Discurso durante a 142ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Lamento pelo comportamento de alguns artistas brasileiros, que são referenciais na sociedade, e que declararam apoiar Lula sem preocupação com a ética. Comentários ao artigo da jornalista Dora Kramer, publicado no jornal O Estado de S.Paulo, intitulado "Os bobos da corte".

Autor
Almeida Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SE)
Nome completo: José Almeida Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Lamento pelo comportamento de alguns artistas brasileiros, que são referenciais na sociedade, e que declararam apoiar Lula sem preocupação com a ética. Comentários ao artigo da jornalista Dora Kramer, publicado no jornal O Estado de S.Paulo, intitulado "Os bobos da corte".
Publicação
Publicação no DSF de 30/08/2006 - Página 27579
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, ORADOR, PUBLICAÇÃO, IMPRENSA, ESTADO DE SERGIPE (SE), ANALISE, CRISE, POLITICA NACIONAL, FALTA, LIDERANÇA, PROJETO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, CONCLAMAÇÃO, ATUAÇÃO, ARTISTA, CONSCIENTIZAÇÃO, MOBILIZAÇÃO, POVO.
  • QUESTIONAMENTO, DECLARAÇÃO, ARTISTA, APOIO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, JUSTIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, FALTA, ETICA, LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REPUDIO, ATUAÇÃO, MUSICO, ATOR, RECEBIMENTO, RECURSOS, SETOR PUBLICO, FINANCIAMENTO, OBRA ARTISTICA, ESPECIFICAÇÃO, PATRIMONIO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), BANCO DO BRASIL, MINISTERIO.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, povo brasileiro, como já disse aqui da tribuna em outras vezes, tenho o costume, a mania de, semanalmente, fazer um artigo, que é depois publicado na imprensa de meu Estado, o Sergipe. Vez por outra, alguns desses artigos transformo em pronunciamentos e os transmito, aqui da tribuna do Senado, à população brasileira e a meus Pares.

Na última quarta-feira, data que quero frisar bem, eu escrevi um desses artigos, sem tomar conhecimento, inclusive, de fatos que estavam acontecendo no País com determinado segmento social - e daqui a pouco virá à tona esse segmento social. Como não sou vidente, eu não sabia que, na quinta-feira e no fim de semana, em jornais e revistas, articulistas também se pronunciariam a esse respeito. Só que a minha previsão foi diversa daquela que, de fato, aconteceu. E passo a ler o que escrevi.

A construção de uma grande nação não é tarefa para um homem, por maior liderança que ele exerça; não é ação para um só governo, por mais bem intencionado e competente que seja. A construção de uma grande nação é obra a cargo de toda a sociedade e a ser executada por toda uma geração para ser consolidada pelas gerações seguintes.

No entanto, o caminhar de um povo de maneira edificante não acontece por acaso, não acontece sem o prévio ordenamento de ideais. Não ocorre de forma atabalhoada, sem um desejo arraigado no inconsciente coletivo que sinalize o horizonte a atingir. O caminhar de uma sociedade a construir uma grande nação depende da preexistência de formulações de uma elite - não a “elite” no sentido pejorativo, mas no sentido vernacular, castiço da palavra e que significa “o que há de melhor numa sociedade ou num grupo, a nata, a fina flor”. Refiro-me a uma elite intelectual engajada, uma elite de empreendedores e obreiros, com boa formação moral, dotada de espírito público e senso de solidariedade humana, comprometida com as causas sociais, com sensibilidade para compreender a dimensão grandiosa do que representa viver em uma sociedade progressista, igualitária e fraterna, sem injustiças sociais, o que caracteriza o estágio elevado de evolução de um povo.

Essas são as condições que a nossa elite, lamentavelmente, ainda não conseguiu reunir e que são indispensáveis para aglutinação da força de trabalho que temos e que hoje constitui uma massa disforme, sem um norte a seguir e cujas energias não são canalizadas para a construção do que poderia representar esse ideal coletivo. A nossa elite não se tem prestado ao papel de inserir o povo com toda sua força de trabalho no processo de construção desta grande Nação a que me reporto. Aliás, a elite política e dirigente deste País tem feito o percurso inverso, exatamente aquele que contribui para a desagregação da sociedade, levando-a ao estágio de depauperação moral em que se encontra.

