Discurso durante a 169ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o segundo turno das eleições de 2006. Questionamentos sobre a comparação que vem sendo feita entre o candidato Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Autor
Almeida Lima (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SE)
Nome completo: José Almeida Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Considerações sobre o segundo turno das eleições de 2006. Questionamentos sobre a comparação que vem sendo feita entre o candidato Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Aparteantes
Leonel Pavan, Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2006 - Página 31296
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • CRITICA, ELEITOR, VOTO, SEGUNDO TURNO, ELEIÇÕES, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), APROVAÇÃO, NEGLIGENCIA, FALSIDADE, CORRUPÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • QUESTIONAMENTO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, FALSIDADE, ALEGAÇÕES, MANIPULAÇÃO, INFORMAÇÕES, ESPECIFICAÇÃO, COMPARAÇÃO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ANTERIORIDADE, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), REINICIO, PRIVATIZAÇÃO, EMPRESA ESTATAL, OBJETIVO, FAVORECIMENTO, REELEIÇÃO.
  • REGISTRO, DECLARAÇÃO, GERALDO ALCKMIN, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), NEGAÇÃO, PRIVATIZAÇÃO, EMPRESA ESTATAL, HIPOTESE, POSTERIORIDADE, GOVERNO.
  • SOLICITAÇÃO, ELEITOR, CONSCIENTIZAÇÃO, VOTO, ELEIÇÕES, ANALISE, ATUAÇÃO, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, meu querido povo brasileiro, o Brasil está, eu não diria, em suas mãos, mas em nossas mãos; e tenho certeza absoluta de que, neste processo eleitoral que se desenrola, é preciso usar um jargão forense, com certeza aplicável a este processo, que diz assim: “É preciso chamar o feito à ordem”.

As peças estão embaralhadas. O Presidente Lula, candidato à reeleição, e seus aliados, a exemplo do que acontece no plenário desta Casa, até mesmo pela fala da Senadora Ideli Salvatti há poucos instantes, estão trocando as bolas desse processo, estão trocando os autores desse processo - que chamo de criminal - pelos réus e os réus pelos autores. É preciso que isso fique muito bem claro.

Nunca foi tão fácil para um brasileiro votar em um Presidente da República como está sendo neste segundo turno das eleições, porque, se nas eleições anteriores o candidato Lula da Silva teve condições de enganar a maioria do povo brasileiro, esta condição não existe mais.

Pode-se afirmar que, na eleição anterior, quem votou em Lula errou por ter sido enganado, mas hoje quem vota em Lula não tem desculpa: é conivente mesmo, é conivente com este Governo e com as práticas deste Governo. E conivente, por definição do dicionarista Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, é aquele que finge não ver ou encobre o mal praticado por outrem; é o cúmplice mesmo, é o conluiado mesmo, são aqueles que cometeram todas as ignomínias neste País. E não foi uma, duas ou uma dezena; foi mais de uma centena. E ainda quer ter o direito de, em praça pública, na televisão e nas tribunas, a exemplo desta do Senado Federal, vir falar. E falar em quê? Em candidatura de Presidente da República?

Pois bem. O brasileiro que votou - e eu votei, no segundo turno das eleições passadas, em Lula da Silva - errou. Eu também errei, mas errei como 53 milhões de brasileiros erraram, porque foram enganados. Só que hoje ninguém tem mais essa desculpa. Quem cometer este erro hoje não comete um simples erro, mas é cúmplice, porque apóia toda a roubalheira que se praticou neste Governo. É preciso que se diga isso com todas as letras, de forma muito clara.

Ora, quem ousaria afirmar que desconhece as falcatruas praticadas por este Governo a partir dos atos cometidos dentro mesmo do Palácio do Planalto e que se estenderam por todo o Partido dos Trabalhadores? Quem desconhece que o Presidente Lula cometeu a maior fraude, o estelionato eleitoral, enganando todo o povo brasileiro pelas promessas que fizera ao longo de mais de vinte anos de PT?

Portanto, ninguém tem o direito de tentar “cobrir o sol com a peneira” ou cometer a ignomínia, a desonra, em afirmar que todos são iguais numa tentativa hipócrita de não condenar a corrupção ou querer justificar a política do rouba, mas faz - embora neste Governo tenha havido muito roubo e poucas realizações.

Ora, Sr. Presidente, o desespero sobe à cabeça do Presidente. Estava convencido de sua reeleição. Falava como reeleito, já escolhia os novos ministros, recebia chefes de Estado e de governo nesta condição. Enfim, a vaidade e a arrogância já lhe tinham feito a cabeça. Estava decidido de que não haveria segundo turno. É que ele mentiu tantas e repetidas vezes que passou a acreditar na própria mentira. E isso é comum nas pessoas que têm mitomania. E Freud explica. Quero dizer, refiro-me a Sigmund Freud, e não a este Freud lombrosiano que aí está, com todas as características de delinqüente.

