Discurso no Congresso Nacional

Comemoração do Dia Internacional da Mulher e entrega dos Diplomas Mulher-Cidadã Bertha Lutz às Sras. Elizabeth Altino Teixeira, Geraldina Pereira de Oliveira, Jupyra Barbosa Ghedini, Pajé Iauanaua Raimunda Putani e Rosmary Correa.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do Dia Internacional da Mulher e entrega dos Diplomas Mulher-Cidadã Bertha Lutz às Sras. Elizabeth Altino Teixeira, Geraldina Pereira de Oliveira, Jupyra Barbosa Ghedini, Pajé Iauanaua Raimunda Putani e Rosmary Correa.
Publicação
Publicação no DCN de 10/03/2006 - Página 475
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, MULHER, CONGRATULAÇÕES, ENTREGA, DIPLOMA, CIDADÃO, PERSONAGEM ILUSTRE, ATUAÇÃO, DEFESA, IGUALDADE, DIREITOS, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO SEXUAL.
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, POBREZA, MAIORIA, MULHER, BRASIL.

     O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT-DF. Sem revisão do orador.) - Sra. Presidenta, inicialmente quero dizer da satisfação que tenho ao ver uma Mesa composta dessa forma, coisa inusitada não apenas nesta Casa, como em todos os centros de poder no Brasil. Não tenho dúvida de que, se a composição de todas as Mesas fosse dessa forma, teríamos mais sensibilidade para enfrentar os problemas sociais brasileiros, especialmente na área de educação.

     Sra. Presidenta, demais componentes da Mesa, senhoras e senhores presentes, o dia de hoje é chamado de Dia da Mulher, no singular, mas lamentavelmente no Brasil não podemos chamar as pessoas no singular. O dia é da mulher no singular, com sua característica específica de mulher, mas no Brasil não dá para dizer Dia da Criança, Dia do Trabalhador, porque este é um País dividido.

     Com pouco tempo, vou falar para os 2 grupos de mulheres que há no Brasil. Em primeiro lugar, para aquele grupo de mulheres que têm os filhos fora da escola, muitos deles presos, por descuido das autoridades no momento em que essas crianças precisavam de atendimento. Quero falar para aquelas mulheres que estão sem emprego e cujos maridos também estão sem emprego; para as que não têm terra e cujos maridos não têm onde trabalhar na agricultura.

     Digo a essas mulheres que não percam a esperança, nem se acomodem, mantenham a esperança acesa de que, um dia, vamos poder falar da mulher no singular, da criança no singular, do trabalhador no singular, de um País que não seja dividido pelo apartheid que temos.

     E às outras mulheres -- aquelas que têm os filhos na escola, aquelas que, ao ficarem doentes, recebem atendimento, aquelas cujos maridos têm emprego, elas próprias têm emprego, aquelas profissionais bem-sucedidas -- eu quero dizer que também não percam a esperança de que a mulher vai conseguir direitos iguais neste País e no mundo.

     Peço a elas que, além da esperança, tenham a consciência e a generosidade de lutar para que no Brasil aquelas sem escolas para os filhos, sem hospitais para a família, sem moradia para os filhos sejam um dia também incluídas no essencial a que todo brasileiro e brasileira têm direito.

     A esses 2 grupos de mulheres digo que o Brasil, com seu apartheid, fez uma divisão de categorias, a dos incluídos e a dos excluídos. Na África do Sul se dividiram negros e brancos. Imaginem comemorar o Dia da Mulher na África do Sul antes de Mandela. Não fazia sentido! Era o dia da mulher negra, o dia da mulher branca, porque elas não se encontravam.

     No Brasil, precisamos fazer com que se encontrem as mulheres, para que, de fato, um dia, possamos comemorar o Dia da Mulher, no singular, sem desigualdade, sem diferença de umas em relação a outras, todas juntas lutando pelos mesmos direitos.

     Parabéns às mulheres, no plural, pelo seu dia! Parabéns à mulher, no singular, pelo dia que, um dia, vai ter. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 10/03/2006 - Página 475