Discurso durante a 171ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da data de hoje, 19 de outubro, aniversário de fundação do Estado do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ELEIÇÕES.:
  • Registro da data de hoje, 19 de outubro, aniversário de fundação do Estado do Piauí.
Aparteantes
Arthur Virgílio, Heráclito Fortes, Leomar Quintanilha.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/2006 - Página 32704
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, BRASIL, COLONIA, IMPERIO, FORMAÇÃO, TERRITORIO NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO MARANHÃO (MA), ESTADO DO PIAUI (PI), LUTA, INDEPENDENCIA, HOMENAGEM, ANIVERSARIO, DATA, FUNDAÇÃO.
  • LEITURA, CARTA, AUTORIA, ORADOR, DESTINATARIO, ELEITOR, ESTADO DO PIAUI (PI), APOIO, GERALDO ALCKMIN, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REPUDIO, TRAIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Heloísa Helena, que preside esta sessão no mais importante dia do calendário nacional - 19 de outubro -, Senadoras, Senadores, brasileiros e brasileiras aqui presentes e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado, o Presidente José Sarney tem um pensamento muito interessante, o de que a pátria dele é Pinheiros, é o Maranhão. Então, hoje, Senadora Heloísa Helena, 19 de outubro, talvez seja a mais importante data do calendário nacional.

            Neste Brasil grandioso houve muitos governos. Portugal o descobriu e o governou por meio das capitanias hereditárias, do Governo-Geral, e o próprio rei de Portugal, Senador Leomar Quintanilha, temendo que Napoleão Bonaparte invadisse Portugal na sua ambição de dominar o mundo, refugiou-se aqui, que era colônia de Portugal.

            Com D. João VI, chegaram trinta mil portugueses. Foi um grande avanço: veio a Corte, a civilização, a educação. O Rei sediou-se aqui, temeroso de Portugal ser dominado pela França de Napoleão; logo após, aqui deixou seu filho menor, num gesto que assim traduziu: antes que algum aventureiro ponha a coroa, ponha-a você mesmo. O aventureiro era Simon Bolívar, que dava o grito libertário desde a Venezuela, que hoje é do Chávez, passando por esses países todos da América Latina de língua espanhola, tornando-a independente.

            Sem dúvida alguma, entre esses países todos em que lutou, emocionou-me, em Bogotá, Senadora Heloísa Helena, uma estátua - o venezuelano libertou também a Colômbia. Lá aprendi muito - e cabe aqui o exemplo de V. Exª. Lá ele disse que a vida lhe havia proporcionado muitos títulos, pois havia sido soldado, cabo, sargento, capitão, general, comandante-em-chefe, presidente, El Libertador das Américas, mas que abdicava de todos, com exceção de um, o de ser bom cidadão.

            Sei que V. Exª, Senadora Heloísa Helena, já muito jovem, tem uma das carreiras mais brilhantes entre as mulheres brasileiras. Em pouco tempo, o povo sonhou - uma parcela significativa, apesar das adversidades -, vê-la na Presidência da República. Mas quis Deus que V. Exª estivesse presidindo este Senado. V. Exª o engrandece, enaltece, enriquece. V. Exª compensou os desmantelos que houve no Congresso, por sua virtude, por sua coragem, por sua bravura de mulher.

            Mas, retomando, Senadora Heloísa Helena, lembro que Dom João VI, passado o perigo que representava Napoleão, voltou a Lisboa e deixou aqui o filho. Tudo combinado; um negócio de pai para filho, Senador Leomar Quintanilha - e ainda hoje há esses costumes no Brasil. “Filho, fica com o Sul, que é desenvolvido, para onde eu trouxe a Corte e que impregnei de civilização, de poder e de progresso. Mas o Norte...” E é certo que o pai não deve dar tudo; isso está até na Bíblia, Senadora Heloísa Helena: “Não dê tudo; fique até o fim de sua vida com suas posses”. Então, ele entrou em entendimento de que ficaria com o Norte. O Norte seria de Portugal. E o nome do país? País Maranhão, que englobava o Pará, do Senador Arthur Virgílio. O País era Maranhão, no decreto de D. João VI. E tanto é verdade que ele mandou seu sobrinho e afilhado, herói militar, João José da Cunha Fidié, para tomar posse do país Maranhão, que, apesar do grito e do domínio do seu filho, ficaria sob o domínio de Portugal.

