da democracia, das atitudes civilizadas, não chegaremos a lugar algum. Chegaremos, sim, àquilo que já foi dito na tarde de hoje, ao caos, que é o que nós não desejamos.

Portanto, Sr. Presidente, é preciso que, na tarde de hoje, não fiquemos apenas nos discursos, mas que atitudes sérias sejam tomadas e que partam de dentro do próprio Congresso Nacional. V. Exª, há poucos instantes, deu um sinal, um toque de luz, quando afirmou que vai submeter às Lideranças a decisão coletiva para a instalação da CPI Mista requerida.

Da mesma forma, reivindico a V. Exª um posicionamento a respeito da Comissão Parlamentar de Inquérito, cujo requerimento se encontra em suas mãos, assinado pela maioria dos Srs. Senadores.

É preciso que o Congresso Nacional dê uma resposta à altura a partir do próprio Congresso, pois a sociedade brasileira não pode confundir as coisas e pensar que essa baderna é do Congresso e quem a merece são os congressistas.

Se ato dessa natureza pudesse ser justificado, não o seria aqui nas dependências do Congresso Nacional, pois, em hipótese alguma, para mim se justifica em qualquer canto deste País, pois a legalidade está acima de tudo.

No entanto, entendo que esta Casa, o Congresso Nacional deve dar o exemplo a partir dela próprio.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/06/2006 - Página 19191