Fala da Presidência no Senado Federal

Leitura de carta da Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital.

Autor
Heloísa Helena (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
TELECOMUNICAÇÃO.:
  • Leitura de carta da Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital.
Publicação
Publicação no DSF de 01/07/2006 - Página 22077
Assunto
Outros > TELECOMUNICAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, DOCUMENTO, AUTORIA, ORGANIZAÇÃO, SOCIEDADE CIVIL, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA DIGITAL, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, SUBORDINAÇÃO, INTERESSE PARTICULAR, EMPRESARIO, SETOR, RADIODIFUSÃO, PAIS, AUSENCIA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, ESCOLHA, EMPRESA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, JAPÃO, UTILIZAÇÃO, DECISÃO, CAMPANHA ELEITORAL, NEGAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, ORGANIZAÇÃO SOCIAL, DEBATE.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, IMPLANTAÇÃO, TELEVISÃO, TECNOLOGIA DIGITAL, PROMOÇÃO, DIVERSIDADE, CULTURA, REFORÇO, DEMOCRACIA, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, INCLUSÃO, POPULAÇÃO CARENTE.

A SRª PRESIDENTE (Heloísa Helena. P-SOL - AL) - Agradeço a V. Exª.

Passo a ler, para deixar registrada nos Anais da Casa, carta da Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital, em função da decisão, alardeada como gloriosa ontem pelo Governo, em relação à TV digital.

Carta aberta à sociedade brasileira.

Governo próximo de erro histórico. [Esta carta é da véspera, então já ingressou no erro histórico.]

Em virtude de notícias veiculadas pela imprensa, que afirma estar o Governo Federal pronto para anunciar o padrão tecnológico a ser adotado pelo Brasil, a Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital vem a público expor à sociedade brasileira as seguintes questões.

Se concretizado, o anúncio da decisão a favor da adoção do padrão de modulação japonês, que é considerado ISDB, ao apagar das luzes do primeiro mandato do Presidente Lula e em plena Copa do Mundo, significa a morte do Sistema Brasileiro de TV Digital, cuja proposta inicial baseava-se em princípios como a democratização das comunicações, a promoção da diversidade cultural, a inclusão social, o desenvolvimento da ciência e indústria nacionais, conforme o Decreto presidencial nº 4.901, e implicou o investimento de R$50 milhões na formação de 22 consórcios de universidades brasileiras, envolvendo 1.500 pesquisadores.

Ao optar pelo modelo japonês, o Governo despreza o acúmulo social que sustentou sua eleição e submete-se, de maneira subserviente, aos interesses dos principais radiodifusores do País.

Se levar adiante o anúncio pelo ISDB, que é o padrão de modulação japonês, o Governo brasileiro, infelizmente, à semelhança dos anteriores, seguirá tratando a comunicação exclusivamente como uma moeda de troca política.

Apesar dos insistentes apelos para que a decisão fosse tomada a partir do diálogo com os diversos segmentos da sociedade, o Governo mantém uma postura pouco democrática, privilegiando a interlocução com os representantes das emissoras comerciais de televisão e negando-se a abrir espaço semelhante às organizações sociais.

Tal postura soma-se à completa falta de transparência na condução do processo decisório, que ainda deixa a sociedade brasileira à mercê de boatos de corredor. (...)

         Penso ser muito sugestivo que as pessoas entendam que a TV digital é uma oportunidade única para se promover a diversidade cultural, fortalecer a democracia, desenvolver a ciência e a tecnologia nacionais e incluir socialmente a maioria da população, ainda desprovida dos direitos humanos fundamentais, Senador Paulo Paim, como sabemos V. Exª, eu e muitas pessoas espalhadas pelo Brasil.

Ao anunciar a opção pelo padrão de tecnologia estrangeira, comete-se um erro histórico, para se ver como, às vezes, faz falta a pluralidade no debate de coisas tão importantes como essa. Ao mesmo tempo em que a decisão é apresentada com todos os fogos e festividades, como se fosse algo fundamental e o único caminho possível, milhares de pessoas que trabalham numa frente pela democratização dos meios de comunicação, pela diversidade cultural e regional, são impedidas de participar do debate.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/07/2006 - Página 22077