            E ele veio para o Piauí, para Oeiras, a nossa capital. Sou orgulhoso de ser parnaibano. Olha, Senadora Heloísa Helena, quando eu morrer - e terei de morrer mesmo, todos nós -, diga por aí que morri como nasci e vivi: orgulhoso de ser parnaibano, parnaibano, parnaibano.

            E por que, Senadora Heloísa Helena? Porque havia um português que, chegando a Parnaíba - o pequeno litoral do Piauí -, apaixonou-se por uma nordestina, esqueceu as riquezas, a família de Portugal e viveu na minha cidade. Lá teve dois filhos: Simplício Dias da Silva e Raimundo. Esse português rico matava mil bois por mês naquela época e exportava; tinha cinco navios, indústria de charque, vendia para o Sul do País e para a Europa.

            E seu filho, Simplício Dias da Silva - há até o livro Simplício, Simplição da Parnaíba -, que foi estudar em Portugal, mais precisamente em Lisboa e no Porto, conviveu com o El Libertador das Américas.

            Quando o português chegou, mandou logo substituir o delegado de Parnaíba, que era o maior entreposto comercial, por conta da indústria do charque.

            Ele resistiu, não deixou. Como naquele tempo não existia a Internet e os meios modernos de comunicação, era ainda incerta a Independência. Então, aos 19 de outubro de 1822, ele reuniu a Câmara e, com essas idéias libertárias, com a sua liderança de homem arejado, que conviveu com Simon Bolívar, fez a independência do Piauí.

            E Fidié, para restaurar a ordem, saiu de Oeiras, naquele tempo, com as cavalarias, para invadir Parnaíba. O bravo povo do Piauí, Senador Leomar Quintanilha, quando da sua saída de Oeiras, tomou-lhe o palácio em 24 de janeiro - para o povo é uma data importante. E ele invadiu Parnaíba, para onde mandaram três maranhenses aliados a Portugal. Aliás, o nome do País seria País Maranhão.

            Simplício, um jovem inteligente, que estudara na Europa, já lá não estava quando chegaram as tropas portuguesas. Eles não o encontraram, pois estava no Ceará, em Granja, onde ele, homem de muito dinheiro, recrutou uns 500 cearenses, até um comandante de muita experiência, cujo nome me foge à memória. Daí o Piauí ter muito mais afinidade com o Ceará do que o Maranhão.

            Fidié invadiu a nossa Cidade com o poderio militar português, tomando as igrejas etc. - estratégias de guerra. Quando ele voltava, em 13 de março, esse nosso Simplício Dias, seguido por bravos homens e mulheres de Campo Maior, que venderam as suas jóias para se armar, e com os recrutas cearenses, enfrentaram o exército português. Essa foi a Batalha do Jenipapo, ocorrida em 13 de março. Lá, inclusive, temos um monumento histórico que lembra o confronto. Evidentemente, perdemos a batalha, mas ficou a grandeza da mulher que V. Exª representa aqui, Senadora Heloísa Helena, mulheres que venderam suas jóias, lutaram e até perderam suas vidas às centenas naquele sítio.

            Fidié, sabendo do levante em Oeiras, onde seu palácio havia sido tomado em 24 de janeiro de 1823, intimidado, foi para Caxias.

            Gonçalves Dias, ainda no ventre da mãe - e ele tem muitas narrativas dessa batalha -, ouvia dela as histórias e depois compôs:

Não chores, meu filho;

Não chores, que a vida

É luta renhida:

Viver é lutar.