Tentaram cobrar-lhe a razão. Mas que razão se o Presidente nunca fez uso dela? E aí coisa piorou, degringolou de vez, pois o que chegou à sua cabeça foi o desespero que se potencializou com o debate na Rede Bandeirantes, diante de um opositor sério, sem firulas, um opositor seguro, afirmativo, com os pés no chão, a demonstrar preparo para governar o País. Essa foi a impressão que Geraldo Alckmin passou aos jornalistas presentes e a todos os telespectadores brasileiros.

O Lula não quis tratar de ética, não quis tratar de nada. E isso foi acompanhado pelos seus assessores, pelo Ministro das Relações Exteriores, pelo Ministro da Justiça, pelo Governador eleito da Bahia, pela ex-Prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. Isto é uma vergonha! Isto é vergonhoso!

E agora, nesse desespero, vem exatamente espalhar a mentira, a fraude, o estelionato eleitoral em todo o País. E agora diz que o Geraldo... Estabelece comparações com Fernando Henrique Cardoso. Podem até comparar Geraldo Alckmin com Fernando Henrique Cardoso, embora, como disse na sessão anterior, o Alckmin tem uma matriz diferente. Mas podem comparar. O que não podem comparar é Geraldo Alckmin a Lula.

O Presidente Lula mentiu, mentiu e enganou 53 milhões de brasileiros. E Geraldo Alckmin não mentiu e não mente. Ele já disse com todas as letras que não vai privatizar. Portanto, acreditem. Ele não é Lula, que disse que no governo dele ninguém iria roubar. Geraldo Alckmin não é Lula da Silva, que disse que iria gerar 100 milhões de empregos.

Alto lá! Pára com isto! Qual é a condição moral que os senhores têm para falar da candidatura Geraldo Alckmin? Espelhem-se no governo em São Paulo, que é a sua referência. Portanto, que o povo brasileiro tenha essa condição tranqüila, porque candidato à Presidência da República hoje existe um homem sério.

Concedo um aparte ao nobre Senador Leonel Pavan.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senador Almeida Lima, como sempre, V. Exª é contundente e bastante esclarecedor na tribuna do Senado. Lula está disputando a eleição contra quem? Contra Fernando Henrique Cardoso ou contra Geraldo Alckmin? Contra Geraldo Alckmin. Mas ele tenta desvirtuar, mudar o curso do rio, sempre jogando a questão em Fernando Henrique Cardoso - o Lula faz isso. O engraçado é que, quando há envolvimento de corrupção do Presidente do PT, de Ministros do PT, de pessoas ligadas ao PT, da Executiva do PT, de assessores diretos do PT, o Lula se desvincula do Partido. No entanto, na disputa com Geraldo Alckmin, ele procura sempre buscar Fernando Henrique Cardoso. Aí o Lula procura se referir a Fernando Henrique Cardoso. Por que Lula não compara o Governo Federal, que tem recursos centenas de vezes maiores do que São Paulo - bem maior -, com o Governo de São Paulo? Pois vejam que Alckmin, apenas como Governador de São Paulo, tem mostrado em seus programas as obras de infra-estrutura, em educação, em saúde, em saneamento, fornecendo material escolar e uniforme totalmente gratuitos às crianças. Geraldo Alckmin construiu casas, fez reformas, ajudou os agricultores. E Luiz Inácio Lula da Silva fala dos seus feitos em nível federal, mas com recursos muito maiores do que os de São Paulo. Por que não se compara o que Lula fez no Brasil com recursos muito maiores e o que Alckmin fez por São Paulo com recursos bem menores? É aí que queremos comparar: a qualidade, o conhecimento, a ética, a experiência, o preparo de cada um, Alckmin e Lula - a distância é muito grande, favorável a Geraldo Alckmin.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Sr. Presidente, o Senador Mão Santa pede um aparte, mas só posso conceder se V. Exª, pelo menos ao final, me conceder dois minutos para que eu possa concluir o pronunciamento.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - A Mesa solicita a objetividade necessária, em razão das matérias que teremos de votar na Ordem do Dia extensa de hoje.

