Discurso durante a 176ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Enumeração de medidas essenciais para alavancar a retomada do desenvolvimento do Brasil, na opinião de especialistas ouvidos pela revista Exame.

Autor
Papaléo Paes (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Enumeração de medidas essenciais para alavancar a retomada do desenvolvimento do Brasil, na opinião de especialistas ouvidos pela revista Exame.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2006 - Página 33010
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • REGISTRO, DIRETRIZ, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), OPOSIÇÃO, GOVERNO FEDERAL, POSTERIORIDADE, ELEIÇÕES, ANALISE, OBRIGAÇÃO, GOVERNO, HISTORIA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, POLITICA, BRASIL, COMENTARIO, PROBLEMA, ATUALIDADE, SOCIEDADE, ECONOMIA, PAIS.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, EXAME, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEBATE, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, PROCEDIMENTO, MELHORIA, ECONOMIA, BRASIL, REGISTRO, SUGESTÃO, ESPECIALISTA, AUMENTO, EFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CRIAÇÃO, EMPREGO, EMPRESA PRIVADA.
  • DETALHAMENTO, SUGESTÃO, ESPECIALISTA, ATUAÇÃO, CANDIDATO ELEITO, GOVERNO FEDERAL, NECESSIDADE, AUMENTO, EFICACIA, AGENCIA NACIONAL, ORGÃO REGULADOR, REALIZAÇÃO, PARCERIA, SETOR PUBLICO, SETOR PRIVADO, IMPLEMENTAÇÃO, LEGISLAÇÃO, MICROEMPRESA, PEQUENA EMPRESA, FACILITAÇÃO, ABERTURA, EMPRESA, PAGAMENTO, CONTAS, PREVIDENCIA SOCIAL, RETOMADA, PROCESSO, CONCESSÃO, RODOVIA, MODERNIZAÇÃO ADMINISTRATIVA, REFORÇO, POLITICA SANITARIA, BRASIL, EXPECTATIVA, ORADOR, MELHORIA, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

            O SR. PAPALÉO PAES (PSDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito ontem com mais de 60% dos votos válidos do Brasil. O PSDB recebe a mensagem das urnas e permanece no seu papel de oposição responsável e fiscalizadora dos atos do Governo Federal.

            Governar, Sr. Presidente, é um misto de arte e ciência, de emoção e racionalidade, de pensamento e ação. Governar é a capacidade de satisfazer os requisitos técnicos da ciência da Administração, ao mesmo tempo em que se sonha e se concebe o futuro.

            Governar é, pois, ser capaz de conjugar os anseios da alma e os objetivos da mente na construção de um projeto para um povo e um país.

            Tudo isso pode ser sintetizado em uma expressão chamada Agenda Nacional. Mas essa tem um algo de mágica porque, no Brasil, ao mesmo tempo em que é promessa, é desejo e, infelizmente, areia que repetidamente nos escorre pelos dedos das mãos.

            Há quanto tempo, Srs. Senadores, ouvimos a cantilena - lembrando a nossa querida Senadora Heloísa Helena - de que somos o país do futuro, a terra das maravilhas, o lugar das oportunidades? Claro que há décadas, há séculos, seguramente.

            Apesar de repentes de brilho e de lampejos de triunfo, deixamos quase sempre escapar a chance de agarrar o sucesso. Durante certo tempo, especialmente no período que vai do pós-guerra até 1980, havia a impressão de que finalmente tínhamos encontrado o rumo do desenvolvimento e do progresso.

            Hoje, mais de um quarto de século desde o último ano de crescimento significativo de nosso País, estamos enredados em um novelo sem fim de problemas sociais e econômicos.

            Neste momento em que estamos prestes a presenciar o início de mais um mandato presidencial, é mais do que chegada a hora de levar a cabo ações que recoloquem o Brasil nos trilhos do desenvolvimento. Chega de paliativos, discursos ocos ou remendos aqui e acolá! É preciso agir!

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a revista Exame de 11 de outubro último apresenta importante subsídio ao debate acerca do desenvolvimento nacional. Intitulada “Duas visões, um só desafio”, apresenta a idéia básica de que certas medidas são obrigatórias para transformar o País em uma economia moderna e pujante.