A vida é combate,

Que os fracos abate,

Que os fortes, os bravos

Só pode exaltar.

            E Fidié, o comandante português, um homem de muita moral e muita vergonha, depois de consolidada a Independência do Brasil, mesmo lhe tendo sido solicitado ficar, não ficou. Voltando a Portugal, foi chefe militar, comandante e, na sua aposentadoria, Senador Leomar Quintanilha, solicitou que incluíssem os honorários da guerra em que fora vitorioso - a Batalha do Jenipapo.

            Mas, para o povo do Piauí, é este o dia que uma câmara municipal, a da cidade de Parnaíba, engrandeceu-se, fazendo o Piauí independente antes, independente de grito. Esta é a razão por que a data comemorativa é 19 de outubro.

            Contudo, como já se disse, a história não se faz em um dia. Há o 24 de janeiro, relevante; e o 13 de março. E essa é a nossa história, e este é o dia do Piauí, orgulhoso.

            Senadora Heloísa Helena, quis Deus que estivéssemos aqui. O povo do Piauí é uma raça bendita; somos os melhores deste Brasil. Está ali Rui Barbosa, Senador Arthur Virgílio - e sei que V. Exª tem em mente a história do Amazonas -, mas eu só coloco um ao lado dele: Evandro Lins e Silva. Ele, que era presidente do Supremo Tribunal Federal na ditadura, teve coragem de enfrentar os canhões, fazendo-se respeitar a lei, libertando quase todos os presos políticos. Miguel Arraes foi um que vi se confessar, Senadora Heloísa Helena. Ele imaginava ser comido pelos tubarões em Fernando de Noronha, quando receberam a ordem de continuarem o processo e libertá-lo de lá: Evandro Lins e Silva.

            Eu citaria outro que por esta Casa passou: Petrônio Portella. Sem dúvida alguma deu grande contribuição na fase da transição, sem truculência. O maior jornalista na época da ditadura: Carlos Castello Branco, o Castelinho, Heloísa Helena; é porque você é muito jovem, mas nós líamos, na ditadura, as crônicas de Castello, o porta-voz da ansiedade com coragem.

            Esse é o Piauí!

            E no período da ditadura nenhum ministro foi mais proeminente - e ainda não há - e que tenha dado o exemplo de João Paulo dos Reis Velloso, filho de carteiro com costureira, com nove anos abria a fábrica de meu avô!

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - V. Exª me permite um aparte, Senador Mão Santa?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Atentai bem! Vinte anos sendo luz e farol no período revolucionário! Nenhuma indignidade, nenhuma imoralidade e nenhuma corrupção. Ó, PT, aprenda com a história do Piauí.

            Um aparte ao Senador Arthur Virgílio.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - A propósito dessa coisa do PT, eu queria lançar aqui uma moda, porque outro dia a nossa Presidente, Senadora Heloísa Helena, referia-se a pessoas dignas e estimáveis do PT, que se contrapõem a essa gente das confusões e dos escândalos. Então eu queria agora inaugurar, assim como temos o Alto Gávea e o Baixo Gávea no Rio de Janeiro, o Alto PT e o Baixo PT. Esse dos dossiês, esse dos escândalos é o Baixo PT, que é o que está na verdade mais forte junto à formação das decisões que este Governo vai tomando. Mas eu queria apenas dizer a V. Exª, Senador Mão Santa, que, em homenagem a V. Exª, a Heráclito Fortes e ao Piauí, ontem eu requeri voto de aplausos à Editora Alvinegra do Rio de Janeiro pelo lançamento da Revista Piauí, publicação empenhada no bom texto. E aqui, na justificativa do voto, cito V. Exª, cito o Senador Heráclito Fortes e cito esse Estado que V. Exª tanto exalta e pelo qual demonstra tanto amor, a ponto de nos fazer amá-lo também. Muito obrigado, Senador.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Eu é que agradeço. V. Exª é como está no Livro de Deus: a árvore boa dá bons frutos - o pai lutou contra a ditadura e foi cassado. V. Exª aí está muito atento. Recebi alguns e-mails sugerindo que apresentasse o voto de aplauso por ocasião do lançamento dessa revista, mas prazerosamente soube que V. Exª, mais avançado e mais antecipado, já o havia feito. Quer dizer, recebi um reconhecimento de empresários que colocam uma revista com o nome Piauí. Talvez eles sejam conhecedores dessa história.