O povo está sem referencial. Os nossos verdadeiros heróis e mártires, cujos feitos, lutas e valores morais a nossa história oficial não ressaltou e, por isso mesmo, não são cultuados, nem têm servido de inspiração à continuidade de suas lutas. Já a nossa elite está a desempenhar o papel pejorativo cujo significado a palavra elite passou a ter, numa decorrência mesmo do comportamento por ela adotado, que a levou a ser vista como uma “minoria privilegiada e poderosa”, diante do seu caráter egoísta, da sua indiferença, da sua passividade e do isolamento a que se impôs perante o povo e seus problemas, como se não lhe dissessem respeito.

Portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, povo brasileiro, tornou-se mais do que necessário, tornou-se urgente e imperioso o despertar da elite para a tomada de atitudes que importem no engajamento das discussões para a construção de um novo modelo de sociedade para o Brasil, cuja resultante vem a ser um projeto de uma grande Nação.

            Os artistas - e é neste ponto que quero chamar a atenção para o meu pronunciamento -, que interpretam e exteriorizam os sentimentos mais nobres de um povo e que sempre estiveram na vanguarda dos acontecimentos, precisam sair do anonimato e, por suas produções e manifestações, inflamar e acender milhões de centelhas a acordar o povo brasileiro da letargia em que se encontra. Ressalto a importância da utilização disseminada desse instrumento moderno de comunicação e de relacionamento entre pessoas e grupos que se opera por meio da rede mundial de computadores. Que as vozes do bem se manifestem, que as idéias iluminadas sejam expostas para que sirvam de elemento multiplicador de mobilização da sociedade.

Em qualquer parte do mundo, ou no mundo inteiro, todo o progresso de um povo ou da própria humanidade somente foi alcançado pela disseminação de idéias inovadoras e revolucionárias. É disso que o Brasil precisa.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, povo brasileiro, que coisa vergonhosa! Que coisa triste ter de vir à tribuna do Senado Federal para registrar o comportamento vergonhoso de alguns artistas brasileiros que são referenciais na nossa sociedade, até pelo espaço que ocupam, pelas produções que elaboram, pelas representações até na Rede Globo de televisão! Enquanto, na quarta-feira, em um artigo que escrevia em minha residência, eu formulava e mostrava que os artistas, que interpretam e exteriorizam os sentimentos mais nobres de um povo, deveriam se manifestar, organizar, acender milhões de centelhas para a construção de uma grande Nação, o que nós vimos foram artistas, produtores, cineastas, compositores, atores dizerem: “Não estou preocupado com a ética do PT, ou com qualquer tipo de ética. Para mim, isso não interessa. Eu acho que o PT fez um jogo que tem de fazer para governar o País”. Isso foi dito por Wagner Tiso, compositor de “Coração de Estudante”.

            Que comportamento vergonhoso para um artista, uma pessoa iluminada, de vanguarda, que tem sensibilidade humana e social! Um referencial no País produzir uma asneira dessas! E segue com o Sr. Paulo Betti justificando as falcatruas petistas como “inevitáveis na política”, dizendo que não dá para fazer política sem botar a mão no dinheiro, na roubalheira, na massa. Que vergonhoso, Sr. Paulo Betti!

Como disse a jornalista Dora Kramer, de cujo artigo farei questão, com a permissão de Presidência, de fazer a leitura, os senhores estão para a classe artística deste País como os mensaleiros e sanguessugas estão para a classe política do nosso País. Os senhores estão representando a escumalha, o que há de pior neste País. É lamentável que isso aconteça, como lamentável são os sanguessugas, os vendilhões do Congresso Nacional, os mensaleiros. Que papel ridículo!

