Discurso durante a 155ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apoio ao discurso do Senador Heráclito Fortes criticando o pronunciamento da Senadora Ideli Salvatti sobre o dossiê contra candidatos do PSDB.

Autor
Almeida Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SE)
Nome completo: José Almeida Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Apoio ao discurso do Senador Heráclito Fortes criticando o pronunciamento da Senadora Ideli Salvatti sobre o dossiê contra candidatos do PSDB.
Publicação
Publicação no DSF de 22/09/2006 - Página 29437
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • APOIO, HERACLITO FORTES, SENADOR, CRITICA, PRONUNCIAMENTO, AUTORIA, IDELI SALVATTI, CONGRESSISTA, OPINIÃO, ORADOR, AUSENCIA, ESCLARECIMENTOS, FALTA, ETICA, GOVERNO FEDERAL, NECESSIDADE, ISENÇÃO, CONDUTA, POLICIA FEDERAL, APURAÇÃO, TRANSAÇÃO ILICITA, EXECUTIVO, REPUDIO, TENTATIVA, LEVANTAMENTO, CORRUPÇÃO, OCORRENCIA, PERIODO, GESTÃO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª a gentileza. Sei que se trata de uma gentileza, sobretudo porque estamos quase no encerramento da sessão e não temos nem mais um orador inscrito. Portanto, agradeço a V. Exª.

Quero corroborar as palavras do nobre Senador Heráclito Fortes, que acaba de se pronunciar, dizendo exatamente três coisas, em resposta até ao que disse a Senadora Ideli Salvatti.

Eu pergunto: quem está proibindo os aparelhos do Estado - a exemplo da Polícia Federal - de investigar os governos anteriores? Quem dirige a Polícia Federal é a Oposição ou é o Governo? Logo, dizer que é preciso investigar os dois lados da moeda, além de ser o óbvio, é a obrigação do Governo. Se não o fez ainda, foi por irresponsabilidade, por omissão.

Quero falar ao Senador Heráclito Fortes sobre esses corruptos e ladrões que nasceram durante este Governo e cresceram - não apenas nasceram e cresceram, mas foram amamentados e muito bem amamentados por este Governo.

Quanto à lei que criou a hipótese da terceirização pelas ONGs, não me compete defesa do Governo anterior, até porque dele não participei e fico muito à vontade para assim me pronunciar - quando do Governo anterior, eu era PDT, do Partido de Leonel Brizola; hoje, estou no PMDB. Mas criar leis é uma coisa; permitir que ONGs cometam os atos que estão cometendo neste Governo é outra coisa completamente diferente. Não se pode atribuir responsabilidade pelas falcatruas que as ONGs fazem hoje - e é bom que se frise: não são todas, é claro! - à existência de uma lei que surgiu no Governo anterior.

Sr. Presidente, gostaria de lembrar que o Presidente Lula disse textualmente que o Deputado Ricardo Berzoini foi demitido da coordenação da sua campanha porque ficava difícil compatibilizar a coordenação da campanha e a exigência de dar explicações sobre dossiês na reta final da campanha, que se encerra nos próximos dez dias - palavras do Presidente Lula. Ora, realmente Sua Excelência está correto. Mas por que Sua Excelência mesmo, o Presidente, não toma medida semelhante em relação a si próprio, ao Lula candidato e ao Lula Presidente da República?

O Lula, como todos sabemos, não gosta muito de trabalhar e, desde a última sexta-feira, tem trabalhado muito menos, porque, desde essa data, procura um boi de piranha para sair da linha de frente desse triste episódio da montagem de dossiês contra adversários. E já colocou na rua muitos aliados, inclusive um assessor especial que ficava na sala do terceiro andar do Palácio do Planalto, ao lado da sala do Presidente.

Quando encaminhou um texto a esse respeito - o Presidente encontrava-se nos Estados Unidos, em Nova Iorque -, em seu programa eleitoral, Sua Excelência disse que esse dossiê se reportava a político do Estado de São Paulo. Não! Não visava apenas agredir a pessoa de José Serra, mas também o candidato Geraldo Alckmin. Tinha interesse direto, sim, na Presidência da República esse dossiê.

Portanto, Sua Excelência, o Presidente, deve fazer o que ele mesmo está determinando para os outros. Como Sua Excelência compatibiliza a agenda de candidato com as explicações rotineiras sobre o dossiê montado por seus companheiros? Hoje, por exemplo, no Bom Dia Brasil, da TV Globo, ele gastou 13 minutos, dos 20 a que tinha direito, falando do dossiê e explicando sobre os companheiros que foram defenestrados por mais esse escândalo de seu Governo e do PT. Sua Excelência, o Presidente, até reclamou no final: “Vim para discutir programa, mas não deu”. Portanto, Sr. Presidente, afaste-se também, porque vai ficar difícil compatibilizar as duas agendas, e o Brasil não pode parar. O resultado da paralisia já estamos vendo na economia, com a Bolsa de Valores dando sinais de estagnação.

Adicionalmente, gostaria de cobrar do Coafi agilidade na apuração dos fatos. Com o caseiro Francenildo, o órgão agiu com muita ligeireza, procurando a origem de R$35 mil. O que foi feito até agora para rastrear e identificar R$1,7 milhão?

(Interrupção do som.)

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - E olha que havia dinheiro, e dólares no meio! De onde veio todo esse dinheiro, toda essa grana, Sr. Presidente? Vou exigir uma manifestação do Coafi, porque uma operação que envolve esse volume de recursos com certeza é uma operação atípica em qualquer lugar do mundo.

Sr. Presidente, veja outra incoerência que se verifica em todo esse triste episódio: pelo lacre contido nos pacotes de reais, é possível saber de qual banco o dinheiro foi sacado. Portanto, o Brasil quer saber: qual foi o banco? Quem sacou? Essas respostas têm que ser dadas logo, porque temos no Brasil um dos mais modernos sistemas bancários do mundo. Em 24 horas é possível saber de tudo. Como o dinheiro foi preso na última sexta-feira, o Ministro da Justiça já sabe de tudo isso desde o último sábado. E ele não apresentou o dinheiro e o responsável por ele porque estão apagando as trilhas...

(Interrupção do som.)

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - (...) as trilhas para fazer a divulgação e evitar transtornos semelhantes aos do episódio do caseiro. Estão procurando a Geni, e o Márcio Thomaz Bastos quer apagar as trilhas do dinheiro para apresentá-la à Nação.

Portanto, chega de discurso, de discurso que não explica, de discurso que não justifica, de ladainha mesmo! O que precisa ser feito, sim, é apurar tudo o quanto antes possível e, se no meio houver problemas que envolvem qualquer outro político, seja ou não do Governo passado, que sejam explicados, sobretudo porque a Polícia Federal não está sob administração da Oposição. A Polícia Federal é um órgão do Estado, administrado pelo Governo atual e pode muito bem fazer a apuração a mais ampla e a mais profunda possível.

Deixemos de fraseados longos, de explicações longas para um fato que precisa de um esclarecimento célere e rápido. A Nação não suporta mais essa bandalheira!

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/09/2006 - Página 29437