            Arthur Virgílio, não é só isso, não! Olha, se houvesse, Senadora Heloisa Helena, uma olimpíada de virtude do povo brasileiro, eu colocaria no peito do povo do Piauí a medalha de ouro.

            E não fica por ai, não. Atentai bem: a República. Nós falamos da nossa participação na Independência. Este País é grande e uno pela batalha do Jenipapo. Talvez tivesse sido retalhado, como a América espanhola. A América espanhola está toda dividida.

            Mas, eu lhe dizia que, na República, Heloísa Helena, havia um jornalista, David Caldas, que tinha um jornal em Teresina, cidade que foi construída por um baiano, Saraiva, inspirando Goiânia, inspirando Brasília, Palmas e Belo Horizonte - a primeira capital planejada. E lá havia um jornal, A Ordem, Leomar Quintanilha. Esse jornalista David Caldas, natural de Barras, muda o nome para 89!

            Senadora Heloísa Helena, 89 como nome de jornal? Parece até nome de cachaça. Há umas aí com número. Oitenta e nove?! Mas, olhai! Ele queria inspirar o povo do Brasil a chegar à República. Em 1789 havia sido dado o grito de liberdade, igualdade e fraternidade, que derrubou os reis todos do mundo. Aqui levamos 100 anos; porém, 17 anos antes, no Piauí, havia um jornal chamado 89. Ele foi o profeta da República. Não deixaram nem que ele fosse enterrado em cemitério oficial, porque nós éramos dominados por portugueses.

            E essa é a história!

            Leomar Quintanilha, nesse recente episódio eleitoral em que nós aqui salvamos a democracia, Heloísa Helena e Cristovam Buarque permitiram ao povo do Brasil fazer uma reflexão. Assim, havia acabado o jogo, acabado no mar da corrupção, no mar da desesperança, do afogamento de todas as virtudes.

            O País agradece a V. Exª, Heloísa Helena, e a Cristovam Buarque por propiciarem esses dias de arejamento, de reflexão e de valorização da democracia.

            Muitos combateram. Mandei algumas cartas ao Piauí, Heloísa Helena, com o seguinte conteúdo:

Caro amigo (a),

Felicidades!

Podemos afirmar como nossas as palavras do Apóstolo Paulo: “Percorri meus caminhos, guardei a fé e combati o bom combate”.

Agradecemos sua heróica participação nesta guerra contra o PT, que se comporta como uma organização criminosa, associada ao poder econômico perverso que se beneficia com práticas de corrupção por trás de decretos imorais e ilegítimos.

Apesar de tudo, amanhã será outro dia, onde sonhamos restabelecer no nosso país os valores da ética, da decência e da honestidade.

“A oposição não pede licença para fazer oposição”. (Paulo Brossard)

Vamos continuar unidos, trabalhando nessa campanha na esperança de vermos um país decente com Geraldo Alckmin Presidente.

            Encerramos com o pensamento histórico do Senador Rui Barbosa:...

            Atentai bem, brasileiros. Senador Arthur Virgílio, seu pai, que está no céu e deu as bênçãos, e V. Exª veio aqui, no dia 19 de outubro, render homenagem ao Piauí. Quando começou essa República, os militares os sucederam, e Rui Barbosa disse: “Estou fora”. Ofereceram-lhe voltar ao Ministério da Fazenda, e ele disse que não trocava a trouxa de minhas convicções pelo Ministério. E ele escreveu, Leomar Quintanilha:

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. (Senado Federal, RJ. Obras Completas.V. 41, t. 3, 1914, p. 86)

Com confiança e gratidão, receba o abraço do amigo certo.