Os senhores e as senhoras têm o direito de fazer a opção por uma candidatura. Esse é o direito de cada um, mas, se comportar como a escumalha, como o rebotalho, como o que existe de pior numa categoria, isso é lamentável e merece o protesto de toda a Nação brasileira.

Aliás, faço questão de trazer à tribuna, para que os brasileiros tomem conhecimento, a repulsa da colunista Dora Kramer, do jornal O Estado de S. Paulo, que escreveu “Os bobos da corte”. Diz a jornalista:

Os artistas que agora levantam a bandeira do descaso à ética para justificar o seu apoio à candidatura do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição não fazem bem a si nem ao candidato que defendem, e fazem muito mal ao País, pois emprestam a sua popularidade ao mau combate.

            À jornalista Dora Kramer devo lembrar o artigo que escrevi, convocando a classe brasileira a se pronunciar, mas de forma diferente. Escrevi esse artigo antes da publicação desse de Dora Kramer, a quem quero elogiar.

E continua a articulista:

Lançam diatribes aos políticos, associam-se às justas críticas ao Congresso, mas, tangidos pela pressa de justificar suas posições sem se dar ao trabalho de encontrar argumentos consistentes, não percebem que estão para a classe artística assim como mensaleiros e sanguessugas estão para a classe política.

O festim que reuniu nesta semana em torno do Presidente Lula atores, produtores, cineastas e músicos não poderia ter resultado mais diabólico.

Um verdadeiro espetáculo de equívocos, a começar da convocação do ator José de Abreu aos presentes para uma saudação à gente denunciada pelo Procurador-Geral da República como integrantes de uma “organização criminosa”, passando pelo lançamento do lema “política só se faz com mãos sujas”, de autoria do ator Paulo Betti, tendo como ponto alto a declaração do músico Wagner Tiso de condenação aos indignados com os escândalos. “Não estou preocupado com a ética do PT ou com qualquer tipo de ética”, disse Wagner Tiso, informando ao respeitável público que só está preocupado “com o jogo do poder”.

O festival de alienação, irresponsabilidade social e analfabetismo político teve sua culminância no dia seguinte, quando o produtor Luiz Carlos Barreto rasgou de vez a fantasia: “Se o fim é nobre, os fins justificam os meios”, afirmou. Para ele, “inaceitável é roubar”. E acrescentou: “Mensalão não é roubo, é jogo político”. Ao senhor Barreto parece não ter ocorrido que o dinheiro do mensalão não brotou em árvores; saiu de empresas estatais - algumas das quais lhes financiam os filmes - ou de bolsos privados em troca dos serviços prestados por tráfico de influência no serviço público. É roubo, portanto”.

E, ainda que não fosse, é corrupção, é desvio moral, é dissolução de costumes, é agressão ao preceito constitucional da probidade e da impessoalidade no serviço público, é a negação de princípios indispensáveis às sociedades democráticas e civilizadas.

Se são essas as companhias com as quais o Presidente da República pretende se apresentar ao setor cultural, pobres dos artistas, pois já tiveram como porta-vozes gente de convicções mais altivas.

Cabe apontar que muitos dos que estiveram com o Presidente no inacreditável encontro condenaram as opiniões dos colegas. Estavam ali de maneira legítima, emprestando apoio ao candidato que consideram o mais adequado para presidir o País e com o qual têm afinidades políticas.

Um exemplo foi o ator Tonico Pereira. “Não achei legal o que eles disseram. Se você não pensar nisso (a defesa da ética como valor de conduta) como possibilidade, então é melhor desistir. Eu persigo a ética na política”. A convicção de Paulo Betti sobre o imperativo das mãos sujas como prática aceitável, bem como a defesa do vale-tudo em nome da causa nobre, feita por Luiz Carlos Barreto, ou a preocupação exclusiva com o “jogo do poder”, manifestada por Wagner Tiso, mostram total menosprezo pelos esforços de aprimoramento nos quais se engaja a verdadeira vanguarda cultural, social e política do Brasil e avalizam toda sorte de mazelas que infelicitam e atrasam o País. Além de corroborarem a suspeita de que, para certo tipo de gente, ética só é boa como marketing eleitoral.

