Discurso durante a 204ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Conceituação sobre o governo Lula, como "o pior e mais imoral da história do Brasil".

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. EDUCAÇÃO. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Conceituação sobre o governo Lula, como "o pior e mais imoral da história do Brasil".
Publicação
Publicação no DSF de 13/12/2006 - Página 38337
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. EDUCAÇÃO. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • CRITICA, FALTA, MORAL, ETICA, GOVERNO FEDERAL, MA-FE, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • HISTORIA, REPUBLICA, BRASIL, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR.
  • ANALISE, PRECARIEDADE, SITUAÇÃO, EDUCAÇÃO, BRASIL, CRITICA, REDUÇÃO, PERIODO, APRENDIZAGEM, EDUCAÇÃO BASICA, REPUDIO, FALTA, QUALIDADE, ADMINISTRAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, GARANTIA, POPULAÇÃO, SAUDE, SEGURANÇA PUBLICA, AUMENTO, SALARIO MINIMO, REDUÇÃO, INJUSTIÇA, TRABALHADOR.
  • ELOGIO, OBRA LITERARIA, JORNALISTA.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador João Alberto, que preside esta sessão, Senadores e Senadoras presentes nesta Casa, brasileiros e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo sistema de comunicação,

Caro Senador Sibá Machado, este é o pior governo da História do Brasil - 506 anos! Desde as Capitanias Hereditárias, os Governos Gerais, os Imperadores Dom Pedro I, Dom Pedro II, a Princesa Isabel, a República iniciada com Deodoro da Fonseca e o grande líder Rui Barbosa, que está ali, o período de exceção de Vargas, o período dos militares e agora. Este é o mais imoral governo da história do Brasil, Senador Sibá Machado!

Ganhou? Ganhou. É como jogo de futebol: fazendo gol com a mão, off-side, o juiz deixou, ganhou. Não vou discutir o número. Essa eleição foi uma pelada que víamos nos subúrbios: compra-se o juiz, e V. Exª está vendo.

Ô, Senador Sibá, V. Exª era uma criança e eu combatia a ditadura militar. O mundo hoje está estarrecido com Pinochet. E conheço a ditadura da Argentina. Quero-lhe dizer que os militares do Brasil eram honestos. O PT tem-se apresentado como uma organização criminosa. Essa é a grande diferença.

Em 1974, quem é jovem sabe, surgiu aqui um PMDB autêntico. Ô, Senador César Borges, Senador João Alberto, estou no PMDB pelos mortos. O que me prende ao PMDB são os mortos: Ulysses Guimarães, Teotonio Vilela, moribundo, pregando o renascer; Tancredo Neves, que se imolou pela democracia; Juscelino Kubitschek, cassado, humilhado; Ramez Tebet; Renato Archer, do Maranhão. Os vivos do PMDB estão vivos demais, são muito vivos, vão-se ajeitando logo. Não é assim a política. E essa é uma construção do povo, Senador João Alberto.

Um homem sábio, Senador Sibá Machado, disse que o homem é um animal político. Foi Aristóteles. Ninguém o contestou. Esse animal político buscou formas de governo. Predominaram os reis, seriam Deus na terra, absolutos.

O povo sofrido gritou liberdade, igualdade, fraternidade. E foi tão complicado, que esse grito só chegou a este País cem anos depois. Por isso, suportamos essa situação. O mundo gritava. E apareceu a República: res, coisa do povo, pelo povo, para o povo. Levou cem anos para esse grito chegar ao Brasil.

Ô, Senador João Alberto, o outro João, o João VI, disse: “Filho, antes que um aventureiro coloque a coroa...” Simón Bolívar já andava com ensinamento francês - ele, que estudou na Europa -, tirando as coroas dos reis da América Latina, espanhola. Tinha em mente tirar aqui e ia tirar.

Nós entramos nessa República. Ô, Senador Sibá, ela é complicada. A França foi mais rápida. Os reis erraram. Houve aquele período em que teve até guilhotina, cortaram cabeça. Ainda existem pessoas com cabeças desvirtuadas. Veio Napoleão Bonaparte, estadista que instalou a República.