Brasília, 9 de outubro de 2006.

Senador Mão Santa”.

            Queria dizer da grandeza do Piauí, Leomar Quintanilha, que se rendeu ao Piauí, pelo que há de mais belo. Mas Rui Barbosa, que foi na sua campanha “civilarista”, Arthur Virgílio, venceu em Teresina e no Piauí, mostrando a bravura do seu povo. Leomar Quintanilha está aí e representa a maior força, na qual Heloísa Helena acredita: fé, esperança e amor. Sobre isso, o apostolo Paulo disse que se podem falar todas as línguas, ser poliglota e tudo; mas, se não houver amor, será apenas o som metálico de um sino.. E o Leomar Quintanilha viveu a grandeza do Piauí. Este Brasil tem encantadoras mulheres - no Amazonas, em Alagoas, no Rio de Janeiro, onde estudei -, mas o Senador Leomar Quintanilha foi entregar-se e ser feliz nos braços de uma mulher do Piauí e constituiu uma das famílias mais belas. A presença dele dá o atestado da nossa grandeza. E o emprestamos ao Tocantins para ensinar essa galhardia do povo do Piauí.

            São essas as nossas palavras, mas, a bem da verdade, dizia o seguinte: estamos na mentira. Votei e acreditei no Presidente Lula. Fui enganado. Ninguém gosta de ser enganado. Imagine, cavalheiro que está me ouvindo, se a sua companheira o enganar. Dá uma confusão, você não fica satisfeito. Se você enganá-la, também não ficará satisfeita. O Lula enganou a mim como a todo o País. Diziam ser honesto, decente, idealista, trabalhista, nacionalista e, de repente, vejo apenas mentira. O Tempora, O Mores! Olha como chega e se compara a Getúlio e a Juscelino. É uma indignidade. Presidente Lula, atentai bem, tenha um minuto de dignidade. Getúlio saiu com 15 anos de governo e não tinha uma geladeira. Quando voltou nos braços do povo e viu que seus companheiros procederam mal, teve a coragem de sair da vida pública e ir para o céu, porque não somos julgados por um instante e, sim, por uma vida. Mas ele deu exemplo de trabalho, de honestidade e de grandeza.

            E Juscelino? Juscelino não tem nada a ver. Apenas agradeço a oportunidade para dizer que muito mais próximo de Juscelino está seu concorrente, brasileira e brasileiro. Juscelino nasceu com o ideal de servir ao próximo, com o amor de servir, de ser médico. Heloísa Helena ontem citou São Lucas. Começa por aí. Começa o ideal do médico, que, sem dúvida nenhuma, faz da ciência médica a mais humana das ciências e do médico um benfeitor. E o médico, Arthur Virgílio, já é a cara da ética. Hipócrates, nosso pai, fez seu código de ética, o juramento de Hipócrates, que já começa com a deontologia médica. E o outro, sim, entrou na política com a hierarquia do saber.

            Ó, Presidente Lula, em verdade, em verdade, vos digo - assim falava Cristo - que, se há algum dos dois candidatos que se assemelhe, que se aproxime a Juscelino, é o candidato Dr. Geraldo Alckmin, que acredita em Deus, como Juscelino, sorridente e feliz, que acreditou no saber, o saber que está na Bíblia. A sabedoria é mais do que ouro. Essa é a verdade. É ele. A hierarquia do saber.

            Vereador, Deputado Estadual, Prefeito, Deputado Federal. Foste, Presidente Lula, Deputado Federal! Que vergonha! Vasculhei os seus dias aqui; aliás, muito poucos. Foi um dos mais relapsos Deputados Federais da história deste Congresso; o outro foi um dos mais brilhantes. A lei do consumidor é dele. Ele tem muita participação no que diz respeito à saúde, ao SUS. Vice-Governador do maior Estado e Governador do maior Estado.