         A classe artística está, agora, em situação semelhante à da banda saudável da política: obrigada a reagir se não quiser se confundir.

O problema se apresenta mais grave aos partidários de Lula que o apóiam não porque mandam às favas a moralidade, mas porque concordam com ele, consideram-no o melhor candidato, avaliam positivamente seu primeiro mandato e o vêem como capaz de fazer um bom segundo governo.

Essas foram as palavras da jornalista Dora Kramer.

Sr. Presidente, com a permissão de V. Exª, quero ressaltar o artigo de Diogo Mainardi, que me parece um tanto mais esclarecedor, quem sabe, até das causas que levaram esses artistas a assim procederem, de forma vergonhosa, triste, deixando a nossa classe artística em posição desconfortável, embora toda ela, clara e evidentemente, não tenha responsabilidade pelo que essas pessoas disseram.

Diogo Mainardi escreve, em “O Mensalão das Artes”:

José de Abreu é ator, apóia Lula. Os americanos decidiram boicotar Mel Gibson por seu anti-semitismo e Tom Cruise, por sua cientologia. Podemos boicotar José de Abreu por seu lulismo. Ele é nosso Mel Gibson, é nosso Tom Cruise.

A Eletrobrás patrocinou o último espetáculo teatral de José de Abreu. É um monólogo em que ele interpreta José Dirceu, José Mentor e Gilberto Gil. Uma gente da melhor qualidade.

Liguei para a assessoria de imprensa da Eletrobrás e perguntei quanto José de Abreu ganhou pelo espetáculo. Foram precisamente 145.900 reais. É muito? É pouco? Que sei lá eu? A rigor, qualquer investimento em teatro pode ser visto como um despropósito. O fato é que, contando com uma forcinha de José Sarney, José de Abreu ganhou o patrocínio da Eletrobrás. E apóia Lula. Em setembro, ele apresentará seu espetáculo no Amazonas. Amazonenses: boicotem-no.

Wagner Tiso também apóia Lula. Fui conferir sua agenda. Vi que ele rege a Orquestra da Petrobras, toca no Domingo na Funarte, coordena as Quintas no BNDES, viaja a Paris a convite do Ministério da Cultura, é mandado a Goiás pelo Ministério do Turismo, apresenta-se no Centro Cultural Banco do Brasil e pede tutu da Lei Rouanet para gravar um CD comemorativo de sua carreira.

Gosto de me intrometer na vida dos outros.

Eu teria o maior interesse em saber quanto do faturamento de Wagner Tiso foi bancado pelo Estado nos últimos anos. E se o número aumentou ou diminuiu durante o mandato de Lula. Pensei em ligar para ele e perguntar-lhe diretamente, mas fiquei envergonhado. Wagner Tiso é amigo de um amigo. Já amolei tanta gente que só me restou amolar os amigos dos amigos. Acabei telefonando para a assessoria de imprensa da Petrobras, para tentar descobrir o valor de seu contrato com a Orquestra. Ninguém quis me informar. A Petrobras é o maior patrocinador cultural do Brasil. Em 2005, investiu 235 milhões de reais em patrocínios. É o mensalão das artes.

Cada um vota como bem entende. Eu só acho que, por pudor, os lulistas deveriam fazê-lo escondido, em vez de anunciá-lo publicamente, como aconteceu na casa de Gilberto Gil, na última segunda-feira. Listei algumas personalidades do meio artístico que declararam voto em Lula e que merecem ser boicotadas. Todas elas já receberam alguma ajuda do Estado. O efeito do boicote será nulo. Mas é sempre uma farra perturbar os lulistas. Caso alguém queira acrescentar um nome, mande-o para mim. Por enquanto, minha lista é a seguinte: Paulo Betti, Arlete Salles, Bete Mendes, Jorge Mautner, Alcione, Jards Macalé, Renata Sorrah, Zeca Pagodinho, Fernanda Abreu, Luiz Carlos Barreto, Augusto Boal, Rosemary, Jorge Furtado, Marcos Winter, DJ Marlboro, Ariano Suassuna, Shel, Cara Branca, Magrelo e Moringa. Peraí. Cancele a última parte.

