Discurso durante a 171ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre a atitude do presidente Lula no debate do último domingo, na TV-Bandeirantes. O eleitor indefeso. O presidente Lula e o Biodiesel. Considerações sobre as matérias intituladas "PT vai dar reajuste menor a servidor se vencer eleição", e "Reajustes do funcionalismo poderão ser menores, diz coordenador da campanha de Lula", publicadas nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, respectivamente.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Considerações sobre a atitude do presidente Lula no debate do último domingo, na TV-Bandeirantes. O eleitor indefeso. O presidente Lula e o Biodiesel. Considerações sobre as matérias intituladas "PT vai dar reajuste menor a servidor se vencer eleição", e "Reajustes do funcionalismo poderão ser menores, diz coordenador da campanha de Lula", publicadas nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, respectivamente.
Publicação
Publicação no DSF de 20/10/2006 - Página 32738
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANUNCIO, DEBATE, TELEVISÃO, PREVISÃO, CONTINUAÇÃO, DESPREPARO, CANDIDATO, REELEIÇÃO, CRITICA, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REPETIÇÃO, MANIPULAÇÃO, INFORMAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, DIVISÃO, CLASSE SOCIAL, BRASIL, COMENTARIO, EDITORIAL, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), LEITURA, TRECHO, INEXATIDÃO, DADOS, CRIAÇÃO, EMPREGO, SUGESTÃO, CODIGO, DEFESA, ELEITOR.
  • DENUNCIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, LIBERAÇÃO, RECURSOS, FAVORECIMENTO, ELEIÇÕES.
  • REPUDIO, INEXATIDÃO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RESPONSABILIDADE, GOVERNO, CRIAÇÃO, Biodiesel, USURPAÇÃO, INVENÇÃO, CIENTISTA, ENGENHEIRO, ESTADO DO CEARA (CE).
  • COMENTARIO, NOTICIARIO, IMPRENSA, PREVISÃO, REDUÇÃO, REAJUSTE, SALARIO, SERVIDOR, POSTERIORIDADE, ELEIÇÕES, CORTE, GASTOS PUBLICOS, FALTA, ETICA, RISCOS, CRISE, ABASTECIMENTO, ENERGIA ELETRICA, INFERIORIDADE, CRESCIMENTO ECONOMICO, RECONHECIMENTO, VANTAGENS, GOVERNO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, esta noite, em São Paulo, haverá um novo debate com os dois candidatos do segundo turno à Presidência da República. O primeiro, na TV-Band, mostrou claramente o despreparo do Presidente-candidato. Portou-se como robô adestrado e, não obstante, os petistas proclamam que Lula foi o vencedor do debate.

            A campanha vem deixando à mostra a tática do PT de difundir mentiras, repetindo-as tantas vezes quantas foram necessárias para a mentira virar verdade. Exatamente como fazia na Alemanha Nazista de Hitler o seu mago da propaganda, Joseph Paul Goebbels (1897-1945), para quem a repetição sistemática de uma mentira acaba tornando-a uma “verdade” pública.

            Hoje, à sanha nazista que sem dúvida é uma presença no atual Governo, acrescentam-se as fantásticas condições favorecidas “pela comunicação eletrônica de massa - com determinadas mensagens, visando a um objetivo preciso de conquista ou preservação do poder”, como observa o editorial desta quinta-feira do respeitável jornal O Estado de S. Paulo.

            A análise a que me refiro aproxima-se muito da perplexidade de boa parte da população brasileira, submetida a uma maciça, para não dizer brutal, pressão da propaganda enganosa com o Presidente Lula colocado no papel de títere obrigado a propagar loas bem parecidas com as que Hitler, o nazista alemão que um dia sonhou dominar o planeta, na 2a. grande guerra mundial.

            Lula e os petistas do chamado Baixo PT acalentam sonho diferente, mas não menos nocivo: querem a preservação desse grupo no Poder.

            Ambiciosos, os integrantes desse triste Baixo PT atuam em duas frentes de propagação da mentira que esperam ver transformadas em fato real (como Goebels). Uma, atinge as camadas mais esclarecidas do País, atingidas de forma satânica por impropérios verbais cujo objetivo é jogar os brasileiros uns contra os outros.