Tivemos dois períodos de exceção. Um, de um homem muito bom, Getúlio Vargas. Lula é um homem de muita sorte. Ele não precisaria nem buscar exemplo nem estudar mesmo. Bastaria sair perguntando o que fez Getúlio.

Ô, Senador Sibá, V. Exª eu conheço, é um homem honrado. Sua riqueza está na sua pobreza e na sua dignidade. V. Exª veio do Piauí, Estado cristão. Mas conheço o PT. Conheço esses malandros; o Brasil também os conhece. Eram uns pobretões e hoje são os mais ricos deste País.

Senador Sibá, fui a uma CPI à qual nunca mais voltei. Mostraram um cheque para um desgraçado que estava lá. Não sei se V. Exª estava. Perguntaram a ele: “Você reconhece esta assinatura?”

“Reconheço, é minha. Mas não estou lembrado”. Eram R$450 mil! O pilantra disse que só se lembrava de cheque de mais de R$500 mil, que aquele deveria ter sido dado como presente de Natal.

Combati a ditadura militar antes de Ulysses. Em 1972, conquistávamos um movimento do MDB à prefeitura de Parnaíba do Piauí. Aqui, Ulysses, Sobral Pinto, foi em 1974. E ganhamos, porque os militares eram honestos! Honestos!

Conheci Castello Branco. Vou fazer 40 anos de Medicina, agora no Ceará. Conheci-o, homem honrado e honesto. Conheci Geisel, homem de vergonha, de moral. Com João Figueiredo, tomei porre duas vezes, era homem puro. Ele era um militar, mandaram-no governar, fazer abertura e ele fez. Ele mesmo disse francamente que gostava era de andar a cavalo. Bebi com ele. Eu era Deputado Estadual, e o Governador do Piauí era o Lucídio Portella. Ele nunca bebeu, não gostava de beber, mas quando oferecia um jantar, colocava bebidas na mesa. Iam os amigos Deputados, e eu via a pureza: in vino virtus, in vino veritas, no vinho se vê a verdade. Vi a pureza, eram honestos!

Hoje, a corrupção. Não acredito! Senador João Alberto, não acredito! Minha mãe era terceira franciscana.

Se não aprenderam as leis de Deus, se dos 10 mandamentos não aprenderam aquele que diz “não roubarás”, como vão governar uma nação que precisa obedecer a uma Constituição? Nunca vi se roubar tanto! Não existe, perderam a consciência, perderam tudo!

Aprendi - apanhei muito - com meu pai, maranhense, que dizia: “Quem mente rouba”. E agora digo: quem rouba mente. Porque eles mentem. Não acredito!

Ô, Senador João Alberto, sobre educação todo mundo já falou aqui. Tem pesquisa - Senador Sibá, chama o Líder para discutir! - da época em que o Governo do PT ainda não tinha assumido, em 1998. Desejava-se que cada brasileiro tivesse oito anos de estudo. Então, o Governo passado, com o Ministro Paulo Renato, calculou que deveriam ficar na escola 62% das crianças. Agora, oito anos depois, constataram que o índice havia caído para 50%. E no Nordeste, Senador Sibá, caiu para 30%. Essa é a verdade.

Sobre o Pinochet, não sei, mas sei que lá tem uma lei que obriga cada chileno a ter oito anos de estudos. Não temos nada disso, o resto é mentira, é mídia. Tiraram o Boris Casoy, porque ele dizia: “Isto é uma vergonha!”. Que baixe o espírito dele aqui. Isto é uma vergonha, é mentira! Estão aí os dados, Senador João Alberto: no Nordeste, o índice esperado baixou para 30%.

Eles calcularam que era 62%; no Brasil, baixou para 50%. No Nordeste, menos, a média que dá. Entendeu? Isso é verdade.

No Chile, de Pinochet, o Presidente Ricardo Lagos sancionou uma lei de oito anos de escolaridade obrigatórios. O chileno que não cumprir os oito anos de escola vai preso. E antes de deixar o Governo, ele aumentou esse período para doze anos. E mais, cada chileno - bem aí, não estou no primeiro mundo -, agora, é obrigado a saber dois idiomas.

E nós, melhoramos na educação?

Agora, diminuiu-se o ensino fundamental, o nosso primário e o ginásio, um terço só do previsto, vai diminuir o formato. Não é óbvio? Em relação à educação, está reprovado, Lula, seu governo foi reprovado.