Estou confundindo tudo. É o problema de ler tantos jornais. Os quatro últimos apóiam o PT, mas não pertencem ao meio artístico. Pertencem ao PCC.

Isso foi dito por Diogo Mainardi, na revista Veja do último final de semana.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, povo brasileiro, enquanto estamos em casa elaborando um artigo, para mostrar a necessidade de este segmento social brasileiro, a classe artística, levantar-se com suas manifestações e com suas produções em defesa da construção de uma grande Nação, assustamo-nos, ao ver que parcela - evidentemente diminuta - da classe artística brasileira, que pessoas representativas, que têm espaço na mídia, que se apresentam na Rede Globo, que são referenciais, estão a mostrar este tipo de perfil, a dizer expressões como estas: a ética que se dane; o jogo do poder é o que interessa; mensalão não é roubo.

Esperamos da classe artística deste País algo diferente, como já aconteceu em outras épocas e como acontece em todo o mundo. Artistas, pelas suas produções, pela sua sensibilidade social e humana, contribuem decisivamente para que nações inteiras tomem posições, busquem independência, lutem pela unificação.

Recordo-me de que Giuseppe Verdi, autor de óperas na Itália, nos idos de 1840, escreveu a peça Nabuco. Nabuco é uma ópera baseada no sofrimento do povo judeu, dominado por Nabucodonosor, pela Babilônia. O compositor foi buscar inspiração distante na história, porque, naquele instante, o povo italiano vivia história parecida, com a dominação da Espanha, da Áustria. Enfim, foi isso que o fez produzir Va Pensiero, “Voa Pensamento”, coro de escravos hebreus, mostrando a importância da libertação, inserindo no povo italiano a necessidade da libertação daqueles que também o oprimiam, mostrando a importância da unificação italiana: artistas contribuindo para a construção de um hino, que se transformou no hino nacional.

(Interrupção do som.)

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - É isso que esperamos da classe artística, é essa sensibilidade, é o acender de centelhas para a construção de um ideário. Mas artistas globais, personalidades do mundo cultural, comportarem-se de forma tão vergonhosa como essa? É de lamentar! 

Isso é lamentável, tanto quanto o comportamento dos sanguessugas, dos mensaleiros, dos corruptos, dos corrompidos e dos corruptores. Isso é vergonhoso! É preciso, neste País, que a classe artística, o segmento cultural, levante a bandeira e mostre como a classe política, por vários de seus membros, tem procurado fazer a limpeza daquilo que há de pior em nossa instituição.

Aliás, em meu primeiro pronunciamento nesta Casa, Sr. Presidente, em fevereiro de 2003, antes que tudo isso acontecesse, mostrava claramente que, se quiséssemos ter uma democracia fortalecida, precisaríamos fortalecer o Parlamento, e, para isso, necessário seria que resolvêssemos os problemas que nos destroem aqui dentro e a partir de nós. Temos de resolver os problemas internamente, dentro do Parlamento, para que a sociedade nos possa respeitar. Disse isso no primeiro pronunciamento de apresentação que fiz nesta Casa, Sr. Presidente, exatamente em fevereiro de 2003.

Estava premeditando, imaginando que tudo isso iria acontecer? Não. É apenas uma questão de processo histórico, de perspectiva histórica daquilo que se fazia no Parlamento e que se continuou fazendo. Então, se quisermos um Congresso, um Parlamento limpo, teremos de resolver as mazelas que nós temos, aqui internamente, assim como, neste momento, o depoimento prestado por esses artistas precisa ser, de forma veemente, contestado, porque não é essa a forma de se construir uma grande nação, como a que precisamos em nosso País.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/08/2006 - Página 27579