            Repetidamente, à exaustão mesmo, Sua Excelência o candidato-Presidente vem afirmando ora que “as elites”, ora que “os ricos” desprezam as populações pobres. Ou, como há dois dias, “que a elite paulista odeia o resto do Brasil”, numa tática fascista de estimular a cizânia entre os brasileiros.

            Lula e os do Baixo PT sabem que a repetição mentirosa produz bons resultados eleitorais, como mostram as pesquisas mais recentes. Então, por quê não continuar mentindo?

            O jornal O Estado de S. Paulo, ao longo de mais de um século de existência, pautou-se pela serenidade de suas análises.

            Serenidade, por sinal, é algo ausente nesse novo mundo do Baixo PT.

            Nessa linha, de correção (algo que igualmente passa longe dessa neo-agremiação que prolifera dentro de outra, o PT), o grande jornal paulista expõe dados e, ao editar seus arrazoados, procura esclarecer a opinião pública. O Baixo PT procura confundi-la.

            Assim, ao assinalar que Lula e seus seguidores adotam a tática da Alemanha Nazista, o editorial enumera e corrige alguns dos frenéticos arroubamentos do Presidente:

            Aspas para o jornal:

            Depois de alardear a criação de 40 universidades em 3 anos, quando na verdade criou, até agora, 2 cursos superiores, o presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva vem dizendo que nos 8 anos do presidente Fernando Henrique Cardoso o Brasil só gerou a insignificância de 1 milhão de empregos, enquanto os 4 anos do governo Lula geraram nada menos do que 7 milhões de empregos. Não se vira contestação a tais dados estapafúrdios - nem por parte da oposição nem pelos analistas da mídia - até que o competente professor da FEA-USP José Pastore, em artigo publicado na página 2 do caderno Economia & Negócios deste jornal, na terça-feira, revelasse ao público dados bem diferentes da realidade brasileira recente.

            As aspas agora para o Prof. Pastore:

            “Não sei de onde saíram esses números. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), organismo de alta reputação técnico-científica, acaba de publicar um extraordinário estudo onde se lê que os empregos criados no período de 1992 a 2004 - que engloba uma grande parte do mandato do governo anterior - somaram 17,5 milhões de postos de trabalho.”

            Aspas de novo para o jornal O Estado de S. Paulo:

            Pastore se interroga sobre a razão de tamanha discrepância - entre o que diz a candidatura Lula e a realidade - observando:

            “A resposta a essa questão é incômoda, porque admite duas alternativas: falta de informações adequadas sobre o que ocorre no mercado de trabalho ou uso indevido de dados técnicos.“

            Sabem os brasileiros que a segunda alternativa é a correta: o Sistema Petista faz uso indevido de dados técnicos. Para não dizer outra palavra, que seria safadeza. Safadeza, sim, que é coisa de esperto, finório, velhaco, astuto, malicioso.

            Seria - essa tática do Baixo PT de Lula apenas uma grande tristeza se não fosse algo pior, que compromete o futuro da Pátria.

            Ao planejar a continuidade no Poder, o Sistema PT poderá levar o Brasil a um terreno de duvidoso crescimento. A eles, os que formam esse sistema que aí está, pouco importa. Importa mesmo é o usufruto, como já foi feito ao longo desse quatriênio perdido. A máquina estatal foi aparelhada, i.é, foi ocupada por partidários do Presidente. Gente incompetente, que apenas se interessa pelo contracheque no fim do mês.

            As Agências Reguladoras são um exemplo claro dessa triste realidade. Pouco atuam.

            Devolvo a palavra ao Prof. Pastore e ao jornal:

            “É claro que em tempos de eleição o que domina é o vale-tudo nos programas de rádio e televisão, mesmo porque os votos são conquistados mais pelo caminho da emoção do que pela razão. Mas há que se render um mínimo de respeito às estatísticas.

