Discurso durante a 114ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Esclarecimentos sobre a utilização de carro oficial do Senado para comparecimento à reunião do Conselho Político do candidato Geraldo Alckmin.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Esclarecimentos sobre a utilização de carro oficial do Senado para comparecimento à reunião do Conselho Político do candidato Geraldo Alckmin.
Publicação
Publicação no DSF de 20/07/2006 - Página 24756
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • RECONHECIMENTO, ERRO, ORADOR, UTILIZAÇÃO, CARRO OFICIAL, SENADO, LOCOMOÇÃO, REUNIÃO, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ALEGAÇÕES, DESCONHECIMENTO, IMPEDIMENTO, ANUNCIO, DEVOLUÇÃO, VALOR, COMBUSTIVEL.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, antes de abordar este tema, eu gostaria de falar sobre um outro assunto rapidamente.

A minha assessoria de imprensa foi abordada por um repórter da Folha de S.Paulo com justa razão. Claro, tem-se que zelar pela coisa pública do menor ao maior. E a preocupação era com o fato de eu ter ido com o meu carro oficial de Líder do Partido à reunião do Conselho Político do candidato Geraldo Alckmin, no comitê de campanha dele.

Vou ser bem franco, Sr. Presidente: o homem não vai fugir ao seu estilo nunca. Na volta, dei carona ao Senador José Agripino, que havia sido alertado pelo seu Partido de que seria melhor não ir. E voltou comigo o Senador José Agripino.

Eu disse: olha, francamente, chego de Manaus, sem dormir e... Enfim, peguei o carro e fui. É como eu me locomovo em Brasília durante o meu horário de expediente. Fui aconselhado pela minha assessoria a dizer que fui como Líder, porque tenho assento no comando político da campanha de Geraldo Alckmin, porque sou Líder. Portanto, eu poderia usar o carro. Mas prefiro não entrar por esse terreno. Prefiro dizer: que bom. Se esse Brasil consegue tomar conta do meu carro oficial, não há hipótese de o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva se eleger Presidente da República mais, depois de implantar o regime de corrupção que implantou aqui. Se chegamos ao ponto, neste País, de não tolerar nem isso, que bom. Eu não deveria ter ido. Errei. Não deveria ter feito isso.

Eu poderia perfeitamente ter tomado um táxi, ou ter ido no meu carro particular. Desde que eu tivesse sido alertado, como foi o Senador José Agripino, e como não foram alertados outros Senadores e Deputados que lá compareceram, porque, no mesmo momento - e eu nem sabia disso -, lá se processava a inauguração do tal comitê de campanha do candidato Geraldo Alckmin.

Então, eu fui. Fui, parei e mandei o motorista esperar na porta. Ele perguntou: “Vou para o gabinete?” Eu disse: Não, fique aqui, porque não sei quanto tempo dura. Eu já cheguei atrasado à reunião; espere”. Ou seja, nada parecido com o que fez Marcos Valério, nada parecido com o que fez José Dirceu, nada parecido com o que tem feito o Presidente Lula, nada parecido com o que temos visto aqui. Mas que bom. Nem isso é permitido? Muito bem. Eu me declaro, portanto, culpado de ter ido, no carro oficial, ao comitê de campanha. Este é o meu crime, dele não vou fugir.

Fico feliz porque o País, exigente como está ficando, daqui para frente, não tolerará nada. Nem isso. Então, não pode tolerar sanguessuga, nem os que já estão por aí nem os que vêm. E uma lista enorme está por vir; esses cinqüenta e poucos são aqueles que o Ministério Público já detectou. Há mais gente a caminho, e gente boa, gente do Executivo, já sabemos disso. No depoimento, o tal Sr. Vedoin referiu-se a muita gente, inclusive do Executivo, inclusive ex-Ministro.

Não sou de dar desculpas mesmo. Se esse é o nível de exigência da sociedade, pura e simplesmente, que a Nação brasileira me perdoe. Eu não deveria ter cometido esse supino crime de ter ido com o carro oficial do Senado ao comitê. Quem sabe eu calcule o custo da gasolina, Sr. Presidente Sarney, e o devolva aos cofres públicos. Calculo quanto teria custado a locomoção do Senado até lá e de lá para cá, faço um cheque e o remeto à Tesouraria do Senado Federal, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/07/2006 - Página 24756