Sei que o Lula disse isso, mas é um mau exemplo. Em respeito a V. Exª, Senador João Alberto, que veio do Maranhão, o Padre Antonio Vieira saía lá do Ceará a pé, passava pela minha Parnaíba - quero lhe mostrar uma Igreja que ele fez em Cocal, Frecheira -, sessenta dias, e ia para a sua São Luís do Maranhão pregar. E ele disse: “Palavra sem exemplo é como um tiro sem bala.“; “O exemplo arrasta.” Que mau exemplo dá esse Presidente! Mau exemplo! Ele disse que é mais fácil, é melhor fazer uma hora de esteira do que ler uma página de livro. Isso arrasta!

Andei por Buenos Aires, bem aí. Ô, João Alberto, eu gosto mesmo é de ser feliz, jantar, tomar o meu vinho, fazer a digestão. E às 3 horas, bem aí, em Buenos Aires, as livrarias estavam abertas. Eu andei de mãos dadas com a Adalgisinha, em Porto Madero, lá na Nove de Julho, naquele bairro do cemitério onde está enterrada Eva Perón, a Recoleta, às 4 horas. Ô, Lula, pega a D. Marisa, bela senhora, e vai andar de mãos dadas no nosso Rio de Janeiro, onde eu estudei, na bela Cinelândia, onde passei nos anos 60, no Passeio Público, na Praça Paris, do Rio de Janeiro, na rua do Ouvidor. Vá.

Em Teresina está havendo arrastão nos bares. Nem sentinela se pode mais fazer. Chega lá, é uma epidemia. Não existe turismo aqui, João Alberto. V. Exª é puro, é honesto, foi o Governador mais duro que houve no Maranhão. Todos os bandidos tiveram medo e um bocado foi para o Piauí. Eu me lembro. V. Exª devia ser Ministro das Relações Exteriores. V. Exª é um cabra duro.

Estive com Adalgisa naquela fonte do desejo do Marcello Mastroianni, aquele ator italiano bonito. Eram 3 horas, João Alberto, e havia três, quatro mil pessoas. No Rio, quem consegue? Em Teresina ninguém anda em lugar nenhum. Até sentinela tem arrastão, no restaurante. E isso não foi a história do Brasil. É a história do mau Governo do Lula.

Eu estudei lá. Tem de se estudar.

Sibá, este é um livrinho de Norberto Bobbio. Para tudo tem de se estudar. Até para futebol se estuda! Escola de samba, se treina. Como é que vai governar sem isso?

Napoleão Bonaparte, o francês - e essa França é complicada, fez a Revolução Francesa, a democracia -, disse que a maior desgraça de um homem é exercer um cargo para o qual não se está preparado. O Presidente e o Ministro das Relações Exteriores não estavam preparados para essa função. Essa é que é a verdade.

E ganhou? Ganhou. Apelou? Apelou. Não vou dizer que ele não é vivo. Está lá, é vivo. Primeiro, escolheu o nome trabalhador. É um nome muito forte. E fez o Partido dos Trabalhadores. Um nome de Deus: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Isso não é trabalho? E dá certo. Getúlio fez o PTB, deu certo. Brizola fez o PDT, deu certo. O apóstolo Paulo disse: “Quem não trabalha não merece ganhar para comer”. É um trabalho. E ganhou. Ninguém discute os números.

Mas o Governo é para isso. A educação, eu provei. Há segurança? Este é um dos pequenos livros de Norberto Bobbio, o maior teórico de hoje.

João Alberto, eu queria que Sua Excelência o Presidente da República aprendesse um ensinamento de Norberto Bobbio, reconhecido na Itália, a Itália do Renascimento, a Itália de Leonardo da Vinci, do Rafael, do Dante Alighieri, do Maquiavel, que escreveu O Príncipe. Ele foi coroado. Na segunda guerra, do Mussolini, ele era Professor de Direito, venceu, e é o maior teórico da democracia no mundo todo. A Itália tem - e eu acho que deveríamos ter, Senadores vitalícios, que são aqueles sábios, que têm sabedoria e que são convidados.