            E mais:

            Não se pode iludir o eleitor com manipulação de dados o tempo todo e em todos os veículos de comunicação.” Neste contexto é que o professor sugere um Código de Defesa do Eleitor.

            Não é apenas o eleitor que necessita urgentemente de mecanismos de defesa.

            Endosso a sugestão de Pastore e amplio-a: ou o Brasil se coloca em estado de alerta que o permita analisar, com a mesma serenidade aqui referida, ou a nossa decisão, daqui a uma semana, significará provavelmente o maior retrocesso jamais visto na História deste País.

            Proteção ao eleitor

            Se é verdade o que dizia o mago das comunicações de Adolf Hitler, Joseph Paul Goebbels (1897-1945), para quem a repetição sistemática de uma mentira acaba tornando-a uma “verdade” pública, sem dúvida as condições tecnológicas disponíveis à propaganda de massa, nos dias de hoje, elevam aquela “fórmula” a nível exponencial. Certamente nunca, como nos tempos atuais, houve condições de influenciar tamanho número de pessoas - pela via da comunicação eletrônica de massa - com determinadas mensagens, visando a um objetivo preciso de conquista ou preservação do poder. O que não existe, em contrapartida, por mais que se tenham criado mecanismos legislativos de proteção ao consumidor, é algo semelhante para a proteção do eleitor - uma espécie de Código de Defesa do Eleitor - capaz de inibir a desfaçatez com que, em campanhas eleitorais, vão sendo despejados para a consciência dos cidadãos-eleitores a grande avalancha de dados falsos, de fatos distorcidos e de mentiras, propriamente ditas.

            Depois de alardear a criação de 40 universidades em 3 anos, quando na verdade criou, até agora, 2 cursos superiores, o presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva vem dizendo que nos 8 anos do presidente Fernando Henrique Cardoso o Brasil só gerou a insignificância de 1 milhão de empregos, enquanto os 4 anos do governo Lula geraram nada menos do que 7 milhões de empregos. Não se vira contestação a tais dados estapafúrdios - nem por parte da oposição nem pelos analistas da mídia - até que o competente professor da FEA-USP José Pastore, em artigo publicado na página 2 do caderno Economia & Negócios deste jornal, na terça-feira, revelasse ao público dados bem diferentes da realidade brasileira recente. Disse ele, a propósito: “Não sei de onde saíram esses números. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), organismo de alta reputação técnico-científica, acaba de publicar um extraordinário estudo onde se lê que os empregos criados no período de 1992 a 2004 - que engloba uma grande parte do mandato do governo anterior - somaram 17,5 milhões de postos de trabalho.”

            Pastore se interroga sobre a razão de tamanha discrepância - entre o que diz a candidatura Lula e a realidade - observando: “A resposta a essa questão é incômoda, porque admite duas alternativas: falta de informações adequadas sobre o que ocorre no mercado de trabalho ou uso indevido de dados técnicos. A taxa de desemprego continuou alta no mandato do presidente Lula. Em janeiro de 2003, quando assumiu, o desemprego era de 11,2%. Hoje é de 10,5%, ou seja, diferença de apenas 0,7%.” E o economista faz um misto de análise e desabafo, nestes termos: “É claro que em tempos de eleição o que domina é o vale-tudo nos programas de rádio e televisão, mesmo porque os votos são conquistados mais pelo caminho da emoção do que pela razão. Mas há que se render um mínimo de respeito às estatísticas. Não se pode iludir o eleitor com manipulação de dados o tempo todo e em todos os veículos de comunicação.” Neste contexto é que o professor sugere um Código de Defesa do Eleitor.