O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Como toda regra tem exceção, aí está um jovem brilhante do Partido dos Trabalhadores. Mas eu queria apenas ajudar o companheiro do PMDB e dizer que todos nós acreditamos em Deus, e está escrito no Livro de Deus que “árvore boa dá bons frutos”. Sou médico da área de genética, como o nosso Tião Viana, e conhecemos as Leis de Mendel. E, na política, tem isto: os filhos, os continuadores. Está na Bíblia que Moisés, depois daquela luta toda, na hora de tomar posse, disse: “Vá, Josué, liberta o povo, vá para Canaã, a terra prometida”. Atentai bem, o Alckmin é filho político de Mário Covas. Mário Covas é Mário Covas; Fernando Henrique Cardoso é Fernando Henrique Cardoso. Ó Pedro Simon, estamos no PMDB, onde há tantas divergências. No Piauí mesmo, eu e Alberto Silva somos totalmente diferentes, não é? Então, ele estava no PSDB, mas Mário Covas é Mário Covas. Atentai bem! Eu não conheço - e conheci tudo - melhor caráter na política na história contemporânea deste País do que Mário Covas, podem perguntar ao Suplicy, que está aí. Ele foi o escolhido, o Josué de Mário Covas. É o melhor, é o preparado. Deus prepara os homens e Ele não ia abandonar este País diante de tanta corrupção, no momento mais difícil. Ele nunca abandonou, botou Noé, botou David, botou Moisés e, agora, botou Geraldo Alckmin para salvar este País desse mar de corrupção.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Sr. Presidente, agradeço os apartes dos nobres Senadores Mão Santa e Leonel Pavan.

            E para concluir, digo o seguinte: eu tive uma vivência partidária dentro do PDT durante quinze anos, de 1990 a 2005; de 1994 a 1996, fui Prefeito de Aracaju, quando Fernando Henrique Cardoso era Presidente da República; eu era contrário ao seu Governo e lhe fiz oposição na Prefeitura e fora dela. Portanto, tenho autoridade moral e política para dizer o que vou afirmar neste instante: não gostei do Governo de Fernando Henrique Cardoso, mas se tiver de fazer uma comparação hoje do Governo FHC e do Governo de Lula, mil vezes o Governo de FHC. Mas em comparação hoje não se encontram essas duas figuras. O Governo Fernando Henrique Cardoso nós vemos pelo retrovisor, está atrás. A discussão, hoje, envolve Lula...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Bloco/PT - AC) - Peço a V. Exª que conclua, Senador Almeida Lima.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - ... e se desejar fazer uma comparação com o candidato Geraldo Alckmin, a comparação referencial, paradigma, tem de ser com o Governo de São Paulo, sobretudo porque nós sabemos que, no sistema partidário brasileiro, não há uma unidade de pensamento ideológica entre os seus integrantes.

E eu não quero aqui fazer comparação a Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso, em hipótese alguma! Pois, se isso fosse legítimo, eu perguntaria: seria justo compararmos o Senador Eduardo Suplicy ao ex-Ministro José Dirceu? Porque ambos são do mesmo Partido. Eu não cometeria essa desonra contra o Senador Eduardo Suplicy. Não cometeria essa desonra porque ambos integram o mesmo Partido político.

O SR. PRESIDENTE (Bloco/PT - AC) - Senador Almeida Lima, peço que V. Exª conclua.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Concluirei, Sr. Presidente.

            Claro que essa comparação não serve para Geraldo Alckmin e Fernando Henrique Cardoso. Mas só para colocar por terra que não se pode escolher, como paradigma de comparação, nesta eleição, o Governo Lula e o Governo Fernando Henrique Cardoso. Isso é hipocrisia! Isso é cinismo! Não temos de tratar do passado, temos de tratar do presente. E se desejarem fazer comparação, ela pode ser estabelecida com o Governo realizado pelo Sr. Geraldo Alckmin em São Paulo. Ora, Sr. Presidente, dá para não se irritar diante de tanta coisa que ouvimos neste Plenário, mas essa não é minha vontade, a minha intenção é estar bem, porque estou bem comigo mesmo, estou bem com os meus companheiros...

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Concedo a V. Exª mais um minuto improrrogável.

O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - ... estou bem com a natureza, quero dizer que a ira eu deixo para trás, porque confio na inteligência do povo brasileiro.

Veja que beleza este e-mail que recebi e acho que V. Exªs também: “Se você quiser fazer o Brasil crescer, some, não subtraia. No dia 29/10/06, some e vote: 29 + 10 + 6 = 45. Se você subtrair 29 - 10 - 6 = 13.”

Treze subtrai a dignidade deste País e a esperança do povo brasileiro. Se desejar um País progressista e desenvolvido, some: 29 + 10 + 6, que dará 45.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2006 - Página 31296