            Leomar Quintanilha, árvore boa dá bons frutos. Na política, também se têm filhos. Às vezes, geneticamente, há uma coincidência, como é o caso de Arthur Virgílio, mas, quase sempre, não é genético, como foi pai de João Goulart Getúlio Vargas. Atentai bem, como Perón foi pai deste Presidente da Argentina, como foi pai de Carlos Menem, o pai político. Na política, é assim. É aquele que aprende, que convive, que segue, que é a imagem do criador.

            Caro Leomar Quintanilha, conheço os políticos dessa época contemporânea. Nenhum se iguala a Covas. Atentai bem, eu convivi com Mário Covas. Adentra Heráclito Fortes, que conviveu com Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e outros luminares, mas eu convivi, Arthur Virgílio, com Covas. Estudei sua vida aqui no Congresso. Foi cassado, foi um administrador ímpar; sua vida é traduzida, Heloísa Helena, por seu enterro.

            A sabedoria diz o seguinte: o melhor que você pode conseguir da vida é transformar o momento da sua chegada na saída. Quando você chega ao mundo, chega chorando, mas, em torno de você, todos os familiares o recebem sorrindo; quando larga o mundo, você sai sorrindo e deixa todos chorando. Mário Covas fez chorar São Paulo, o Brasil e o mundo. Esse é o pai de Geraldo Alckmin.

            Vossa Excelência já enganou muito. Isso é uma ofensa à história de Getúlio e de Juscelino. Oh, Presidente Lula, seja autêntico! Vossa Excelência teve uma vida sindical que merece todo o respeito. Todos merecem, imaginem Vossa Excelência, que é Presidente da República! E nós vamos considerá-lo, com todo o respeito, como um ex-Presidente da República. Mas advertimos ao povo do Brasil que ele vai ficar numa boa. Isso porque houve um Presidente honesto, do Nordeste, que, saindo da Presidência, passou necessidade, Heráclito: Café Filho. E este Congresso fez uma aposentadoria aos Presidentes para que, quando saíssem, não passassem necessidade. Então, o Lula, além do que ele tem,. vai ter mais uma aposentadoria: a de Presidente da República. Aí, sim, vai cumprir aquilo que gosta: viajar, conhecer o mundo.

            Nossas últimas palavras, no dia do Piauí: tenhamos a bravura de salvaguardar a democracia, que nunca esteve, Leomar Quintanilha, tão comprometida, neste País, com a corrupção.

            O Sr. Heráclito fortes (PFL - PI) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Ulysses Guimarães disse que a corrupção é o cupim que destrói a democracia. E nunca se viu tanto cupim como no período do PT.

            Com a palavra o Senador do Piauí, Heráclito Fortes.

            O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Mão Santa, V. Exª, como sempre, segue nessa sua trincheira democrática, encantando todo o Brasil com esses seus pronunciamentos precisos e contundentes. E hoje também aproveita e faz do tema principal do seu pronunciamento uma homenagem aos piauienses pela passagem do dia da fundação do Piauí. Eu me junto a V. Exª e a todos os nossos conterrâneos nessa hora de homenagem e louvor à nossa querida terra, dizendo que, para nós, é motivo de muita alegria assistir, aqui, a esse pronunciamento em que V. Exª exalta e canta o nosso Estado e a nossa terra. Mas, ao mesmo tempo, Senador Mão Santa e Presidente Heloísa Helena, lamento que enquanto se vê, na propaganda eleitoral da televisão, o Presidente Lula fazer loas à Transnordestina, que foi uma promessa aos piauienses, aos cearenses e aos pernambucanos, dizendo, inclusive, que essa obra já está sendo tocada, vemos, exatamente no Valor de hoje, uma matéria grande - e eu já tinha alertado sobre isso, aqui, anteontem - que diz: “Ibama suspende obras em trecho da Transnordestina”. Isso é um absurdo, é uma vergonha. O Presidente da República, Senador Arthur Virgílio, que combate as privatizações do Governo passado, entregou exatamente para uma empresa privatizada, no caso a CSN, a responsabilidade de tocar essa obra. E não tiveram nem o cuidado e a cautela, no caso o Governo, antes de entregar essa obra, de examinar as questões legais do seu início no que diz respeito ao impacto ambiental, à preservação de áreas arqueológicas, e assim por diante. E o Governo, não só por intermédio do Ibama - Governo do Presidente Lula! -, um subalterno seu, aplica-lhe uma multa de R$270 mil pelo descumprimento de normas que o Presidente da República deveria pelo menos saber, mas, como não sabe de onde veio o R$1,780 milhão, como não sabe do que acontece em seu Palácio, esse é mais um fato que acontece sem ele saber. É lamentável! E o Piauí, que poderia comemorar com muita festa o seu dia, tem que se contentar com a tristeza dessa notícia, que, para nós, é de grande pesar. Muito obrigado, Senador.