            Mas as distorções e todo o ilusionismo desenvolvidos em torno dos dados não são o único aspecto do que talvez seja o maior estelionato eleitoral, de múltiplas faces, que se pratica neste país. Os pacotes de bondades - fiscais, financeiras, salariais, etc. - ofertados para os mais diversos setores da sociedade, a ampliação desmesurada e em tempo recorde (pré-eleitoral) de recursos destinados a programas sociais de cunho gritantemente assistencialista, a liberação de verbas substanciais em função de acordos com recentes ex-adversários no processo de incentivo à “virada de casaca”, capaz de levar à compra até de governadores de Estado, enfim, as diversas formas com que é colocada a máquina administrativa do Estado e seus operadores - a começar por todos os ministros -, em concentração de esforços full time, a serviço da captação de votos, tudo isso explica a ampliação da vantagem. Não é à toa que o candidato Lula vem repetindo todos os dias que seus adversários não sabem comprar... Nessa atividade ninguém lhe leva a palma. É claro que beneficiários desse processo “benemerente” - que o acabam retribuindo com votos - não são apenas os desinformados dos grotões. Vastos setores se deixam cooptar por ele. Com tal poder aquisitivo e mais sua coragem de intrujar, o presidente-candidato volta a ser imbatível.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, o segundo assunto é para dizer que a escalada da mentira petista serve para tudo. Principalmente para o candidato-Presidente inventar e, como bom sandeu, sair por aí a espalha que ele é o tal, o superior a tudo.

            Na campanha para sua reeleição, que ele supõe imbatível e certa, Lula diz que foi o atual Governo o responsável primeiro e único pela auto-suficiência em petróleo. Mente mais, ao atribuir ao mesmo e malogrado Governo petista a invenção do biodiesel.

            É mentira! O biodiesel foi criado há exatos 40 anos pelo cientista cearense Expedito Parente. Ele, em 1980, montou a primeira usina produtora de BioDiesel, inaugurada pelo então Vice-Presidente Aureliano Chaves e pelo, `a época, Governador Virgílio Távora, do Ceará.

            Mais tarde, em 2001, ainda no Ceará, o engenheiro Expedido Parente criou a Tecnobio, uma empresa dedicada à fabricação de equipamentos para produção do biodiesel.

            De lá para cá, como registra o jornalista cearense Rangel Cavalcante, centenas dessas unidades foram montadas no País, para a produção de BioDiesel destinado ao consumo de Prefeituras de pequenos municípios, universidades e empresas.

            Rangel Cavalcante observa que, se Expedito Parente fosse professor de Harvard, teria até conquistado um Prêmio Nobel.

            E eu acrescento: se ele tivesse força ou fosse mais conhecido, não teria o dissabor de ver sua invenção tungada sem nenhuma cerimônia pelo Presidente Lula.

            E mais: se Lula tivesse um mínimo de ética não estaria a gastar dinheiro do contribuinte para mentir aos brasileiros, i.é, promovendo propaganda cara para dizer que o biodiesel é obra do seu Governo, como tudo de bom, aliás, que se fez no Brasil desde 1500.

            Aspas para Rangel Cavalcante:

“O que o Presidente Lula chama de “biudizu” nada mais é do que o biodiesel do cearense Expedito Parente.”

            Lula não sabem nem ao menos pronunciar o nome correto do combustível; mentir, sim, ele sabe; é o catedrático da mentira.

            Fica o registro, em homenagem ao inventor cearense, mais uma vítima da fantástica máquina de fazer mentira, patrocinada pelo Governo Lula e seus petistas.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, por último começo com a leitura de duas manchetes de jornais, uma do sábado, outra do domingo. No sábado, primeira página da Folha:

            PT vai dar reajuste menor a servidor se vencer eleição no Estadão, manchete parecida:

            Reajustes do funcionalismo poderão ser menores, diz coordenador da campanha de Lula.

            Isso foi no sábado. Do domingo, o frenesi tomou conta dos petistas, que tentaram corrigir o desastre e o próprio Lula saiu na frente para dizer que haverá cortes nos gastos, sim, mas sem atingir os servidores. Ele adiantou que só vai cortar despesas supérfluas.

            Supérfluo é o próprio Governo Lula.

            Se fosse para carimbar, como a propaganda petista - aquela do não troque o certo pelo duvidoso - essa seria a hora de dizer: Dá para acreditar nessa gente?

            Ou um carimbo parecido: O certo é o que diz a manchete do sábado, afinal Lula sempre tratou mal os servidores públicos. Duvidoso é o que diz o Presidente na manchete do domingo: cortes só nos supérfluos.