Os ex-Presidentes José Sarney e Fernando Henrique Cardoso poderiam ser vitalícios. Eles têm sabedoria. Lá são cinco. Norberto Bobbio morreu há pouco tempo. Só isso que eu queria deste Governo.

Norberto Bobbio diz o seguinte - não sou eu que digo, Senador João Alberto: “O mínimo que se tem de exigir de um Governo é segurança.”

Meu amigo Sibá, o mínimo.

O SR. PRESIDENTE (João Alberto Souza. PMDB - MA) - Senador, vou conceder mais dois minutos para V. Exª concluir, por gentileza.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Não sei é se nesses dois minutos o Presidente aprenderá alguma coisa, mas eu vou sintetizar.

Segurança à vida, à liberdade e à propriedade. Alguém se sente seguro? Se a Ministra do STF -, nos Estados Unidos é a Suprema Corte - foi ameaçada, avaliem nós, cidadãos e o povo comum.

E saúde? Saúde não existe, é enganação, há o médico de família, modelo cubano, mas resolutividade, eu tenho quarenta anos de médico, nunca foi tão ruim. Consulta a R$ 2,50. Cesariana não estão fazendo. O SUS é enganação.

Saúde, para quem tem dinheiro, para quem plano de saúde, está boa. Os médicos são capazes. Ó, Sibá, um parto é R$100,00 e uma cesariana, sabe quanto tempo? Um ano. A mulher fica grávida, tem pré-natal de nove meses. Então, não tem educação, não tem saúde.

Tenho um minuto para encerrar e agradeço. Quero dizer apenas o seguinte: o pior, Sibá, é que ganharam e não estão mais dando esse Bolsa Família, esse bolsa vitória. No Piauí, era 51%. Eu vim de lá, é uma choradeira, já não estão mais dando número. Isso é molecagem! Vá lá no seu Maranhão e verá, você que defendeu. Porque ontem eu dizia: eu não tenho nada com isso. Sou por um debate qualificado. Não estão mais não! Ô, Siba, lá no Piauí teve 50,9%, mais da metade. Não estão mais rindo. Já muitos deixaram, erraram. Vão recadastrar não sei o quê. Deram aquilo para ganhar. Foi um jogo, que comprou o juiz, a justiça.

E, atentai bem, João Alberto, eu desobedeço aqui porque vou dizer a coisa mais importante. Sibá, eu só perguntaria ao Governo, a um homem competente, a diferença no Brasil do maior e do menor salário. Num país civilizado é de dez vezes. O salário mínimo é de R$350,00; dez vezes mais - está aí o César Borges que sabe muito de dinheiro, é engenheiro, matemático -, dá R$3.500,00.

Tem gente ganhando R$40 mil. Aqui o teto do STF de R$27 mil passou tão rapidamente que nem vi. Agora, com jetom, o valor passa para R$40 mil.

Então, neste País, ó Deus, há a maior injustiça: a diferença do menor salário para o maior é mais de cem vezes. Senhor Presidente da República, isso é uma aritmética elementar de Antonio Trajano.

(Interrupção do som.)

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Estes dez minutos foram o meu presente de Natal. Peço a Deus que o Presidente da República medite sobre os sábios, sobre essas orientações que trouxeram grandeza. Deus o ajudou, ele teve muita sorte em concluir o mandato, haja vista seu governo desastrado, como disse Ricardo Kotscho. Leiam seu livro, que é de grande importância. Ricardo Kotscho é o símbolo maior da dignidade no jornalismo. Quando José Serra quis expulsá-lo, ele disse: “Calma! Não sou do PT. Sou jornalista. Sou amigo do Lula e secretário. Você não pode fazer nada comigo”. Ricardo Kotscho, que concluiu um livro em 2005, não acreditava que Lula terminasse o mandato diante de tanta corrupção e tanto mar de lama. Leiam o livro intitulado Do Golpe ao Planalto, de Ricardo Kotscho, Secretário Particular do Presidente em 2005.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (João Aberto Souza. PMDB - MA) - Peço a V. Exª que, por gentileza, conclua, Senador.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Então, este é o presente de Natal do PMDB, de vergonha dos mortos, dos que fizeram a grandeza deste País, e a nossa contribuição para iluminar o Presidente da República a promover um governo mais justo para o povo brasileiro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/12/2006 - Página 38337