            O SR. MÃO SANTA (PDMB - PI) - Agradeço a participação do Senador do Piauí, Heráclito Fortes, e cedo a palavra ao nobre Senador Leomar Quintanilha, mas o maior título mesmo é ser esposo da bela piauiense Márcia.

            O Sr. Leomar Quintanilha (PCdoB - TO) - Senador Mão Santa, V. Exª que, com muita firmeza, com muita responsabilidade e com muito brilho, representa o Piauí nesta Casa, rende as suas homenagens a um Estado, um dos mais importantes Estados brasileiros, que completa mais de um ano de vida. Quero cumprimentá-lo e, por seu intermédio, cumprimentar a brava gente piauiense com quem eu tive um estreito relacionamento em um período muito rico da minha vida. Foi em minha fase profissional, empregado do Banco do Brasil, quando fui para Corrente, uma cidade ao Sul do Estado, para dirigir uma das unidades do Banco do Brasil naquela região. Era uma agência que abrangia diversos Municípios além de Corrente: Curimatá, Bom Jesus, Gilbués, Cristalândia do Piauí, já quase na fronteira com a Bahia. E tenho confessar a V. Exª que foi muito gratificante ter um relacionamento estreito com a brava gente piauiense, que é muito acolhedora, muito sincera, muito amiga, muito companheira e ávida por promover o desenvolvimento em uma região parecida com a região que é hoje o Estado do Tocantins. O Piauí muito grande, muito comprido, com a concentração de investimentos na região norte, sendo o sul um tanto menos priorizado.Isso foi o que sentimos na época. E experimentamos a grande enchente de 1980, que nos deixou a todos isolados, inclusive com falta de energia elétrica e outros insumos que a comunidade utilizava. Ali eu vi um dos grandes gestos de solidariedade das pessoas. Como, em razão da enchente, o sistema de abastecimento ficou danificado, houve falta de água para consumo humano, mas as pessoas que tinham abastecimento próprio cederam-na com muita facilidade, possibilitando àqueles que não tinham água para o seu consumo se servirem de um insumo tão necessário: a água. Foi um gesto muito nobre, muito humano e muito solidário. E foi um dos mais bonitos gestos que eu aprendi a ver no povo nordestino, particularmente no povo do seu Estado - esse gesto grandioso que exalta a alma dos fortes, dos grandes e dos bons. Por isto, quero associar-me aos piauienses que hoje, como V. Exª aqui no Senado Federal, comemoram a passagem de mais um ano de existência do nosso querido Piauí.

            O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradecemos ao nobre Senador Leomar Quintanilha que roubou uma das “pérolas” - a sua esposa - lá do nosso Estado, mas construiu uma das mais belas famílias do Piauí.

            E termino, Senadora Heloísa Helena, quando o nosso poeta da Costa e Silva diz: Piauí, terra querida, filha do sol do Equador, pertence-te nossa vida, nossos sonhos, nossos amores! Na luta, teu filho é o que primeiro chega. Viva o 19 de outubro, Dia do Piauí!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/2006 - Página 32704