                   Ao povo brasileiro vai se tornando difícil levar a sério o que fala esse Governo do quatriênio perdido. Lula e os petistas passam a impressão de que o objetivo é mesmo o de ir no vai-da-valsa: Viver ao sabor dos acontecimentos, sem projetar nada, sem preocupar-se; ir levando. Bem traduzido: curtir o vai-da-valsa levar o povo no mesmo vai-da-valsa.

            Indago se é ou não é vai-da-valsa o que falou no fim de semana o Ministro das Relações Institucionais de Lula, Tarso Genro. É bom ler a manchete de página dessa segunda-feira:

Para Tarso, debate sobre ética já cansou eleitorado

            Em bom Latim clássico, qualquer um diria:

É o fim da picada!

Não é difícil concluir que isso equivale a dizer que o PT disse adeus à ética. Tanto que prossegue com o que mais lhe agrada, que são invencionices tolas, como essa história de espalhar que o Governo Alckmin, que se instalará em 1º de janeiro, vai extinguir o Bolsa Família.

            Ou essa outra de estimular a cizânia, a rixa, a discórdia entre os brasileiros, tentando, por exemplo, jogar o povo gaúcho contra a candidata Yeda Crusius, sob a alegação de que ela é paulista.

            Não dá mesmo para levar a sério Lula e sua gente petista!

            Na semana passada, denunciei aqui, com base em afirmações de amazonenses, a onda da gente petista no meu Estado, espalhando que, a partir de 1º de janeiro, data da posse de Alckmin, seria extinto o programa Luz para Todos.

                   Leio o noticiário de hoje, neste fim do Governo Lula:

Pela possibilidade de a execução do Programa Luz para Todos provocar uma explosão tarifária, o Governo (o atual, esse que está findando) limitou o repasse para o consumidor em até 8%. Quando o aumento da tarifa causado pelo programa ultrapassar esse teto, o consumidor não terá mais acesso à energia.

           Isso, essa ameaça, está ocorrendo no Governo Lula, é bom que se diga.

           E tem muito mais, muito desacerto nesse Governo que felizmente vai se encerrar. Bastaria continuar na leitura das manchetes dos jornais, página por página:

            “Estado volta a inchar - O Estado de S. Paulo”

            “Sem fiscalização, estatais e fundos distribuem dinheiro a municípios; O Estado de S.Paulo.”

            “Prefeitos do PT receberam mais do BNDES O Estado de S. Paulo.”

            Lula terá de cortar R$3 bi para fechar contas do ano O Estado de S. Paulo.”

            “Um chanceler no palanque do PT.”

            “Itamaraty cai na campanha de Lula e Celso Amorim vira Ministro das Relações Interiores O Estado de S. Paulo.”

            Uma pequena pausa na leitura das manchetes para exibir aqui a primeira página do jornal O Estado de S. Paulo de ontem, segunda-feira:

            A manchete diz tudo e comprova que a Era Lula vai passar à História como o Quatriênio Perdido. Eis o que diz:

            Indústria no Brasil cresce até 7 vezes menos que a de outros emergentes

            Expansão no País foi de 2,2% nos últimos 12 meses, enquanto na China, por exemplo, o avanço atingiu 17%

            Nilson Brandão Junior

            A indústria de países emergentes cresce a taxas até sete vezes superiores à do Brasil. Enquanto o crescimento da produção industrial do País acumula alta de 2,2% nos 12 meses encerrados em julho, um grupo de economias em desenvolvimento registra altas na produção que vão de 4,5% a 17%, este último, o caso da China. Embora o setor esteja avançando mais no governo Luiz Inácio Lula da Silva do que nos dois mandatos anteriores, aumenta a distância que separa o desempenho nacional com relação a países com os quais compete diretamente.

            Os dados constam de um levantamento feito pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

            Nada parecido com a louvação petista, inclusive aqui neste Plenário, tentando mostrar como real um quadro irreal, da mesma forma como irreal é esse Governo em fim de linha.