            Em primeiro lugar, a revista nos alerta para o fato de que não existem soluções miraculosas. Não existe um ungido, um escolhido que vai, por meio de ações espetaculares, resolver os nossos problemas da noite para o dia.

            Em segundo lugar, esses quatro anos de Governo Lula, apesar das inúmeras críticas que lhe são devidas, deixaram como resultado palpável o fato de que existem determinados consensos econômicos a serem seguidos, caso da estabilidade econômica e do regime de inflação baixa, ações sempre defendidas pelo PSDB.

            Apesar disso, há problemas que carecem de urgente resolução. Como aponta a revista, “ao longo dos anos, o ato de fazer negócios no Brasil tornou-se uma tarefa hercúlea, dada a quantidade de obstáculos diários - materializados na forma de uma burocracia infernal, de uma carga de impostos insana, de uma legislação obsoleta”.

            Em paralelo, existem reformas estruturais, como a previdenciária, a trabalhista, a educacional, entre outras, que, apesar de serem fundamentais para criar um ambiente institucional que assegure o crescimento, ainda não foram devidamente enfrentadas. Se o País se desenvolve hoje, não é graças ao Governo, mas apesar dele. Se o País cresce, é graças aos milhares de brasileiros que acordam cedo e trabalham duramente, faça chuva ou faça sol.

            De qualquer forma, para o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tomará posse no dia 1º de janeiro de 2007 para mais um mandato de quatro anos, haverá tarefas gigantescas a serem realizadas.

            Na opinião de trinta especialistas ouvidos pela revista Exame, existem oito medidas que devem ser tomadas. Vejamos um pouco sobre cada uma delas.

            Em primeiro lugar, o fortalecimento das agências reguladoras. O Governo Federal não pode deixá-las à mingua, como tem feito desde 2003. Além disso, deve pautar, como feito durante o Governo Fernando Henrique, as nomeações de diretores por critérios técnicos, e não por apadrinhamento político.

            Em segundo lugar, fechar contratos de parcerias público-privadas. Apesar do esforço levado a cabo pelo Congresso Nacional, o Governo Federal não realizou nenhuma PPP, parceria público-privada. Considerando-se a precariedade da infra-estrutura no Brasil, são importantes instrumentos para eliminar gargalos nos transportes, no setor elétrico ou nas telecomunicações, por exemplo.

            Em terceiro lugar, implementar a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Dessa forma, haverá redução da burocracia no recolhimento de impostos e na abertura de empresas, o que aumentará o mercado formal.

            Em quarto lugar, facilitar a abertura de empresas. Hoje, no Estado de São Paulo, leva-se, em média, 152 dias para a abertura de um negócio. Há desestímulo maior do que esse para o empreendedor?

            Em quinto lugar, equilibrar as contas da Previdência Social. Com contas em ordem nesse campo, há espaço para a redução de juros e de impostos, dizem os economistas.

            Em sexto lugar, retomar o processo de concessão de estradas. Avalia-se que nove mil quilômetros podem ser repassados à iniciativa privada, como já foi feito pelo Governo Federal até 2000 e por diversos governos estaduais. Além disso, estudos comprovam que a maioria das boas estradas brasileiras é administrada por empresas privadas.

            Em sétimo lugar, modernizar a administração aduaneira. Isso significa criar unidades que reúnam todos os órgãos envolvidos no comércio exterior, a fim de tornar mais ágeis os trâmites de mercadorias destinadas ao mercado externo.

            Em oitavo lugar, reforçar a vigilância sanitária no País. Um exemplo é a criação de barreiras entre os Estados, a fim de evitar que focos locais se espalhem e levem ao embargo da venda de animais ao exterior.

            Em suma, essas são algumas medidas importantes para tornar o ambiente de negócios mais dinâmico no Brasil. Hoje o Estado é lento, pesado, e mais atrapalha do que ajuda na criação de empresas e empregos. Não basta, porém, torná-lo mais leve. É preciso transformá-lo em uma máquina “azeitada” para ajudar o empresário brasileiro a criar negócios e empregos.

            Espero, Sr. Presidente, que a partir de 1º de janeiro de 2007 sejamos capazes de dar início a um novo ciclo de desenvolvimento. Isso não é apenas o meu sonho, mas o de milhares de brasileiros que todos os dias lutam pela construção de um Brasil melhor.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

            


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2006 - Página 33010