            Se fosse para fazer uma radiografia do malogro do Governo Lula, viria bem a propósito o título do editorial da edição de ontem do Estadão:

            A herança bendita que Lula esconde

            Diz a abertura do texto:

            Quem quiser avaliar os efeitos econômicos do atual Governo e compará-los com o de seu antecessor, deve olhar, antes de mais nada, para as condições mundiais e regionais.

            E acentua:

            Se a economia brasileira crescer 3,5% neste ano, terá acumulado em quatro anos uma expansão de 11,6%. Terá crescido em média, portanto, modestíssimos 2,8% ao ano.

            Acrescenta:

            (...) No mesmo período, a produção mundial terá aumentado robustos 4,8% ao ano, enquanto a América Latina terá avançado ao ritmo anual médio de 4,2% - um desempenho raramente observado na região.

            E oferece uma primeira conclusão:

            (...) Foi desperdiçada uma fase de oportunidades excepcionais (...)

            Está aí, dito, e bem dito: Lula jogou pela janela a grande oportunidade de fazer a economia brasileira avançar.

            Tinha tudo para isso.

            Ao contrário do que seus desinformados e aéticos auxiliares proclamam sem dados concretos, o Presidente Lula absolutamente não recebeu um país quebrado e imerso na inflação e que precisou reerguê-los.

            Cego, Lula nunca teve grandeza para reconhecer, como até o ex-Ministro Palocci o Presidente do Banco Central e o próprio PT, a importância do que fora realizado nos anos 90, sem o que não poderia ter tido o êxito que teve em sua política macroeconômica.

            Por exemplo:

            A diversificação de mercados não é novidade. Há décadas, o Brasil comercial com países de todas as partes do mundo. Isso, pois, não começou no Governo Lula, que, para poder mentir mais e mais, chegou a comprar um avião de grande luxo, o malfadado Aerolula, que será posto à venda no dia 2 de janeiro.

            A expansão das exportações, como mostra um estudo da Funcex -nota o editorial - já havia começado antes do Governo petista. Em 2002, a China já era um dos maiores parceiros comerciais do Brasil e o comércio com a Índia e a Rússia já estava em expansão.

            A decantada auto-suficiência em petróleo também não resultou da ação deste Governo do quatriênio perdido, mas de um processo iniciado há décadas e acelerado a partir dos anos 70, com a exploração da plataforma marítima.

            Esse é um dado relevante e desmente a propaganda que Lula faz na TV, proclamando-se o autêntico rei da cocada preta, o responsável por tudo. O superman que se cuide!

            Quanto à melhora das condições de consumo - finaliza o editorial - tem resultado em grande parte da expansão da oferta de alimentos, permitida pela modernização do agronegócio: grandes, médios e pequenos produtores de verdade, tratados absurdamente como inimigos pelo Governo petista.

            Assim, quando prevalece o bom senso - que anda bem distante desse Governo de malogro - esses são fatos que o Presidente Lula procura esconder, para não ter de admitir que as políticas sociais que lhe renderam a momentânea liderança na disputa eleitoral não teriam sido possíveis sem a herança bendita do bom governo de Fernando Henrique Cardoso.

            Isso é real. O Governo FHC entregou a Lula um país bem arrumado. E inclusive com redução no índice de fome. Basta, uma vez mais, ter bom senso, para a leitura, mesmo rápida do Índice Global de Fome, que o Instituto Internacional de Pesquisas sobre Políticas Alimentares, de Washington, promove periodicamente.

            Na sexta-feira, dia 13 último, saiu mais uma dessas pesquisas:

            O Brasil diminuiu seu índice de fome pela metade,

            entre 1981 e 2003, passando de 10,43 para 5,43, num ranking de zero a cem, em que zero é o melhor resultado.

            Repito: entre 1981 e 2003, portanto nada ocorreu no Governo Lula, a não ser o êxito do Bolsa Família, ensejado exatamente pela melhoria ocorrida no período FHC, o Governo que deixou a herança bendita, que Lula e seus cegos seguidores insistem em chamá-la de herança maldita.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ainda gostaria de dizer que depois de ter sido derrotado pelo candidato Geraldo Alckmin no debate do último domingo, na TV Bandeirantes, o candidato Lula saiu-se com essa: “Eu não estava preparado para o debate”.

            Realmente, tenho de concordar com isso. Ele não estava preparado porque um Presidente da República de verdade não precisaria preparar-se para um debate. Teria é de estar permanentemente preparado para debater os problemas do País por ele governado.

            Na verdade, ele não estava preparado para responder aos questionamentos sobre os vários escândalos de corrupção que envolvem seu Governo, desde o início, em 2003, quando começou o aparelhamento da Esplanada dos Ministérios por petistas derrotados e sem a qualificação devida para o exercício de funções públicas.

            O que ficou evidente para os eleitores brasileiros é que o Presidente Lula não está preparado para governar o Brasil, porque ele não vê nada e nunca sabe de nada, apesar de todos os dias seus “aloprados” estarem caindo de postos de direção do seu partido, além de pessoas de seu círculo íntimo também estarem sendo expelidas da vida pública por crimes que vão da falsificação à chantagem e à improbidade.

            O candidato Lula saiu tão atordoado do debate que agradeceu aos telespectadores da Rádio Bandeirantes, que assistiram ao debate. Ou seja, saiu tonto de uma esfrega que já começou perdida.

            Ainda no dia seguinte, ele continuou tonto ao se referir ao “delegado de porta de cadeia”. A atitude é, acima de tudo, preconceituosa. Na verdade, o Presidente Lula, com essa declaração, ofendeu e tentou humilhar duas categorias. Ofendeu os delegados, que nunca ficam nas portas das cadeias. Na verdade, eles ficam em seus gabinetes, nas delegacias, porque ali chegaram por concursos públicos. E humilhou os advogados humildes que freqüentemente vão a delegacias, exercendo justamente suas atividades e atendendo àqueles que não têm chance de bater às portas das grandes bancas de advogados para defendê-los, ao contrário de Lula, que conta com o talento e o prestígio do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, especialista em defender a turma do colarinho branco.

            Foi um ato falho do Presidente Lula contra a polícia. Foi uma agressão do Presidente Lula contra os advogados.

            É mais um indicativo de que ele estava despreparado para o debate e, sobretudo, para dirigir o Brasil.

            É a primeira vez na história deste País que um Presidente, usando das bravatas que lhe são peculiares, assume o papel de “boateiro” de plantão e espalhador de inverdades ao dizer que o candidato Alckmin acabaria com o Bolsa- Família, privatizaria o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras e os Correios, e daria fim à vitoriosa Zona Franca de Manaus.

            Estranhamente, Lula não foi capaz de dizer isso no debate. Também não foi capaz de indicar, no amplo programa do candidato Alckmin, onde poderia estar escrito que tais atitudes lesivas ao Brasil seriam adotadas.

            Como poderia o candidato Alckmin, Sr. Presidente, acabar com o Bolsa-Família se foi o próprio PSDB a criar os programas Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Vale-Gás e PETI?

            Ele nos remete a meados do século passado e nos relembra o ex-Deputado Hugo Boreli, que “boatou” que o brigadeiro Eduardo Gomes teria dito que ganharia a eleição contra Getúlio Vargas sem os votos dos “marmiteiros”, referindo-se aos trabalhadores da construção civil que acondicionavam o almoço em marmitas.

            Isso é um registro histórico, porque o candidato da UDN não disse isso. A versão é que virou fato e ficou jurisprudenciado na cabeça do povo que era verdade e pronto. Resultado: Eduardo Gomes perdeu a eleição, claro que numa sociedade que convivia com um ritmo lento de circulação das notícias.

            Agora é diferente. A mentira pode ser rapidamente desmentida, Lula pagará alto por isso. Tom DeLay, líder do Partido Republicado no Capitólio caiu porque foi apanhado praticando pedofilia e porque mentiu a respeito de sua própria vida, ele que, cinicamente presidia o Comitê Parlamentar de Proteção à Criança e ao Adolescente.

            O Brasil haverá de ser sábio. Haverá de saber escolher o melhor.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/10/2006 - Página 32738